Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos BIOLOGIA CELULAR NO ENSINO FUNDAMENTAL Autor: Divina Pedroso dos Santos1 Orientador: José Ricardo Penteado Falco2 Resumo Este artigo resultou de uma pesquisa teórica e da prática em sala de aula em relação ao ensino da Biologia Celular nos anos finais do Ensino Fundamental. A problemática inicial foi a dificuldade em realizar um trabalho no Ensino Fundamental, que levasse à compreensão do funcionamento celular devido as dimensões microscópicas da célula. Depois de pesquisar formas de facilitar o ensino, optou-se por utilizar os recursos tecnológicos disponíveis na escola, bem como fazer uso do lúdico. O trabalho foi realizado em três etapas. A primeira investigou os conhecimentos prévios dos alunos instigando-os com o questionamento: ”Sabendo que a bactéria e o protozoário são seres unicelulares, como realizam funções vitais como a respiração e a digestão”? A etapa seguinte buscou instrumentalizá-los a diferenciar a célula procariótica da eucariótica e compreender a estrutura e o funcionamento celular por meio de pesquisas na internet, produção de slides e vídeos, socialização das pesquisas com apresentações em sala de aula, jogos, questões objetivas e discursivas, uso de vídeos, animações e a produção de uma célula gigante. A etapa final foi a exploração da aprendizagem dos alunos com a leitura e discussão de um texto sobre células-tronco, e a socialização do trabalho com 17 professores da rede estadual de ensino. O resultado do trabalho indicou compreensão da morfofisiologia celular pelos alunos e aceitação pelos professores. No entanto, o tempo destinado a esse estudo foi maior que o habitual no Ensino Fundamental, necessitando um corte de conteúdos básicos, considerados, pelas Diretrizes Curriculares Estaduais do Estado do Paraná, como o mínimo necessário ao aluno. Isso gerou um questionamento sobre a viabilidade da metodologia. Palavras-chave: TIC’s; lúdico; células 1 Introdução A célula é a unidade estrutural e funcional dos seres vivos e para entendê-la como tal é preciso conhecer sua dinâmica e compreender a complexidade dos processos metabólicos e estruturais (SONCINI E CASTILHO JR.,1991). Morandini e Bellinello (1999), afirmam que o estudo da célula é fundamental para a compreensão de qualquer processo biológico, já que todos os fenômenos vitais ocorrem na célula. A Universidade Castelo Branco (2007), reforça que a compreensão de que a vida, ao longo da história, interliga-se entre todos os 1 Professora graduada em Ciências pela FAFIJAN, especialista em Morfofisiologia Humana Reprodutiva e Comportamental pela FAFIJAN, especialista em Educação Matemática pela UNESPAR/FECILCAM. Docente do Colégio Estadual José Sarmento Filho E.F.N. Cursando o PDE/área de Ciências, turma 2013/2014. 2 Bacharel em Ciências Biológicas. Mestre em Ciências Biológicas, área de Biologia Celular. Doutor em Biologia Celular e Estrutural. Docente do Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular da Universidade Estadual de Maringá desde 1996; orientador. organismos, seja ele simples ou extremamente complexo, é resultado do conhecimento sobre a complexidade e organização celular. O ramo da ciência responsável pelo estudo da célula é a Biologia Celular. Morandini e Bellinello (1999) relatam que a Biologia Celular, anteriormente denominada citologia, se consolidou a partir da invenção do microscópio. São objetos de estudo dessa ciência a organização, a função e a estrutura das células de todos os organismos vivos. Nos últimos anos, os avanços da Biologia Celular foram extraordinários e de acordo com as considerações apresentadas pela Universidade Castelo Branco (2007), no século XXI, seu progresso está cada vez mais perceptível. Novas descobertas têm levado à cura de doenças, a produção de medicamentos, a identificação de criminosos, a confirmação de paternidade e maternidade, entre outras coisas igualmente importantes para a sociedade. Devidos aos rápidos avanços que são impulsionados pelo desenvolvimento das tecnologias, a quantidade de informações relacionadas à Biologia Celular são cada vez mais ampla. Isso faz com que o ensino desse conteúdo se torne cada vez mais delicado, especialmente no Ensino Fundamental, pois a dimensão celular dificulta a compreensão da complexidade de seu mecanismo. Linhares e Taschetto (2011), afirmam que pelo fato da célula ter dimensões microscópicas, ao abordar o ensino de citologia, faz-se necessário propor diferentes formas de apresentação do conteúdo, levando o aluno a gostar, se interessar e reconhecer a importância para o entendimento da vida. Nos anos finais do Ensino Fundamental, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná (2008), trazem para a disciplina de Ciências como um dos Conteúdos Estruturantes os “Sistemas Biológicos”, que integram como conteúdos básicos: organização dos seres vivos; células; morfologia e fisiologia dos seres vivos; mecanismos de herança genética. Para esse Conteúdo Estruturante o Caderno de Expectativas de Aprendizagem, que contribui para a organização do trabalho pedagógico, expressa o que se espera que o aluno domine ao final do Ensino Fundamental (8° e 9° anos): 47. Compreenda os mecanismos celulares e suas estruturas, de modo a estabelecer um entendimento de como esses mecanismos se relacionam no trato das funções celulares. 48. Conheça a estrutura e compreenda o funcionamento dos tecidos. 49. Entenda o funcionamento dos sistemas digestório, cardiovascular, respiratório, excretor, urinário e a integração entre eles. 57. Entenda o funcionamento dos sistemas nervoso, locomotor, sensorial, reprodutor e endócrino e a integração entre eles. 58. Entenda os conceitos e mecanismos básicos da genética e dos processos de divisão celular (PARANÁ, 2012, p.21). O estudo da Biologia Celular é fundamental para o alcance dessas expectativas, visto que se faz necessário a apropriação dos conceitos básicos sobre células para a efetivação da aprendizagem sobre o funcionamento dos sistemas e a integração entre eles. O estudo da célula envolve a memorização de uma série de nomes, além da compreensão do funcionamento de cada organela, mas o que torna difícil é a dimensão celular que a faz abstrata para os alunos. Assim, iniciamos a pesquisa a partir das dificuldades encontradas para realizar um trabalho no Ensino Fundamental, que levasse à compreensão do funcionamento celular capaz de dar suporte ao entendimento da integração dos sistemas que formam um organismo, especialmente o humano. Partindo da problemática de qual seria a forma que a Biologia Celular deveria ser trabalhada nas séries finais do Ensino Fundamental, a fim de instrumentalizar o aluno para compreender significativamente a morfologia e fisiologia dos seres vivos, abordada nesse nível de ensino, iniciou-se a pesquisa no primeiro semestre de 2013. Com o intuito de utilizar melhor os recursos tecnológicos disponíveis na escola, para ministrar aulas de Ciências, de forma que conseguisse tornar a célula menos abstrata por meio de imagens produzidas e que pudessem facilitar a compreensão do aluno sobre a morfologia e fisiologia celular, implementou-se, no primeiro semestre de 2014, o projeto que deu origem a esse artigo. O Colégio Estadual José Sarmento Filho, onde implementou-se o projeto, é desprovido de laboratório de ciências, mas conta com laboratório de informática, TV multimídia, data show, entre outros recursos tecnológicos que podem ser explorados para a otimização das aulas. Esses recursos tecnológicos foram utilizados para o trabalho com Biologia Celular. 2 Implementação do projeto na escola O projeto foi implementado com alunos do 8º ano do Ensino Fundamental do colégio Estadual José Sarmento Filho E.F.N., localizado no Município de Iretama, pertencente ao Núcleo Regional de Educação de Campo Mourão. Participaram da implementação a turma A, constituída por 31 alunos do turno matutino e a turma C, com 28 alunos do turno vespertino. No município, o transporte escolar dos alunos da zona rural só acontece no turno vespertino e no noturno. Dessa forma, as turmas matutinas são formadas por alunos que moram na zona urbana, as turmas do turno vespertino são de alunos da zona rural. No noturno não tem Ensino Fundamental, só o Curso de Formação de Docentes. Nosso município não tem cobertura de internet na zona rural, apenas nas proximidades da área urbana. Nesse sentido selecionar uma turma de alunos da cidade e outra de alunos do sítio foi uma estratégia para identificar se o trabalho teria o mesmo resultado com alunos que têm acesso a diferentes recursos tecnológicos. 2.1 Etapa investigativa Foram preparadas, juntamente com os alunos, duas culturas de micro-organismos. Uma de protozoários utilizando água de rio e raízes de grama, que foi colocada embaixo do tanque dentro da lavanderia da escola, onde o ambiente é mais escuro. Outra de bactérias utilizando três recipientes previamente esterilizados e com gelatina incolor: num dos recipientes foi deixado apenas gelatina, em outro um aluno passou um cotonete na bochecha e esfregou na gelatina e no último, outro aluno passou um cotonete no pé e esfregou na gelatina. Passada uma semana, os microorganismos foram observados ao microscópio e ao estereoscópio. Após a observação foram formados grupos de quatro ou cinco alunos para a discussão da seguinte questão: Sabendo que a bactéria e o protozoário são seres unicelulares, como realizam funções vitais como a respiração e a digestão? Os alunos foram orientados a registrar o resultado da discussão para possível reestruturação futura. Os registros foram os seguintes: - Respostas dos alunos do 8º A (turma "urbana"). - Grupo 1: Sobrevivem do nosso organismo. - Grupo 2: Devem absorver oxigênio pela membrana e se alimentar da mesma forma. - Grupo 3: Nosso grupo não conseguiu compreender. Ainda não temos resposta para essa questão, esperamos poder conseguir responder daqui uns dias. - Grupo 4: Como são unicelulares precisam de pouquíssimo oxigênio e alimento e devem absorver pela membrana. - Grupo 5: Imaginamos que eles conseguem oxigênio e alimentos de hospedeiros. - Grupo 6: Em nosso grupo ninguém nunca tinha pensado nisso, agora ficamos curiosos, provavelmente vai ser legal estudar sobre célula, a gente vai aprender isso. - Grupo 7: Eles devem ter um sistema respiratório e digestório microscópico. - Respostas dos alunos do 8º C (turma da zona rural). - Grupo 1: Talvez eles não precisem respirar como nós e o alimento podem absorver do meio, igual os cogumelos. - Grupo 2: Existem bactérias que não respiram como as que fazem a fermentação do leite, os protozoários não sabemos. A alimentação eles devem absorver das coisas perto deles. - Grupo 3: Nem todo ser vivo respira igual nós, os peixes por exemplo respiram dentro da água, os protozoários devem ser igual os peixes porque estavam dentro da água. As bactérias estavam dentro da gelatina, devem tirar o oxigênio e alimento da gelatina. - Grupo 4: Eles devem aproveitar nosso sistema respiratório e a comida que comemos. - Grupo 5: Nosso grupo não sabe. - Grupo 6: Depois de discutir nosso grupo chegou a conclusão que eles devem ingerir através da membrana. Das respostas dadas podemos perceber que nenhum aluno tinha conhecimento sobre o funcionamento intracelular, além da falta de domínio de muitos outros conceitos. 2.2 Etapa de instrumentalização Iniciou-se esta etapa com uma pesquisa no laboratório de informática sobre as diferenças entre as células procarióticas e as eucarióticas. Realizada em grupos de três alunos a pesquisa a princípio fluiu lentamente. Os alunos entravam no Google e digitavam “diferenças entre células procarióticas e eucarióticas”, em seguida abriam qualquer site e já queriam copiar. Foi preciso interromper a pesquisa, explicar sobre a confiabilidade dos sites, sobre a veracidade das informações e orientá-los a buscar em trabalhos acadêmicos. Além disso, foram orientados a criar uma pasta no compartilhamento público para salvarem suas pesquisas de forma que todos poderiam ter acesso aos trabalhos, principalmente para facilitar o acompanhamento do professor em relação ao andamento da pesquisa. Entre os alunos do 8º ano A, 90% deles tinham acesso a computador com internet em casa. Realizar pesquisa usando o computador foi algo comum para eles, possuíam familiaridade com esse recurso e não tiveram necessidade de ficar procurando sites ou links diferentes do que foi proposto. No 8º ano C, 100% dos alunos não tinham computador em casa. O acesso à internet era na escola e, muito raro, em lan hause. No primeiro dia da pesquisa fizeram um tumulto, tanto na organização das equipes frente aos monitores, quanto ao acesso às coisas diferentes da proposta. Por não terem oportunidade de acesso à internet, queriam acessar coisas de interesses pessoais, que eram sites, vídeos e outras coisas que ouviam comentários. Uma das maiores curiosidades era um vídeo no youtube de um menino denominado Mc Alezinho, morador do município, no qual ele cantava um funk de sua autoria e que foi muito comentado. Frente à dificuldade de manter a atenção dos alunos no conteúdo que deveriam pesquisar foi feito um acordo com os mesmos, teriam uma aula para verem o que lhes interessassem e depois deveriam manter o foco da pesquisa. Assim foi feito, e todos cumpriram com o que tinha sido acordado. As orientações sobre a pesquisa passadas aos alunos do turno matutino precisaram ser repetidas com os do turno vespertino. Porém o resultado da pesquisa foi o esperado nos dois turnos. Mesmo os alunos que não tinham familiaridade com o computador não apresentaram dificuldade, exigindo apenas um pouco mais de atenção e repetição de informações, principalmente nas instruções para criar pasta no compartilhamento público e salvar as pesquisas sempre na mesma. Terminada a pesquisa, cada equipe sintetizou os resultados em um texto deixando uma cópia salva na pasta. Em sala, apresentaram a síntese comentando as principais diferenças encontradas entre os tipos de células pesquisadas. No entanto, nenhuma pesquisa estava completa, geralmente as equipes falavam sobre diferença de tamanho entre células, sobre a quantidade de organelas, ausência de carioteca, mas sobre o sistema de endomembranas somente duas equipes falaram. A partir das informações apresentadas na sala de aula, escrevi na lousa, com a contribuição de todas as equipes, um texto sintetizando as diferenças básicas entre células procarióticas e eucarióticas. Assim ficou o texto: Células Procarióticas e Células Eucarióticas Para efeito de estudos, a Biologia subdivide as células em dois grupos: as procarióticas e as eucarióticas. As células eucarióticas são, em geral, bem maiores que as procarióticas e possuem organização interna diferenciada. As células procarióticas são pobres em membranas (praticamente só a membrana citoplasmática), possuem basicamente os quatro componentes fundamentais a qualquer célula: membrana plasmática, citoplasma, ribossomos e DNA. O material genético (DNA) dessas células não é separado do citoplasma, que contém numerosos polirribossomos e na face interna da membrana encontram-se enzimas relacionadas com a respiração. As células eucarióticas caracterizam-se pela riqueza de membranas, formando organelas membranosas responsáveis por diversas funções intracelulares. Podemos citar como exemplo, a presença de núcleo, que na procariótica não é existente e na eucariótica isola o material genético do citoplasma pela membrana nuclear ou carioteca. Apesar de serem estruturalmente mais simples que as eucarióticas, as células procarióticas são funcionalmente complexas, pois mesmo não tendo organelas especializadas em realizar funções necessárias à vida celular, são capazes de realizar milhares de transformações bioquímicas. A próxima atividade foi uma pesquisa no laboratório de informática sobre as funções das organelas e estruturas celulares. Cada dupla, ou trio, pesquisou uma estrutura ou organela celular, salvando as informações em pastas no compartilhamento público para acompanhamento e futura socialização com os colegas da sala. As organelas e estruturas celulares pesquisadas foram: membrana plasmática, glicocálix, citoplasma, citoesqueleto, centríolos, mitocôndria, ribossomos, retículo endoplasmático, lisossomos, complexo golgiense, peroxissomos, vacúolos, núcleo, nucléolo, parede celular, plasmodesmos e plastos. Sintetizando as pesquisas de cada equipe, unifiquei os resultados num único texto e imprimi uma cópia para cada aluno, a fim de que pudessem ter uma visão completa do trabalho. Após terem informações e imagens sobre organelas e estruturas celulares, os alunos produziram slides no PowerPoint. Entre todos os participantes do projeto, apenas dois já sabiam fazer slides. Mesmo sendo novidade para a maioria, entenderam com facilidade as instruções e uns iam passando para os outros, os passos que entendiam primeiro. Os alunos da turma C tiveram um pouco mais de dificuldade para fazer os slides e demoraram uma aula a mais, mas conseguiram produzir com a mesma qualidade. As apresentações dos slides foram feitas na sala usando a TV multimídia. Cada equipe fez a apresentação do seu trabalho comentando sobre as funções do seu objeto de pesquisa. Ao término das apresentações fizemos uma discussão sobre o funcionamento integrado das organelas e estruturas celulares nas células eucarióticas animais e vegetais. Para aprofundar os conhecimentos e a compreensão sobre o funcionamento celular, foram utilizados vídeos, softwares e animações 3 que pudessem simular acontecimentos intracelulares, sempre pausando em momentos específicos, discutindo as situações, repetindo cenas quando necessário e fazendo questionamentos. Em seguida trabalhei com jogos. Primeiro foi a trilha celular que jogaram em grupos de cinco alunos. Um aluno era o coordenador que fazia as perguntas. Os demais jogavam o dado e percorriam a trilha respondendo as questões, realizando as tarefas ou cumprindo determinações. Para o jogo da memória, no qual se fazia associação das funções com as imagens das organelas e estruturas celulares, formamos grupos de quatro alunos. Os alunos participaram dos jogos com entusiasmo e seriedade. Nessa fase apliquei uma avaliação com questões escritas, os alunos não tiveram grandes dificuldades nem nas questões objetivas, nem nas discursivas. A maioria deles demonstrou segurança e domínio de conteúdo. Os gráficos abaixo mostram os resultados das questões objetivas. 3 http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=OHQ-72HoFSc http://www.johnkyrk.com/golgiAlone.port.html http://www.youtube.com/watch?v=wS7Ssf35waU&feature=related http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/recursos/10223/mitocondria_cloroplastos.swf http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/bitstream/handle/mec/7625/organelas_celula_animal.swf?sequence=1 Já nas questões discursivas, pedi para os alunos reverem a questão inicial e em seguida reestruturassem suas respostas: Sabendo que a bactéria e o protozoário são seres unicelulares, como realizam funções vitais como a respiração e a digestão? Respostas dos alunos do 8º A - Grupo 1: A bactéria realiza por enzimas porque não possui organelas especializadas para essas função, já no protozoário a respiração é feita pela mitocôndria e a digestão pelo lisossomo. - Grupo 2: Bactéria: a bactéria realiza respiração por dobras da membrana plasmática que faz o papel das mitocôndrias e a digestão por enzimas. Protozoário: o protozoário possui organelas que realizam funções vitais, como as mitocôndrias que fazem a respiração e os lisossomos que fazem a digestão. - Grupo 3: O protozoário possui organelas especializadas em realizar essas funções. A respiração é realizada pelas mitocôndrias e a digestão pelos lisossomos. Já as bactérias são seres menores e mais simples, não possuem essas organelas. Nelas a membrana possui umas espécies de dobra chamadas mesossomos que ajudam a respiração e a digestão é feita por enzimas. - Grupo 4: A bactéria é uma célula procariótica, ou seja, uma célula simples, quase não tem organelas, então quem realiza essas funções é a própria membrana plasmática auxiliada por enzimas. O protozoário é uma célula eucariótica, ou seja, é maior que a bactéria e possui várias organelas membranosas dentro dele que realizam as funções vitais, por exemplo, as mitocôndrias fazem a respiração e os lisossomos fazem a digestão. - Grupo 5: Na bactéria é a membrana e enzimas e no protozoário é a mitocôndria e o lisossomo. - Grupo 6: Como dissemos na primeira resposta, foi legal estudar e aprender sobre a célula. Aprendemos que a bactéria é um ser procarionte. Isso quer dizer que ela é formada por uma célula procariótica. Esse tipo de célula é bem simples, ela não tem a membrana que separa o núcleo do citoplasma nem tem organelas capaz de realizar essas funções de respiração e digestão, mas a membrana citoplasmática junto com enzimas fazem isso pra ela. O protozoário é um ser eucarionte, ele é formado por uma célula eucariótica. Essa célula é maior do que a procariótica, tem a membrana que separa o núcleo do citoplasma e muitas organelas membranosas. A organela que faz a digestão é o lisossomo e a que faz a respiração é a mitocôndria. - Grupo 7: Eles são seres microscópicos e formados por uma só célula e não tem como ter sistema para realizar essas funções igual nós, então quem faz a respiração no protozoário é a mitocôndria e na bactéria é o mesossomo, e a digestão no protozoário é o lisossomo e na bactéria são enzimas. Respostas dos alunos do 8º C - Grupo 1: Nem toda bactéria faz respiração, mas a que faz é por enzimas que ficam numas dobras da membrana citoplasmática chamadas de mesossomos, a digestão é por enzimas também. No protozoário tem organelas que fazem isso, a mitocôndrias é responsável pela respiração e o lisossomo pela digestão. - Grupo 2: As bactérias que respiram têm enzimas que ajudam a própria membrana citoplasmática a respirar, a digestão é só enzimas. O protozoário é formado por uma célula mais organizada com diversas organelas que fazem as funções, a digestão é feita pelos lisossomos e a respiração pelas mitocôndrias. - Grupo 3: O protozoário, mesmo sendo unicelular possui várias organelas dentro dele que realizam as funções vitais como as mitocôndrias que fazem a respiração e os lisossomos que fazem a digestão e tem outras organelas para outras funções. A bactéria só possui os ribossomos, então quem faz as funções são enzimas. - Grupo 4: A bactéria respira pela membrana e enzimas e faz digestão com enzimas. O protozoário tem organelas que é o lisossomo para digestão e mitocôndria para respiração. - Grupo 5: Bactéria por enzimas e protozoário por organelas. - Grupo 6: Nosso grupo aprendeu que a bactéria é mais simples, quase não tem organelas, então são enzimas que realizam as funções vitais. O protozoário é mais organizado com organelas e os lisossomos fazem a digestão e as mitocôndrias fazem a respiração. Comparando com as primeiras respostas dos grupos percebemos que houve aprendizagem de muitos conceitos, mas que ainda faltava organização de ideias e melhor estruturação das respostas. Nas respostas de outras questões objetivas o resultado foi parecido, acertavam muitos conceitos, mas ainda havia o que melhorar. Para ampliar os conhecimentos, compreender melhor a estrutura e as funções do núcleo celular, do sistema de endomembranas, do citoesqueleto e da membrana plasmática, de forma aplicada e integrada, os alunos, em grupos, realizaram pesquisa na internet sobre a morfologia e fisiologia celular; salvando textos e imagens em pastas no compartilhamento público. Utilizando o Movie Maker produziram vídeos que mostrassem de forma clara os resultados das pesquisas. Alguns alunos até sabiam produzir vídeos no celular, mas nenhum deles sabia produzir vídeos utilizando o Movie Maker. No entanto, não tiveram dificuldades em trabalhar com o programa. Para a realização dessa atividade os alunos do turno matutino trouxeram notebooks, então foi realizada em sala. No turno vespertino, tivemos a colaboração de alguns alunos da manhã, que vieram com os notebooks, disponibilizando-os para que os alunos do 8º ano C pudessem usar. As atividades de produção de slides e vídeos oportunizaram a participação ativa no processo de ensino e aprendizagem. Nessas atividades percebi que os alunos produziam com prazer. Cada equipe fez a socialização do resultado da pesquisa apresentando os vídeos produzidos, no data show em sala de aula, fazendo a discussão do conteúdo abordado em cada vídeo. A atividade seguinte foi a construção de uma célula gigante. Em duplas os alunos construíram maquetes representando organelas e estruturas celulares. Cada dupla procurou utilizar materiais de fácil acesso e usando de criatividade produziu uma maquete simples. Num dia previamente marcado com a direção da escola, a célula gigante foi montada pelos alunos dentro da sala de aula. O citoplasma (figura1), foi representado por gel. Os integrantes do grupo explicavam que este preenche os espaços entre as organelas e estruturas celulares. Como era impossível fazer isso na sala de aula, então representavam numa pequena porção. Para representar as mitocôndrias (figura 2), os alunos usaram massinha de modelar e gel, organizados numa garrafa pet. Os lisossomos (figura 3), foram representados por bolas grandes de isopor, pintadas com tinta guache. Foram disponibilizados em vários pontos da sala. O citoesqueleto (figura 4), foi feito usando canos de diâmetros variados, representando uma estrutura de sustentação e que possibilita a movimentação do citoplasma no interior da célula atuando no processo de transporte de substâncias e permitindo a união das células. Para a confecção do núcleo (figura 5), foi usado uma bola de isopor grande, recortada para representar um nucléolo. Depois foi pintada por dentro e por fora. Com uma bola de borracha grande foi representado o vacúolo (figura 6), explicando que há diferença de tamanho dependendo da célula e da função. A parede celular (figura 7), foi representada por placas na qual os alunos inseriram canudinhos demonstrando a comunicação entre células vizinhas. Os centríolos (figura 8), foram confeccionados usando bambu. Os alunos fizeram as duas partes amarrando nove grupos de três pedaços de bambu, depois agruparam em formato circular e em posição perpendicular entre si. Na porta, os alunos representaram a membrana (figura 9), usando TNT (tecido não tecido), com manchas pretas que simbolizavam as proteínas. Os ribossomos (figura 10), foram confeccionados com isopor e pendurados no teto de forma que ficaram em diferentes alturas dando a impressão de estar espalhados pela célula. Com EVA confeccionaram o Complexo Golgiense (figura 11). O retículo endoplasmático (figura 12), foi feito usando papelão, simulando uma rede de comunicação dentro da célula espalharam mangueiras pela sala. A célula foi organizada de forma que os visitantes pudessem circular tranquilamente vendo e ouvindo as explicações. Foram convidados os alunos das outras salas e professores para visitar a célula, tanto no turno matutino, quanto vespertino. Essa foi a atividade que percebi maior dificuldade em muitos alunos, principalmente no turno da tarde. A timidez prejudicava a explicação, muitos tinham dificuldades em falar claramente para os visitantes. Depois da apresentação da célula gigante, individualmente, os alunos escreveram um texto relatando a construção e a apresentação da célula eucariótica, descrevendo e analisando as atividades desenvolvidas e os resultados obtidos, refletindo sobre a (re)construção de seu conhecimento. Ao produzir o texto, a maioria dos alunos descreveram claramente como se deu o trabalho, possibilitando ao leitor a compreensão do que se estava falando, demonstrando conhecimento sobre o funcionamento das organelas e estruturas celulares e suas respectivas funções. A intenção do texto foi alcançada, porém apresentando muitos erros de Português. A seguir na íntegra (sem correções de português) a transcrição de um dos textos: Viagem dentro da célula Primeiramente aprendemos sobre células fazendo pesquisas, slides, vídeos, jogos e exercícios. Depois em equipes confeccionamos organelas para poder construir uma célula eucariótica gigante. Minha equipe fez os lisossomos com bola e placa de izopor. A gente tinha aprendido que eles são produzidos no retículo endoplasmático rugoso e vão para o complexo de golgi onde são empacotadas em vesículas. Eles tem enzimas que fazem a digestão de coisas que não servem mais para as células, como por exemplo, outras organelas velhas ou defeituosas. As outras equipes fizeram as outras organelas. Do lado de fora da porta ficou um microscópio onde os visitantes olhavam uma célula vegetal. Uma equipe explicava que a aquela célula só podia ser visto no microscópio, mas que nosso trabalho representava uma viagem por dentro da célula e mostrava a maquete da parede celular explicando que ela dá resistência a célula e tem os plasmodesmos que permitem a comunicação entre as células vizinhas. Outra equipe na porta representava a membrana e já falava da função dela, que ela seleciona o que entra e sai da célula. Os visitantes passavam pela membrana e entravam dentro da célula. Dentro a primeira equipe que falava era sobre o citoesqueleto, mostrando que ele tem a função de manter a forma, dar sustentação para a célula, manter as organelas nos lugares, permitir que ocorra movimento e outra coisas que não me lembro. A equipe do citoplasma mostrava a maquete e falava que toda a célula era preenchida por citoplasma e que nele estavam todas aquelas organelas e fazia movimentos chamados ciclose. A equipe dos ribossomo começava falando que eles sintetizam proteínas que são transportadas pelo reticulo endoplasmático, então as pessoas iam até o retículo. Lá os alunos falavam das funções dele que são várias, como atuar no metabolismo e desintoxicação da celula, produz hormônios e lipídios e transporte de substâncias. Em seguida os visitantes passavam para o complexo golgiense e os alunos explicavam que ele armazena substância e vai liberando conforme a célula vai precisando. Ali minha equipa já explicava sobre os lisossomos. Os visitantes passavam então para o vacúolo, a equipe explicava que tem tipos diferentes de vacúolos e que na célula eucariótica vegetal ele serve para armazenar diferentes tipos de substâncias. Daí passavam para a mitocôndria e os alunos explicavam que ela é responsável pela respiração celular. Depois iam para os centríolos onde era explicado que ele participa da divisão celular e que pode formar os cílios e flagelos. Em seguida passavam para os peroxissomos que são responsáveis em decompor a água oxigenada que é produzida na célula e é prejudicial, de lá iam para os plastos que são responsáveis pela fotossíntese nas células vegetais. Aí chegavam no núcleo e a equipe explicava que ele tem os poros que comunica com o citoplasma e o DNA que é responsável pelas nossas características genéticas. Assim foi o trabalho, deu pra aprender bastante com os estudos, mas a célula foi o mais interessante porque a gente lembra da ordem da apresentação e dos colegas falando, daí a gente memoriza mais, parece até que é mesmo uma viagem dentro da célula. 2.3 Etapa final Para encerrar o projeto foi feita a leitura compartilhada do texto: "Célula-tronco é promessa para medicina do futuro”, de Antônio Carlos Campos de Carvalho 4. Seguida da discussão, destacando alguns conceitos básicos mencionados, como célula-tronco, os tipos de célula-tronco, onde podem ser encontradas e sua importância. Os alunos demonstraram compreensão das ideias presentes no texto, interagindo por meio de questionamentos, concordâncias e discordâncias, apresentando expressão clara de ideias e conseguiram estabelecer relação entre o texto e o conteúdo abordado durante o desenvolvimento do projeto. A socialização da implementação da Produção-Didático-Pedagógica no Grupo de Trabalho em Rede, transcorreu tranquilamente. Os professores participantes foram unânimes em dizer que a proposta era viável para a escola pública, no entanto citaram alguns fatores considerados prejudiciais, como internet lenta, laboratórios de informática sucateados e a presença de único multimídia para uma escola. Entre as atividades consideradas diferentes ficaram a produção de slides e vídeos e a célula gigante. Considerações finais A abordagem da Biologia Celular no 8º ano do Ensino Fundamental, utilizando diferentes estratégias e recursos tecnológicos, facilitou sua compreensão e aprendizagem. Não ficaram dúvidas de que quando o aluno é estimulado a buscar por meios que lhe proporcionam prazer, a aprendizagem concretiza-se mais facilmente, mesmo quando o conteúdo parece abstrato como é o caso da célula, devido às suas dimensões. Entretanto, o funcionamento intracelular não é algo fácil de relacionar com situações do dia a dia, mas pode-se chegar à aprendizagem significativa por meio de recursos que o simulem de maneira interessante, como vídeos e animações. Assim sendo, as pesquisas na internet estimulam a autonomia, no entanto o computador pode ter como ponto negativo as alternativas de entretenimento que oferece, além de outras coisas interessantes na internet que pode atrair a atenção do aluno. Nesse caso, a organização em semicírculo facilita o acompanhamento do professor que terá uma visão melhor dos monitores. Mesmo aqueles alunos que não tinham familiaridade com o uso do computador para pesquisas, produção de vídeos e slides, não apresentaram dificuldades em realizar tais tarefas. 4 disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=49111 O projeto teve a duração de 32 h/aulas de 50 minutos, nas quais estudaram as organelas e estruturas celulares utilizando diferentes formas de abordagens e recursos. Considerando a quantidade significativa de conteúdos básicos sugeridos para o 8º ano, pelas Diretrizes Curriculares Estaduais do Estado do Paraná para a disciplina de Ciências, normalmente esse estudo no Ensino Fundamental é feito dentro de um tempo menor. Na grade curricular, Ciências nos anos finais do Ensino Fundamental têm carga horária de 3 h/aulas semanais, totalizando 120 h/aulas anuais. Os conteúdos básicos são considerados o mínimo que deve ser visto pelo aluno. Isso sempre me causou grande preocupação em dar conta de trabalhar a maior quantidade possível de conteúdos, levando a um trabalho superficial dos conteúdos. O aluno acaba vendo tudo ou quase tudo e não assimilando quase nada. Considerando o resultado final do projeto pude perceber que o conteúdo trabalhado sob diversos enfoques, leva mais tempo, porém, o aluno assimila melhor, mas, por outro lado, não dá tempo para trabalhar todos os conteúdos básicos. Essa experiência levou-me a questionar se seria mais viável o aluno ver tudo e ter um aprendizado superficial dos conteúdos ou ter uma aprendizagem significativa de menos conteúdos. Esse questionamento levou-me refletir em relação ao meu trabalho pedagógico. Pensando em trabalho em equipe, acredito que a interdisciplinaridade poderia amenizar o problema levantado. Se as disciplinas aproveitassem a abordagem de determinados conteúdos, como por exemplo, em Português poderia ser trabalhado com leitura e produção de texto usando conceitos de Ciências. Com isso economizaria tempo e não sobrecarregaria o aluno. Um mesmo texto poderia ser avaliado pelos dois professores, cada qual avaliaria o que é pertinente à sua disciplina. Educação Física também poderia trabalhar com conceitos científicos em diversos momentos. A abordagem de conceitos por disciplinas diferentes e a utilização de instrumentos avaliativos em comum, suscitaria tempo para o aluno aprender mais conteúdos. Referências LINHARES, Iraci; TASCHETO, Ornildes Maria. A Citologia no Ensino Fundamental, 2011. 29 p. Disponível no site: http://WWW.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/18998.pdf. Acesso em 20/04/2013 . MORANDINI, Clezio; BELLINELLO, Luiz Carlos. Biologia: volume único. São Paulo: Atual, 1999. 527 p. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Ciências para o Ensino Fundamental, Departamento de Educação Básica. Curitiba, 2008. 87 p. Disponível em. http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/livro_e_diretrizes/diretriz es_ciencias_2008.pdf. Acesso em: 15/04/2013. ______. Caderno de Expectativas de Aprendizagem, Departamento da Educação Básica. Curitiba, 2012. 102 p. Disponível em. http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/caderno_expectativas.pdf. Acesso em: 15/04/2013. SONCINI, Maria Izabel; CASTILHO JUNIOR, Miguel. Biologia. São Paulo: Cortez, 1991. 179 p. UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO. Citologia. Rio de Janeiro: UCB, 2007. 59 p.