questões de língua portuguesa e literatura

Propaganda
QUESTÕES DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
BRASILEIRA RESOLVIDAS PELA BANCA DA UERJ
2013 - Exame Discursivo - Questão 1
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 6, n. 16, ano 2013
A terceira estrofe do poema Língua faz referência a uma importante transformação na expressão
literária da língua portuguesa no Brasil.
Identifique o movimento artístico que se relaciona diretamente com essa transformação, situando-o
cronologicamente. Em seguida, transcreva um trecho que comprove essa transformação e explique-o.
Objetivo: Identificar, com base no poema apresentado, o movimento artístico relacionado a uma
importante transformação na expressão literária da língua portuguesa e exemplificar, com versos do
poema, essa transformação.
Item do programa: Romantismo
Subitem do programa: Construção da nacionalidade nos temas e na linguagem
Comentário da questão:
O movimento artístico é o Romantismo, que, no Brasil, situa-se cronologicamente na segunda metade
do século XIX. O poema, escrito por um autor contemporâneo, lembra que aquele movimento incluiu em
seu programa estético e ideológico a fixação dos padrões literários brasileiros em termos de língua,
considerando tal aspecto um recurso de diferenciação e de construção da identidade do país recémindependente de Portugal.
Os dois trechos da terceira estrofe que descrevem mais explicitamente esse programa são os
seguintes:
• “incorporando os termos nativos”
Este trecho indica que, no Romantismo, os escritores incorporaram à língua literária expressões e
termos próprios do Brasil – portanto, diferentes dos de Portugal –, tais como as palavras indígenas e o
linguajar regional.
• “e amolecendo nas folhas de bananeira / as expressões mais sisudas”
Este trecho alude ao fato de que, no Romantismo, os escritores procuraram estabelecer relações entre
a língua e a realidade brasileiras. Assim, no Brasil, a língua portuguesa deveria refletir as diferenças
patentes na natureza e na população locais, aproximando-se da maneira brasileira de falar.
2013 - Exame Discursivo - Questão 2
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 6, n. 16, ano 2013
A segunda e a terceira estrofes retratam a língua em imagens opostas. Ao estado de rigidez se segue o
de uma mudança gradual.
Considerando a terceira estrofe, apresente o recurso gramatical que o autor utiliza para exprimir essa
gradação e o verso que reafirma a rigidez já expressa na segunda estrofe.
Objetivo: Reconhecer a forma gramatical relacionada a um efeito de sentido alcançado e identificar
conexões de sentido entre segmentos lexicais do texto.
Item do programa: Sintaxe do nome e do verbo
Subitem do programa: Emprego do infinitivo, do gerúndio e do particípio
Item do programa 2: Coesão textual
Subitem do programa: Repetição
Comentário da questão:
O verbo possui três formas nominais: o infinitivo, o particípio e o gerúndio. O infinitivo, que expressa a
ação genericamente – amaciar –, o particípio, que denota a ação concluída – amaciado – e o gerúndio,
que representa a ação em desenvolvimento – amaciando. É com a repetição do gerúndio que o poeta
caracteriza a gradação da mudança que transformou a língua portuguesa no Brasil. O verso “as
expressões mais sisudas” reitera a ideia de rigidez e de seriedade contida na segunda estrofe, em que
a língua é caracterizada como “tensa”.
2013 - Exame Discursivo - Questão 3
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 6, n. 16, ano 2013
Para o senso comum, o uso duradouro e frequente de certos objetos tende a causar desgaste e a
exigir sua substituição. Uma referência a essa ideia vem expressa em dois versos do poema.
Transcreva esses versos. Em seguida, explique por que, segundo o poema, o uso da língua não
confirma o senso comum.
Objetivo: Identificar versos associados a determinada ideia e explicar, com base neles, uma comparação
estabelecida no poema.
Item do programa: Coerência textual
Subitem do programa: Informação implícita e informação pressuposta
Comentário da questão:
Os versos são: “Um elástico que já não se pode / mais trocar, de tão usado”.
O meio universal e mais eficiente de convivência das pessoas numa comunidade é a língua que falam.
Diferentemente do que acontece com um objeto, como um celular, por exemplo, que se desgasta com o
uso e o tempo, a força e a vida de uma língua dependem, justamente, de que ela seja utilizada
continuamente, por longo tempo e por um grande número de pessoas.
2013 - Exame Discursivo - Questão 4
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 6, n. 16, ano 2013
Ao enumerar e comentar as designações antigas e atuais aplicadas à mulher, o cronista estabelece uma
diferença de épocas na maneira de representar a beleza feminina.
Explicite essa diferença e transcreva uma designação típica de cada uma das épocas retratadas no
texto.
Objetivo: Discriminar diferentes representações da beleza feminina apresentadas no texto e
exemplificar uma designação típica de cada uma delas.
Item do programa: Coerência textual
Subitem do programa: Progressão temática
Comentário da questão:
A diferença está em que, até um certo momento, as designações atribuídas à mulher caracterizavam-se
pela delicadeza e pelo “louvor respeitoso”, características que conferiam àquelas designações um maior
teor de exatidão, ajustando-se às mulheres de modo perfeito. Para exemplificar a delicadeza e a
exatidão dessas expressões, o autor do texto explicita o sentido de algumas delas, evidenciando o seu
caráter metafórico e poético. Por exemplo, “uma ‘uva’ era aquela, que, de tão suculenta e bem feita de
curvas, devia abrir as folhas de sua parreira e deliciar os machos com a eternidade de sua sombra”.
Outros exemplos são broto, avião, violão, certinha, pedaço, deusa, pitéu, gata, franga, suco,
melindrosa, mina. De uns tempos para cá, entretanto, as designações perderam tais características,
passando a expressar um carinho duvidoso e tornando-se até depreciativas, como ilustram as formas
de tratamentos popozuda, cachorra, sarada, tchutchuca marombada, popozuda descontrolada.
2013 - Exame Discursivo - Questão 5
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 6, n. 16, ano 2013
O cronista explica o sentido dos nomes almofadinha e mina, aplicados respectivamente ao homem e à
mulher.
Resuma cada uma dessas explicações e identifique a figura de linguagem correspondente ao uso de
cada nome.
Objetivo: Discriminar figuras de linguagem empregadas no texto.
Item do programa: Recursos expressivos da criação estética
Subitem do programa: Figuras de linguagem
Comentário da questão:
As palavras também possuem uma história: podem ter sua significação alterada, ampliada ou
diversificada. “Almofadinha” e “mina” são exemplos disso. A primeira serve para designar o homem, não
por sua semelhança com o objeto, mas porque o utiliza para tornar o assento mais confortável. Assim, o
indivíduo é nomeado com base em um hábito – trata-se de uma metonímia. A segunda palavra, mina, ao
mesmo tempo que valoriza as jovens, representa-as como capazes de oferecer risco. Há uma
comparação implícita entre “mulher” e “mina” – trata-se de uma metáfora.
2013 - Exame Discursivo - Questão 6
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 6, n. 16, ano 2013
Observe os verbos sublinhados nas passagens abaixo, todos no singular:
Há cem anos as m ulheres que circulam pela Rio Branco já foram cham adas de tudo (l. 10)
Sequer bondes há. (l. 29)
Por aqui passou o “broto”, o “av ião”, (...) e tantas outras que podem não estar m ais no m apa, (l.
11-13)
dentro da m ina, afinal, cabe tanto a pepita de ouro com o a cav idade que se enche de pólv ora (l.
33-34)
Explique, com base nas regras de concordância da norma padrão, por que, nesses exemplos, o verbo
haver fica sempre no singular, e por que passar e caber poderiam estar no plural: passaram e cabem.
Objetivo: Explicar regras de concordância verbal em vigor na língua padrão e as possibilidades de
variação dessas regras.
Item do programa: Unidade e diversidade da língua portuguesa
Subitem do programa: Norma padrão
Comentário da questão:
A língua padrão contém formas que não se encontram – ou são raras – na fala cotidiana. O verbo
“haver”, empregado para exprimir tempo que passou, é uma delas. Com este valor, é impessoal – não
tem sujeito – e se usa na terceira pessoa do singular. Os verbos “passar” e “caber”, no entanto, são
pessoais e ocorrem no singular ou no plural, concordando com o respectivo sujeito. Quando este vem
posposto, o verbo pode concordar com o núcleo mais próximo. É o que acontece nos exemplos da
questão.
2013 - Exame Discursivo - Questão 7
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 6, n. 16, ano 2013
A caracterização de Inocência confirma só parcialmente a idealização da heroína romântica.
Indique uma característica que Inocência apresenta em comum com as heroínas românticas e outra que
a torna diferente dessas heroínas.
Objetivo: Discriminar características da personagem central, associadas e distintas do ideal de heroína
romântica.
Item do programa: A narrativa e seus elementos
Subitem do programa: Personagens
Item do programa 2: Romantismo
Subitem do programa: O romance urbano, o romance indianista e o romance regionalista
Comentário da questão:
No fragmento apresentado, destacam-se características que aproximam a personagem Inocência das
idealizadas heroínas românticas, como a beleza deslumbrante, a aparência física frágil, o desejo de ser
princesa e o hábito de sonhar. Uma característica, no entanto, que a afasta dessa imagem idealizada é
sua condição de iletrada, decorrente do meio agrário e retrógrado em que se insere. O fato de viver no
interior do país também a afasta de um certo padrão de heroína romântica, comum aos romances
urbanos. O desejo de aprender a ler pode, ainda, ser considerado um traço singular de Inocência, pois
denota o seu não conformismo em relação aos padrões comportamentais da sociedade em que se
situa, aspecto que nem sempre se observa na personagem feminina romântica.
2013 - Exame Discursivo - Questão 8
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 6, n. 16, ano 2013
— Neste lugar, disse o m ineiro apontando para o pom ar, todos os dias se juntam tam anhos
bandos de graúnas, que é um barulho dos m eus pecados. Nocência gosta m uito disso e v em
sem pre coser debaixo do arv oredo. (l. 7-9)
Nesta passagem, há duas palavras, de mesma classificação gramatical, empregadas pelo locutor para
indicar a proximidade ou distância do elemento a que se referem.
Cite essas palavras e identifique sua classificação gramatical.
Transcreva o trecho em que uma dessas palavras se refere a uma informação presente no próprio
texto.
Objetivo: Reconhecer palavras com determinada função textual e classificá-las gramaticalmente.
Item do programa: Classificação e significação das palavras gramaticais
Subitem do programa: Pronomes pessoais, demonstrativos, possessivos e relativos
Comentário da questão:
As palavras são “este” e “isso” e se classificam como pronomes demonstrativos. Elas não nomeiam
seres, coisas ou fatos objetivos. Sua função é exprimir relações no texto ou entre o texto e a situação
comunicativa. As formas “este” e “isso” têm essa função: “este” indica uma entidade externa, o pomar
para onde o narrador aponta; “isso”, por sua vez, retoma uma informação dada no próprio texto: o
ajuntamento e o barulho das graúnas.
2013 - Exame Discursivo - Questão 9
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 6, n. 16, ano 2013
— Nem o Sr. im agina... Às v ezes, aquela criança tem lem branças e perguntas que m e fazem
em batucar... Aqui, hav ia um liv ro de horas da m inha defunta av ó... Pois não é que um belo dia
ela m e pediu que lhe ensinasse a ler?... Que ideia! Ainda há pouco tem po m e disse que quisera
ter nascido princesa... Eu lhe retruquei: E sabe v ocê o que é ser princesa? Sei, m e secundou ela
com toda a clareza, é um a m oça m uito boa, m uito bonita, que tem um a coroa de diam antes na
cabeça, m uitos lav rados no pescoço (l. 11 -16)
O trecho acima faz referência a crenças e valores de Inocência e de seu pai, Pereira.
Apresente dois traços do comportamento de cada um desses personagens que revelam a diferença de
valores entre eles. Em seguida, indique a modalidade de romance em que tais personagens se inserem.
Objetivo: Discriminar traços diferenciadores do comportamento dos personagens e identificar a
modalidade de romance em questão.
Item do programa: Romantismo
Subitem do programa: O romance urbano, o romance indianista e o romance regionalista
Item do programa 2: A narrativa e seus elementos
Subitem do programa: Personagens
Comentário da questão:
Podem-se reconhecer traços do comportamento de Inocência que revelam a diferença de valores entre
ela e seu pai. São eles: a vaidade; a ousadia, expressa, por exemplo, no desejo de aprender a ler; a
capacidade de sonhar e fantasiar, almejando uma condição diferente da sua; o próprio desejo de
aprender a ler, contrariando os costumes locais. Já o pai de Inocência tem as características típicas do
homem que vive em meio agrário e patriarcal no século XIX: é autoritário e repressor em relação ao
comportamento feminino. Ele estranha e reprova os valores e desejos de Inocência e não compreende
a filha, considerando-a uma moça esquisita. Esses personagens se inserem em um romance romântico
regionalista, que descreve a paisagem, os costumes, os tipos humanos e o linguajar das regiões do
interior do país ou das regiões distantes dos centros urbanos.
2013 - Exame Discursivo - Questão 10
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 6, n. 16, ano 2013
um belo dia ela m e pediu que lhe ensinasse a ler?... (l. 12-13)
E se o Sr. v isse os m odos que tem com os bichinhos?! ... (l. 16-17)
As formas verbais sublinhadas estão empregadas nos mesmos tempo e modo gramaticais, mas diferem
pelo efeito de sentido que produzem.
Identifique o tempo e modo gramaticais comuns a essas formas e aponte aquela em que não há
expressão de tempo, e sim de uma hipótese.
Objetivo: Identificar tempo e modo de duas formas verbais e discriminar seus valores no texto.
Item do programa: Morfologia do nome e do verbo
Subitem do programa: Flexão em tempo, modo, número e pessoa
Comentário da questão:
A simples classificação de uma forma verbal não revela tudo sobre o que ela representa no texto. As
formas “ensinasse” e “visse” estão flexionadas no pretérito imperfeito do subjuntivo, mas só a primeira
– “ensinasse” – denota tempo passado, pois está articulada com “pediu”, também no passado. Com a
forma “visse”, o personagem não se refere a um fato já acontecido; apenas exprime uma hipótese ou
um desejo.
2012 - Exame Discursivo - Questão 1
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 5, n. 13, ano 2012
Depois de aposentar-se, José Maria passa a contemplar a natureza e a percebê-la de duas formas
diferentes.
Transcreva do texto uma passagem que exemplifique cada uma dessas percepções. Em seguida,
explique a diferença entre elas.
Objetivo: Discriminar duas diferentes percepções da natureza, por parte do personagem, e explicar a
diferença entre essas duas percepções.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: elementos da narrativa (enredo, personagens,
espaço)
Comentário da questão:
Duas formas diferentes de o personagem perceber a natureza estão expressas nas seguintes
passagens: “Pela primeira vez fartava a vista no cenário de águas e montanha que a bruma fundia.” e
“As colinas se transformavam em os seios de Duília.”.
A primeira passagem indica que, ao começar a contemplar a natureza, o personagem a percebe em
seus aspectos físicos e geográficos, tal como estes se apresentam aos olhos de José Maria. Trata-se de
um “cenário” composto por águas e montanhas, fundidos pela bruma. Já na segunda passagem, as
colinas – no exemplo anterior referidas como “montanhas” – tomam a forma dos seios de Duília. Ou
seja, a natureza passa a ser percebida sob a influência do desejo e do sonho do personagem.
2012 - Exame Discursivo - Questão 2
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 5, n. 13, ano 2012
No texto I, o tempo funciona de duas maneiras no relato dos acontecimentos.
O trecho abaixo exemplifica uma delas:
Durante m ais de trinta anos, o bondezinho das dez e quinze, que descia do Silv estre, parav a com o
burro ensinado em frente à casinha de José Maria, e ali encontrav a, alm oçado e pontual, o v elho
funcionário. (l. 1-3)
Indique a noção do tempo que caracteriza este trecho. Transcreva, também, uma passagem do texto
que revele outra concepção do tempo, justificando sua escolha.
Objetivo: Discriminar noções do tempo expressas na narrativa.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: elementos da narrativa (enredo, personagens,
tempo)
Comentário da questão:
O trecho em análise se caracteriza pela noção do tempo cronológico, medido pelo relógio. Tal noção fica
evidenciada na referência ao horário em que, a cada dia, durante mais de trinta anos, o bonde passava
em frente à casa do personagem: às “dez e quinze”. Essa noção de tempo se revela também pela
expressão “pontual”, que enfatiza a relação do personagem com o tempo cronológico.
Três passagens indicam outra concepção do tempo:
·
“Atirou-se de bruços na cama. E sonhou. Sonhou que conversava ao telefone e era a voz da mulher
de há quinze anos... Foi andando para o passado... Abriu-se-lhe uma cidade de montanha, pontilhada
de igrejas. E sempre para trás – tinha então dezesseis anos –, ressurgiu-lhe a cidadezinha onde
encontrara Duília. Aí parou.”;
·
“Toda vez que pensava nela, o longo e inexpressivo interregno do Ministério que chegava a
confundir-se com a duração definitiva de sua própria vida apagava-se-lhe de repente da memória. O
tempo contraía-se.”;
·
“Reviu-se na cidade natal com apenas dezesseis anos de idade, a acompanhar a procissão que ela
seguia cantando.”.
Nessas passagens, o tempo é concebido em sua dimensão psicológica, vivenciada no sonho – como,
mais especificamente, no primeiro trecho –, no pensamento, na lembrança e no desejo – como nas duas
outras passagens. Vivenciando o tempo em sua dimensão psicológica, o personagem retorna aos
dezesseis anos e à cidade natal, rompendo-se, portanto, os limites cronológicos e espaciais que
caracterizam a vivência cotidiana.
2012 - Exame Discursivo - Questão 3
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 5, n. 13, ano 2012
No trecho que vai de Mais do que nunca (l. 21) até sem pre calada (l. 27), o narrador empregou seis
diferentes expressões para designar ou caracterizar o objeto usado para recados à distância.
Distribua essas expressões em quatro grupos, de acordo com as seguintes atitudes do narrador em
relação a esse objeto:
- emprega uma metáfora visual,
- formula uma avaliação positiva,
- adota um ponto de vista neutro,
- exprime um julgamento pejorativo.
Objetivo: Reconhecer diferenças significativas nos diversos modos de designar a mesma realidade.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Organização textual: mecanismos de coesão textual (referências internas,
substituições)
Comentário da questão:
As palavras não são meros rótulos das coisas e seres que fazem parte do mundo em que vivemos.
Como se percebe no texto, o narrador experimenta diferentes sentimentos em relação ao telefone, e
essa variação vem representada nas diferentes formas de referir-se ao objeto. Assim, o narrador ora o
designa com uma expressão neutra, na sua materialidade de objeto que tem certa utilidade social,
chamando-o de “o telefone” ou “o aparelho”; ora se refere a ele com uma imagem que acentua seu
aspecto decorativo, no caso, “aranha de metal”; ora o retrata como fonte de alguma alegria e prazer,
ao vê-lo como “instrumento de música”; ora o trata como um objeto imprestável e desprezível, descrito
como “aquela coisa fria” ou “a máquina”.
2012 - Exame Discursivo - Questão 4
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 5, n. 13, ano 2012
No trecho transcrito a seguir há quatro orações, cujos limites estão assinalados por uma barra:
Floripes serv iu- lhe o jantar, / deixou tudo arrum ado, / e retirou- se / para dorm ir no barraco da
filha. (l. 20)
Reescreva esse trecho, passando a primeira oração para a voz passiva e convertendo a segunda em
oração adjetiva introduzida por pronome.
Em seguida, indique a classificação sintática e semântica da última oração.
Objetivo: Exemplificar novas formas para algum enunciado mediante a utilização de mecanismos
gramaticais da língua e classificar oração.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Sintaxe e morfossintaxe: a oração; a subordinação de orações e seus
respectivos conectivos
Comentário da questão:
O domínio de uma língua se revela, também, na capacidade de variar as formas de expressar um dado
conteúdo. Diretamente associada à criatividade linguística, esta habilidade revela não só o grau de
domínio que uma pessoa tem sobre as informações armazenadas em seu cérebro, mas ainda sua
capacidade de estruturá-las em
conhecimento socializável por meio de estruturas sintáticas bem
urdidas.
Assim, por exemplo, recurso pouco frequente na fala espontânea, a voz passiva é de grande utilidade
na expressão escrita, normalmente caracterizada por uma formulação mais monitorada das ideias. Para
passar a primeira oração para a voz passiva, o termo que era objeto passa a ter a função de sujeito, e
o termo que era sujeito se torna o agente da passiva. O verbo, por sua vez, passa ao particípio
acompanhado do verbo ser: O jantar foi-lhe servido por Floripes.
O uso da construção com pronome relativo na segunda oração modifica a natureza da informação, que
deixa de ser uma ação após outra para tornar-se um detalhe sobre as atribuições da empregada
Floripes. Tem-se, agora, a oração adjetiva que deixou tudo arrumado.
A última oração, que indica uma circunstância, no caso, de finalidade, em relação à oração “e retirouse”, é classificada como oração subordinada adverbial final.
2012 - Exame Discursivo - Questão 5
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 5, n. 13, ano 2012
Os protagonistas dos textos I e II experimentam, em seu cotidiano, uma situação semelhante, mas a
vivenciam de modos diferentes.
Identifique essa situação e descreva o modo pelo qual cada personagem a vivencia.
Objetivo: Identificar uma mesma situação experimentada por personagens, de textos distintos, em seu
cotidiano e descrever a vivência dessa situação em cada caso.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: elementos da narrativa (enredo, personagens)
Comentário da questão:
A situação semelhante, experimentada pelos dois personagens, é a solidão. Entretanto, os dois
protagonistas reagem a ela de modos diferentes. José Maria lastima a solidão e, com o intuito de
superá-la, passa a alimentar o sonho de reencontrar a jovem que conhecera na juventude. O
personagem do texto II, ao contrário, procura a solidão, persegue-a, isolando-se e evitando qualquer
forma de comunicação com o outro, assim como evita qualquer manifestação de afeto.
2012 - Exame Discursivo - Questão 6
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 5, n. 13, ano 2012
por m ais que saltite ao seu lado, procurando alcançar- lhe a m ão, ele não o agrada. (l. 4-5)
A m ulher, sentada na cam a, (...) olha para ele, m as ele não a olha. (l. 8-9)
Nos trechos transcritos acima, estão sublinhados dois verbos que podem ser usados com variação da
regência: transitivo direto ou transitivo indireto. A variação da regência altera o sentido do verbo
“agradar”: fazer agrados ou ser agradável. Já o verbo “olhar” expressa o mesmo sentido nos dois
casos.
Identifique, no primeiro trecho, a regência do verbo “agradar” e o sentido em que ele foi empregado.
Em seguida, reescreva o segundo trecho, variando a regência do verbo “olhar” em cada ocorrência.
Objetivo: Reconhecer correspondência de sentido entre alternativas estruturais da sintaxe verbal.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Sintaxe e morfossintaxe: regência verbal
Comentário da questão:
Certos verbos apresentam possibilidades estruturais que podem resultar em simples variação do
sentido – sinonímia – ou em modificações do sentido fundamental – polissemia. Todo usuário nativo da
língua é sensível a essas sutilezas. Os verbos “agradar” e “olhar” apresentam diferenças em relação às
respectivas regências. Ao ser empregado como transitivo direto, como em “ele não o agrada”, o verbo
“agradar” assume o significado “fazer agrados”. No caso de “olhar”, a variação da regência constitui
apenas uma preferência estilística, já que a frase “a mulher, sentada na cama, olha-o, mas ele não olha
para ela” é sinônima da que ocorre no texto.
2012 - Exame Discursivo - Questão 7
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 5, n. 13, ano 2012
Observe os seguintes empregos da preposição “de”: “Dos animais” (v. 12) e “de flores” (v. 19).
Em cada caso, ela indica uma relação de sentido diferente.
Cite os valores semânticos dessa preposição nos exemplos citados. Reescreva, ainda, cada construção,
substituindo o “de” por outra preposição de sentido equivalente.
Objetivo: Discriminar diferentes significados de um conectivo empregado no texto.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Sintaxe e morfossintaxe: subordinação de termos e respectivos conectivos
Comentário da questão:
É sabido que algumas preposições apresentam uma ampla variedade de significados, e entre elas
sobressai a preposição “de”, capaz de significar posse, origem, matéria etc. No texto, um poema da
autoria de um poeta do final do século XIX que ordinariamente se exprimia em língua muito culta, a
preposição “de” é utilizada para introduzir o agente da passiva em “Dos animais” – uso hoje incomum,
mesmo na escrita – e para indicar a substância ou matéria em “de flores” – uso corrente no português
atual.
No primeiro caso, há equivalência entre a preposição “de” e a preposição “por”, que tipicamente intoduz
termos em função de agente da passiva na língua corrente atual. Assim, a expressão poderia ser
reescrita como “pelos animais”. Já no segundo caso, para se preservar a ideia de “substância”, poderia
ser empregada a preposição “com”.
2012 - Exame Discursivo - Questão 8
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 5, n. 13, ano 2012
Vede o Menino- Deus, que está cercado (v. 11)
As formas verbais deste verso modificam a representação do fato relatado, já que nas duas primeiras
estrofes predomina o tempo passado dos verbos.
Explicite o efeito estilístico causado pelo emprego de cada uma dessas formas verbais: uma no modo
imperativo e outra no presente do indicativo.
Objetivo: Explicar o efeito estilístico produzido pelo emprego de diferentes formas verbais.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: recursos expressivos da criação estética
Comentário da questão:
As formas verbais “vede” e “está” modificam a representação do fato relatado, já que, nas duas
primeiras estrofes do poema, predomina o tempo passado dos verbos. Com o modo imperativo, o
enunciador interrompe o relato para dirigir-se aos homens, convocando-os a olhar o Menino-Deus. Com
o presente do indicativo, o enunciador torna a cena atual e viva, como se ela se desenrolasse diante
das pessoas que a testemunham.
2012 - Exame Discursivo - Questão 9
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 5, n. 13, ano 2012
Uma característica marcante do poema “Gênesis” é a simetria, que consiste na harmonia de certas
combinações e proporções.
Aponte dois recursos diferentes utilizados no poema – um rítmico/sonoro e outro sintático – que
contribuem para essa simetria.
Objetivo: Exemplificar recursos de caráter rítmico/sonoro e sintático, relacionados à expressividade
poética.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: elementos de estruturação do texto poético
(sonoridade, metro, ritmo)
Comentário da questão:
Produzido em sua origem para ser dito e ouvido, especialmente em sua modalidade lírica, o poema
reúne muitos aspectos que o ligam à música e às manifestações orais da linguagem. O texto de
“Gênesis” é uma prova disso, até porque foi escrito para servir de letra a uma canção popular. Embora
bíblico, o tema não tem a solenidade nem os clichês das representações convencionais, mas é
ambientado em cenário popular, com imagens da cultura popular.
Uma harmonia própria da peça musical ganha corpo nesse poema com a repetição periódica da mesma
estrutura sintática (“Quando ele nasce...”) e dos seguintes recursos rítmicos/sonoros:
·
·
uso de rimas entre os dois primeiros e entre os terceiros versos de cada estrofe;
uso de versos de nove sílabas no primeiro verso de cada estrofe e de versos de oito sílabas no
segundo verso de cada estrofe.
2012 - Exame Discursivo - Questão 10
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 5, n. 13, ano 2012
O poema “Natal” retrata o episódio que dá início à história do Cristianismo, reunindo os elementos que
o caracterizam segundo a tradição católica. O poema “Gênesis” se refere ao mesmo episódio, mas o faz
por meio de uma linguagem bem diversa e de forma menos explícita.
Considerando os dados contidos no poema de Olavo Bilac, transcreva os dois versos de “Gênesis” que
fazem alusão ao nascimento de Jesus.
Compare, agora, os seguintes versos de “Natal” e “Gênesis”:
Há sorrisos e cantos, neste dia... (v.26)
Um partideiro puxou sam ba (v.14)
Explique a semelhança e a diferença dos conteúdos desses versos.
Objetivo: Exemplificar versos de um poema com referências intertextuais e discriminar semelhança e
diferença entre o conteúdo dos versos comparados.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: procedimentos de intertextualidade (paródia)
Comentário da questão:
Os versos do poema “Gênesis” que fazem alusão ao nascimento de Jesus são aqueles que se referem
aos animais que cercam a manjedoura e às oferendas que o Menino-Deus recebe:
·
“Tinha uma vaca, um burro e um louco”;
·
“Barro ao invés de incenso e mirra”.
A comparação dos versos “Há sorrisos e cantos neste dia” e “Um partideiro puxou samba” aponta para
uma semelhança e para uma diferença entre seus conteúdos. Como semelhança, observa-se que
ambos descrevem as manifestações de alegria pelo nascimento de uma criança eleita. Quanto à
diferença, em “Natal”, as manifestações de alegria são expressas de modo genérico e convencional; já
em “Gênesis”, tais manifestações são representadas com uma linguagem caracteristicamente brasileira
e popular.
2011 - Exame Discursivo - Questão 1
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 4, n. 10, ano 2011
pareciam um punhado de demônios revoltados na sua impotência contra o impassível gigante que os
contemplava com desprezo, imperturbável a todos os golpes e a todos os tiros que lhe desfechavam no dorso,
(l. 10-12)
Para caracterizar a pedreira, o narrador utiliza várias vezes uma determinada figura de linguagem, como
no trecho sublinhado acima.
Identifique essa figura de linguagem e um de seus efeitos estilísticos.
Transcreva, em seguida, uma passagem do texto em que a pedreira é descrita sob uma perspectiva
diferente.
Objetivo: Identificar figura de linguagem e seus efeitos estilísticos e exemplificar passagem do texto
com uma descrição de teor diferente de outra apresentada.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: recursos expressivos da criação estética;
elementos de estruturação do texto poético: figuras de linguagem
Comentário da questão:
A figura de linguagem é a animização ou personificação, que consiste em atribuir vida a seres
inanimados ou abstratos. Um dos efeitos estilísticos obtidos com o uso dessa figura de linguagem é a
caracterização da pedreira como um ser dotado de vida, o qual enfrenta os trabalhadores com
superioridade e arrogância; outro efeito estilístico é a caracterização da cena do trabalho na pedreira
como um duelo, em que se defrontam os trabalhadores - com sua impotência - e a pedreira - com sua
grandiosidade e impassibilidade.
Nas passagens que se seguem, a pedreira perde os traços que lhe dão vida e passa a ser considerada
um objeto a ser explorado economicamente pelo homem:
​
"Sua gente tem ido às cegas no trabalho desta pedreira.";
​
"Esta parte aqui é toda granito, é a melhor!";
​
"É uma dor de coração ver estragar assim uma peça tão boa!";
​
"E brada aos céus, creia! ter pedra desta ordem para empregá-la em macacos!".
2011 - Exame Discursivo - Questão 2
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 4, n. 10, ano 2011
O texto de Aluísio Azevedo, que faz parte da estética naturalista, utiliza recursos expressivos de
sonoridade, como a onomatopeia.
Considere o seguinte fragmento:
E todo aquele retintim de ferramentas, e o martelar da forja, e o coro dos que lá em cima brocavam a rocha
para lançar-lhe fogo, e a surda zoada ao longe, que vinha do cortiço, (l. 6-7)
Indique dois exemplos do emprego da onomatopeia e justifique a sua presença no texto naturalista.
Objetivo: Reconhecer exemplos do emprego da onomatopeia e explicar seu efeito expressivo no texto
naturalista.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Língua e contexto comunicativo: aspectos fonético-fonológicos, lexicais e
gramaticais da língua, tendo em vista sua dimensão sociodiscursiva
Item do programa 2: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: recursos expressivos da criação estética;
literatura oitocentista no Brasil: ficção realista/naturalista
Comentário da questão:
Os dois exemplos do emprego da onomatopeia são as palavras retintim e zoada, que buscam
reproduzir sons ou ruídos. A palavra retintim está relacionada ao som ou ruído do bater das
ferramentas; já a palavra zoada, ao barulho que vem do cortiço.
A presença das onomatopeias se justifica pelo fato de que a estética naturalista procura representar o
mais fielmente possível a realidade visível e sensível, privilegiando a captação do mundo pelos canais
sensoriais e enfatizando as sensações acústicas, olfativas e visuais.
2011 - Exame Discursivo - Questão 3
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 4, n. 10, ano 2011
Aqueles homens gotejantes de suor, bêbedos de calor, desvairados de insolação, (l. 8-9)
O enunciado acima apresenta uma sequência de sensações.
Aponte o valor semântico dessa sequência e identifique no texto outro exemplo em que a disposição
das palavras produza efeito similar.
Objetivo: Discriminar valor semântico de uma sequência e exemplificar passagem do texto com valor
semântico semelhante.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Organização textual: coerência textual (progressão temática)
Comentário da questão:
Um texto precisa de um conjunto de enunciados linguísticos com coerência. A relação harmoniosa entre
as partes é o que garante a unidade de sentido. Unidade não é, entretanto, repetição de ideias. Um
bom texto deve ter progressão, isto é, cada segmento que se sucede precisa acrescentar informações
novas aos enunciados anteriores. A própria repetição, quando funcional e expressiva, faz isso,
justificando-se.
No fragmento, a sequência busca transmitir a intensificação das sensações por meio de palavras e
expressões cujo valor semântico gera tal efeito de sentido. O mesmo pode ser observado em "a
quebrarem, a espicaçarem, a torturem a pedra", nas linhas 9 e 10.
2011 - Exame Discursivo - Questão 4
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 4, n. 10, ano 2011
Mandei a palavra rimar,
ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa. (v. 1-4)
No fragmento acima, o emprego da palavra "prosa" possibilita duas interpretações distintas do verso
sublinhado: uma que reafirma o que ele expressa e outra que se opõe a ele.
Apresente essas duas possibilidades de interpretação.
Objetivo: Discriminar duas possibilidades de interpretação de um verso do poema.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: recursos expressivos da criação estética;
elementos de estruturação do texto poético: sonoridade e rima
Comentário da questão:
O poema "Desencontrários" propõe uma reflexão sobre o fazer poético, sobre o trabalho do poeta com
as palavras, que nem sempre obedecem à sua vontade e ao seu comando. Trata-se de um tema
recorrente no universo da poesia, e Paulo Leminski, nessa versão para o tema, explora a ambiguidade
e a polissemia que as palavras podem conter, quando articuladas umas com as outras.
A primeira interpretação, que reafirma o que diz o verso, é a de que a palavra - instrumento com o que
o autor constrói o seu poema - não obedece à ordem do poeta, pois o vocábulo prosa significa uma
modalidade de texto em que não há rima. A segunda interpretação, que se opõe ao que diz o verso, é a
de que a palavra obedece ao poeta, pois o vocábulo prosa rima com os vocábulos rosa e silenciosa,
presentes na primeira estrofe.
2011 - Exame Discursivo - Questão 5
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 4, n. 10, ano 2011
Considere a formação da palavra "Desencontrários", título do poema de Paulo Leminski.
Separe seus elementos mórficos. Em seguida, nomeie o primeiro morfema que a compõe e indique seu
significado.
Objetivo: Identificar os elementos formadores de uma palavra.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Estrutura, formação e significação das palavras: reconhecimento do significado
das palavras com base em sua estrutura morfológica e nos processos de sua formação (derivação);
produtividade e criatividade lexicais; neologismo
Comentário da questão:
A palavra desencontrários é formada por derivação, processo pelo qual de uma palavra se formam
outras, por meio da agregação de certos elementos que lhe alteram o sentido, entretanto, referido
sempre à significação da palavra primitiva. Esses elementos se denominam prefixos ou sufixos,
conforme se coloquem antes ou depois da palavra derivante.
Assim, há duas possibilidades para a formação da palavra em questão, considerando o radical, prefixos
e sufixos e desinências flexionais:
​
des+en+contr+ ário+s;
​
des+en+contr+ari+o+s.
Observe-se que des é um prefixo que indica negação.
2011 - Exame Discursivo - Questão 6
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 4, n. 10, ano 2011
Estava com medo, com a impressão de que chegasse uma pessoa para me prender. (l. 5-6)
No trecho acima, há duas orações subordinadas.
Transcreva essas orações e classifique sintaticamente cada uma delas.
Objetivo: Classificar as orações do período.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Sintaxe e morfossintaxe: a coordenação e a subordinação de termos e de
orações e respectivos conectivos
Comentário da questão:
O período é composto por subordinação, em que Estava com medo, com a impressão é a oração
principal, de que chegasse uma pessoa é subordinada substantiva completiva nominal, e para me
prender é subordinada adverbial final reduzida de infinitivo.
Dentre as diversas funções sintáticas exercidas pelo substantivo, está a de complemento nominal, que
pode aparecer sob a forma de oração, introduzida pela conjunção integrante que. O complemente
nominal é o termo que integra a significação transitiva do núcleo substantivo. Assim, a oração
subordinada substantiva completiva nominal é uma oração nominalizada, precedida de preposição, que
pode servir de complemento a um substantivo abstrato, a um adjetivo ou a um advérbio.
As orações subordinadas adverbiais representam teoricamente adjuntos adverbiais. Reconhecem-se
por serem iniciadas pelas conjunções subordinativas não integrantes e se classificam de acordo com o
sentido das respectivas conjunções.
As orações subordinadas podem aparecer sob a forma desenvolvida, com verbos nas formas finitas, ou
assumir outro aspecto, com verbos nas formas nominais. Neste caso, chamam-se reduzidas.
2011 - Exame Discursivo - Questão 7
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 4, n. 10, ano 2011
Os trechos transcritos abaixo exemplificam o emprego do mesmo conectivo "e" para exprimir diferentes
relações temporais entre dois fatos.
E o barulho da máquina se aproximando. (...) E o trem parado nos meus pés. (l. 4-6)
E o tempo a se sumir. E a tarde caindo. (l. 34-35)
Aponte o significado desse conectivo. Em seguida, explicite a relação temporal dos fatos em cada um
dos trechos.
Objetivo: Identificar o significado do conectivo e discriminar diferentes relações temporais estabelecidas
por ele.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Língua e contexto comunicativo: mecanismos de coesão textual (repetições)
Item do programa 2: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: recursos expressivos da criação estética
Comentário da questão:
Nos dois trechos, o conectivo e estabelece a ligação entre duas orações de idêntica função. Seu
significado é o da adição dessas orações.
No primeiro trecho, as orações ligadas pelo conectivo referem-se a fatos que se sucedem no tempo,
sucessão que é indicada pelas expressões se aproximando e parado. No segundo trecho, as orações
ligadas pelo conectivo referem-se a fatos concomitantes, uma vez que "E o tempo a se sumir"
corresponde a "E a tarde caindo".
2011 - Exame Discursivo - Questão 8
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 4, n. 10, ano 2011
No texto de José Lins do Rêgo, o narrador recorda um episódio de seu passado, em que foi dominado
por um sentimento que o acompanhou durante a viagem de trem e a chegada ao engenho.
Identifique esse sentimento e as duas situações que o geraram.
Objetivo: Reconhecer o sentimento experimentado pelo protagonista e identificar as duas situações
causadoras desse sentimento.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: elementos da narrativa (enredo e personagens)
Comentário da questão:
Ao longo da narrativa, o sentimento que domina o personagem é o medo.
Durante a viagem de trem, a situação que provoca o medo é a possibilidade de ser descoberto.
Pequenos incidentes geram esse temor e contribuem para a tensão construída no texto: "Se fosse falsa
[a moeda], estaria perdido"; "O Padre Fileto me viu"; "Num banco da minha frente estava um sujeito me
olhando"; "Nisto vi Seu Coelho".
No trajeto para o engenho, feito a pé, a situação que desperta o medo é a possível reação negativa
dos moradores do engenho: "A casa-grande inteira brigaria comigo. No outro dia José Ludovina tomaria
o trem para me levar. E o bolo, e os gritos de Seu Maciel".
2011 - Exame Discursivo - Questão 9
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 4, n. 10, ano 2011
Já publiquei 10 livros de poesia; ao publicá-los me
sinto como que desonrado e fujo para o
Pantanal onde sou abençoado a garças. (v. 9-11)
A palavra "onde", sublinhada acima, remete a um termo anteriormente expresso.
Transcreva esse termo.
Nomeie também a classe gramatical de "onde", substitua-a por uma expressão equivalente e indique
seu valor semântico.
Objetivo: Identificar o referente e o valor semântico do pronome relativo e exemplificar expressão
equivalente a ele.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Sintaxe e morfossintaxe: a coordenação e a subordinação de termos e de
orações e respectivos conectivos.
Comentário da questão:
O pronome relativo se refere a uma palavra antecedente, ao mesmo tempo que serve de conectivo
subordinativo oracional. O pronome relativo por excelência em português é a partícula que, havendo
outras variações possíveis na sincronia da língua, um sistema heterônimo em que se insere onde, um
locativo em função adverbial, de forma homônima ao interrogativo de lugar. Tem sentido equivalente a
em que, no qual.
No caso em questão, o pronome relativo onde se refere a o Pantanal.
2011 - Exame Discursivo - Questão 10
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 4, n. 10, ano 2011
Já Uma obra literária pode combinar diferentes gêneros, embora, de modo geral, um deles se mostre
dominante.
O poema de Manoel de Barros, predominantemente lírico, apresenta características de um outro gênero.
Identifique esse gênero e cite duas de suas características presentes no poema.
Objetivo: Identificar o gênero, além do lírico, constitutivo do poema e duas de suas características.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: gêneros literários (caracterização e
problematização)
Comentário da questão:
O poema apresenta características do gênero narrativo. Essa mistura dos gêneros - em que o verso se
aproxima da prosa - é uma herança da poesia modernista. Uma das características do gênero narrativo
que se mostra no poema de Manoel de Barros é a apresentação dos fatos numa sequência temporal,
tal como se dá quando contamos uma história. Este traço pode ser observado na seguinte passagem
do poema:
"Meu pai teve uma venda de bananas no Beco da
Marinha, onde nasci.
Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichos do
chão, pessoas humildes, aves, árvores e rios."
Outra característica diz respeito à organização formal do gênero narrativo, que, normalmente, não
apresenta ritmo marcado nem rimas, aproximando-se do fluxo da fala. Os versos mais longos do
fragmento anterior exemplificam esta característica, assim como o exemplo abaixo:
"Já publiquei 10 livros de poesia; ao publicá-los me
sinto como que desonrado e fujo para o
Pantanal onde sou abençoado a garças."
2010 - Exame Discursivo - Questão 1
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 3, n. 6, ano 2010
Observe o fragmento:
Indique o termo ao qual o pronome pessoal oblíquo se relaciona. Em seguida, classifique sintaticamente
esse pronome.
Objetivo: Identificar as relações entre as palavras e classificar sintaticamente um termo da oração.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Sintaxe e morfossintaxe: a oração e seus termos
Comentário da questão:
O verbo conservaria, de acordo com a predicação verbal, é transitivo direto, tendo "as camisolinhas"
como objeto direto: "Ela conservaria ainda as camisolinhas". A inserção do pronome pessoal oblíquo as
- que se refere às camisolinhas - aponta para um uso expressivo, como um reforço, uma chamada de
atenção para "as camisolinhas", objeto tão relevante na situação contextualizada. Assim, surge o
objeto direto pleonástico, figura mais estilística que gramatical, para materializar a ocorrência.
Normalmente é o pronome pessoal oblíquo que funciona como objeto pleonástico.
2010 - Exame Discursivo - Questão 2
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 3, n. 6, ano 2010
Mário de Andrade é um escritor conhecido pela adjetivação expressiva e original que utiliza em seus
textos, como nos exemplos sublinhados abaixo:
Descreva o valor expressivo dos dois adjetivos e explique por que o emprego de cada um deles é
peculiar.
Objetivo: Descrever o valor expressivo de dois adjetivos e explicar o emprego surpreendente de cada
um.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: recursos expressivos da criação estética
Comentário da questão:
A obra de Mário de Andrade é marcada pela constante experimentação estética e pela reação às formas
cristalizadas. Na pesquisa de soluções formais inovadoras, o autor dá à adjetivação grande força
expressiva, tornando-a capaz - em virtude das associações inesperadas - de caracterizar, em traços
rápidos e incisivos, personagens e situações. No primeiro exemplo do texto, o adjetivo lentos dá
destaque ao movimento dos cabelos, complementando o primeiro adjetivo empregado: cacheados.
Contrariamente ao que ocorre com o uso do adjetivo cacheados - usualmente utilizado para qualificar o
substantivo cabelos -, a utilização de lentos é surpreendente porque este último adjetivo é empregado
para qualificar a velocidade do movimento ou a duração de algo, o que não se aplica ao substantivo
cabelos. No segundo exemplo, o adjetivo infecundas enfatiza a ideia de que as piedades foram inúteis,
não tiveram efeito. O emprego é surpreendente porque tal adjetivo não costuma ser empregado para
caracterizar um sentimento, e sim a terra, os animais, os homens.
2010 - Exame Discursivo - Questão 3
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 3, n. 6, ano 2010
Considere os diferentes processos de formação das palavras sublinhadas no fragmento abaixo.
Nomeie tais processos e classifique os elementos que compõem cada palavra.
Objetivo: Nomear os processos de formação das palavras e classificar os componentes de cada uma.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Estrutura e formação das palavras: composição e derivação
Comentário da questão:
Existem em português palavras formadas por diferentes processos. Umas já fazem parte do léxico da
língua, outras consistem em neologismos que podem ou não ser incorporados. Nos exemplos em
análise, navalhante, formada por derivação sufixal, é composta pelo radical navalh, pela vogal temática
a e pelo sufixo nte. Já em homem-feito, há uma composição por justaposição do substantivo comum
homem ao adjetivo/particípio feito.
2010 - Exame Discursivo - Questão 4
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 3, n. 6, ano 2010
Nos versos acima, estão presentes figuras de linguagem como recursos estilísticos.
Nomeie duas delas, explicando o efeito expressivo obtido com seu emprego.
Objetivo: Discriminar duas figuras de linguagem presentes nos versos selecionados e explicar o efeito
expressivo obtido com seu emprego.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: recursos expressivos da criação estética;
elementos de estruturação do texto poético: figuras de linguagem
Comentário da questão:
Nos dois versos, estão presentes diversas figuras de linguagem:
​
a repetição, pelo emprego de uma mesma expressão, Stá vazio, nos dois versos;
​
a anáfora, pela repetição dessa expressão no início dos dois versos sucessivos;
​
a hipérbole, pela ênfase resultante do exagero deliberado observado no verso Stá vazio o mundo
inteiro;
​
a gradação, pela intensificação de sentido produzida com o uso do par nosso leito / o mundo inteiro;
​
a anástrofe, pela inversão da ordem natural das palavras - "nosso leito está vazio, o mundo inteiro
está vazio".
Essas figuras de linguagem - e duas delas, quaisquer que sejam, já resultam no efeito expressivo em
questão - contribuem para a amplificação do sentimento de solidão e vazio, que, na percepção subjetiva
e intimista do eu lírico, não se limita ao próprio leito, estendendo-se pelo mundo inteiro.
2010 - Exame Discursivo - Questão 5
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 3, n. 6, ano 2010
No texto II, há uma forma verbal que expressa uma súplica feita pelo eu lírico à mulher amada.
Identifique essa forma verbal e as respectivas flexões de pessoa e modo.
Objetivo: Identificar uma determinada forma verbal e suas flexões de pessoa e modo.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Sintaxe e morfossintaxe: categorias gramaticais e flexões do verbo
Comentário da questão:
O imperativo é um modo verbal mórfica e significativamente distinto dos demais. Expressa a vontade do
falante em relação ao comportamento do ouvinte. As formas verbais do imperativo são as de segunda
pessoa (singular e plural), relacionadas ao pronome tu, de terceira pessoa (singular e plural),
relacionadas ao pronome você, e as de primeira pessoa do plural. Para a sincronia, as segundas
pessoas correspondem, na forma afirmativa, às do presente do indicativo, com a supressão do s final daí vens > vem.
2010 - Exame Discursivo - Questão 6
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 3, n. 6, ano 2010
Observe as expressões destacadas nos fragmentos abaixo.
Classifique essas expressões e explicite o valor estilístico de cada uma.
Objetivo: Identificar a onomatopeia e a interjeição e discriminar o valor estilístico de cada uma delas.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: recursos expressivos da criação estética
Comentário da questão:
As interjeições são palavras que traduzem, de modo vivo, os estados psíquicos, em movimentos
súbitos. Há vários tipos de interjeições. O caso em questão se apresenta na escrita de uma maneira
convencional fixa - Ai, ai, ai! -, cujo valor estilístico é de contrariedade.
As onomatopeias são vocábulos que tentam reproduzir determinado ruído. Constituem-se com os
fonemas, que, pelo efeito acústico, dão melhor impressão do ruído. Lepte, lepte tenta reproduzir o som
das rabadas coléricas que Moreira dava em Trancoso com o rabo do tatu.
2010 - Exame Discursivo - Questão 7
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 3, n. 6, ano 2010
O personagem Trancoso é caracterizado de diferentes formas ao longo do texto.
Indique duas caracterizações que contrastam entre si, apresentando o ponto de vista que justifica cada
uma.
Objetivo: Discriminar caracterizações contrastantes de um personagem e explicar o ponto de vista
expresso em cada uma.
Item do programa: Literatura Brasileira: contexto , temas e formas
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: recursos expressivos da criação estética;
elementos da narrativa: personagens
Comentário da questão:
Um dos traços saborosos do texto de Monteiro Lobato é a diversidade de caracterizações do
personagem Trancoso, algumas delas contrastantes, em virtude das expectativas do personagem
responsável pela caracterização. Vale ressaltar que o próprio narrador emite, com ironia, sua opinião
sobre Trancoso, acrescentando mais um traço ao perfil do personagem e contribuindo para o desenho
dos conflitos que vão conduzindo a trama até o seu desfecho.
Veja a seguir as caracterizações de Trancoso presentes no texto e os pontos de vista que as justificam:
​
o escolhido - expressão empregada pelo narrador, descrevendo a situação inicial do personagem;
​
Ladrão, biltre, tranca - caracterização feita por Moreira, que tem contas a ajustar com Trancoso e
deseja vingar-se dele;
​
Cavaleiro gentil dos seus dourados sonhos - expressão que se refere às expectativas da personagem
Zilda, que via em Trancoso a possibilidade do casamento, deparando-se, ao final, com a frustração de
seus sonhos;
​
Amável pretendente - caracterização irônica feita pelo narrador, o qual, com essa expressão, alude ao
modo gentil e afável como Trancoso se apresenta na fazenda;
​
Comedor de bolinhos, papa-manteiga, ladrão de ovo e cará - expressões usadas pela sogra, que
insulta Trancoso desta maneira por julgá-lo ladrão e aproveitador;
​
O mal azarado comprador de fazendas - expressão utilizada pelo narrador, descrevendo a situação
final do personagem.
2010 - Exame Discursivo - Questão 8
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 3, n. 6, ano 2010
Observe a oração:
Classifique sintaticamente o pronome pessoal. Em seguida, reescreva a oração, substituindo-o por
outra palavra de igual valor, mantendo o sentido original.
Objetivo: Classificar sintaticamente um termo da oração e exemplificar uma palavra com valor igual ao
desse termo.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Sintaxe e morfossintaxe: a oração e seus termos integrantes
Comentário da questão:
A primeira parte da questão solicita a classificação gramatical do pronome pessoal, no caso, lhe. De
acordo com a predicação verbal, o verbo comprar é transitivo direto e indireto, admitindo dois
complementos: a fazenda, como objeto direto, e lhe, pronome pessoal oblíquo, como objeto indireto.
Esse pronome pessoal expressa, no contexto, valor de posse. Então, sua substituição por outra
palavra, com igual valor, mantendo o sentido original, seria "Desta vez, compro a sua fazenda", com o
uso do pronome possessivo.
2010 - Exame Discursivo - Questão 9
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 3, n. 6, ano 2010
Considere a estrofe a seguir.
Identifique a primeira oração da estrofe, classifique sintaticamente a segunda oração e aponte a
circunstância adverbial expressa pela terceira oração.
Objetivo: Identificar as orações, classificá-las sintaticamente e discriminar a circunstância adverbial
expressa por uma delas.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Sintaxe e morfossintaxe: a subordinação de orações
Comentário da questão:
A primeira oração da estrofe é Nos dramalhões há tamanho poder de vida. O pronome relativo que
marca o início da segunda oração, que encenas, que se classifica como subordinada adjetiva restritiva.
A terceira oração, que eu próprio nem me canso em viver, expressa a circunstância adverbial de
consequência.
2010 - Exame Discursivo - Questão 10
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 3, n. 6, ano 2010
No texto IV, José Paulo Paes faz uma reflexão crítica sobre a televisão. Em cada estrofe do poema há
um verso que estabelece uma progressão temática.
Aponte esses versos e explique como eles contribuem para essa progressão.
Objetivo: Discriminar os versos envolvidos na progressão temática e explicar a construção dessa
progressão.
Item do programa: Língua portuguesa : estrutura, funcionamento e significação
Subitem do programa: Organização textual: coerência textual e progressão temática
Comentário da questão:
No poema de José Paulo Paes observa-se uma reflexão sobre a televisão que, à medida que a leitura
avança, fica mais contundente. O tema da televisão se desenvolve em vários aspectos. A progressão
temática se estabelece pelo último verso de cada estrofe. Os versos assinalam uma gradual
desumanização provocada pela exposição sucessiva à televisão.
2009 - Exame Discursivo - Questão 1
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 2, n. 3, ano 2009
Guimarães Rosa se caracteriza pela linguagem instigante que encanta e desconcerta, permitindo ao
leitor familiarizar-se com o potencial criativo da Língua Portuguesa.
Observe o fragmento do texto:
Tão grave, grande, que nem o quis dizer à mãe na presença dos outros, mas insofria por
ter de esperar; (l. 49-51)
Aponte o significado do prefixo da palavra sublinhada e explicite, em uma frase completa, o sentido
dessa palavra.
Objetivo: Discriminar o significado do prefixo e explicar sua relação com o sentido da palavra.
Item do programa: Organização do pensamento na forma escrita, considerando o registro culto da
língua e seu funcionamento textual-discursivo
Subitem do programa: Gramática da palavra: flexão, estrutura e formação; significado e sentido;
polissemia; homonímia e paronímia; sinonímia e antonímia; denotação e conotação; ortografia.
Comentário da questão:
Por meio da leitura da passagem em que a palavra insofria se insere, pode-se perceber que o menino
está sofrendo, há um sentimento dentro dele que provoca dor. Não quer mostrá-lo à mãe. Assim, é o
prefixo latino in, significando "movimento para dentro", que confere a essa criação neológica o seu
sentido. Apesar do prefixo in usualmente significar "negação", "contrário", não é o que ocorre na
palavra em questão.
2009 - Exame Discursivo - Questão 2
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 2, n. 3, ano 2009
e Tio Terêz, quando davam com um riacho, um minadouro ou um poço de grota, sem se
apear do cavalo abaixava o copo de chifre, na ponta de uma correntinha, e subia um
punhado d'água. Mas quase sempre eram secos os caminhos, nas chapadas, então Tio
Terêz tinha uma cabacinha que vinha cheia, essa dava para quatro sedes; uma cabacinha
entrelaçada com cipós, que era tão formosa. (l. 30-38)
Quando voltou para casa, seu maior pensamento era que tinha a boa notícia para dar à
mãe: o que o homem tinha falado - que o Mutum era lugar bonito... (l. 43-46)
Identifique o foco narrativo do texto de Guimarães Rosa. Em seguida, indique três recursos lingüísticos
empregados pelo narrador, nos fragmentos acima, para aproximar-se do universo infantil.
Objetivo: Identificar o foco narrativo do texto e explicar sua caracterização.
Item do programa: Leitura e análise de textos literários brasileiros
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: a) recursos expressivos da criação estética;
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: c) elementos da narrativa (enredo, personagens,
tempo, espaço e foco narrativo) e elementos de estruturação do texto poético (sonoridade, metro,
ritmo, rima, estrofe, formas fixas, figuras de linguagem);
Comentário da questão:
O texto de Guimarães Rosa apresenta um foco narrativo peculiar. Trata-se de um narrador em terceira
pessoa - o qual favorece, a princípio, um tratamento mais objetivo dos personagens e dos fatos, pois
não participa diretamente do mundo ficcional retratado. Esse narrador, entretanto, adota em sua
linguagem variadas expressões - palavras no diminutivo, a expressão "Tio Terêz" - e até mesmo uma
sintaxe própria do menino Miguilim. Assim, os pensamentos e percepções de Miguilim ficam mais visíveis,
o que nos permite afirmar que, embora a narrativa seja em terceira pessoa, os fatos são narrados a
partir da perspectiva da criança, o menino Miguilim, de oito anos.
2009 - Exame Discursivo - Questão 3
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 2, n. 3, ano 2009
A repetição pode expressar diferentes intenções estilísticas, conforme se observa nos fragmentos
abaixo.
Um certo Miguilim morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe, longe daqui, muito
depois da Vereda-do-Frango-d'Água e de outras veredas sem nome (l. 1-4)
É um lugar bonito, entre morro e morro, com muita pedreira e muito mato, (l. 14-15)
Explicite o sentido de cada um dos pares sublinhados.
Objetivo: Discriminar usos variados de um recurso estilístico.
Item do programa: Leitura e análise de textos literários brasileiros
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: a) recursos expressivos da criação estética;
Comentário da questão:
A repetição é um valioso artifício estilístico. No fragmento do texto de Guimarães Rosa, pode-se
observá-la em dois momentos diferentes. No primeiro, "longe, longe daqui", a repetição do longe,
advérbio, tem efeito superlativante, intensificador (muito longe, longíssimo), tornando a distância maior.
Em "entre morro e morro", a repetição dos substantivos confere ao par valor quantitativo (muitos
morros). A preposição entre funciona como elemento limitador do espaço.
2009 - Exame Discursivo - Questão 4
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 2, n. 3, ano 2009
No texto II, Bernardo Guimarães emprega diferentes figuras de linguagem.
Observe o fragmento:
No sertão, ao cair da noite, todos tratam de dormir, como os passarinhos. As trevas e o
silêncio são sagrados ao sono, que é o silêncio da alma. (l. 26-28)
Retire desse fragmento uma figura de linguagem, nomeando-a. Explique também a relação entre o
emprego dessa figura e a estética romântica.
Objetivo: Discriminar figura de linguagem no texto e explicar sua relação com uma estética literária
específica.
Item do programa: Leitura e análise de textos literários brasileiros
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: c) elementos da narrativa (enredo, personagens,
tempo, espaço e foco narrativo) e elementos de estruturação do texto poético (sonoridade, metro,
ritmo, rima, estrofe, formas fixas, figuras de linguagem);
Subitem do programa: Relações entre os textos e os contextos socioculturais dos principais momentos
do processo literário brasileiro: a) literatura oitocentista no Brasil
Comentário da questão:
Sendo a metáfora uma figura de linguagem que pressupõe, para sua construção, níveis variados de
subjetividade, é amplamente empregada pelos escritores românticos, ao procurarem expressar uma
visão particular, individual, do mundo. Com a metáfora do sono como "o silêncio da alma", o autor
Bernardo Guimarães imprime à sua visão um selo próprio, atualizando a concepção romântica de que a
literatura consiste na manifestação de um ponto de vista, de um ângulo pessoal.
2009 - Exame Discursivo - Questão 5
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 2, n. 3, ano 2009
Só o homem nas grandes cidades, o tigre nas florestas, o mocho nas ruínas, as estrelas
no céu e o gênio na solidão do gabinete costumam velar nessas horas que a natureza
consagra ao repouso. (l. 29-32)
Classifique sintaticamente a segunda oração do período acima. Em seguida, substitua essa oração por
outra de sentido correspondente, sem conectivo, preservando sua estrutura inicial.
Objetivo: Transferir conhecimentos referentes à estrutura do período para reelaboração de um
enunciado.
Item do programa: Organização do pensamento na forma escrita, considerando o registro culto da
língua e seu funcionamento textual-discursivo
Subitem do programa: Gramática da frase: morfossintaxe (frase, oração e período); classes e funções;
coordenação e subordinação; concordância, regência, colocação; pontuação.
Comentário da questão:
A estruturação sintática possibilita maneiras diferentes de apresentar a mesma frase. De acordo com as
intenções, o usuário da língua faz sua escolha. No fragmento em questão, a oração subordinada
adjetiva restritiva, introduzida pelo conectivo pronome relativo que, pode ser substituída pela oração
reduzida de particípio sem alteração de sentido, desde que respeitadas as condições para que tal
procedimento ocorra, a saber: a passagem do verbo principal para o particípio e a transformação do
sujeito em agente da passiva. A reescritura se dá em duas etapas. Na primeira, a voz ativa sofre uma
transformação em voz passiva: "que são consagradas ao repouso pela natureza". Na segunda, há
eliminação do "que são" pela natural concisão da língua. Na reescritura, como resultado do processo, a
desenvolvida transforma-se em reduzida, eliminando-se o conectivo que.
2009 - Exame Discursivo - Questão 6
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 2, n. 3, ano 2009
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom. (v. 7-12)
Identifique, na estrofe acima, dois traços característicos da estética modernista, um relacionado à
linguagem e outro à forma do poema. Cite também um exemplo para cada um desses traços.
Objetivo: Discriminar e exemplificar traços característicos de uma estética literária específica.
Item do programa: Leitura e análise de textos literários brasileiros
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: c) elementos da narrativa (enredo, personagens,
tempo, espaço e foco narrativo) e elementos de estruturação do texto poético (sonoridade, metro,
ritmo, rima, estrofe, formas fixas, figuras de linguagem);
Subitem do programa: Relações entre os textos e os contextos socioculturais dos principais momentos
do processo literário brasileiro: b) modernismo no Brasil
Comentário da questão:
O poema "Infância" é construído segundo os princípios da estética modernista - estética norteada pelo
grande desejo de expressão livre. A linguagem do poema é coloquial, com utilização de frases nominais,
bem como ausência de pontuação; quanto à forma do poema, os versos são livres e a poesia aproximase do ritmo da prosa. Todos esses traços confirmam a liberdade de criação e expressão da estética
modernista.
Exemplos de traços relacionados à linguagem:
​
ausência de pontuação
café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
​
frases nominais
café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
​
linguagem coloquial
que nem
Exemplos de traços relacionados à forma do poema:
​
versos livres / versos sem métrica regular
café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom
​
aproximação entre poesia e prosa
no meio do dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos lugares da senzala - e nunca se esquecer
chamava para o café.
2009 - Exame Discursivo - Questão 7
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 2, n. 3, ano 2009
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu (v. 7-8)
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda. (v. 18-19)
Classifique gramaticalmente as palavras sublinhadas e aponte a diferença de sentido entre elas.
Objetivo: Discriminar a classe gramatical e o sentido de uma palavra.
Item do programa: Organização do pensamento na forma escrita, considerando o registro culto da
língua e seu funcionamento textual-discursivo
Subitem do programa: Gramática da frase: morfossintaxe (frase, oração e período); classes e funções;
coordenação e subordinação; concordância, regência, colocação; pontuação.
Subitem do programa: Gramática da palavra: flexão, estrutura e formação; significado e sentido;
polissemia; homonímia e paronímia; sinonímia e antonímia; denotação e conotação; ortografia.
Comentário da questão:
Para determinar a classe gramatical de uma palavra, é necessário considerá-la no contexto mediato e
imediato. Em "nos longes da senzala", a palavra longes é substantivada pela presença do artigo
definido os (em+os). Em "lá longe", longe se reveste das características do advérbio de lugar, palavra
invariável. No primeiro caso, longe assume sentido temporal e, no segundo, sentido espacial.
2009 - Exame Discursivo - Questão 8
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 2, n. 3, ano 2009
No poema, Drummond emprega o pretérito imperfeito para lembrar fatos de sua infância.
Aponte a característica semântica desse tempo verbal que o torna adequado para recordar fatos. Em
seguida, explique o valor semântico do presente do indicativo no sexto verso.
Objetivo: Explicar o valor semântico dos tempos verbais.
Item do programa: Organização do pensamento na forma escrita, considerando o registro culto da
língua e seu funcionamento textual-discursivo
Subitem do programa: Gramática da frase: morfossintaxe (frase, oração e período); classes e funções;
coordenação e subordinação; concordância, regência, colocação; pontuação.
Subitem do programa: Gramática da palavra: flexão, estrutura e formação; significado e sentido;
polissemia; homonímia e paronímia; sinonímia e antonímia; denotação e conotação; ortografia.
Comentário da questão:
Ao se recordar da infância, o poeta utiliza o passado (marco temporal). O uso do pretérito imperfeito
indica fatos concomitantes em relação a esse passado. "Montar a cavalo", "ficar sentada cosendo" etc.
eram ações habituais, ocorriam todos os dias. A infância caracteriza-se pela repetição de pequenos
acontecimentos numa vida doméstica tranqüila e, por vezes, monótona. Ao tornar o momento da leitura
um agora, o poeta usa o presente para indicar que a história lida é muito longa, é um fato eterno, para
o leitor de qualquer geração. Há presentificação porque o poeta acha-se envolvido no processo,
enquanto no passado há um certo distanciamento porque os fatos já ocorreram.
2009 - Exame Discursivo - Questão 9
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 2, n. 3, ano 2009
Há no poema de Mario Quintana um mesmo sinal de pontuação - o ponto de exclamação - que aparece
em versos diferentes e com sentidos distintos.
Explicite o valor semântico atribuído a esse sinal em cada um dos versos.
Objetivo: Discriminar os valores semânticos do sinal de pontuação.
Item do programa: Organização do pensamento na forma escrita, considerando o registro culto da
língua e seu funcionamento textual-discursivo
Subitem do programa: Gramática da frase: morfossintaxe (frase, oração e período); classes e funções;
coordenação e subordinação; concordância, regência, colocação; pontuação.
Comentário da questão:
Os sinais de pontuação devem ser usados, levando-se em conta o contexto em que se inserem. Assim,
a capacidade leitora é fundamental para se determinar o valor semântico a eles atribuído. Em "Depois
surgiu, no céu azul arqueado, / A Lua - a Lua! - em pleno meio-dia.", o ponto de exclamação confere ao
verso o sentimento de incredulidade, surpresa, ao se constatar a presença da Lua em pleno meio-dia.
Isso é reforçado pelos dois travessões que a cercam, enfatizando a perplexidade. Em "Pra suportarem
a existência rude!", o ponto de exclamação exprime lástima, pesar, um certo desalento diante da
constatação passiva das agruras da vida.
2009 - Exame Discursivo - Questão 10
Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
Ano 2, n. 3, ano 2009
O autor utilizou nesse poema recursos formais da poesia tradicional e a eles incorporou traços
característicos da linguagem modernista.
Considerando a estrutura do poema, identifique dois aspectos formais da poesia tradicional e aponte
uma característica da linguagem modernista e seu respectivo exemplo.
Objetivo: Discriminar no poema traços de linguagem e aspectos formais.
Item do programa: Leitura e análise de textos literários brasileiros
Subitem do programa: Aspectos teóricos da literatura: c) elementos da narrativa (enredo, personagens,
tempo, espaço e foco narrativo) e elementos de estruturação do texto poético (sonoridade, metro,
ritmo, rima, estrofe, formas fixas, figuras de linguagem);
Subitem do programa: Relações entre os textos e os contextos socioculturais dos principais momentos
do processo literário brasileiro: b) modernismo no Brasil
Comentário da questão:
No poema de Mario Quintana, observa-se a presença de elementos formais da poesia tradicional, aos
quais se agregam traços marcantes da linguagem modernista. Dentre os primeiros, destacam-se o
soneto, a rima e a metrificação regular. São exemplos da linguagem modernista as expressões
coloquiais (como "pára-sol", "fumo", "pra") e o aproveitamento da linguagem oral (como em "mi-nu-ci-osa-men-te"). O poema em questão mostra que a poesia do Modernismo suspendera mas não abolira as
formas
tradicionais, acabando
por retomá-las e
combiná-las
com as
inovações
propriamente
modernistas, o que resultou no incessante enriquecimento formal da poesia brasileira do século XX: as
tendências tradicionais se renovaram com os recursos modernos e os traços modernos se enriqueceram
com os elementos tradicionais.
@2008-2013, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Todos os direitos reservados
Download