AS COMUNIDADES DE MACROINVERTEBRADOS BENTÓNICOS DA BAÍA DO SEIXAL Erica Sá1, Gilda Silva1, Carla Azeda1, João Paulo Medeiros1, Nuno Castro1, José Lino Costa1,2, Maria José Costa1,2, Isabel Caçador1,3 1 Centro de Oceanografia, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, Portugal ([email protected]) 2 Departamento de Biologia Animal, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, Portugal. 3 Departamento de Biologia Vegetal, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, Portugal. INTRODUÇÃO A Baía do Seixal, no estuário do Tejo, apresenta um património biológico importante, nomeadamente, no que diz respeito ao ecossistema aquático. Nos últimos tempos, a melhoria ambiental verificada na região permite antever um elevado potencial do local para albergar comunidades biológicas ainda mais enriquecidas. As comunidades de macroinvertebrados bentónicos marinhos são, normalmente, diversas e abundantes e desempenham um papel determinante nas cadeias alimentares dos ecossistemas aquáticos. Dada a sua importância ecológica, económica e enquanto ferramenta de avaliação da qualidade ambiental, este estudo pretende obter um conhecimento detalhado sobre as referidas comunidades nesta baía. METODOLOGIA Baía do Seixal Amostragem de sedimentos e macroinvertebrados bentónicos • Primavera, Verão e Outono de 2009 e Inverno de 2010; • 28 estações de amostragem: 21 intertidais ( ) e 7 subtidais ( ) (Fig. 1); • Draga van Veen (0,05m2). Fig. 1. Localização das estações de amostragem na Baía do Seixal (estuário do Tejo). Amostragem de marisqueiro António Teixeira • Outono e Inverno de 2010 e 2011. Análise de dados Sapal de Corroios (Baía do Seixal) • Riqueza e diversidade taxonómicas macroinvertebrados bentónicos; • Índice Biótico Marinho (AMBI). e densidade de RESULTADOS Caracterização das comunidades de macroinvertebrados bentónicos Foram identificados 231 taxa de macroinvertebrados bentónicos, num total de 50845 indivíduos capturados. Os grupos com maior representatividade taxonómica encontram-se discriminados na Fig. 2. A região subtidal apresentou, sazonalmente, um número de taxa sempre superior. No geral, os valores mais elevados de riqueza e diversidade taxonómicas foram obtidos nas estações localizadas na entrada da Baía, particularmente, nas mais profundas. A densidade da macrofauna variou bastante no sistema, sendo que os valores mais elevados foram registados no interior da Baía (Fig. 3). António Teixeira Fig. 2. Grupos de macroinvertebrados bentónicos com maior representatividade na Baía do Seixal. Fig. 3. Riqueza (S) e diversidade (H’) taxonómicas e densidade (D, ind./0,05m2) de macroinvertebrados bentónicos na Baía do Seixal. Annelida Mollusca Gastropoda Cnidaria Variação espácio-temporal das comunidades de macroinvertebrados bentónicos Estado de conservação das comunidades de macroinvertebrados bentónicos O período de Verão parece ser o menos favorável para estas comunidades, uma vez que os respetivos valores de diversidade foram bastante reduzidos nas zonas mais interiores do sistema. A densidade revelou-se um pouco superior no Outono e, sobretudo, no Inverno, comparativamente à Primavera e ao Verão. Tal padrão de variação esteve claramente relacionado com flutuações na abundância de determinados taxa, ao longo do ano (Fig. 4). De acordo com os valores obtidos para o AMBI, quer para o conjunto anual das amostragens, quer para cada época do ano em separado, as comunidades de macroinvertebrados bentónicos apresentaram níveis de perturbação reduzidos ou moderados (Fig. 5). Estas comunidades são bastante ricas e diversificadas, apresentando características típicas da região intermédia do estuário do Tejo e com um grau de preservação muito razoável. Fig. 4. Densidades médias (ind./0,05 m2) dos taxa de macroinvertebrados bentónicos mais abundantes na Baía do Seixal nas zonas intertidal e subtidal. Fig. 5. AMBI determinado para a Baía do Seixal para o conjunto do ciclo anual. Caracterização do marisqueiro local Nesta Baía existe uma elevada comunidade de mariscadores e a sua observação in loco permitiu identificar duas vertentes no marisqueiro local (Fig. 6): (1) uma que explora a zona do médio litoral, procurando a “minhoca da pesca” (Filo Annelida, Classe Polychaeta); (2) outra, que explora a zona subtidal, nomeadamente, os sedimentos em busca de bivalves, principalmente, a amêijoa-japonesa (Ruditapes philippinarum). (1) (2) Fig. 6. Marisqueiro na Baía do Seixal. AGRADECIMENTOS Dada a importância social e económica desta atividade foram realizadas contagens piloto em duas épocas do ano (Outono e Inverno). Através destas contagens contabilizaram-se, em média, 29,5 ind/maré. Apesar de serem resultados preliminares, os números obtidos são bastante elevados, tendo em conta as épocas do ano em que decorreram. PEst-OE/MAR/UI0199/2011 João Paulo Medeiros PhD (SFRH/BD/77539/2011)