Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA TURMA - PDE/2013 Título: “ A paisagem Geográfica na visão do aluno do CEEBJA Santa Clara. Autor: Rosane Ferrari Piovesan Disciplina/Área (ingresso no Geografia PDE) Escola de Implementação do Colégio CEEBJA Santa Clara Educação de Jovens e Projeto e sua localização Adultos. Município da escola Mandaguari Núcleo Regional de Educação Maringá Professor Orientador Elpidio Serra Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá Relação Interdisciplinar Geografia, História, Arte. (indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho) Resumo (descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples) SANTOS (2002, p. 21) propõe a paisagem como categoria de estudos da Geografia e a define como “ configuração territorial [ou configuração espacial], a divisão territorial do trabalho, o espaço produzido ou produtivo, as rugosidades e as formas-conteúdo”. Partindo desse princípio o processo de elaboração do material didático-pedagógico em Geografia voltado ao Ensino Fundamental e/ou Médio objetiva destacar a importância do estudo da paisagem geográfica na visão do aluno do CEEBJA Santa Clara. O estudo da paisagem é considerado um componente curricular importante no entendimento desse processo e, portanto, não deve estar à parte da vida e do cotidiano da sociedade. A educação escolar tem um papel fundamental nessa questão, pois por meio da conscientização se pode estabelecer conexão entre o conhecimento científico adquirido e o historicamente construído, ou seja, uma aprendizagem mais significativa a partir dos espaços de vivência e das relações cotidianas dos educandos. Palavras-chave palavras) (3 a 5 Paisagem; ensino aprendizagem; espaço geográfico. Formato do Material Didático Unidade Didática Público Alvo Alunos do Colégio CEEBJA Ensino Fundamental / Médio. (indicar o grupo para o qual o material didático foi desenvolvido: professores, alunos, comunidade...) PRODUÇÃODIDÁTICA Profª ROSANE FERRARI PIOVESAN Considerando a paisagem como ponto de partida para análise do espaço geográfico esta proposta pedagógica foi estruturada de acordo com o processo de elaboração de material didático-pedagógico em Geografia voltado ao Ensino Fundamental e/ou Médio, e objetiva destacar a importância do estudo da paisagem geográfica na visão do aluno do CEEBJA Santa Clara. As atividades aqui sugeridas procuram levar o aluno a compreender como as paisagens, os lugares e os territórios se constroem estabelecendo relações entre sociedade e natureza bem como as transformações resultantes dessa relação. Convém ressaltar que há várias abordagens e possibilidades para se organizar tais atividades. Optamos por enfocar a paisagem do município de Mandaguari, pois nos referimos à sua localização, características gerais e o espaço dos sujeitos (alunos) atendidos, ou seja, o espaço de vivência, a paisagem que os alunos observam em seu cotidiano. O conceito de paisagem vem sendo discutido e empregado em Geografia em diversos de seus paradigmas ou correntes. O termo paisagem é complexo, pode ser utilizado de diferentes maneiras por várias ciências. Nesta produção didática a concepção de paisagem é considerada o ponto de partida para a compreensão do funcionamento e da organização do espaço geográfico. Por isso que é também importante destacar, em uma breve revisão histórica, o modo como o termo “paisagem” tem sido usado dentro da disciplina de Geografia. O termo paisagem sempre esteve presente no temário geográfico ocupando um lugar de destaque, juntamente com região, território, e espaço. São muitas e variadas maneiras de conceituar paisagem, uma vez que sempre há uma paisagem com a qual nos identificamos mais, onde nos sentimos "em casa".Sua observação é importante pois retrata as relações sociais criadas em um local específico onde o observador destaca as imagens mais peculiares, portanto, as pessoas enxergam diferentes paisagens. A paisagem pode ser vista como o local da vivência, e aí está carregada de um sentimento individual íntimo como também considerada apenas como uma porção do espaço, sem quaisquer vínculos sentimentais, encerrando uma perspectiva mais científica. À guisa de exemplo pode–se citar algumas definições apresentadas por alguns pesquisadores, caso de Chantal e Raison (1986). Paisagem, palavra de uso quotidiano, que cada pessoa utiliza a seu modo; o que não impediu de se tornar um vocábulo à moda. Paisagem, uma destas noções utilizadas por um número sempre crescente de disciplinas, que muitas vezes ainda se ignoram. Paisagem, enfim, um dos temas clássicos da investigação geográfica. Conforme o interesse do que é objeto ou uma maneira como se encara a própria noção de paisagem difere. Se um geógrafo, um historiador, um arquiteto se debruçarem sobre a mesma paisagem, o resultado de seus trabalhos e a maneira de conduzi-los serão diferentes, segundo o ângulo de visão de cada um dos que a examinam. (CHANTAL & RAISON, 1986, p.138) A paisagem, segundo PASSOS (1996, p. 56), "responde à orientação da Geografia para o concreto, o visível, a observação do terreno, enfim, para a percepção direta da realidade geográfica". Além disso, é na noção de paisagem que os geógrafos têm encontrado os subsídios necessários à compreensão global da natureza. Jean Tricart propôs a seguinte definição de paisagem: Uma paisagem é uma dada porção perceptível a um observador onde se inscreve uma combinação de fatos visíveis e invisíveis e interações as quais, num dado momento, não percebemos senão o resultado global. (TRICART, 1982, p.18) Segundo Bertrand (2007, p. 223-225) qualquer paisagem é ao mesmo tempo social e natural, subjetiva e objetiva, espacial e temporal, produção material e cultural, real e simbólica. Dada à sua complexidade não devemos estudar itens apenas, mas sim toda a globalidade do fenômeno. Passos (1998, p 56) compara paisagem com a parte emersa do icebeg. “Ao pesquisador, cabe estudar toda a parte escondida para compreender a parte revelada”. Para Santos (1986 p. 37), o traço comum da paisagem é a combinação da natureza com objetos sociais e ser o resultado da acumulação das atividades de muitas gerações. Nesse sentido, cada vez que a sociedade passa por mudança, a economia, as relações sociais e políticas também mudam que por sua vez, mudam o espaço e a paisagem adaptando-os às novas necessidades da sociedade. Essas alterações na paisagem podem ser parciais, deixando algumas “testemunhas” do passado, como também alterá-la totalmente ou em nada. Cumpre assinalar que estudar a paisagem não é simples, não deve ser vista apenas como determinada porção do espaço. Ela é composta de elementos externos, visíveis e estáticos, visto que representa diferentes momentos de uma sociedade e se altera continuamente, constituída de elementos concretos e abstratos, visíveis e invisíveis, que materializam as relações estabelecidas entre o homem e o meio, e que é a expressão da organização de todos os elementos no espaço geográfico. Portanto, a compreensão da paisagem transcende o aspecto visual. Ribeiro (1989) expõe que: Apesar de a paisagem apresentar-se visível e concretamente percebida, a sua compreensão racional não deve restringir-se à mera descrição formal e subjetiva de seus componentes e, muito menos, às simples relações de causa e efeito entre eles. Seu estudo pode ser o ponto de partida para o entendimento racional de um processo mais amplo e abrangente, envolvendo a sociedade e a natureza. (RIBEIRO, 1989) Nesse sentido, estudar em Geografia o conceito de paisagem é de extrema importância, pois, através dela é possível compreender a complexidade do espaço geográfico sua história, suas práticas sociais, culturais e suas dinâmicas naturais, assim como a interação existente entre eles bem com da transformação da natureza. Dentro do ensino da Geografia a leitura da paisagem requer uma alfabetização geográfica a começar pela observação e identificação de seus elementos até atingir seus processos mais complexos para construção de um pensar geográfico. Um estudo que permita que o conteúdo ensinado não seja meramente teórico, descritivo que supere o ensino vazio e sim ligado à vida das pessoas a partir da valorização dos espaços de vivência das relações cotidianas dos educandos. Para o desenvolvimento das atividades na Curiosidades Tarsila do Amaral foi uma das mais importantes pintoras brasileiras do movimento modernista. Nasceu na cidade de Capivari (interior de São Paulo), em 01 de setembro de 1886. A grandiosidade e importância de seu conjunto artístico a tornou uma das grandes figuras artísticas brasileiras de todos os tempos. Tarsila do Amaral faleceu na cidade de São Paulo em 17 de janeiro de 1973. produção didática com a interpretação da paisagem geográfica, iniciaremos com as imagens que retratam paisagens. Observe a pintura: Características de suas obras Uso de cores vivas. Influência do cubismo (uso de formas geométricas). Abordagem de temas sociais, cotidianos e paisagens do Brasil. Estética fora do padrão (influência do surrealismo na fase.) Fonte: http://www.tarsiladoamaral.com.br Vamos registrar..... A partir da observação da pintura de Tarsila do Amaral, solicitar que os alunos respondam as questões abaixo: Que elementos você observa na pintura? Quais foram construídas pelos seres humanos? Quais elementos naturais você identifica na paisagem? Como complemento da atividade a intenção é solicitar aos alunos que tragam fotos do seu local de moradia, que retratem o antes e depois, ou seja, uma foto da situação atual e uma de anos anteriores. A fotografia proporciona usos variados. Permite observar as características do momento histórico em que ela foi feita, pode fornecer pistas dos costumes de uma época e as mudanças na paisagem, que poderão ser observadas a partir de comparações com imagens de períodos diferentes. É um importante instrumento de ensino-aprendizagem, pois auxilia indicando maneiras pelas quais se pode olhar a paisagem e permite ao aluno conhecer o mundo além da sala de aula. É um recurso no qual se pode realizar o estudo do meio geográfico, contido nos diferentes registros e experiências vivenciadas pelas comunidades. Na atividade a seguir para estabelecer as mudanças é necessário se fazer uma atenta observação dos elementos, tentando encontrar as semelhanças e diferenças para em seguida responder as seguintes questões: Em relação aos elementos, quais mudanças e permanências que você observou? Segundo sua análise a que podem ser atribuídas as mudanças e por que elas ocorreram? Compare suas conclusões com as de seus colegas e estabeleça: Quais foram as semelhanças e as diferenças entre a sua interpretação e a de seus colegas? Registre-as. Igual tratamento poderá ser dado as produções, como a de Carl Warner fotógrafo britânico que faz paisagens em forma de comida (fotos 1 a 4). A interpretação dos trabalhos de Carl Warner deverá ser cobrada dos alunos seguindo a mesma metodologia utilizada na interpretação dos trabalhos de Tarsila do Amaral. Fonte: www.bbc.co.uk/.../2011/.../111218_galeria_paisagens_comida_jf_cc.sht. Fonte: www.bbc.co.uk/.../2011/.../111218_galeria_paisagens_comida cc.sht. Fonte: www.bbc.co.uk/.../2011/.../111218_galeria_paisagens_comida cc.sht. Fonte:www.bbc.co.uk/.../2011/.../111218_galeria_paisagens_comida cc.sht. veja.abril.com.br/blog/.../paisagens-sensacionais-feitas-com-comida Com base na observação das fotos cobrar dos alunos respostas às seguintes questões: Como o conteúdo paisagem geográfica está presente nestas fotos? Como analisar aspectos geográficos numa paisagem feita de comida? Quais são os elementos naturais que podem ser identificados na paisagem? Qual a relação entre a foto e a agricultura? Como podemos identificar a paisagem feita de comida com aspectos físicos, econômicos e sociais estudados na Geografia? Aproveitando as fotos trazidas pelos alunos, desenvolver atividade de confecção de um mural expondo-as juntamente suas produções. A música também pode ser um bom instrumento para identificar alguns elementos das paisagens e estabelecer mudanças e permanências ao longo de sua história. Nela, assim como também nas imagens, poderão ser observados os elementos não visíveis, ou seja, aqueles identificados pela percepção. Nessa atividade pode-se utilizar de várias músicas e gêneros musicais, como por exemplo: “Paisagem da Janela”, de Flávio Venturini, interpretada por Milton Nascimento. Nessa música pode se verificar a descrição de alguns elementos, que poderíamos obter a partir de uma janela. Observem a letra: Paisagem da Janela Milton Nascimento Da janela lateral do quarto de dormir Vejo uma igreja, um sinal de glória Vejo um muro branco e um vôo pássaro Vejo uma grade, um velho sinal Mensageiro natural de coisas naturais Quando eu falava dessas cores mórbidas Quando eu falava desses homens sórdidos Quando eu falava desse temporal Você não escutou Você não quis acreditar Mas isso tão normal Você não quis acreditar Mas isso tão normal Um cavaleiro marginal Banhado em ribeirão Você não quis acreditar o natural de coisas naturais Quando eu falava dessas cores mórbidas Quando eu falava desses homens sórdidos Quando eu falava desse temporal Você não escutou Você não quis acreditar Mas isso é tão normal Você não quis acreditar E eu apenas era Cavaleiro marginal lavado em ribeirão Cavaleiro negro que viveu mistérios Cavaleiro e senhor de casa e árvores Sem querer descanso nem dominical........ Fazer um exercício de aplicação da letra da música, que no exemplo seria olhar pela janela da sala de aula, ou de sua casa e descrever os elementos observados. Além disso, realizar as seguintes atividades: Descrever a paisagem observada. Identificar como ela está organizada. Levantar hipóteses sobre as causas das transformações constatadas. Que conclusão se pode chegar sobre as transformações do espaço geográfico? REFERÊNCIAS: BERTRAND, G.; BERTRAND, C. Uma geografia transversal e de travessias: o meio ambiente através dos territórios e das temporalidades. Maringá: Massoni, 2007. CHANTAL, Blanc-Pamard& RAISON, Jean-Pierre. Paisagem. In: Enciclopédia Einaudi. v.8. Lisboa: Imprensa Nacional, 1986. NASCIMENTO, Milton. Paisagem de janela (composição musical). Disponível em: http://letras.mus.br/milton-nascimento/47443/. Acesso em: 10.08.2013 às 15:45 h. SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. São Paulo: Hucitec, 1986. PASSOS, Messias Modesto. Teledetecção aplicada ao estudo da paisagem: Sudoeste de Mato Grosso. Presidente Prudente, UNESP, 1996. Tese (Livre Docência). UNESP, 1996. PASSOS, Messias Modesto. Biogeografia e Paisagem. Presidente Prudente:UNESP, Programa dePós Graduação em Geografia; Maringá: UEM, Programa de Pós Graduação em Geografia, 1998. RIBEIRO, Antonio Giacomini.Paisagem e organização espacial na região de Palmas e Guarapuava. São Paulo: USP (Tese deDoutoramento em Geografia defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo), 1989. RUIZ, João Carlos. Geografia em escala local: um estudo de caso do município de Cambira. Artigo de conclusão do PDE 2007. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoe s_pde/2007_uel_geo_artigo_joao_carlos_ruiz.pdf. Acesso em10.08.2013 às 17:45 h. SAMPAIO, Fernando dos Santos. Para viver junto: geografia, 6º ano: ensino fundamental. 1. ed. rev. São Paulo: Edições SM, 2009. (Para viver juntos) TRICART, J. Paisagem e ecologia. Interfaces: escritos e documentos. São José do Rio Preto: Editora da UNESP, 1982. Outras fontes. AMARAL, Tarsila- biografia, obras, modernismo, arte moderna. Disponível em www.suapesquisa.com/biografias/tarsila_amaral.htm. Acesso em: 30.10.2013 às 14:15 h. www.geografia.ufpr.br/.../Planejamento%20da%20Paisagem_ebook_2010. Acesso em 16.06.2013 às15:30 h. https://www.google.com.br/#q=diadiaeduca%C3%A7%C3%A3o Paisagens. veja.abril.com.br/blog/.../paisagens-sensacionais- feitas- com- comida. Acesso em 12- 10-2013 às 16:05 h. WARNER, Carl.http://www.carlwarner.com/ galeria_paisagens_comida.