PERFIL DE CRIANÇAS INTERNADAS COM CÂNCER EM UM HOSPITAL INFANTIL DE FORTALEZA Odaleia de Oliveira Farias1 Marília Mendes Nunes2 Tânia Alteniza Leandro3 Karine Kerla Maia de Moura4 Viviane Martins da Silva5 INTRODUÇÃO: O Câncer constitui um problema de saúde pública mundial. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima-se, para 2030, 27 milhões de casos incidentes de câncer e 17 milhões de mortes, anualmente, por esta doença. No Brasil, estima-se 518.510 casos novos de câncer para 2013, incluindo os casos de pele não melanoma1. O câncer na criança e no adolescente corresponde entre 1% a 3% de todos os tumores malignos na maioria das populações, tratando-se de uma doença considerada rara quando comparada às neoplasias que afetam os adultos. As neoplasias são a segunda causa de morte para a faixa etária de 1 a 19 anos, e a primeira causa de morte por doença, após um ano de idade, até o final da adolescência. O câncer na criança geralmente afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação, sendo as leucemias, os tumores de sistema nervoso central e os linfomas os tipos de câncer que mais acometem esta faixa etária2. Dessa forma, entre as doenças crônicas infantis, o câncer se destaca por sua alta incidência e pelas repercussões causadas na vida da criança e da sua família, requerendo atenção diferenciada da equipe de enfermagem3. Estudos que avaliam o perfil de uma população podem contribuir para caracterizar um determinado grupo e, dessa forma, atualizar os profissionais envolvidos no cuidado. OBJETIVOS: Traçar o perfil sociodemográfico e clínico de crianças internadas com câncer em um Hospital Infantil de Fortaleza/Ceará. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Tratase de um estudo transversal realizado em uma unidade oncológica pediátrica, em Fortaleza/Ceará, nos meses de outubro a novembro de 2012. A população do estudo foi constituída por crianças, com idade entre 2 e 11 anos internadas no referido centro oncológico, com diagnóstico médico de câncer. Foi aplicada a técnica de amostragem consecutiva, na qual os pacientes são incluídos no estudo à medida que se internam e atendem aos critérios de inclusão. Os dados foram obtidos por fonte primária diretamente com os pacientes e responsáveis, mediante entrevista, e por fonte secundária, mediante consulta aos prontuários. A análise estatística foi realizada com o apoio do programa estatístico SPSS versão 20.0 for Windows e do software R versão 2.12.1. Os dados foram armazenados numa planilha do software Excel (2010) e os resultados foram sintetizados em tabelas. O estudo foi encaminhado ao comitê de ética do hospital da rede pública estadual, sendo aprovado mediante registro 047/2012 em cumprimento às recomendações da resolução 196/96, referente às pesquisas com seres humanos4. A pesquisa teve início após anuência da instituição e a coleta de dados foi realizada após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos pais ou responsáveis das crianças. RESULTADOS: Foram avaliadas 37 1- Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq. Integrante do Grupo de Estudos em Diagnósticos, Intervenções e Resultados de Enfermagem. Relatora. E-mail: [email protected] 2-Enfermeira. Integrante do Grupo de Estudos em Diagnósticos, Intervenções e Resultados de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. 3-Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Ceará. Integrante do Grupo Cuidado de Enfermagem na Saúde da Criança. 4- Enfermeira. Integrante do Grupo de Estudos em Diagnósticos, Intervenções e Resultados de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. 5- Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará e Docente do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFC. Coordenadora do Projeto Cuidado de Enfermagem na Saúde da Criança (CUIDENSC) da UFC. 00435 crianças com idade de 24 a 143 meses, sendo a média de idade de 65,03 meses (desvio padrão de 28,62). Quanto ao sexo, 54,1% das crianças avaliadas eram do sexo masculino. Em relação ao diagnóstico médico, foram identificados os seguintes tipos de câncer: leucemia linfoide aguda (29,7%), tumor no sistema nervoso central (18,9%), leucemia mielóide aguda (13,5%), linfoma (10,8%), leucemia mielóide crônica (5,4%), osteossarcoma (5,4%), rabdomiossarcoma (5,4%) e outros - neoplasia de bexiga, abdominal e testicular (10,8%). Com relação à procedência, identificou-se que 75,7% das crianças eram do interior do estado do Ceará. Verificou-se que 64,9% da amostra apresentavam antecedente familiar para o câncer e que 37,8% foram submetidos a procedimentos cirúrgicos. Quanto aos dias de internamento, a mediana identificada foi de quatro dias (intervalo interquartílico de 9). Quanto ao número de membros da família, a mediana foi de quatro membros (intervalo interquartílico de 2). A mediana da renda familiar da amostra foi de 622,00 reais (intervalo interquartílico de 319). Com relação ao número de internamentos no último ano, identificouse mediana de dois dias (intervalo interquartílico de 5). Convém ressaltar que não foi possível obter a informações sobre o número de internamentos no último ano de uma criança, visto que os pais não recordavam com exatidão quantas vezes seu filho havia sido hospitalizado.CONCLUSÃO: O estudo identificou a média de idade das crianças internadas em cinco anos e quatro meses, sendo a maioria do sexo masculino e com antecedentes familiares de câncer. Verificou-se que a mediana de renda das famílias era menos de um salário mínimo e a maior parte delas era oriunda do interior do Estado, evidenciando as dificuldades em relação ao acesso e custos do tratamento. Aproximadamente um terço da amostra foi submetido a procedimento cirúrgico, que representa uma forma de tratamento para o câncer. A mediana de internamento das crianças foi de quatro dias e, em relação ao número de internações no último ano, obteve-se uma mediana de dois. Diante do exposto, observa-se que o tratamento para o câncer é um processo complexo, por incluir meios invasivos e constantes internações. Os dados revelaram prevalência de câncer nas células sanguíneas e nervosas, sendo que, dos dez tipos de câncer encontrados no estudo, obtiveram maior porcentagem: leucemia linfoide aguda, tumor no sistema nervoso central e leucemia mielóide aguda. O estudo propiciou conhecer aspectos da população infantil com câncer atendida na referida unidade, apontando para a necessidade de implementação de estratégias de cuidado direcionadas as peculiaridades desse público. CONTRIBUIÇÕES PARA A ENFERMAGEM: Estudos desta natureza podem possibilitar aos profissionais de saúde, em especial os enfermeiros, o conhecimento do perfil dos pacientes, identificando suas necessidades, anseios e reduzindo os riscos aos quais são expostos. Diante disso, estimula-se a realização de outras pesquisas que caracterizem o perfil de populações específicas. REFERÊNCIAS:1 Ministério da Saúde (Brasil), Instituto Nacional do Câncer. Estimativa 2012: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2012 [acesso em 2013 Mar 13]. Disponível em: http://www1.inca.gov.br/estimativa/2012/index.asp?ID=5. 2 Ministério da Saúde (Brasil), Instituto Nacional do Câncer. Particularidades do Câncer Infantil. Rio de Janeiro: INCA, 1996-2012 [acesso em 2013 Mar 13]. Disponível em: http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=343. 3 Nascimento LC; Rocha SMM; Hayes VH; Lima RAG. Crianças com câncer e suas famílias / Children with cancer and their 1- Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq. Integrante do Grupo de Estudos em Diagnósticos, Intervenções e Resultados de Enfermagem. Relatora. E-mail: [email protected] 2-Enfermeira. Integrante do Grupo de Estudos em Diagnósticos, Intervenções e Resultados de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. 3-Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Ceará. Integrante do Grupo Cuidado de Enfermagem na Saúde da Criança. 4- Enfermeira. Integrante do Grupo de Estudos em Diagnósticos, Intervenções e Resultados de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. 5- Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará e Docente do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFC. Coordenadora do Projeto Cuidado de Enfermagem na Saúde da Criança (CUIDENSC) da UFC. 00436 families. Rev Esc Enferm USP; 39(4): 469-474, dez. 2005. 4 Conselho Nacional de Saúde (Brasil). Resolução nº196/96. Decreto nº 93.33 de janeiro de 1987. Estabelece critérios sobre pesquisas envolvendo seres humanos. Bioética, v.4, n.2 supl., p.15-25, 1996. Descritores: Perfil de Saúde, Neoplasias, Menores de Idade. Área Temática: Informação/Comunicação em Saúde e Enfermagem. 1- Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq. Integrante do Grupo de Estudos em Diagnósticos, Intervenções e Resultados de Enfermagem. Relatora. E-mail: [email protected] 2-Enfermeira. Integrante do Grupo de Estudos em Diagnósticos, Intervenções e Resultados de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. 3-Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Ceará. Integrante do Grupo Cuidado de Enfermagem na Saúde da Criança. 4- Enfermeira. Integrante do Grupo de Estudos em Diagnósticos, Intervenções e Resultados de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. 5- Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará e Docente do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFC. Coordenadora do Projeto Cuidado de Enfermagem na Saúde da Criança (CUIDENSC) da UFC. 00437