1 Circuito isolado de condicionamento de sinais PWM para DSP Jean Patrick Prigol, Odilio de Souza Duarte UTFPR, PPGEE, Pato Branco-PR, [email protected], [email protected] Resumo— Cada vez mais dispositivos de controle e processamento de sinais tornam-se mais comuns com alimentação em 3,3V, necessitando de drivers para comandar até uma pequena carga devido sua baixa capacidade de saída nos seu pinos para uso de propósito geral (GPIO). Em eletrônica de potência, muitos inversores produzidos com transistores IGBT utilizam drivers de acionamento em 5 ou 15V, tornando indispensável o aumento da capacidade de acionamento do DSP, assim sendo este artigo mostra o desenvolvimento de um circuito isolador de alto desempenho capaz de ser utilizado com qualquer DSP e possuindo tensão de saída variável em 2 níveis fixos dentro um limite de 30V. Palavras-chave— Isolação, DSP, controle, PWM CIRCUIT PWM SIGNAL CONDITIONING INSULATOR FOR DSP Abstract— Increasingly control and signal processing devices become more common for 3.3V power, necessitating drivers to drive a small load due to its low output capacity at its pin for general purpose use (GPIO). In power electronics, many inverters produced with IGBT transistors using drivers actuation 5 or 15V, making it essential to increase the DSP drive capability and therefore, this article shows the development of an isolator circuit of high performance can It is used with any DSP and having variable output voltage levels within one second fixed 30V limit. Keywords— Isolation, DSP, control, PWM I. I NTRODUÇÃO Com o aumento da demanda de energia, faz-se necessário a utilização de geradores elétricos nos mais diversos tipos de sistemas. As fontes renováveis possuem seu lugar de destaque e impulsionam o uso de dispositivos de eletrônica de potência para o controle do fluxo de energia obtido através de geradores síncronos e assíncronos [1]. A utilização da eletrônica de potência cada vez mais possui sua relevância nos mais diversos sistemas elétricos e eletrônicos desenvolvidos na atualidade. Esses dispositivos como o transistor IGBT, SCR, entre outros, possuem grande capacidade de corrente e tensão, embora seu controle seja realizado com níveis reduzidos [2]. Normalmente dispositivos eletrônicos isolados são utilizados nos projetos de acionamentos destas chaves eletrônicas, o problema surge pelo fato de que boa parte destes dispositivos não estão adequados aos níveis de tensão e corrente de um DSP (do inglês Digital Signal Processor). A estratégia de controle, leitura de sensores e acionamentos PWM (Pulse Width Modulation), são programadas em DSP que possuem baixa capacidade de acionamento e necessitam então, de um circuito capaz de adequar estes níveis de tensão proporcionando flexibilidade de conexão, bem como oferecendo proteção suplementar quanto a isolação dos sinais, evitando assim que oscilações mais acentuadas de tensão não provoquem algum dano ao DSP. Em aplicações de média e baixa potência, um dispositivo de acionamento dos IGBT é o SKHI22B(R) do fabricante Semikron. Ele é capaz de realizar o acionamento de transistores IGBTs com pacapacidade até 400 kVA, porém a utilização deste driver está condicionado a adequação de sinais de entrada de acordo com sua especificação, para este modelo, níveis de 5V devem ser inseridos na entrada para seu acionamento. Na mesma linha do dispositivo citado, o SKHI22A necessita de 15V de entrada, desta forma com o circuito de isolação pode ser possível selecionar o nível de tensão da saída para fins de acionamento. A utilização deste dispositivos de acionamento dos IGBTs, está relacionada ao uso de um circuito isolado auxiliar que possar servir de interface para os sinais provenientes do DSP e será descrito na próxima seção. II. P RINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO ISOLADOR E APLICAÇÃO A estrutura para a aplicação proposta é apresentada na Figura 1. São quatro blocos principais: DSP, isolação, SKHI 22B(R) e circuito de potência. Esta estrutura típica é utilizada na composição de inversores de frequência, filtros ativos e retificadores controlados sendo aplicados em sistemas energia renovável. DSP/GPIO PWM Erro Fig. 1. Circuito de isolação PWM SKHI 22B(R) PWM Erro Diagrama de bloco do sistema. As estruturas utilizadas na montagem de conversores eletrônicos de potência, necessitam de sinais de controle para o acionamento adequado de cada chave utilizada no circuito. 2 Normalmente utilizam-se de técnicas PWM para sintetizar a forma de onda desejada na saída do circuito [1], [3]. O circuito de potência é conectado diretamente ao driver SKHI 22B(R). O DSP envia os pulsos PWM ou recebe o sinal de erro por meio do circuito isolado, desta forma garante-se que nenhum surto proveniente do circuito de potência possa ser transferido ao DSP, garantindo o processamento até nas condições mais adversas previstas na sua implantação. VIA 14 4 13 VIB VIC 5 ADuM6400 CAPACIDADE O circuito utilizado no protejo é o fabricado pela Analog Devices [4] e consiste em um isolador com fonte CC-CC de quatro canais. A ADuM64xx possui cinco variações modificando o sentido do entrada/saída dos sinais isolados. Suas principais características são: (i) 1) possui fonte isolada, até 400mW da potência; 2) quatro canais com capacidade de até 25 Mbps; 3) as entradas dos canais isolados são do tipo schmitt trigger; 4) isolação de até 5 kV; 5) alimentação em 3,3 V ou 5,0 V. Para o circuito proposto de baixo consumo de energia, será utilizado apenas uma única fonte de alimentação e será utilizado a fonte isolada do ADuM para obter alimentação adequada em ambos os lados isolados do ciruito, significando facilidade de projeto. O nível de tensão pode ser selecionado em 3,3 V ou 5,0 V. A característica schmitt trigger dos canais dá-lhe mais imunidade a ruídos sendo muito útil principalmente em sistemas de comunicações ou em casos que interferência eletromagnética [5]. A Figura 2, mostra esquematicamente cinco versões com a respectiva direção da cada canal isolado. Para cada aplicação deve-se selecionar o ADuM que possua a direção adequada dos sinais. Para atender os requisitos do projeto em questão, são utilizados O ADuM6401 e ADuM6404. Esta escolha é devido ao fato de ter o sinal de erro proveniente do SKHI 22B(R) a ser lido pelo DSP, um sinal de habilita e os seis demais sinais são para envio dos sinais de PWM, utilizando assim oito canais isolados. Na folha de dados do fabricante tem duas observações fundamentais ao funcionamento do ADuM, que se não observadas, comprometem todo o funcionamento do circuito. A distância recomendada para o capacitor de 100nF em relação aos pinos VDD1 e VISO é de 2 mm, além do mais a fonte isolada de tensão possui sua saída regulada e deve ser sujeita a uma carga de pelo menos 10 mA, com valor típico de precisão em torno de 1%. IV. O CIRCUITO PROPOSTO Nesta seção serão abordados a compatibilização dos sinais a nível de 3, 3 V bem como o circuito responsável pela saída do sinal. VOC VIC VOD VOD 12 VID 6 11 3 14 4 13 5 ADuM6402 13 VOB ADuM6401 VID 11 3 14 4 13 VOA VOB VIC VOC VID VOD VIB 5 11 ADuM6403 VIC 12 VID 6 VOA 11 VIA 3 14 4 13 VOB VIB VOC 5 ADuM6404 VIC 12 VOD VID 6 Fig. 2. VOC 12 6 12 VOD 6 4 VIA VOB VOC 14 5 VOA VIB VOA 3 VIB VOB VIA III. C IRCUITO INTEGRADO ISOLADOR DE ALTA VIA VOA 3 11 Diagrama de bloco do circuito ADuM. A. Compatibilidade de sinais O circuito de alimentação necessita de uma fonte fixa em 5 V para os CIs digitais e a partir desta, será gerado a tensão por meio de um regulador de tensão para 3, 3 V para alimentar um ADuM compatibilizando os níveis lógicos do DSP. O outro ADuM utilizado receberá alimentação por meio da fonte isolada do primeiro ADuM energizado. Observe na Tabela I a comparação dos níveis lógicos limites dos CIs ou tecnologia envolvida envolvidos: TABELA I N ÍVEIS LÓGICOS LIMITES . CI ADuM TTL DSP VIH 2,3 2,0 2,0 VIL 0,9 0,8 0,8 VOH 3,0 2,7 2,4 VOL 0,1 0,5 0,4 Desta forma observa-se que os níveis lógicos atendem aos requisitos exigidos no projeto, ou seja, a saída lógica do DSP está adequada à entrada do ADuM que por sua vez tem níveis lógicos adequados de saída para a entrada do circuito lógico da família TTL. B. Sinal de saída O ADuM irá acionar um circuito digital composto de portas lógicas AND e buffers em coletor aberto. As portas AND são necessárias para implementar o sinal de habilita que irá garantir todas as saídas nível baixo na ausência deste sinal de controle. Já os buffers são utilizados na adequação do sinal de saída para o nível de tensão desejado conforme é apresentado na Figura 3. 3 Vcc PWM - DSP Habilita Saída PWM Fig. 3. Circuito isolador. Para a interligação da saída da lógica AND para a o buffer, não tem nenhuma restrição ou análise complementar, pelo fato de serem TTL e ligados com mesma tensão (5 V ). Mas interessante ressaltar a possibilidade do buffer ter sua saída conectada em até 30 V fato pelo qual torna versátil sua utilização. Sinal isolado 5V Fig. 5. Sinal PWM habilitado com 5 V de saída. V. R ESULTADOS EXPERIMENTAIS PWM - DSP Na Figura 4 é apresentado a montagem do protótipo do circuito proposto para validação do que fora discutido previamente. Sinal inibido Fig. 6. Fig. 4. Sinal PWM inibido. Protótipo do circuito. O circuito foi validado em todas as suas saídas de acionamento e implementando o sinal de controle "habilita" nos testes. A Figura 5, mostra o sinal de entrada proveniente do DSP (10 kHz) com tensão reduzida e o sinal de saída compatibilizado para 5 V . A Figura 6 mostra o sinal de entrada operando normalmente enquanto que a saída se mantém em nível nulo de tensão, devido ao sinal de habilita não ter sido enviado para o circuito isolador, criando assim uma regra para o seu funcionamento que depende deste sinal para propagação do PWM para saída. VI. CONCLUSÕES A necessidade de circuitos isolados no acionamento de conversores de potência, mostra o desafio e oportunidade para ajudar na construção de novos métodos e técnicas. Neste caso a utilização do circuito isolador, elimina a necessidade do uso de fibras ópticas integrando em uma única placa a isolação e compatibilização de níveis de tensão otimizando ainda mais o projeto. Os resultados obtidos tanto para saída em 5 V ou 15 V, foram satisfatórios utilizando nos testes a frequência de 10 kHz prevista ao funcionamento dos conversores de potência. A praticidade na montagem da placa de circuito impresso é outro ponto relevante durante a etapa de desenvolvimento de protótipos, não necessitando de confecção industrial permitindo a sua elaboração de forma artesanal, reduzindo custos nesta etapa de testes. A conexão de saída feita por meio de cabo flat, exige que a placa com o driver que será responsável pelo acionamento dos IGBTs, seja compatível quanto a sua numeração, podendo para uma versão futura ser desenvolvido um circuito que englobe as duas placas simplificando e reduzindo a quantidade de conexões que normalmente são fontes de erros durante experimentos a serem realizados. AGRADECIMENTOS Agradeço a UTFPR pelos equipamentos cedidos e a oportunidade de elaborar este circuito para fins experimentais de laboratório. Ao professor Dr. Jean Patric da Costa pelo apoio 4 e Odilio S. Duarte pelo incentivo e ao Henrique Pfeifer pela colaboração no desenvolvimento. R EFERÊNCIAS [1] P. Singh e A. Kaur, “Power control of doubly fed induction generator (DFIG) using back to back converters (PWM technique),” IEEE International Conference on Advanced Communication Control and Computing Technologies (ICACCCT) Power, pp. 73–77, 2014. [2] N. Mohan, Eletrônica de potência: curso introdutório, 1a ed. Rio de Janeiro RJ: LTC, 2014. [3] J. W. Dixon, “Three-phase controlled rectifiers,” in Power Electronics Handbook, 3a ed., M. H. Rashid, Ed. Pensacola: Elsevier, 2011, ch. 12, pp. 205–247. [4] A. Devices, “Quad-Channel, 5 kV Isolators with Integrated DC-to-DC Converter,” 2012. [5] R. Tocci, N. Widmer, e G. Moss, Sistemas Digitais Princípios E Aplicações. Pearson, 2011.