Funções sintácticas desempenhadas pelos elementos constituintes

Funções sintácticas desempenhadas pelos elementos constituintes da oração
Elementos fundamentais da oração:
1-O sujeito - elemento sobre o qual recai a afirmação contida na oração. Tipos de sujeito:
a. Sujeito simples Ex.: O rei desafiou Frei João Sem Cuidados. Ele ficou aflito.
Classificamos o sujeito como simples quando o verbo se refere a um só nome (rei) ou pronome (ele).
b. Sujeito composto Ex.: O Sol e a Atlântida tiveram nove filhos.
O verbo refere-se a mais do que um nome (o Sol e a Atlântida). Neste caso, classificamos sujeito destas frases
como sujeito composto.
c. Sujeito oculto ou subentendido Ex.: (O Sol e a Lua) Foram ter com Deus para que este resolvesse a disputa.
Falamos de sujeito oculto quando não temos explicitamente nenhum nome ou pronome constitutivo do sujeito. No
entanto, este pode sempre ser identificado pela desinência verbal através da leitura do texto ou do parágrafo.
d. Sujeito indeterminado Ex.: Diziam (Dizia-se) que Frei João nunca se afligia com nada.
O verbo não se refere a nenhuma pessoa ou entidade determinada: não se sabe quem realiza a acção ou não é
pertinente sabê-lo. Dizemos que se trata de um sujeito indeterminado.
e. Sujeito inexistente/nulo oração sem sujeito Ex.: Choveu ontem.
Trata-se de uma frase sem sujeito. A acção do verbo não pode ser atribuída a nenhuma pessoa ou objecto.
Há verbos que não têm sujeito, é inexistente /nulo. A língua desconhece a existência de sujeito de tais verbos. Uma oração é
sem sujeito quando o verbo está na terceira pessoa do singular, sobretudo os seguintes:
1. Com os verbos que indicam fenómenos da natureza, tais como
anoitecer, trovejar, nevar, escurecer, chover, relampejar...
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Trovejou muito.
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Neva no sul do país.
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Anoitece tarde no verão.
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Chove muito no Amazonas.
2. Com o verbo haver, significando existir.
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Ainda há amigos.
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Haverá aulas amanhã.
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Há bons livros na livraria.
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Há gente ali.
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Há homens no mar.
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Há dois dias que não durmo.
3. Com os verbos fazer, haver e estar indicando tempo,
decorrido ou não.
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Está quente esta noite.
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Faz dez anos que não o vejo.
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Faz calor terrível no verão.
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Está na hora do recreio.
4. Com o verbo ser indicando tempo.
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Era em Londres.
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É tarde.
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Era uma vez.
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Foi em Janeiro.
5. Com os verbos ir, vir e passar indicando tempo.
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Já passa de um ano... .
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Já passa das cinco horas.
Observação importante: existem advérbios que exercem
claramente a função sintáctica de sujeito, a qual é própria de
substantivos.
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Amanhã é feriado nacional. (O dia de amanhã...)
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Aqui já é Vitória (Este lugar...)
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Hoje é dia de festa. (O dia de hoje...)
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Agora já é noite avançada. (Esta hora...)
2-O Predicado - aquilo que se afirma acerca do sujeito da oração. Pode ser:
Predicado nominal –Quando é constituído por uma forma verbal de um dos verbos de ligação ou
copulativos* (ser, estar, parecer, ficar, permanecer…), de significação indefinida, e acompanhado por uma
palavra ou expressão que define o seu sentido – o predicativo do sujeito. Ex.: O António está triste.
“Triste” completa o sentido do verbo e caracteriza o sujeito da frase, sendo por isso predicativo do sujeito.
Predicativo do sujeito - elemento ou elementos constituintes dos predicados nominais que se juntam aos verbos copulativos ou de
significação indefinida* para definirem o seu sentido.
O predicativo do sujeito pode ser constituído por:
um nome: O Pai do Nuno é o director da empresa .
um adjectivo: O Paulo parece feliz.
um nome precedido de preposição: O Nuno está de cara alegre.
um advérbio: O teu irmão ficou bem.
Predicado verbal –Quando é constituído por um verbo transitivo* de significação definida ou por um
verbo intransitivo*. O João comprou um quadro.
Os elementos do predicado Verbal:
1-Complemento indirecto -é o elemento da oração para o qual passa indirectamente, através de uma
preposição, a acção expressa pelo verbo transitivo.
O complemento indirecto pode ser constituído por:
um nome: A Paula ofereceu um livro à mãe.
um pronome: Da janela, ele observava o rapaz a quem dera um presente
Nota: O complemento indirecto não vem acompanhado de preposição quando é constituído por um pronome pessoal átono,
isto é, não acentuado.
Faz-me esse relatório.
Digo-te que deves estudar.
Indicaram-lhe o que tinha a fazer.
2-Complemento directo -é o elemento ou expressão para onde transita a acção expressa pelos
verbos transitivos.
O complemento directo pode ser constituído por:
um nome: elas comeram bolos.
um determinante e um nome: O Ministro visitou a escola.
um pronome: O João abraçou-o.
uma oração subordinada substantiva conjuncional integrante: O professor declarou Que não acompanharia a turma a Paris.
uma oração subordinada substantiva interrogativa indirecta: Diz-me se vais ao cinema.
3-Predicativo do complemento directo -é o elemento ou expressão que fornece informações
acerca do complemento directo, junto do qual se situa.
O predicativo do complemento directo pode ser expresso por:
Um adjectivo: Achei maravilhosa a tua ideia.
Um nome: elegeram-no chefe do grupo.
Notas:
1-O Predicativo do Complemento directo aparece, geralmente com os verbos, chamar, considerar, nomear, eleger,
apelidar …
2-O Predicativo do Complemento directo pode vir acompanhado de preposições tais com de, por e para: Apelidaram-no de
líder ou Elegeram-no para alto cargo ou Tomaram-no por tolo. Ou ainda da conjunção como: Consideram-no como director
4-Agente da passiva -é o complemento de uma oração cujo predicado é constituído por um verbo na
voz passiva Este complemento, introduzido pela preposição por designa-se assim porque efectivamente, é a ele
que cabe a função de actuar, de agir sobre o sujeito, o qual se limita a sofrer passivamente a acção por ele
exercida. Ex: o meu cão foi atropelado pelo automóvel
3-Outros elementos da oração:
1-Complementos circunstanciais -são elementos acessórios da oração, constituídos por um advérbio
(lindamente...) ou por uma estrutura precedida de preposição (com os amigos, de avião ...), que referem as circunstâncias em
que se desenrola a acção expressa pelo verbo. O seu objectivo é especificar melhor essa acção, acrescentando-lhe dados
novos. Há várias espécies de complementos circunstanciais:
a) Complemento circunstancial de modo -exprime o modo ou a maneira como se desenvolve a acção. Ex: O carro afastouse velozmente (com velocidade).
b) Complemento circunstancial de companhia -alude a uma acção realizada por mais que uma pessoa. Ex: O João
trabalhou com vários colegas.
c) Complemento circunstancial de fim -exprime o fim ou o objectivo com que se realiza a acção referida pelo verbo. Ex:
A Ana saiu para almoçar.
d) Complemento circunstancial de causa -designa o motivo ou a causa pela qual se concretiza a acção expressa pelo
verbo. Ex: O empregado foi despedido por ter cometido uma fraude.
e) Complemento circunstancial de tempo -refere-se ao momento em que se desenrola a acção. Ex: Ele adormeceu pela
manhã.
f) Complemento circunstancial de meio -indica o meio utilizado na realização de uma acção. Ex: Ela viajou de carro.
g) Complemento circunstancial de instrumento -indica o instrumento utilizado para realizar uma acção. Ex: A Maria
cortou toda a seara com a foice.
2-O Vocativo: É um elemento acessório da oração que não tem lugar fixo na frase e cujo o objectivo é atrair
a atenção do ouvinte. Ex: João, despacha-te!
3-O atributo é uma função desempenhada pelo adjectivo que, regra geral, precede ou segue o nome.
Pode Caracterizar:
O sujeito: A casa amarela está situada na areia.
Complemento directo: Eu ofereci um belo presente à minha mãe.
Complemento indirecto: Dedicou a música ao professor mais simpático
O atributo pode ainda ser constituído por um nome precedido de preposição, equivalendo a um adjectivo: O rapaz de
Lisboa = O rapaz lisboeta ou A fauna do mar = a fauna marítima Ou Um prazer sem fim = Um prazer infinito
4-O complemento determinativo é desempenhado por uma expressão iniciada pela preposição de
imediatamente antecedida por um nome ou pronome. Refere a posse, o parentesco e ou a origem. É o elemento introduzido
pela preposição "de" (que pode estar contraída - do, da, dos, das) que acrescenta alguma indicação ao nome que o precede.
Ex: A casa da Maria é bonita. Ou O pai do Carlos esteve na festa.
5-O aposto é desempenhado por uma palavra ou expressão (um nome ou expressão nominal), normalmente
isolada por vírgulas, que se segue ao nome. Serve para dar uma explicação suplementar acerca desse mesmo nome. Ex: A
Maria, irmã da Teresa, visitou a escola.
Nota: O atributo, o complemento determinativo e o aposto são funções sintácticas desempenhadas por elementos directamente
relacionados com o nome que, de um modo ou outro, o caracterizam. Podem surgir integrados no sujeito ou no predicado.
Classificação dos verbos quanto ao funcionamento sintáctico:
*-verbos transitivos directos; Constroem-se com Complemento directo.
-verbos transitivos indirectos; Constroem-se com Complemento indirecto.
-verbos transitivos directos e indirectos; Constroem-se com Complemento directo e indirecto.
-verbos intransitivos: constroem-se sem Complemento directo e indirecto.
-Verbos copulativos ou de ligação: necessitam de associar a si palavras que lhes completem o sentido e, simultaneamente
servem de ligação entre elas e o sujeito, caracterizando-o(o sujeito). Podem desempenhar essa função entre outros, os
verbos ser, estar, parecer, ficar, continuar,...
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