GEOLOGIA DA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO DAS ANTAS OUTUBRO / 2011 GEOLOGIA DA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO DAS ANTAS UNAVALE Organização não governamental - OUTUBRO / 2011 – REALIZAÇÃO: UNAVALE Organização Não Governamental. Praça Monsenhor Silva Barros nº 296 – CJ 1 – Sala 02. Centro – Taubaté – SP Presidente: - Fernando Benvenuti Bindel EXECUÇÃO: E-Consulting – Consultoria Ambiental e Tecnologia da Informação Ltda. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução de dados e de informações contidos nesta publicação, desde que citada a fonte. EQUIPE TÉCNICA Geógrafo M.Sc. Celso de Souza Catelani Administrador M.Sc. Benedito Jorge dos Reis Engenheiro de Telecom. (MBA Gest. Estr. Proj.) Leandro Barbosa Reis Estagiária de Engenharia Ambiental Thais Aparecida Barbosa Jornalista Renata Egydio de Carvalho Costa Manco AUTOR: Geólogo Prof. Dr. Silvio Jorge Coelho Simões CONTRATO: FEHIDRO – PS – 181/2008 CBH-PS 3 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. SUMÁRIO I. INTRODUÇÃO 5 II. LOCALIZAÇÃO E ACESSO 7 III. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL 8 III.1. Introdução 8 III.2. Embasamento Cristalino III.2.1. Introdução 9 9 III.3. A Bacia do Taubaté 12 III.4. Aluviões e coluviões 15 III.5. Depósitos de Tálus 16 III.6. Estruturas do Embasamento Cristalino III.6.1. Estruturas primárias III.6.2. Estruturas secundárias 16 17 18 IV. MÉTODOS UTILIZADOS 22 IV.1. Introdução 22 IV.2. Estudos preliminares 23 IV.3. Levantamentos de campo 23 IV.4. Estudos complementares 29 V. GEOLOGIA LOCAL 30 V.1. Introdução 30 V.2. Unidades Geológicas V.2.1. Biotita Gnaisses e Migmatitos (PMSeGb) V.2.2. Micaxistos e gnaisses bandados (PMSeXB) V.2.3. Micaxistos, quartzitos e gnaisses (PMSeXQ) V.2.4. Rochas Miloníticas (PSEOM) V.2.5. Suite Granítica Pós-Tectônica (PSy3) V.2.6. Aluviões indiferenciados (Qi) 32 32 36 38 39 43 47 V.3. Estruturas do Embasamento Cristalino 49 VI. POTENCIAL MINERAL 53 VII. CONCLUSÕES 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 55 4 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. I. INTRODUÇÃO O presente relatório diz respeito à coleta e interpretação de dados obtidos no levantamento geológico executado na sub-bacia do ribeirão das Antas atendendo ao disposto no Termo de Referência do projeto “Diagnóstico dos Processos erosivos na Microbacia do Ribeirão das Antas, no município de Taubaté - SP - FEHIDRO – PS – 181/2008 Este levantamento geológico sistemático, na escala 1:50.000, procura detalhar os levantamentos regionais existentes como o projeto MAVALE, que buscou cartografar a bacia do rio Paraíba do Sul em escala 1:250.000 assim como levantamentos geológicos existentes para a região incluindo o Mapa Geológico do Estado de São Paulo realizado em escala 1:250.000 (Landim, 1984) e em escala 1:500.000 (IPT, 1981). A região dispõe ainda de um levantamento geológico em escala 1:50.000 designado “Mapa Geológico das Folhas Jacareí, Tremembé, Taubaté e Pindamonhangaba, Estado de São Paulo” realizado pelo IPT em escala 1:50.000, em 1990, atendendo a solicitação do antigo PRÓ-MINÈRIO. Este levantamento procurou fornecer subsídios para a integração do conhecimento do substrato geológico da região e a compreensão da gênese e da distribuição dos seus recursos minerais. A sub-bacia do ribeirão das Antas se insere dentro deste levantamento, mais especificamente na Folha Taubaté. Ainda que o levantamento geológico realizado pelo IPT - mencionado acima - tenha sido produzido em uma escala adequada para ações em bacias de afluente, os seus objetivos específicos (geologia básica e recursos minerais) não são condizentes com um programa de planejamento e gestão de bacias hidrográficas. Neste sentido, o relatório aqui proposto procura utilizar o conhecimento geológico básico buscando explorar as interações com as formações 5 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. superficiais de solo. Desta forma, se busca associar o comportamento dos diferentes tipos de rochas, solos associados e das estruturas geológicas com as condições de fragilidade diferenciada imposta pelas condições geológicas da região. 6 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. II. LOCALIZAÇÃO E ACESSO A área de estudo, totalizando aproximadamente 29 km2, localiza-se na porção a montante da bacia do ribeirão do Una, no Médio vale do Rio Paraíba do Sul. No aspecto topográfico encontra-se na parte leste da Folha Taubaté (SF-23-Y-D-II-2) produzida pelo IBGE na escala 1:50.000. O acesso a área é feito pela rodovia Osvaldo Cruz no sentido Taubaté – litoral. A entrada para a sub-bacia pode ser alcançado no km 12 virando-se a direita (sentido litoral) logo após a entrada do Núcleo do Instituto Florestal. Figura 1 – Localização da microbacia do ribeirão das Antas. Fonte: Batista & Batista, 2009. 7 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. III. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL III.1. Introdução O Estado de São Paulo possui um contexto geológico bastante diversificado onde ocorrem rochas Precambrianas - de origem ígnea e metamórfica – e Fanerozóicas – de origem sedimentar (Figura 2). Enquanto na porção oeste predominam seqüências sedimentares de idade Fanerozóica (Paleozóica e Mesozóica), a porção leste possui um contexto geológico bem mais complexo onde predominam rochas de idade Precambriana com pequenas bacias sedimentares inseridas (idade Cenozóica). A diversidade geológica da porção leste tem, como conseqüência, uma grande variação de tipos de relevos (como colinas, morros e serras) que alcançam uma variação altimétrica com cerca de 2000 metros (entre 540 e 2400m). Figura 2 – Mapa Geológico do Estado de São Paulo enfatizando a região do Planalto Atlântico (I) na porção leste do Estado de São Paulo 8 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. A região que compreende o Médio Vale do Paraíba do Sul é fruto de uma evolução geológica que culminou com o afastamento entre a América do Sul e África. O processo de afastamento gerou a depressão periférica conhecida como “Vale do Paraíba”. Durante o Cenozóico, esta depressão foi acumulada com sedimentos de textura variada alcançando uma espessura de cerca de 800 metros na porção central, região que compreende Tremembé e Taubaté. Contrastando com as rochas sedimentares da porção central, se encontram rochas ígneas e metamórficas bastante variadas que formam o substrato das serras do Mar, da Mantiqueira e do Quebra-Cangalha. Em seguida, serão descritas as principais unidades geológicas que ocorrem no Médio Vale do rio Paraíba do Sul. III.2. Embasamento Cristalino III.2.1. Introdução Diversas unidades litoestratigráficas (rochas relacionadas cronologicamente) compõem o substrato geológico com um relacionamento de idade e posição espacial não muito claro entre si. Um dos problemas nestas interpretações se deve ao fato de existirem poucos levantamentos geológicos de semi-detalhe e datações de rochas o que cria margem para diferentes interpretações. Um dos aspectos que tornam difíceis as interpretações geológicas e o estabelecimento da cronologia entre as diferentes unidades é devido ao intenso processo tectônico que afetou a região leste do Estado de São Paulo e regiões circunvizinhas. Neste sentido, Hasui et al. (1978) destacam a importância dos grandes cisalhamentos que ocorrem e são responsáveis por uma compartimentação tectônica baseada em blocos limitados por falhas. A figura 3 mostra os diferentes compartimentos alternados pelos grandes cisalhamentos regionais entre eles as falhas de Taxaquara, Jundiuvira, Cubatão e Juquira. 9 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. A região que compõe o Médio Vale do Paraíba do Sul corresponde ao que se designa Compartimento (ou Cinturão) Paraíba do Sul situado entre as falhas de Buquira e do Alto Fartura onde estão inseridas as principais cidades da região (Figura 3). Conforme destacam Davino et al. (1986), nesta região ocorre uma extensa faixa de rochas designadas miloníticas as quais se constituem um termo geral para rochas fortemente afetadas pela deformação. Este aspecto será muito importante quando se for analisar a área da sub-bacia a qual apresenta fortes evidências desta deformação. 10 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Figura 3 – Diferentes sub-domínios geológicos individualizados e diferenciados pelos grandes lineamentos 11 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. III.2.2. Litoestratigrafia e evolução tectônica Na revisão apresentada para a Geologia do Estado de São Paulo Hasui et al. (1989), reafirmam a extensão do Complexo Embu ocupando a área que vai da região sul a região leste do Estado. Estes autores reconhecem o Grupo Paraíba do Sul como uma seqüência “metavulcano-sedimentar” e metamorfizada no fácies anfibolito (médio grau de metamorfismo). Conforme destacam Hasui et al. (1989), esta unidade geológica seria uma associação de rochas metamorfisadas tendo sido posteriormente afetada por migmatização e injeção de granitos. Almeida et al. (1973) admitem mais de um ciclo orogênico nesta região o que envolveria as orogêneses Transamazônica (em torno de 1,2 bilhões de ano) e Brasiliana (em torno de 600 milhões de anos). Segundo estes autores o Cinturão Paraíba do Sul corresponderia ao embasamento de idade Brasiliana, por conseguinte, mais recente. As conseqüências Transamazônicos e da sobreposição Brasilianos deram, como dos ciclos resultado, orogênicos rochas do embasamento cristalino fortemente deformadas com a presença de estruturas dúcteis (dobramentos e zonas de cisalhamento) e estruturas rúpteis (falhas e fraturas). A figura 3 deixa, em destaque, a grande quantidade de estruturas cisalhantes com predomínio quase absoluto daquelas de direção NE-SW. III.3. A Bacia do Taubaté Complementando o quadro geológico da região tem-se a Bacia do Taubaté a qual se encontra inteiramente inserida no complexo cristalino precambriano da região leste paulista. Os limites da bacia do Taubaté são fornecidos pelas zonas de cisalhamento do Buquira ao norte e do Alto da Fartura a sul. A bacia do Taubaté, ao contrário de outras bacias como a do Paraná, possui uma origem tectônica daí seu formato linear. Em um contexto regional 12 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. possui uma orientação NE-SW. De fato, esta bacia possui uma orientação subparalela aos principais traços estruturais observados na região como as zonas de cisalhamento e os traços geomorfológicos como a Serra da Mantiqueira e Serra do Mar. Em seu trabalho clássico, Almeida (1976) designou este contexto geológico como “Sistema de Rifts da Serra do Mar”; posteriormente, Ricomini (1989) renomeou de “Rift Continental do Sudeste do Brasil”. Conforme mencionado anteriormente, este processo está associado ao afastamento da América do Sul e da África que gerou, como conseqüência secundária, depressões no Sudeste brasileiro as quais se encontram preenchidas de sedimentos de origem continental de idade terciária como as bacias de São Paulo, Taubaté e Resende. A figura 4 mostra um quadro das principais seqüências sedimentares do Estado de São Paulo referente ao Fanerozóico (período que inclui o Paleozóico, o Mesozóico e o Cenozóico). As bacias mais antigas (Paleozóico e Mesozóico) correspondem aos sedimentos encontrados na Bacia do Paraná. Já as bacias sedimentares mais recentes encontram-se no Cenozóico tendo, entre elas, a Bacia do Taubaté. 13 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Figura 4 – Coluna Geológica do Fanerozóico para o Estado de São Paulo observando-se o Grupo Taubaté na porção superior da coluna Em face de suas peculiaridades, a Bacia do Taubaté vem sendo estudada por diversos autores buscando esclarecer a sua origem assim como entender o quadro de deposição de seus sedimentos. A maior parte dos trabalhos foi realizada nas décadas de 70 e 80 e, entre eles, pode-se citar Carneiro et al. (1976), Hasui e Ponçano (1978), Ricomini (1989). Estes trabalhos foram principalmente baseados em mapeamentos geológicos de superfície e dados de sub-superfície como poços para a captação de água subterrânea e de sondagem para avaliação econômica dos folhelhos betuminosos que ocorrem principalmente na região de Tremembé. A partir da década de 90 houve um significativo crescimento no conhecimento da bacia, com a utilização de estudos geofísicos baseados em diversos métodos como gravimetria, magnetometria e geotermia sísmica. Estes métodos têm contribuído enormemente para caracterizar e identificar os limites entre o 14 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. embasamento cristalino e a bacia de Taubaté em profundidade. Portanto, possibilitam estabelecer as reais dimensões da bacia sedimentar. Fernandes e Chang (2001), utilizaram modelagem gravimétrica (Método Bouguer) para um melhor entendimento do arcabouço tectônico da bacia. Estes autores, a partir da integração dos dados gravimétricos com sísmica de reflexão, estabeleceram uma espessura máxima de 800 metros para a bacia sedimentar. A estratigrafia da bacia do Taubaté tem sido motivo de muitas controvérsias. Conforme destacam Fúlfaro e Bjomberg (1993), tradicionalmente a estratigrafia é representada pelo Grupo Taubaté com as formações Tremembé (predominantemente folhelhos e argilitos), e Caçapava (predominantemente arenitos). O trabalho de Ricomini (1989) acrescentou mais uma formação, o Grupo Pindamonhangaba. Saad (1990) utilizou novos conceitos de estudos estratigráficos para dividir a coluna sedimentar em três grandes sistemas deposicionais: Tremembé, Taubaté e Paraíba do Sul. Estas seqüências envolvem três tipos de sistemas: leques aluviais, sistema fluvial meandrante e sistema lacustre. Do ponto de vista econômico o sistema lacustre das sequências Tremembé-Taubaté apresenta folhelhos oleígenos; o sistema fluvial meandrante da Seqüência Taubaté de composição areno-argilosa aproveita as argilas para uso cerâmico. Os sistemas fluviais entrelaçados e meandrantes compostos de areia, cascalhos e argilas tem seu aproveitamento relacionado ao uso como matéria-prima para a construção civil. III.4. Aluviões e coluviões Aluviões são encontrados ao longo das principais drenagens do Planalto Atlântico tais como os rios Paraibuna, Paraitinga, Paraíba do Sul, Tietê, Atibaia e também são encontrados em seus principais afluentes. De uma maneira geral sua composição é variada incluindo sedimentos argilosos, siltes e areias com intercalações de cascalho. Conforme destacam Fúlfaro e Bjomberg (1993), as várzeas mais expressivas da região encontram-se associadas às bacias do Taubaté e São Paulo. 15 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Os sedimentos aluvionares correspondem tanto àqueles associados à dinâmica atual dos rios quanto aqueles que se encontram na forma de terraços. Ao longo do rio Paraíba do Sul encontram-se argilas orgânicas pretas, lamitos avermelhados, esbranquiçados, lamitos arenosos e areias e cascalheiras (IPT, 1990). Estes autores chamam a atenção para a sub-bacia do rio Una, localizada no sudeste da Folha Taubaté, a qual mostraria um “magnífico terraceamento”. III.5. Depósitos de Tálus Estes depósitos ocorrem geralmente associados às frentes de escarpas de serras como, por exemplo, na encosta da Serra da Mantiqueira. Os maiores depósitos mapeados na região encontram-se na Folha Tremembé. Estes depósitos possuem características que permitem a sua distinção como rupturas negativas de declives e formas suavizadas associadas a anfiteatros. III.6. Estruturas do Embasamento Cristalino As rochas cristalinas podem ter tanto estruturas primárias (originadas no decorrer da formação da rocha) quanto estruturas secundárias (decorrentes de processos tectônicos). Entre as estruturas primárias nas rochas cristalinas incluem a xistosidade, a foliação, bandamento e lineação mineral. Entre as estruturas secundárias se pode destacar os dobramentos, as zonas de cisalhamento e as fraturas/falhas. 16 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. III.6.1. Estruturas primárias A característica mais marcante para a identificação e caracterização dos xistos e gnaisses é o desenvolvimento de planos bem formados. No caso dos xistos se tem planos finos, bastante penetrativos formados principalmente pela orientação dos minerais filossilicáticos (como micas e cloritas) conforme se observa na figura 5a. No caso dos gnaisses, o metamorfismo é mais intenso (condições de temperatura e pressão mais elevadas) que no caso dos xistos. Nestas condições, além da orientação dos minerais ocorre o crescimento dos cristais e tem-se o que se designa “foliação” (Figura 5b) Figura 5 – Tipos de planos metamórficos. Xistosidade em um mica xisto (a); foliação em um gnaisse (b). No caso da região do Vale do Paraíba, a presença de extensas áreas formadas por rochas como xistos, gnaisses e migmatitos mostra a grande importância de se dar especial atenção a presença ou não de xistosidade/foliação. Quando estas estruturas estão presentes significa uma 17 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. forte anisotropia na rocha. Visto de outra maneira, a xistosidade/foliação representa planos de fraqueza que favorecem os processos de intemperismo destas rochas. Quando se fazem cortes de estradas em solos (horizonte C) com estruturas reliquiares (como xistosidade e/ou foliação) significa uma maior facilidade para desenvolverem processos erosivos intensos. Este aspecto será discutido em detalhe posteriormente. III.6.2. Estruturas secundárias No caso das estruturas secundárias, as dobras representam um dos aspectos mais impressionantes, as quais são respostas aos diferentes processos deformacionais em condições dúcteis que afetam uma determinada região. Hasui et al. (1978) identificaram, para a Folha São José dos Campos, três fases de deformação que são individualizados a partir dos diferentes estilos de dobramentos.Ainda que as dobras possuam um aspecto visual marcante e possam ocorrer em diferentes escalas (da escala do afloramento a escala regional) elas não possuem a mesma importância regional que outras estruturas como as falhas/fraturas e zonas de cisalhamento no que concerne aos processos de intervenção humana na paisagem natural. As zonas de cisalhamento constituem as estruturas mais destacadas quando se observa as rochas do embasamento cristalino no leste paulista. Estas estruturas são a resposta de processos deformacionais intensos em condições dúcteis os quais geram estruturas que indicam elevada plasticidade como microdobramentos e foliação intensa. Estas estruturas podem ser transcorrentes (com movimentação lateral) e normais (com movimentação vertical). As zonas transcorrentes se originaram no Precambriano Superior ao Cambro-Ordoviciano. Estas zonas de cisalhamento são, portanto, traços verticais bem definidos e bem visíveis em escala regional quando observadas a partir de imagens de sensoriamento remoto. Conforme mencionado anteriormente, as zonas de cisalhamento de maior destaque são as de Buquira, Alto da Fartura, Taxaquara e Cubatão. Estas zonas possuem uma 18 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. faixa de espessura significativa (que podem alcançar mais de 2km de largura) e são reconhecidas e identificadas pela presença de rochas miloníticas com predomínio de estruturas dúcteis e rochas cataclasíticas com predomínio de estruturas rúpteis. De fato estas grandes zonas de cisalhamento, inicialmente formadas em condições de deformação dúctil, ao se aproximarem da superfície e na presença de reativações tectônicas produzem estruturas rúpteis ou cataclásticas. Não é por acaso que estas zonas de cisalhamento são interpretadas por alguns autores como “falhas” em decorrência da presença de estruturas rúpteis associadas. Esta era a interpretação mais utilizada até a década de 70. Aliás este é exatamente o caso do Mapeamento Geológico realizado por Hasui et al. (1978) e mostrado na figura 6. Neste caso as zonas de cisalhamento transcorrentes são designadas de zonas de falhas o que gera certa confusão na interpretação destas estruturas. 19 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Figura 6 – Zonas de cisalhamento e fraturas obtidas por fotointerpretação, escala 1:100000 (Hasui et al., 1978). Independente das discussões de natureza teórica, o mais importante para o objetivo deste projeto é que as zonas de cisalhamento correspondem a regiões de alta fraqueza quando comparadas com as rochas circundantes possuindo em seu interior estruturas dúcteis e rúpteis formadas em épocas geológicas distintas e níveis estruturais distintos. Durante o Cenozóico, estas zonas de cisalhamento foram reativadas como falhas normais durante o afastamento da América do Sul e da África e a conseqüente formação da bacia do Taubaté. Estas falhas normais são identificadas principalmente nas bordas da bacia do Taubaté. 20 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Finalmente, fechando o quadro das estruturas secundárias encontram-se as fraturas ou juntas. Hasui et al. (1978) caracterizaram três sistemas subverticais e um subsistema sub-horizontal para a Folha São José dos Campos. Com base em fotointerpretação é possível visualizar os principais padrões verificados (Figura 6). Ainda, segundo Hasui et al. (1978), estes padrões não são uniformes nem mesmo quando se considera o mesmo tipo de rocha. Sistemas sub-verticais com direção em torno de N-S, NE-SW e ENEWSW estão presentes na área assim como sistemas inclinados e horizontais. Estas juntas se desenvolveram no fim do Ciclo Brasiliano, quando as rochas precambrianas estavam próximas da superfície favorecendo os processos de natureza rúptil. Portanto este quadro estrutural envolvendo tanto as zonas de cisalhamento quanto as fraturas estabelece um quadro geral de anisotropias e heterogeneidades que precisa ser bem conhecido antes de qualquer intervenção humana na área. 21 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. IV. MÉTODOS UTILIZADOS IV.1. Introdução Os métodos e técnicas utilizados durante o estudo geológico da subbacia do ribeirão dos Antas visaram conhecer e analisar aspectos geológicos envolvendo a descrição e a interpretação das rochas assim como as estruturas associadas. Também se considerou fortemente o estudo das formações superficiais e sua associação com as unidades geológicas. A condição de clima sub-tropical úmido que prevalece durante uma parte significativa do ano (verãooutono) no Sudeste brasileiro faz com as rochas sejam em grande parte alteradas necessitando “visualizar” o contexto geológico a partir da caracterização textural dos solos e da sua evolução pedogenética. Neste sentido, os levantamentos geológicos e a caracterização das formações superficiais, a partir de diferentes campanhas de campo, contribuíram para identificar as diferentes unidades litológicas existentes. Para a delimitação destas unidades, além dos trabalhos de campo, se considerou os levantamentos geológicos pré-existentes incluindo o Mapeamento da Folha São José dos Campos, escala 1:100.000 realizado por Hasui et al. (1978), o Mapa Geológico do Estado de São Paulo nas escalas 1:500.000 (Almeida et al., 1981) e na escala 1:250:000 (Landim, 1994), o mapeamento geológico inserido no projeto MAVALE, para a bacia do rio Paraíba do Sul em escala 1:250.000 e, finalmente, o mapeamento geológico realizado pelo IPT (1990) em escala 1:50.000. Este último levantamento cobriu as folhas topográficas de Taubaté, Tremembé, Pindamonhangaba e São José dos Campos. Os estudos geológicos para a sub-bacia do ribeirão das Antas constaram de três etapas principais: a) estudos preliminares, b) levantamentos de campo e c), estudos complementares de laboratório e de escritório. 22 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. IV.2. Estudos preliminares Os estudos preliminares constaram de pesquisa bibliográfica existente sobre a região e sobre a área específica cujas principais fontes de consulta foram mencionadas no item anterior. A partir destes levantamentos foi possível gerar esboços geológicos e idéias preliminares acerca das principais unidades que poderiam ser encontradas. Convém destacar que a pesquisa bibliográfica foi realizada considerando todas as etapas do trabalho e serviu para o refinamento dos dados obtidos durante a fase de campo. IV.3. Levantamentos de campo Os estudos de campo constaram de várias campanhas realizadas entre os meses de abril e maio de 2011. Inicialmente se buscou fazer um reconhecimento geral que possibilitasse avaliar o contexto geológico e, grosso modo, identificar as principais unidades existentes. Posteriormente, os trabalhos de identificação geológica e mapeamento procuraram levar em consideração a divisão da sub-bacia por setores considerando as áreas a montante e a jusante da sub-bacia. Além disto, se buscou otimizar o uso das estradas vicinais e das estradas municipais que possibilitaram alcançar as regiões de mais difícil acesso. Além disto, foram realizadas incursões a pé ao longo das principais drenagens e também através de vertentes para se alcançar determinados lugares que eram considerados estratégicos ou tinham afloramentos de rocha na superfície. Portanto, a divisão do trabalho por setores propiciou um melhor acompanhamento das unidades geológicas reconhecidas no interior da subbacia. Com espaçamento mais ou menos regular ao longo dos perfis foram estabelecidos pontos de descrição de afloramentos enfatizando a exposição de rocha sã ou, ainda, no contato entre diferentes tipos de rochas ou subunidades. Os esboços gerados no próprio trabalho de campo consistiram no primeiro registro cartográfico e fazem parte da descrição deste relatório final. 23 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. De uma maneira geral, pode-se dizer que os trabalhos de campo consideraram as seguintes tarefas: a) Levantamento de seções com registros fotográficos considerando descrição mineralógica (quando na presença de rocha sã ou pouco alterada), estruturas deformacionais dúcteis e rúpteis e descrição das formações superficiais; b) Coleta de amostras para estudos petrográficos em escala macroscópica e avaliação das condições de intemperização destas amostras; c) Obtenção de informações e dados sobre o relevo e reconhecimento e avaliação dos principais processos do meio físico tais como a como presença de erosões lineares (ravinamento) e movimentos de massa (escorregamentos). Os dados de campo - amostras, fotografias, descrições geológicas e pedológicas - correspondem a trinta pontos no interior da bacia. Estes dados foram organizados e espacializados com vista a: identificar as unidades geológicas existentes na área da bacia, compreender os padrões de deformação da rocha e avaliar as relações rocha – solo. A tabela 1 mostra a localização dos trinta pontos levantados com uma breve descrição de cada um deles. Pela breve descrição contida na tabela 1, observa-se que os locais com exposição de rocha sã na sub-bacia não são muito freqüentes estando particularmente relacionados ao sistema de drenagem. Por isso a importância de se otimizar, ao máximo, as pistas e estruturas reliquiares nos solos de alteração (horizonte C) que possibilitam inferir a composição mineralógica e as estruturas das rochas. Tabela 1 – Pontos analisados do interior da sub-bacia do ribeirão das Antas Ponto Localização Descrição sucinta (UTM) 1 -445254 / - Rocha bastante alterada (provavelmente biotita-gnaisses) 7436817 2 -445276 / - Feição de escorregamento 7436421 3 -445976 / - Solo de alteração com minerais máficos e forte foliação reliquiar 24 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. 7436041 4 -445886 / - Vista de feições de escorregamento 7439292 5 -445505 / - Presença de matacões em contexto de rochas graníticas 7435788 6 7 -445734 / - Feições de escorregamento com rochas foliadas de composição 7435667 máfica -445244 / - Rocha alterada quartzo-feldspática com biotita 7435218 8 9 10 -445325 / - Feições de escorregamento próximo a drenagem e afloramento de 7434805 migmatitos -445954 / - Paisagem de matacões em regiões com predomínio de rochas 7434487 graníticas -445349 / - Solos avermelhados com horizonte B bem definido 7434385 11 12 13 -445461 / - Extenso corte de solo avermelhado indicativo da alteração de rochas 7434159 máficas -445762 / - Extenso corte de solo avermelhado indicativo da alteração de rochas 7434002 máficas -445761 / - Corte de solo avermelhado indicativo da alteração de rochas máficas 7433878 14 -444896 / - Evidência de fraturamento intenso (cataclasitos) 7436033 15 16 -443581 / - Visão parcial da sub-bacia observando-se a diversidade 7438386 geomorfológica -443704 / - Horizonte C com foliação vertical com direção N40 7438005 17 -444266 / - Horizonte C fortemente alterado acompanhando foliação vertical 7437934 18 -444040 / - Evidências nos solos de alteração da zona de cisalhamento 7437592 19 -444492 / - Evidências nos solos de alteração da zona de cisalhamento 7436743 20 -447361 / - Visão parcial do relevo 7431371 21 -447210 / - Micaxistos com fraturamento ortogonal 7431591 22 -447122 / - Evidência de migmatização (neossoma / paelossoma) 7432354 23 -447316/ - Evidência de porção neossomática em migmatitos 7431887 24 -4469319/ - Solos avermelhados com manchas esbranquiçadas (caulinização) 7432910 25 -446936 / - Solos avermelhados com manchas esbranquiçadas (caulinização) 25 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. 7432058 26 27 -445318 / - Migmatitos com estrutura de “fluidalidade” (indicação zona de 7434847 cisalhamento) -445570 / - Biotita-xistos em cortes de estrada 7438016 28 -446624 / - Colúvios com planos horizontais/verticais da rocha original 7440024 29 -447866 / - Rochas máficas com foliação (anfibolitos) e solos avermelhados 7439235 30 -447566 / - Visão de feições geomorfológicas de parte da bacia 7438354 A distribuição dos pontos no interior da sub-bacia pode ser observada a partir do Modelo Digital de Terreno (MDT) o qual enfatiza a variação altimétrica da área (Figura 7). Conforme já mencionado, em face da diversidade de acesso, a maior parte dos pontos analisados situa-se ao longo – ou próximo – das estradas vicinais no interior da sub-bacia. 26 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Figura 7 – Modelo Digital de Terreno com a localização dos onde foram descritos e/ou coletadas amostras Os cortes de estrada não possibilitaram, da maioria das vezes, caracterizar a rocha original. Neste sentido, além de contribuir para se ter uma idéia dos aspectos geológicos como um todo, os cortes de estradas foram particularmente úteis para a compreensão das relações entre rocha e solo. As áreas de drenagem natural eram os principais lugares onde se podia identificar a rocha sã de forma contínua e com certa extensão (Figura 8). Outro 27 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. lugar onde foi possível identificar as rochas bem preservadas foi nas vertentes dos morros e morrotes. Entretanto, na maioria dos casos constituíam-se de grandes matacões e sua posição não era confiável para medidas de estruturas nas rochas (Figura 9). Figura 8 – Rocha sã em leitos de córrego Figura 9 – Matacão de rocha granítica na porção inferior da vertente 28 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. IV.4. Estudos complementares Concluído a etapa de campo, processou-se a análise das amostras de rocha sã no sentido de se caracterizar a sua composição mineralógica assim como aquelas amostras intemperizadas (solos de alteração e/ou rocha alterada) no sentido de identificar os minerais reliquiares e a presença ou não de planos de foliação. Os diversos produtos cartográficos em formato shapefile foram analisados no ambiente ArcGIS® com o intuito de incluir arquivo de pontos (pontos de análise), analisar padrões de drenagem, gerar modelos altimétricos e integrar dados vetoriais e dados raster. 29 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. V. GEOLOGIA LOCAL V.1. Introdução Na área deste trabalho ocorre um amplo predomínio de rochas cristalinas de idade precambriana englobando as diferentes unidades compostas de rochas ígneas e metamórficas; as sequências sedimentares englobam apenas depósitos sedimentares inconsolidados de idade Quaternária correspondendo a aluviões e colúvios associadas aos principais cursos d’água. Além da descrição das unidades geológicas, outra questão importante foram os processos deformacionais com que passaram parte destas rochas. Entre estas estruturas destacam-se as zonas de cisalhamento de direção NESW - nas quais se associam as rochas miloníticas - e o intenso fraturamento destas rochas que gerou cataclasitos. Algumas vezes milonitos e cataclasitos se encontram englobados nas demais unidades; entretanto outras vezes podem ser individualizados e cartografados em escala regional. A figura 10 mostra o mapa geológico da sub-bacia onde se pode identificar as principais unidades geológicas encontradas na área da sub-bacia do ribeirão das Antas. Este mapa teve como base o levantamento realizado pelo IPT em 1990 (escala 1:50.000). Em seguida, se realizará a descrição das unidades com base nos levantamentos realizados no campo. 30 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Figura 10 – Mapa Geológico da bacia do Ribeirão das Antas (modificado de IPT, 1990). 31 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. V.2. Unidades Geológicas V.2.1. Biotita Gnaisses e Migmatitos (PMSeGb) Esta unidade ocorre em grande extensão na área de estudo particularmente na porção sul da Zona de Cisalhamento Alto da Fartura. Os contatos com a Zona de Cisalhamento ocorrem no campo de forma um tanto transicional ainda que no mapa geológico se tenha a impressão de um contato abrupto (Figura 10). Esta unidade é composta principalmente por biotita-gnaisses, freqüentemente com granadas e parcialmente migmatizados. A presença de granada implica condições de alta pressão e a migmatização é indicadora de elevadas temperaturas e fusão parcial das rochas. As rochas biotita-gnaisses costumam ocorrer intercaladas com biotita-xistos e granada-biotita-xistos. A diferença básica entre gnaisses e xistos é que, nos primeiros, minerais como quartzo e feldspatos estão bem desenvolvidos enquanto nos segundos predomina uma estrutura micácea. Segundo IPT (199), estudos microscópicos parecem indicar que se trata de orto-gnaisses (gnaisses de origem ígnea) cuja composição varia de monzogranítica a tonalítica. Segundo este estudo, a presença de feldspatos plagioclásios e feldspato ortoclásio chegam a alcançar em torno de 20 a 30% cada do volume total da rocha; o quartzo representa também em torno de 2030% e os minerais filossicáticos como biotita, muscovita e clorita chegam a alcançar 40%. Em quantidade menor (com menos de 1% do volume) se encontram granada, anfibólio e zircão. A figura 11 mostra, em sua parte inferior, rochas de composição biotitagnaisse parcialmente migmatizado; as porções félsicas são constituídas de quartzo e feldspato, os quais apresentam indicações de migmatização como o arranjo espacial um tanto aleatório e a presença de estruturas indicativa de condições de fluidalidade. 32 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Figura 11 – Perfil mostrando no canto inferior biotita-gnaisses com estruturas de migmatização (porção mais clara). As condições de fluidalidade na porção neossomática podem ser bem observadas quando se encontra extensa porção de afloramento normalmente encontrados nas porções mais extensas das planícies aluvionares. Este é o caso observado na figura 12 onde é possível encontrar, com muita freqüência, dobras fechadas e boudins (veios rompidos por estiramento). A figura 13 detalha os dobramentos e estruturas de fluidalidade encontradas. Figura 12 – Afloramento de rochas migmatíticas com feições típicas de fluidalidade como dobramentos intensos 33 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Figura 13 – Detalhe dos dobramentos encontrados na porção migmatizada No tocante aos processos intempéricos, esta unidade possui certa resistência relativa em relação às duas unidades que serão descritas em seguida. Isto se deve as porções neossomáticas constituídas de quartzo e feldspato (plagioclásio) que são relativamente resistentes ao intemperismo (Figura 14). Figura 14 – Detalhe da porção neossomática observando-se cristais de feldspatos em processo de alteração Por outro lado, o neossoma não possui estruturas (tipo foliação) o que aumenta a sua resistência diante dos processos de meteorização (Figura 15). 34 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Figura 15 – Neossoma de um migmatito parcialmente preservado (porção clara) e paleossoma bem alterado (porção avermelhada) A figura 16 detalha a porção neossomática na qual predomina amplamente os minerais feldspato e quartzo. Os solos provenientes destas rochas são esbranquiçados e, dependendo da proporção de feldspatos, pode gerar solos de composição caulinítica, mas sem nenhuma expressão econômica. Figura 16 – Corte de estrada mostrando detalhe da composição do neossoma onde predominam minerais félsicos (feldspato e quartzo) A figura 17 mostra um perfil típico onde predomina a porção de paleossoma dos migmatitos. A composição predominantemente máfica, ao se alterar, desenvolve solos avermelhados. bem formados, homogêneos e 35 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. relativamente espessos. Portanto, os paleossomas contrastam grandemente com os neossomas no que se refere aos processos de intemperismo e as características das respectivas formações superficiais. Figura 17 – Perfil mostrando solos alterações oriundos do paleossoma V.2.2. Micaxistos e gnaisses bandados (PMSeXB) Esta unidade ocorre em uma estreita faixa a sudeste da Zona de Cisalhamento do Alto da Fartura de direção NE-SW. As rochas desta unidade são compostas por litotipos de características xistosas onde a presença de mica (muscovita e biotita) é o elemento fundamental. Entre os litotipos encontrados nesta unidade, pode-se destacar silimanita-biotita-xistos, quartzomuscovita xistos e quartzo-biotita xistos. Intercalados com estes diferentes tipos de xistos encontram-se faixas de rochas de composição gnáissica. Composicionalmente, as rochas desta unidade são compostas de quartzo, plagioclásio e biotita em quantidades relativamente semelhantes. Muscovita e clorita (produto de alteração das biotitas) ocorrem em menores quantidades. Silimanitas estão geralmente presentes e podem ser reconhecidas macroscopicamente por sua coloração azulada e forma prismática. As granadas também ocorrem normalmente associadas com quartzo e feldspato. A presença de silimanita indica condições elevadas de metamorfismo e a presença de granada indica condições de elevadas pressões 36 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. mesmo que seja localmente. A figura 18 evidencia uma amostra desta unidade; a porção superior tem características xistosas de coloração mais escura e a porção inferior tem características gnáissicas de coloração mais clara. Figura 18 – Amostra de rocha onde se observa porção xistosa (parte superior) e porção gnáissica (porção inferior). O fato desta unidade ser formada por rochas xistosas - com forte presença de planos – facilita os processos de intemperismo e torna os solos oriundos desta rocha potencialmente erodíveis. A figura 19 mostra a alteração das rochas que é facilitada pela presença de planos de xistosidade. Figura 19 – Perfil mostrando rocha xistosa com planos de foliação com mergulho em torno de 30o 37 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. V.2.3. Micaxistos, quartzitos e gnaisses (PMSeXQ) Esta unidade engloba rochas metassedimentares, ou seja, rochas metamórficas de origem sedimentar onde os micaxistos poderiam corresponder a sedimentos predominantemente argilosos e os quartzitos a sedimentos de composição arenosa. Esta unidade ocupa uma faixa estreita de direção NESW. De certa forma, os micaxistos e quartzitos correspondem aqueles descritos em outras unidades; entretanto o metamorfismo nesta unidade possui mais baixo grau e a quantidade de quartzo presente nestas rochas é maior. A maior parte desta unidade é formada por quartzo micaxistos com intercalações de biotita gnaisse bandados e quartzitos. Na maior parte das vezes é difícil identificar os componentes mineralógicos destas rochas devido ao elevado grau de intemperismo sobre estas rochas. Entretanto localmente se pode observar associações minerais que incluem quartzo, biotita e muscovita. A presença de biotita nos gnaisses bandados e micaxistos juntamente de pequenas intercalações de rochas máficas (provavelmente “boudins” anfibolíticos”) estabelece as condições favoráveis para a geração de solos bem avermelhados e espessos (Figura 20). A coloração avermelhada é devida as reações de oxidação devido à presença de ferro na biotita e nas rochas máficas; a grande espessura é devido à facilidade e velocidade com que os minerais máficos se intemperizam. 38 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Figura 20 – Solo avermelhado decorrente da alteração de biotita xistos com intercalação de níveis quartzosos V.2.4. Rochas Miloníticas (PSEOM) Nesta unidade são descritas as rochas miloníticas observadas na região do embasamento cristalino as quais ocorrem em uma grande extensão na área da sub-bacia. Estas rochas são geradas por processos deformacionais predominantemente dúcteis que resultaram em zonas de cisalhamento com alto ângulo de mergulho (maior que 70o). A área deste projeto sofreu grande influência da Zona de Cisalhamento Alto da Fartura que recorta toda área com direção aproximada N50-70E com largura média em torno de 2 km e com mergulhos verticais (Figuras 21a, 21b e 21c). Em campo foi possível observar passagens transicionais para rochas menos deformadas. Em seu interior, é possível identificar e cartografar lentes granítico-xistosas e gnáissico-migmatíticas que foram relativamente preservadas da deformação regional. As estruturas típicas observadas nestas faixas são designadas de foliação milonítica ou bandamento milonítico. Acompanham os planos de foliação, feições de indicadores de rotação que possibilitam definir o movimento da zona de cisalhamento (Ramsay,1980; White, 1984). (a) 39 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. (b) (c) Figura 21 – Cortes de estrada deixando evidente a foliação vertical típica de zonas de cisalhamento com movimentação transcorrente em diferentes situações e com variação no grau de intemperismo (a, b e c) O processo de deformação transformou as rochas originais – de diferentes composições - em milonitos xistos ou gnaisses milonitizados e sericitizados com forte presença de muscovita. Estas zonas de cisalhamento além de terem sofrido as condições de metamorfismo regional passam por condições de retro-metamorfismo onde a presença de fluidos facilitou o processo de sericitização o que fornece a rocha um aspecto intensamente foliado (Figura 22). 40 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Figura 22 – Planos de foliação no interior de uma zona milonítica mostrando, ainda, indicadores de movimento (porção clara) Portanto, o intenso processo de deformação que transformou estas rochas foi responsável pela foliação fina, muitas vezes verificada no interior da área de estudo. Estas rochas com intensa foliação foram facilmente alteradas apresentando hoje, na maioria dos casos, horizontes pedológicos C onde se observa tanto estrutura (foliação) quanto minerais (quartzo e feldspato) reliquiares da rocha original. Uma fase rúptil pode ser observada ao final do ciclo de deformação caracterizada por rochas cataclásticas. Estas rochas são reconhecidas por um intenso fraturamento com espaçamento de poucos centímetros (Figura 23a) ou com alto ângulo entre si (Figura 23b). As rochas nestas condições são bastante quebradiças e contribuem para reduzir, significativamente, a resistência destas rochas. 41 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. (a) (b) Figura 23 – Cataclasitos com elevada densidade de fratura (a) e com ângulos verticais entre si (b) Desta forma, cortes de estradas executados nas áreas onde ocorrem as zonas de cisalhamento deixam evidentes a grande fragilidade dos solos oriundos das rochas miloníticas e cataclasitos (Figura 24). Trata-se de solos com baixa capacidade de suporte que favorecem um alto índice de ravinamento normalmente acompanhando os planos de foliação pré-existentes. Portanto, a vulnerabilidade destes solos pode estar mais associada com a presença destas zonas de cisalhamento do que com as características composicionais e texturais dos horizontes pedológicos. 42 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. (a) (b) Figura 24 – Solos com baixa capacidade de suporte associados às zonas de cisalhamento com evidências de processos de ravinamento (a e b) V.2.5. Suite Granítica Pós-Tectônica (PSy3) O que se designa de Suite Granítica Pós-Tectônica corresponde às rochas predominante graníticas, as quais foram intrudidas nas seqüências de rochas metamórficas do entorno. Estas rochas intrusivas são pós-tectônicas 43 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. tendo sido intrudidas entre o final do Proterozóico Superior e o CambroOrdoviciano (em torno de 550 a 450 ma). A intrusão ocorreu após os processos de deformação já não estarem presentes; isto pode ser constatado pela ausência de foliação proeminente. Entretanto, pode se observar evidências de deformação (planos de foliação) na rocha granítica quando se aproxima da Zona de Cisalhamento do Alto da Fartura. O caráter isotrópico e homogêneo destas rochas pode ser bem observado na figura 25a. Estas rochas possuem textura equigranular e coloração leucocrática (predominância de minerais félsicos) bem evidentes na figura 25b. (a) 44 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. (b) Figura 25 – Detalhe da composição macroscópica da rocha granítica mostrando a sua homogeneidade (a) e características da rocha (textura equigranular e predominância de minerais félsicos (b) A figura 26 mostra, em escala macroscópica, a composição mineralógica da rocha onde se observam os seus constituintes principais: fedsdspato plagioclásio, quartzo e minerais máficos (biotita). Outros prováveis constituintes podem ser observados apenas em análise microscópica e corresponderiam a menos de 1% da rocha total. Figura 26 – Composição macroscópica do granito 45 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Segundo IPT (1990), na região do Vale do Paraíba estas rochas graníticas isotrópicas ocorrem apenas nas Folhas Taubaté e Tremembé. Na Folha Taubaté, os corpos graníticos ocorrem dispersos em pequenos corpos no quadrante sudeste da folha na região (onde se situa a sub-bacia do ribeirão das Antas). Estes corpos encontram-se intrudidos principalmente em rochas biotita-gnaisses; secundariamente foram individualizados no interior da Zona de Cisalhamento do Alto da Fartura e na unidade litológica composta de gnaisses e migmatitos Constituem-se predominantemente de muscovita-biotita-granitos de granulação fina a média, coloração cinza clara e estrutura maciça. Estes corpos graníticos se destacam na paisagem como blocos angulosos ocupando as porções de meia encosta superior (Figura 27) ou inferior. Figura 27 – Corpos graníticos ocupando a meia encosta superior dos morros O caráter isotrópico destas rochas pode ser também evidenciado pelo tipo de intemperismo que as afetam. Conforme se observa na figura 28, as rochas se alteram formando uma estrutura designada de esfoliação esferoidal que afeta rochas homogêneas e sem evidências de planos de xistosidade/foliação. Na figura 28 também se observa que o corpo granítico consegue manter-se como rocha pouco alterada apesar da presença de solos bem formados circundantes. Estes matacões são preservados também devido a sua 46 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. composição onde predomina minerais resistentes ao intemperismo, tais como o quartzo e o feldspato potássico. Figura 28 – Matacões de granitos apresentando “foliação esferoidal” circundado por material bastante alterado V.2.6. Aluviões indiferenciados (Qi) Esta designação engloba os depósitos de planícies de planícies aluvionares que ocorrem associados aos cursos d’água. Os mais extensos e expressivos estão obviamente relacionados ao ribeirão das Antas possuindo extensas planícies aluvionares associadas (Figura 29). Os sistemas de afluentes encaixados nas rochas do embasamento cristalino possuem planícies aluvionares de pequena dimensão. 47 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Figura 29 – Planície aluvionar associada ao ribeirão das Antas Os aluviões - considerados como atuais - são aqueles associados ao leito e a dinâmica dos curós d água formando terraços com diferentes níveis em relação à base atual do sistema de drenagem. A figura 30 evidencia três níveis de terraços distintos associados à evolução do ribeirão das Antas. Figura 30 – Terraços associados ao ribeirão das Antas Os depósitos aluvionares são compostos por um conjunto diversificado de material inconsolidado incluindo argilas orgânicas pretas, argilas de coloração 48 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. variada areias e cascalhos. Estes últimos, por terem maior densidade, situamse na base da seqüência sedimentar. Estes depósitos aluvionares estão relacionados com a rede de drenagem a qual, por sua vez, é fortemente afetada pelos aspectos estruturais como os lineamentos. Neste sentido, parte dos sistemas de drenagem tende a acompanhar as principais direções de lineamentos (item V.3). O reconhecimento dos efeitos do tectonismo sobre a drenagem pode ser constatado pelo aspecto retilíneo de alguns cursos e pelos ângulos verticais entre as drenagens. O processo de erosão fluvial costuma ser bem intenso particularmente na porção mais a jusante. Durante os eventos inundacionais mais importantes o poder de erosão aumenta e pode mudar, dramaticamente, a forma do curso d água. Canais formados por sedimentos arenosos – como é o caso do ribeirão das Antas – tendem a fornecer menor resistência que se o leito do ribeirão fosse formado por rocha cristalina. Desta forma, o intenso assoreamento observado no ribeirão das Antas – situação comum em outros cursos d água da região – se deve tanto ao material proveniente da encosta quanto aquele proveniente da erosão fluvial. V.3. Estruturas do Embasamento Cristalino Conforme mencionado anteriormente, o precambriano da região leste do Estado de São Paulo foi muito afetado pelo tectonismo deixando, como evidência, um conjunto de estruturas geológicas onde se destacam as zonas de cisalhamento e as fraturas; algumas vezes ambos são genericamente designados como “lineamentos”. Isto não é diferente na região da sub-bacia das Antas e adjacências; a figura 31 mostra um mapa de estruturas mostrando a integração entre zonas de cisalhamento (“falhas”) e fraturas. 49 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Enquanto os lineamentos possuem uma posição espacial bem definida (com direção NE-SW), o fraturamento ocorre em diversas direções tendo pelo menos quatro direções preferenciais. Estas direções são: NE-SW (paralela as zonas de cisalhamento), NNW-SSE, N-S e ESE-WNW. Figura 31 – Estruturas geológicas (zonas de cisalhamento e fraturamentos) da porção sudeste da Folha de Taubaté O fraturamento, em várias direções, reduz a resistência das rochas facilitando o processo de transformação em solos (intemperismo). Estas estruturas permanecem nas formações superficiais como uma estrutura reliquiar contribuindo para acelerar os processos erosivos lineares. Entretanto, o fraturamento em várias direções tem um aspecto positivo; para a obtenção de água subterrânea em rochas de baixíssima permeabilidade (como é o caso das rochas ígneas e metamórficas) a diversidade de direções de fraturas favorece a interconexão da água e a possibilidade de se obter vazões maiores. Dito de outra forma, os locais onde ocorrem fraturamento intenso, se constitui a única alternativa para se localizar aqüíferos subterrâneos em regiões de rochas ígneas e metamórficas. 50 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Não é surpreendente que diante desta grande intensidade de lineamentos, uma expressiva parte do sistema de drenagem iniciou e desenvolveu controlado pelo sistema de fraturas. O controle do fraturamento sobre a drenagem pode ser constatado pelos elevados ângulos entre a drenagem (em torno de 90oC) particularmente entre os canais de primeira e segunda ordem (Figura 32). Os padrões de fraturamento ficam bem evidentes quando o mapa de drenagem é integrado às ortofotos em escala 1:10.000 obtidas a partir de levantamento de 2002 (Projeto Una). Este levantamento possibilita observar os traços mais evidentes de lineamentos. O padrão de fraturamento NW-SE fica bem visível tanto no interior quanto na área do entorno. Neste sentido, a ausência de vegetação na porção NW da área deixa bem evidente esta direção. 51 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Figura 32 – Mapa de drenagem mostrando ângulos verticais entre os cursos d água de primeira e segunda ordem 52 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. VI. POTENCIAL MINERAL O potencial mineral das rochas precambrianas na região está voltado exclusivamente para bens não metálicos uma vez que se situam em terrenos granitos-gnáissicos de nível estrutural profundo. Este ambiente não é muito favorável para a geração e acumulação de depósitos metálicos. Na região do Médio Vale do Paraíba do Sul, o principal bem mineral é material para brita obtida a partir de pedreiras localizadas principalmente em corpos graníticos. Em regiões de predominância de solos alterados de rochas graníticas, onde ocorrem matacões, é possível utilizar este material para a produção de paralelepípedo. Em regiões onde ocorrem as zonas de cisalhamento, a foliação presente nas rochas miloníticas gera placas que podem ser utilizadas para revestimento para a construção civil. A presença de granitos tende a gerar saibros – solos grosseiros - provenientes de solos de composição silto-arenosa. Os saibros são utilizados para o revestimento de estradas. No caso da área da sub-bacia do ribeirão das Antas, o potencial de aproveitamento dos bens minerais mencionados anteriormente é bastante limitado. Não existem corpos graníticos significativos que possam se constituir em pedreiras; da mesma forma, as rochas miloníticas estão, na sua maioria, bastante alteradas para serem exploradas como revestimento. Os pequenos depósitos de saibros e os corpos de matacões seriam os bens minerais com certo potencial de uso localizado e artesanal. Entretanto, em face das condições de degradação em que se encontra grande parte da sub-bacia, a atividade mineral exploratória não seria ambientalmente adequada. 53 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. VII. CONCLUSÕES Esta etapa do trabalho constou da caracterização geológica da bacia do Ribeirão das Antas descrevendo os aspectos litológicos e estruturais e suas relações com as coberturas superficiais. A análise feita a partir deste relatório demonstra como os fatores geológicos na área de estudo induzem e potencializam a formação de solos de baixa capacidade de suporte contribuindo diretamente para que um elevado grau de degradação ocorra em parte da sub-bacia. Um dos elementos geológicos mais marcantes na área da sub-bacia são os planos de foliação e xistosidade que afetam parte significativa das rochas. Estes planos são provenientes tanto do metamorfismo regional quanto dos processos de deformação dúctil responsáveis pelas zonas de cisalhamento. A presença da Zona de Cisalhamento Fartura recortando a região com direção NE-SW, com uma largura em torno de 2 km, teve um grande efeito sobre uma parte significativa da área. O traçado das estradas, ao recortarem as rochas miloníticas (no interior da zona de cisalhamento), deixa exposto solos com baixíssima capacidade de suporte cujos processos erosivos tendem a acompanhar os planos de foliação. No caso das rochas graníticas, os solos decorrentes não possuem planos de foliação ou xistosidade. O problema maior está relacionado à composição dos solos predominantemente arenosos provenientes da alteração da alta fração quartzo-feldspática presentes nestas rochas. Os solos decorrentes destas rochas tendem a se desagregar mais facilmente e costumam formar jazidas de saibro as quais são utilizadas para colocar em estradas vicinais. 54 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida, F.F.M. 1967 Origem e evolução da Plataforma Brasileira. Bol. Div. Geol. Min,. Rio de Janeiro, DNPM, n. 241. p. 1-36. Carneiro, C.D.R.; Hasui, Y.; Giancursi, F.D. 1976 Estrutura da Bacia de Taubaté na região de São José dos Campos. In: Cong. Bras. Geologia, 29. 1976, Ouro Preto. Anais...Ouro Preto, v.4, p. 247-256. Fernandes, F.L.; Chang, H.K. 2001 Modelagem gravimétrica da Bacia do Taubaté – Vale do rio Paraíba do Sul, Leste do Estado de São Paulo. Brazilian Journal of Research, 19 (2). Fúlfaro, V.; Bjomberg, J. 1993 Geologia. In: J.C. Cintra e J.H. Albiero (Eds.) Solos do Interior de São Paulo. São Carlos, EESC/USP e ABMS. p. 1-42. Hasui, Y.; Ponçano, W.L. 1978 Organização estrutural e evolução da Bacia de Taubaté. In: Cong. Bras. Geologia, 30. Recife. Anais...Recife, v.1, p.368381. Hasui, Y.; Bistrichi, C.A.; Carneiro, C.R.; Stein, D.; Melo, S.; Pires Neto, A.G.; Ponçano, W. 1978 Geologia da Folha de São José dos Campos – SP (SF23-Y-D-II). São Paulo, IPT. p. 50. IPT (Instituto Tecnológico do Estado de São Paulo, 1981. Mapa Geológico do Estado de São Paulo. Escala 1:500.000. Nota explicativa. IPT, São Paulo. n. 6, 126p. IPT (Instituto Tecnológico do Estado de São Paulo, 1990. Geologia das Folhas Jacareí, Tremembé, Taubaté e Pindamonhangaba, escala 1:50.000, IPT, Estado de São Paulo. Oliveira, J. B., Camargo, M. N., Rossi, M., Calderano Filho, B., 1999. Mapa Pedológico do Estado de São Paulo. 1:500.000. Campinas, Instituto Agronômico de Campinas (IAC). 55 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda. Ponçano, W. L.; Carneiro, C. D. R.; Bistrichi, C. A; Almeida, F. F. M.; Prandini, F. L., 1981. Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo. Escala 1:500.000. São Paulo, IPT. 94p. Ricommini, C. 1989 O rift continental do Sudeste do Brasil. São Paulo. 256p. (Tese de Doutoramento). Inst. Geociências, USP. Ross, J.L.S., Moroz, I. C., 1997. Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo. Revista do Departamento de Geografia, FFLCH/USP, 10: 41-56. Saad, 1990 Potencial econômico da Bacia de Taubaté (Cenozóico do Estado de São paulo, Brasil) nas regiões de Jacareí, Taubaté, Tremembé e Pindamonhangaba. IGCE/UNESP. Tese de Doutoramento. 173p. Batista, A. F.; Batista, G. T. Caracterização fisiográfica e avaliação do uso e ocupação das APP da microbacia do ribeirão das Antas. Anais II Seminário de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul: Recuperação de Áreas Degradadas, Serviços Ambientais e Sustentabilidade, Taubaté, Brasil, 09-11 dezembro 2009, IPABHi, p. 81 56 E-Consulting – Consultoria Ambiental & Tecnologia da Informação Ltda.