Os minerais e a origem de quase tudo

Propaganda
Prática Pedagógica
Os minerais e a origem de
quase tudo
Com pesquisa e observação, a classe aprende as
características e a importância das rochas
Elisângela Fernandes
Ao coletar objetos, os alunos começaram a entender o valor das pedras no cotidiano
Qual a relação entre o grafite de um lápis, uma aliança de casamento e o concreto
das construções? Para responder a essa pergunta e mostrar as funções dos vários
tipos de rocha e mineral existentes, a professora Patrícia Maria dos Santos da
Silva conduziu seus alunos do 5º ano do CIEP Primeiro de Maio, no Rio de Janeiro,
por uma sequência que durou três meses.
A abordagem começou com a exibição do trailer de A Era do Gelo 4 em que os
personagens correm para se salvar de enormes rachaduras no solo. Depois,
Patrícia deu uma aula expositiva sobre a influência dos vulcões e dos terremotos
na formação dos continentes e das rochas. "Nesse momento, expliquei que pedra
é um termo genérico para rocha e mineral e que a primeira é formada pelo
segundo."
No encontro seguinte, a turma debateu sobre os objetos do cotidiano que são
formados por essas substâncias e como diferenciar se estão em estado bruto ou
foram industrializados. Como tarefa, cada estudante ficou encarregado de trazer
materiais derivados dos elementos estudados. Em sala, eles foram separados em
dois grupos. No primeiro, ficaram pedras e pedaços de ardósia e mármore. No
segundo, tesouras, óculos, pilhas, colheres, latinhas de refrigerante e pregos.
Para apurar a análise que vinha sendo realizada, a educadora distribuiu
exemplares de conglomerado, calcário, granito, basalto, gnaisse e quartzito. Eles
integram um kit que a escola recebe do programa Cientistas do Amanhã, uma
iniciativa da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e da empresa
Sangari Brasil. Se sua escola não possui uma coleção, basta ir até um parque ou
outra área verde e coletar o que encontrar. Outra opção é adquirir sobras em
marmorarias ou recorrer a sites especializados, como o do Instituto de
Geociências da Universidade de São Paulo (USP).
Com as amostras em mãos, os estudantes tiveram, então, de classificar cada uma
delas segundo os critérios que julgassem mais apropriados. Eles tentaram
separar por tamanho, cor e forma, mas não ficaram satisfeitos com o resultado.
Concluíram que deveria haver outra maneira de fazer isso. Então, a professora
apresentou fotos de paisagens com calcário, basalto, xisto e outras formações.
Em seguida, mostrou que elas não são iguais e podem ser divididas em
sedimentares (feitas por sedimentos de outras rochas), ígneas (constituídas após
o resfriamento de magma) e metamórficas (modificadas por alterações nas
condições de pressão e temperatura).
O geólogo e diretor do Museu de Geociências da USP, Ideval Souza Costa, ressalta
que ao estudar esse assunto é imprescindível as crianças compreenderem que o
planeta Terra é rico em minerais e que esses materiais se diferenciam de acordo
com os eventos naturais que ocorrem durante sua história geológica. Para isso,
também é importante que elas leiam textos com informações complementares
sobre os temas que estão sendo abordados durante as aulas. Duas boas fontes
para esse tipo de conteúdo são os sites dos serviços geológicos do Paraná e do
Brasil.
De grão em grão muita coisa é formada em toda a Terra
A análise dos alunos
Após compreender a classificação, os alunos utilizaram a lupa para observar os
exemplares novamente e, no caderno, registraram suas conclusões. Perceberam
que as ígneas, como o basalto e o granito, são lisas e têm granulação mais fina. Já
as sedimentares, como o calcário e o conglomerado, são formadas por camadas e
grãos organizados, resultado das partículas depositadas em um determinado
local por milhares de anos. Por último, viram as metamórficas, caso de gnaisse e
quartzito, constituídas por recristalização, com faixas paralelas e tonalidades
claras.
Com esses aspectos esclarecidos, a turma passou a avaliar a composição química
das rochas. A docente explicou que o grafite do lápis, o carvão mineral e o
diamante são feitos do mesmo elemento: o carbono. No entanto, o grafite quebra
facilmente, o carvão é mais resistente e o diamante mais ainda. "Esclareci que na
natureza há poucos ingredientes para produzir todas as coisas. O que muda,
então, é a forma como eles se ligam. É como a farinha de trigo. Com ela podemos
fazer pão, bolo e macarrão", diz. Analogias com situações como essa são
importantes, mas não é necessário abordar como os átomos de carbono se ligam
porque isso será ensinado mais adiante.
O aprendizado prosseguiu com o estudo de aspectos físicos, como dureza,
maleabilidade, aspereza e brilho. Em grupos, os estudantes utilizaram uma
arruela de latão e um prego para avaliar a rigidez dos exemplares (leia algumas
produções deles no quadro acima). Se a arruela arranha o material, significa que
ele é macio. Se não, o aluno deve tentar riscá-lo com um prego e, caso consiga,
será considerado de dureza média. E aqueles em que o prego não surte efeito
são os duros. "Os mais apressados classificaram todos os médios como duros",
lembra a docente.
Para demonstrar a maleabilidade dos objetos, ela utilizou um clipe de prender
papel. Ao manuseá-lo, a turma verificou que ele sofre deformação sem se
quebrar e, após dobrado, permanece na nova forma. Então, com o uso de
imagens de cadeias de montanhas, como a cordilheira dos Andes, e de rochas
com dobras, a docente expôs como elas sofrem a ação da natureza e se
deformam como o clipe, em um ritmo bem mais lento.
Novamente com a lupa, os estudantes observaram o brilho (vítreo, metálico,
terroso e sedoso) e a aspereza dos minerais e de objetos industrializados. Tatear
também ajuda bastante nessa análise e um dos alunos colaborou muito nessa
fase. Ele tem baixa visão, utiliza materiais ampliados na sala de aula e, no
contraturno, aprende braile no Atendimento Educacional Especializado (AEE).
Nessa sequência, ele participou das atividades em grupo e utilizou uma lupa
maior. Mas, no momento de classificar a aspereza, se beneficiou de sua
percepção tátil, que é muito apurada. "Ele ajudou o grupo a perceber com mais
precisão quais eram lisos e ásperos", relata a docente.
Depois de levantar várias hipóteses e verificá-las com as observações realizadas, a
turma compreendeu a diferença entre as rochas que formam a Terra e a
importância dos minerais para a produção de vários materiais da vida moderna.
1 Por dentro da crosta Dê uma aula expositiva sobre as rochas e os minerais. Trate
da presença deles na formação da crosta terrestre e do uso no cotidiano. Para o
encontro seguinte, solicite que os estudantes tragam de casa objetos que tenham
esses materiais em sua composição.
2 Separar para entender Peça que as crianças dividam o que foi coletado em
materiais industrializados e brutos. Fale sobre as diferenças entre os objetos e os
critérios usados para separá-los. Depois, distribua rochas a todos e peça que
encontrem um meio de classificá -las usando lupas.
3 Observação aprofundada Apresente a classificação das rochas (ígneas,
metamórficas e sedimentares) e suas características. Deixe que a turma separe os
exemplares novamente seguindo essa nova divisão. Depois indique a leitura de textos
informativos sobre o tema estudado.
4 As pedras vão rolar Descreva os aspectos físicos e químicos dos materiais e
explique suas propriedades. Peça que a criançada use lupas e o tato para descrevêlas e, depois, organize as conclusões.
Endereço da página:
https://novaescola.org.br/conteudo/2052/os-minerais-e-a-origem-de-quase-tudo
Links da página
http://iceagemovie.com/intl/br/
http://www.igc.usp.br/replicas/
http://www.mineropar.pr.gov.br
http://cprm.gov.br
Publicado em NOVA ESCOLA Edição 260, 01 de Março de 2013
Download