histologia animal i

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HISTOLOGIA ANIMAL I
1 - Introdução:
Como já vimos antes, as células, unidades fundamentais dos seres
vivos, se agrupam segundo características morfológicas e
funcionais, formando os tecidos.
Histologia é a parte da biologia que estuda estes tecidos, sua
estrutura e função.
Nesta parte trataremos apenas dos tecidos animais.
2 - Tecidos epiteliais:
Os tecidos epiteliais são formados por células justapostas, com
pouca substância intercelular e muitas estruturas de adesão
(desmossomos e zonas de adesão). Possuem terminações nervosas, mas
não possuem vasos sangüíneos, recebendo nutrição do tecido
conjuntivo sobre o qual se apoia.
A maioria das células epiteliais apresenta nítida polaridade, isto
é, são facilmente distinguíveis dois “lados”, um deles voltado
para a camada de tecido conjuntivo e substâncias adesivas ( a
lâmina basal), chamado de pólo basal, e o outro voltado para o
lado oposto, geralmente uma superfície lisa, chamado pólo apical.
Podemos classificar os tecidos epiteliais em tecido epitelial de
revestimento e tecido epitelial glandular.
a) Tecido epitelial de revestimento:
Como o nome indica, forma o revestimento externo do corpo e também
das cavidades internas (tubo digestivo, aparelho respiratório,
aparelho urinário e vasos sangüíneos).
Estes epitélios podem ser subdivididos segundo algumas
características próprias, como podemos ver no quadro abaixo:
Os epitélios de revestimento, além da função protetora que
exercem, podem também ser de secreção, sensoriais, de absorção e
ciliados.
b) Tecido epitelial glandular:
As glândulas são estruturas formadas por uma célula ou
agrupamentos de células epiteliais secretoras, que produzem
substâncias e as eliminam.
Elas podem ser classificadas segundo três critérios:
- modo de eliminação da secreção:
- merócrinas: a secreção é eliminada sem que a própria
célula seja eliminada também (a maioria das glândulas).
- apócrinas: a secreção é eliminada com pequena porção
do citoplasma, que depois sofrem regeneração
(glândulas mamárias e sudoríparas).
- holócrinas: a célula toda é eliminada junto com a
secreção (glândulas sebáceas).
- presença ou ausência de dutos que conduzem a secreção para o
exterior da glândula:
- endócrinas: ausência de dutos (hipófise, tireóide,
paratireóide).
- exócrinas: presença de dutos (lacrimal, sudorípara,
sebácea).
- mistas: apresentam os dois tipos (pâncreas, fígado,
gônadas).
- natureza da secreção produzida:
- mucosa: secreção viscosa (glândulas caliciforme da
traquéia).
- serosa: secreção aquosa de baixa densidade (pâncreas,
parótidas).
- mistas: produzem os dois tipos (glândulas mandibular e
sublingual).
3. TECIDOS CONJUNTIVOS
O tecido conjuntivo é caracterizado por apresentar células (de
diferentes tipos) imersas em uma grande quantidade de substância
intercelular (matriz).
A matriz é composta por uma substância amorfa, constituída por
água, polissacarídeos, glicídeos e proteínas, e por fibras, que
podem ser de três tipos:
 Fibras
Colágenas:
Formadas
pela
proteína
colágeno,
resistentes à tração, podendo ocorrer em feixes espessos.
são
 Fibras Elásticas: São mais estreitas, podendo ter ramificações.
São
formadas
pela
proteína
elástica
e
apresentam
muita
elasticidade.
 Fibras Reticulares: Formadas pela proteína reticulina, são as
mais finas, podendo também ser ramificadas. Apresentam-se
entrelaçadas, formando uma espécie de rede.
As células do tecido conjuntivo são derivadas de células
embrionárias da mesoderme, chamadas células mesenquimais, que se
espalham por todo o corpo e se especializam. Podemos encontrar
vários tipos.
 Fibroblastos:
Células
alongadas
e
muito
ramificadas,
responsáveis pela formação das fibras dos polissacarídeos da
matriz.
No
citoplasma
apresentam
muitas
mitocôndrias,
ergastoplasma e complexo de Golgi muito desenvolvidos. No seu
estágio imaturo (inativas) são menores, menos ramificadas e com
menos mitocôndrias, ergastoplasma e complexo de Golgi menores,
sendo chamadas fibrócitos. Nos processos de cicatrização, pode
haver transformação de fibrócitos em Fibroblastos.
 Leucócitos:
Glóbulos brancos do sangue que deixam os vasos
sangüíneos através do processo chamado diapedese, e penetram nos
outros tecidos conjuntivos, principalmente em áreas infectadas.
Os leucócitos mais freqüentes são os eosinófilos e os
linfócitos. Os primeiros fagocitam certos invasores e os segundo
produzem anticorpos.
 Macrófagos:
São
células
grandes,
de
formato
irregular.
Apresentam intensa síntese protéica, complexo de Golgi bem
desenvolvido e muitos lisossomos, além de um grande número de
microtúbulos e microfilamentos, o que caracteriza uma célula com
alta capacidade fagocitária. Atuam juntamente com os linfócitos
fagocitando invasores nos tecidos conjuntivos. Quando não estão
ativos apresentam-se menores e fusiformes, sendo chamados de
histiócitos. Os macrófagos são originados dos monócitos,
glóbulos brancos que saem por diapedese dos vasos sangüíneos.
 Mastócitos: Células grandes, ovóides ou arredondadas. Apresentam
citoplasma rico em grânulos de heparina, um anticoagulante, e
histamina,
importante
na
dilatação
e
no
aumento
de
permeabilidade dos vasos sangüíneos.
 Plasmócitos:
Células
ovóides,
com
ergatoplasma
bastante
desenvolvido. São os principais produtores de anticorpos do
tecido conjuntivo. São derivados dos linfócitos.
 Células Adiposas: São células arredondadas que armazenam grande
quantidade de gorduras no seu interior. Ocorrem isoladamente, em
pequenos agrupamentos ou em grandes aglomerados formando o
tecido adiposo.
 Células Adventícias: São células mesenquimais indiferenciadas,
que tem a capacidade de originar as demais células do tecido
conjuntivo,
com
exceção
dos
leucócitos,
macrófagos
e
plasmócitos.
O tecido conjuntivo desempenha várias funções no organismo:
-
Preenchimento de espaços e ligação dos tecidos
Sustentação (ósseo e cartilaginoso)
Transporte e nutrição (sangue)
Defesa
Armazenamento
Cicatrização
Podemos classificar os diferentes tipos de tecidos conjuntivos, de
acordo com a consistência da matriz e a função desempenhada,
segundo o esquema abaixo:
I - T. C. PROPRIAMENTE DITO
PROPRIEDADES
-
FROUXO
GERAIS
- DENSO
- NÃO MODELADO
MODELADO
- RETICULAR
- LINFÓIDE
OU
PROPRIEDADES
HEMATOPOÉTICO
- MIELÓIDE
ESPECIAIS
TECIDO
CONJUNTIVO
ADIPOSO
II - T. C. CARTILAGINOSO
PIGMENTADO
HIALINO
FIBROSO
ELÁSTICO
III - T. C. ÓSSEO
IV - SANGUE E LINFA
I - T. C. PROPRIAMENTE DITO
É o principal tecido conjuntivo de preenchimento e de ligação. De
ampla distribuição no organismo, é encontrado abaixo do epitélio,
com a função de sustentar e nutrir o tecido epitelial. É
encontrado também ao redor dos órgãos, músculos, nervos e vasos
sangüíneos, com função de proteção mecânica e ligação. dos
diferentes tecidos.
É caracterizado por apresentar todos os tipos de células, imersos
em grande quantidade de substância intercelular, bastante viscosa,
formada principalmente pelo ácido hialurônico (um polissacarídeo).
Dependendo da quantidade de fibras, o T. C. P. D. pode ser frouxo
ou denso.
No T. C. P. D. frouxo existem menos fibras, em iguais proporções,
frouxamente entrelaçadas. É um tecido delicado e flexível.
No T. C. P. D. denso predominam as fibras colágenas, e entre as
células, os fibroblastos. São muito mais resistentes que o frouxo,
sendo encontrado na derme (não modelado) e nos tendões (modelado).
No T. C. reticular existe grande quantidade de fibras reticulares
envolvendo as células. Também é denominado T. C. hematopoiético
pois é ele que origina as células do sangue. Ocorre nos nódulos
linfáticos, amígdalas, adenóides, baço e timo, recebendo o nome de
tecido linfóide e na medula óssea vermelha, recebendo o nome de
tecido mielóide. O primeiro é rico em linfócitos enquanto no
segundo existem as células precursoras de hemácias, leucócitos e
plaquetas.
O T. C. adiposo ocorre em grande quantidade na região subcutânea e
ao redor de alguns órgãos, como rins e coração, com a função de
proteção contra choques mecânicos, isolamento térmico e reserva
energética.
Nesse
tecido
predominam
células
adiposas
e
a
substância
intercelular é reduzida. Ao seu redor existe T. C. frouxo, onde se
localizam os vasos sangüíneos que fazem a sua nutrição.
O T. C. pigmentado é formado por células fusiformes e ramificadas,
ricas em um pigmento chamado melalina. Ocorre na íris do olho e na
pele humana.
II - T. C. CARTILAGINOSO
É um tecido rígido, que possui, além de fibras colágenas e
elásticas,
uma
substância
intercelular
rica
em
proteínas
associadas a um tipo de glicídeo ácido condroitino sulfúrico.
Essas substâncias são à cartilagem uma consistência firme e
flexível, tornando-a capaz de sustentar diversas partes do corpo e
permitindo ao mesmo tempo certa flexibilidade de movimento. Por
isto, a cartilagem é um dos principais tecidos de sustentação do
corpo, além de revestir superfícies articulares e atuar como
elemento de amortecimento de choques mecânicos.
A cartilagem é formado a partir de células mesenquimais que
originam as células cartilaginosas jovens, os condroblastos. Estas
células fabricam a matriz, crescem e se transformam em células
adultas, os condrócitos.
Não existem vasos sangüíneos e linfáticos, nem nervos nas
cartilagens, sendo nutridas pelo pericôndrio, T. C. denso nãomodelado que envolve a cartilagem e proporciona o seu crescimento,
já que possui células que podem gerar condroblastos.
De acordo com o tipo e a quantidade de fibras encontradas na
cartilagem, podemos classificá-la em três tipos:
 Cartilagem Hialina: Apresenta matriz homogênea e quantidade
moderada de fibras colágenas. É o tipo mais comum no corpo
humano, encontrado no septo nasal, na traquéia, na laringe, nas
superfícies articulares dos ossos e na ligação das costelas ao
osso esterno. No feto, o esqueleto inteiro é formado deste tipo
de cartilagem, que posteriormente é substituída por tecido
ósseo.
 Cartilagem Elástica: Além das fibras colágenas apresenta grande
quantidade de fibras elásticas, que a torna mais resistente à
tensão. Está presente na epiglote, no pavilhão auditivo e na
trompa de Eustáquio.
 Cartilagem Fibrosa: É um
tecido rico em fibras colágenas.
Ocorre nos discos intervertebrais e em pontos onde os tendões e
ligamentos fixam-se aos ossos.
4 - Tecidos musculares:
O tecido muscular é de origem mesodérmica, sendo caracterizado
pela propriedade de contração, o que determina a movimentação dos
membros e das vísceras. Há, basicamente, três tipos de tecido
muscular: liso, estriado e cardíaco.
As células dos tecidos musculares são alongadas, recebendo por
isso o nome de fibras musculares. São muito diferenciadas das
células de outros tecidos, sendo que sua membrana plasmática
recebe então o nome de sarcolema, seu retículo endoplasmático é
chamado de retículo sarcoplasmático e seu citoplasma de
sarcoplasma.
a) Tecido muscular liso:
A musculatura lisa é encontrada na parede de órgãos ocos, como
estômago, intestino, artérias e útero, apresentando contração
involuntária.
Suas fibras são fusiformes, com citoplasma abundante e
mononucleadas. Apresentam estrias longitudinais, chamadas de
miofibrilas, que são formadas por agregados de finos filamentos
protéicos chamados miofilamentos, que podem ser de actina ou de
miosina.
O deslizamento entre os filamentos de actina é o principal
responsável pela contração da musculatura lisa, que é lenta e
involuntária. Os filamentos de miosina são mais espessos e
dispostos de maneira menos regular, sendo que sua função parece
estar também relacionada com a contração das fibras.
b) Tecido muscular estriado:
Este é o tecido muscular encontrado ligado aos ossos, sendo também
chamado tecido muscular esquelético, responsável pela movimentação
dos membros e outras partes do nosso corpo, de acordo com a nossa
vontade.
Suas fibras são mais longas que as fibras lisas, podendo
apresentar até 30 cm de comprimento. Normalmente são
multinucleadas, com muitos núcleos dispostos na periferia da
célula.
Cada fibra muscular estriada é percorrida longitudinalmente por
várias miofibrilas compostas por dois tipos de miofilamentos, a
actina, mais fina, e a miosina, mais espessa. Ao contrário da
fibra lisa, na fibra estriada estes miofilamentos estão
organizados em feixes.
Como podemos ver na figura, a arrumação dos filamentos de actina e
miosina produz zonas claras (discos I) e zonas escuras (discos A).
As regiões escuras são formadas pela superposição dos dois tipos
de filamentos enquanto que nas regiões claras só existe a actina.
Podemos observar também que no centro do disco escuro há uma faixa
um pouco mais clara constituída apenas pela miosina (faixa H) e no
centro do disco claro há uma linha escura (linha Z), formada por
um outro tipo de proteína, a alfa-actina, que une as moléculas de
actina contíguas.
O segmento entre duas linhas z consecutivas é chamado de sarcômero
e corresponde a unidade de contração da fibra estriada.
A contração dos músculos é causada por um deslizamento dos
filamentos finos de actina em relação aos filamentos grossos de
miosina. Isto acontece quando o músculo recebe um estímulo do
nervo, na forma de neurotransmissores liberados pelas células
nervosas (veremos adiante como isto ocorre). Estas substâncias
provocam um estímulo elétrico no sarcolema. Este estímulo se
propaga pela membrana do retículo sarcoplasmático, provocando a
liberação de íons Ca++ armazenados no seu interior. O Ca++ liberado
promove uma ligação entre as moléculas de actina e miosina. Em
seguida, à custa de moléculas de ATP, a miosina puxa a actina,
fazendo-a deslizar. Novamente, com a energia do ATP, a miosina se
solta e volta a se ligar em outro ponto da molécula de actina,
puxando-a outra vez. Desse modo, os filamentos se movem como os
dentes de duas engrenagens.
Cessado o estímulo nervoso, Ca++ é bombeado por transporte ativo de
volta para o interior do retículo, as ligações entre actina e
miosina deixam de existir e o músculo relaxa.
c) Tecido muscular cardíaco:
O tecido muscular cardíaco é encontrado apenas formando o
miocárdio, o músculo do coração. Apresenta estrias transversais,
como o músculo estriado, mas é mononucleado e apresenta contração
involuntária, como o músculo liso, porém esta s são rápidas e
ritmadas. As fibras do músculo cardíaco apresentam-se em feixes
bem compactos, dando a impressão de que não há limite entre elas.
Porém, ao microscópio eletrônico, podemos perceber a presença de
delgadas membranas celulares, formando os discos intercalares, que
unem as células.
5 - Tecido Nervoso
O tecido nervoso tem origem ectodérmica. É caracterizado por
apresentar pouca substância intercelular e diversos tipos
celulares, sendo os mais importantes os neurônios e as células da
glia (ou neuróglia).
a) Neurônios:
São células que possuem a propriedade de receber e transmitir
estímulos, permitindo ao organismo perceber e responder a
alterações do meio. São células grandes, que apresentam um corpo
celular de onde partem dois tipos de prolongamentos, os axônios e
os dendritos.
O corpo celular é primariamente um centro trófico, podendo, no
entanto, receber estímulos de outros neurônios durante a
transmissão do impulso nervoso.
Os dendritos são prolongamentos citoplasmáticos que podem ser
grandes ou pequenos, apresentando muitas ramificações. São
estruturas especializadas em receber estímulos.
O axônio é uma única expansão citoplasmática, longa e de diâmetro
constante, cuja porção final apresenta ramificações.
Os neurônios podem variar muito em tamanho e forma, sendo típicos
para cada região do sistema nervoso.
Basicamente podem ser classificados em multipolares, bipolares e
pseudo-unipolares, conforme mostra a figura abaixo.
.
A disposição diferencial dos corpos celulares e dos axônios no
sistema nervoso deu origem a duas regiões com coloração diferente,
que podem ser notadas macroscopicamente: a substância cinzenta,
onde estão os corpos celulares e a substância branca, onde estão
os axônios.
b) Neuróglia:
É formada por vários tipos de células. São menores do que os
neurônios e realizam a sustentação e nutrição destes, produção de
mielina e fagocitose. Ocorrem tanto na substância branca como na
cinzenta.
As principais células da neuróglia são os astrócitos, os
oligodendrócitos e as células da micróglia.
Os astrócitos podem ser de dois tipos: protoplasmáticos (na
substância cinzenta) e fibrosos (na substância branca). Ambos
participam dos processos de cicatrização do tecido nervoso.
Os oligodendrócitos podem ocorrer associados aos corpos celulares
ou aos axônios. Nestes, os prolongamentos enrolam-se, formando a
bainha de mielina.
As células da micróglia são responsáveis pela fagocitose no tecido
nervoso, ocorrendo tanto na substância branca como na cinzenta.
c) O impulso nervoso:
O impulso nervoso é basicamente uma modificação de natureza
eletroquímica que é transmitida ao longo dos neurônios, sempre no
sentido dendrito-axônio. Isto ocorre devido a uma diferença de
potencial elétrico existente entre o lado interno (negativo) e o
lado externo (positivo) da membrana. Esta diferença de potencial é
mantida pela ação das bombas de Na+ e K+, que mantém alta a
concentração de K+ no interior da célula e baixa no exterior e o
inverso com relação ao Na+ .Este é o chamado potencial de repouso
da célula.
Ao receber um estímulo, a membrana torna-se mais permeável ao Na+,
que penetrando no citoplasma inverte a polaridade elétrica (é a
chamada despolarização). Esta despolarização tem o poder de
provocar alterações na permeabilidade das zonas contíguas da
membrana, provocando o mesmo efeito, que se propaga ao longo de
toda a extensão do neurônio, constituindo um potencial de ação.
Ao chegar no final do axônio, o impulso nervoso provoca a
liberação de milhares de pequenas vesículas contendo mediadores
químicos (os neurotransmissores). Estas substâncias atravessam o
espaço entre os dois neurônios (a chamada sinapse) e vão se ligar
a sítios específicos na membrana do dendrito do segundo neurônio.
Fazendo isto, elas provocam uma nova despolarização da membrana do
dendrito, gerando um novo potencial de ação. Os dois principais
tipos de neurotransmissores são a acetilcolina e a adrenalina. Um
axônio pode fazer sinapse com dezenas de dendritos de neurônios
diferentes, e um dendrito pode também fazer sinapse com dezenas de
axônios de neurônios diferentes.
Os axônios das células nervosas apresentam-se envoltos por dobras
únicas ou múltiplas de certas células, sendo o conjunto axônio e
dobras envoltórias denominado fibra nervosa. No SNC, são as
ramificações dos oligodendrócitos que envolvem o axônio e no SNP
são as células de Schwann.
Quando os axônios estão envoltos por uma única dobra são
denominados fibras amielínicas e quando a célula envoltória
apresenta várias dobras temos uma fibra mielínica, pois a bainha
formada pelo conjunto das dobras concêntricas é denominada bainha
de mielina.
A transmissão dos impulsos é mais rápida nas fibras mielínicas; a
bainha de mielina não é contínua, apresenta constricções chamadas
nódulos de Ranvier, e as despolarizações da membrana ocorrem
apenas nestes pontos. Poderíamos então falar que o impulso se
propaga “aos saltos”, entre dois nódulos de Ranvier.
III - T. C. ÓSSEO
É um tecido mais rígido que a cartilagem, que forma o esqueleto da
maior parte dos vertebrados. Além de sustentação, serve também
como apoio para os músculos, propiciando o movimento e como
proteção de alguns órgãos, como o sistema nervoso e pulmões.
O osso é bem mais duro que a cartilagem porque sua matriz é
composta não só de substâncias orgânicas (35%), mas também de
inorgânicas (65%), como o fosfato de cálcio, o fosfato de magnésio
e carbonato de cálcio (sendo o primeiro o mais abundante.
As células ósseas podem ser de três tipos: osteoblastos,
osteócitos e osteoblastos, embora possam ser consideradas apenas
três diferentes formas do mesmo tipo de célula, já que pode haver
transformação de um tipo celular em outro.
Os osteoblastos são células jovens, ramificadas, responsáveis pela
produção da parte orgânica da matriz, parecendo também exercer
influência sobre a assimilação de minerais. Em ossos já formados
elas ocorrem na periferia, sendo que durante e formação dos osso,
à medida que ocorre a calcificação da matriz, os osteoblastos
acabam ficando em lacunas, os osteoplastos diminuem sua atividade
metabólica e passam a osteócitos, que são células que são células
adultas. Nas regiões ocupadas pelas ramificações dos osteoblastos,
formam-se os canalículos, que permitem a comunicação entre os
osteócitos e os vasos sangüíneos que os alimentam. Os osteócitos
atuam
na
manutenção
dos
níveis
normais
dos
constituintes
inorgânicos da matriz.
Os osteoclastos são células grandes, multinucleadas, relacionadas
com a reabsorção da matriz e com processos de regeneração do
tecido ósseo após fraturas.
O tecido ósseo pode ser basicamente de dois tipos:
 Esponjoso (reticulado): Apresenta espaços medulares mais amplos,
sendo formado por várias trabéculas, que dão aspecto poroso ao
tecido.
 Compacto (denso): Praticamente não apresenta espaços medulares,
exceto os canalículos que unem os osteócitos e os canais de
Havers e canais de Volkmann.
Os
canais
de
Havers
são
canais
que
percorrem
o
osso
longitudinalmente, por onde passam os vasos sangüíneos e nervos do
osso. Os canais de Volkmann são similares, porém, transversais ao
eixo maior do osso. Os osteócitos se dispõem concentricamente aos
canais de Havers, formando os sistemas de Havers.
A formação de um osso pode ser dar de duas maneiras:
 Ossificação Intramembranosa: Ocorre a partir de uma membrana de
tecido
conjuntivo
embrionário,
onde
surgem
centros
de
ossificação,
caracterizados
pela
conversão
de
células
mesenquimáticas em osteoblastos, que produzem a matriz. Estes
centros vão aumentando, tendo início a deposição de sais
orgânicos. Origina os ossos chatos do corpo, como os ossos do
crânio.
 Ossificação Endolontral: Ocorre a partir da substituição de uma
base cartilaginosa por tecido ósseo.
Os congrócitos produzem uma enzima, a fosfatase alcalina, que
propicia a deposição de fosfato de cálcio na matriz cartilaginosa,
tornando-a dura e impermeável. Com isso, os condrócitos morrem.
Sobre estas “ruínas” de cartilagem endurecida é que se dá a
ossificação, pela ação dos osteoclastos, que removem a matriz
antiga e de osteoblastos que se formam a partir do periósteo
(antigo pericôndrio do tecido cartilaginoso). Forma a maior parte
dos ossos.
IV - SANGUE A LINFA:
São dois tipos particulares de tecidos conjuntivos, em que a
matriz é líquida. Tem funções de transporte de substâncias e
defesa imunológica do organismo. Como vimos anteriormente são
formados a partir do T. C. hematopoiético, linfóide ou mielóide.
O sangue é formado basicamente por dois componentes:
O plasma (fase líquida), que constitui cerca de 5% do sangue, e os
elementos figurados (fase sólida), que formam os outros 42% a 47%.
No plasma encontramos cerca de 90% de água, 7% de proteínas
variadas, 0,9% de sais inorgânicos e diversos compostos orgânicos
(aminoácidos, lipídeos, vitaminas, etc.)
Os elementos figurados são basicamente de três tipos: os
eritrócitos (ou hemácias, ou glóbulos vermelhos), os leucócitos
(ou glóbulos brancos) e as plaquetas.
As hemáceas são mais numerosas (cerca de 5.000.000 / mm3), são
anucleadas, contém hemoglobina e são responsáveis pelo transporte
de gases (O2 e CO2).
Os leucócitos são encontrados em menor número (cerca de 8.000/mm3),
apresentam núcleo e atuam nos processos de defesa do organismo.
Como vimos na figura, existem vários tipos de leucócitos, cada um
com características e modo de ação diferentes:
 GRANULÓCITOS:
Neutrófilo: São os mais numerosos (cerca de 60% do total),
fagocitam elementos estranhos ao organismo. Apresentam muitos grânulos no citoplasma contendo
enzimas digestuais.
Acidófilo (ou eosinófilo):
Correspondem a cerca de 3% do
total. Fagocitam alguns elementos estranhos e atuam nos processos alérgicos.
Basófilo: São os menos freqüentes (cerca de 0,5%). Possuem
grânulos ricos em heparina (um anticoagulante) e histamina (um vasodilatador). Atuam nas
alergias e inflamações. Pela vasodilatação facilitam a saída dos vasos dos neutrófilos e deles
próprios, que se transformam em mastócitos
nos tecidos adjacentes, para realizar fagocitose.
 AGRANULÓCITOS:
Linfócito: Correspondem a cerca de 25% do total. Existem dois
tipos: os linfócitos T e os linfócitos B. Os primeiros são produzidos na medula óssea e
completam sua maturação no timo, e atuam
fagocitando
e/ou
estimulando
a
fagocitose
de
células
invasoras.
Os segundos são produzidos no baço e passam diretamente para os vasos sangüíneos (nas aves
terminam o amadurecimento em um ór
gão chamado Bolsa de Fabrício). Transformam-se em plasmócitos
e produzem anticorpos.
Monócito: Constituem cerca de 7% dos leucócitos. Podem sair
dos capilares, transformando-se em
macrófagos e fagocitando microorganismos e células mortas.
As plaquetas são pedaços anucleados de grandes células chamadas
megacariócitos. São encontradas cerca de 250.000/mm3 de sangue.
Possui fatores
sangue.
importantes
para
o
processo
de
coagulação
do
A linfa também é formada pelo plasma e elementos figurados, que
são apenas os linfócitos e alguns leucócitos granulócitos.
LEITURA COMPLEMENTAR
O SISTEMA IMUNE
Todos os vertebrados possuem um sistema imune elaborado,
enquanto os invertebrados possuem um sistema de defesa bastante
primitivo, freqüentemente baseado apenas em células com capacidade
de fagocitose.
Nos
vertebrados,
as
células
denominadas
“fagocitárias
profissionais” estão representadas pelos leucócitos granulócitos
(do tipo neutrófilos) e pelos macrófagos. Além dessas, existem
também os monócitos, que são leucócitos agranulócitos. Os
neutrófilos granulócitos e os monócitos são células encontradas no
sangue, enquanto os macrófagos são células encontradas em outros
tipos de tecido conjuntivo, que têm ampla distribuição no corpo.
Essas células com capacidade de fagocitose desempenham importante
papel no sistema de defesa dos vertebrados contra infecções. A
qualquer lesão que o corpo sofra, seja ela infecção ou um simples
corte no dedo, as células fagocitárias são ativadas. Os
neutrófilos chegam em grande número ao local e fagocitam os
elementos estranhos ao corpo do indivíduo. Muitas dessas células
fagocitárias morrem juntamente com o elemento fagocitado, formando
o pus que surge nas feridas. Os macrófagos invadem essa região
lesada e fagocitam os elementos estranhos ao corpo que estejam
ainda em atividade ou que já deixaram de atuar, além dos
neutrófilos que morreram na função de fagocitose. O inchaço que
surge no local é em parte devido à grande quantidade de macrófagos
na região.
As células fagocitárias dos vertebrados, no entanto, são
apenas parte de uma estratégia de defesa muito mais complexa, que
envolve outras células, formando um complexo sistema imune.
Durante a década de 60 foram descobertas duas principais
classes de respostas imunes, mediadas por dois tipos diferentes de
linfócitos (um dos tipos de glóbulos brancos do sangue):
 a imunidade humoral, mediada por linfócitos B (esse linfócito
recebeu esse nome “B” por ter sido descoberto na Bursa de
Fabricius, uma projeção saculiforme da porção terminal da cloaca
de aves. Os mamíferos não possuem essa estrutura. Neles, os
linfócitos B são produzidos no baço, amígdalas e nódulos
linfáticos).
 a imunidade celular, mediada por linfócitos T (esses linfócitos
são chamados de “T” pois são produzidos no Timo).
A imunidade humoral (o termo humor refere-se a fluidos
corporais, no caso o sangue) envolve a produção de anticorpos
pelos linfócitos B. Esses anticorpos são lançados na corrente
sangüínea, unindo-se aos antígenos que induziram sua produção. A
união
antígeno
anticorpo
torna
mais
fácil
às
células
fagocitárias ingerirem os antígenos.
A imunidade celular envolve a atuação direta dos linfócitos T
no
combate
aos
antígenos.
Esses
linfócitos
não
produzem
anticorpos, mas possuem na membrana plasmática proteínas que atuam
como anticorpos e que são denominadas proteínas receptoras de
antígeno. Elas não reagem com antígenos solúveis, apenas com
antígenos presentes nas membranas celulares de outras células ou
na capa protéica dos vírus, e nunca se dissociam da membrana do
linfócito. A resposta imune, nesse caso, é célula a célula ou
linfócito T a vírus.
Existem três tipos de linfócitos T:
 linfócitos T citotóxicos: reconhecem e destroem células que
possuem na membrana plasmática moléculas estranhas ao corpo do
indivíduo. Essas moléculas podem ser, por exemplo, a cápsula
protéica de um vírus. Por sua ação, os linfócitos T são também
chamados de “linfócitos assassinos” ou killer, em inglês. São
esses linfócitos os principais responsáveis pela rejeição de
órgãos transplantados.
 linfócitos T auxiliares: reconhecem um antígeno e estimulam os
linfócitos B a produzirem anticorpos. São esses os linfócitos
atacados pelo vírus da AIDS. Com isso, ficam prejudicados o
reconhecimento de antígenos e a subsequente estimulação dos
linfócitos B para a produção de anticorpos.
O
indivíduo
torna-se
vulnerável
caracterizam a AIDS, vindo a morrer.
a
várias
doenças
que
 linfócitos T supressores: inibem a produção de anticorpos pelos
linfócitos B, quando esses anticorpos já estão em concentração
adequada ou já não são mais necessários.
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