0 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA A MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL CRISTIANE ALVARES COSTA Orientador: Profª Maria Esther de Araújo Co-orientadora: Profª Giselle Böger Brand São Luis- MA 2014 1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA A MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL CRISTIANE ALVARES COSTA Monografia apresentada ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Especial e Inclusiva. Orientadora: Profª Maria Esther de Araújo São Luis- MA 2014 2 Agradeço a Deus por tudo que sou e por ter me permitido realizar esse sonho de galgar mais um degrau do conhecimento. A família por me compreender e apoiar a minha luta e dedicação em prol da educação. A Professora Maria Esther de Araujo, pelas orientações e por colocar-se a disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais que foram necessários. Aos demais professores \ tutores do Projeto á Vez do Mestre, e a Professora Especialista Co-Orientadora Giselle Boger Brand por me apoiar dando-me estimulo constante e responderem os questionamentos. A todos que contribuíram de uma forma ou de outra, para concepção desse proveitoso trabalho. 3 Dedico a todos os Pedagogos que atuam na Educação Especial, que fazem da educação um ato de amor e dedicação, colaborando com um Brasil melhor. 4 RESUMO Este trabalho objetiva avaliar e analisar como melhorar as práticas e estratégias aplicadas às crianças especiais de forma a possibilitar-lhes uma integração na sociedade e no meio escolar, e ainda, ajudando-as no seu desenvolvimento cognitivo. Nesse sentido, esse trabalho visa contribuir com a discussão acerca da possibilidade de trabalhar de forma lúdica e dinâmica a música na educação especial no ambiente escolar face ao trabalho pedagógico que se efetua no cotidiano no interior das escolas, colaborando assim com a massa crítica de pesquisadores sobre o tema em pauta. Trata sobre o histórico da Educação Especial, desde a Antiguidade onde as pessoas portadoras de deficiência (mental) intelectual eram tratadas como seres amaldiçoados. No período da Idade Media, onde os deficientes passaram a ser levados para abrigos pertencentes à Igreja, sendo vistos como serem merecedores de piedade e esmolas. Apresenta a Música como meio de expressão e recurso pedagógico, apresentando os aspectos críticos da musicalidade, bem como, a importância da música no desenvolvimento cognitivo do portador de necessidade especial na sua aprendizagem. Ainda aborda como melhorar as práticas e estratégias com crianças especiais de forma a possibilitar-lhe uma integração na sociedade e meio escolar.Chegando-se a conclusão que a Musicalização na Educação Especial é de suma importância ,trazendo benefícios nos campos cognitivos, relação interpessoal e também ativação da memória das crianças especiais, possibilitando-as integração na sociedade e meio escolar. Palavras –chave: Musicalização. Educação Especial. Educação Inclusiva. 5 ABSTRACT This work aims to evaluate and analyze how to improve practices and strategies applied to special children in order to enable them to integrate into society and one in middle school, and also helping them in their cognitive development. Thus, this work aims to contribute to the discussion about the possibility of working in a fun and dynamic way the music in special education in relation to the pedagogical work that takes place in everyday life inside schools school environment, thus contributing to the critical mass of researchers on the topic at hand. Deals with the history of Special Education since antiquity where the intellectual disabled (mental) were treated as cursed beings. During the Middle Ages, where the disabled are now taken to shelters belonging to the Church, being seen as being worthy of pity and charity. Presents the music as a means of expression and teaching resource, presenting the critical aspects of musicianship, as well as the importance of music on cognitive development of special needs patients in their learning. Also discusses how to improve practices and strategies with special children in order to enable him to integration in society and the escolar.Chegando the conclusion that Musicalization in Special Education is of paramount importance, bringing benefits in cognitive fields, interpersonal relationship and also activation of the memory of special children, enabling them integrate into society and schools. Key words: Musicalization. Special Education. Inclusive Education. 6 METODOOGIA Esta pesquisa esta fundamentada no método descritivo que tem como principal característica a descrição dos fatos e fenômenos de determinada realidade. Na mesma utilizou-se o método bibliográfico, de caráter qualitativo, abrangendo questões sobre o uso da música como estratégia de interação e inserção de alunos com inclusão sócio-educativa através da educação especial. A escolha por esse tema se deu pelo motivo da autora deste trabalho ser uma educadora, especialista em supervisão escolar há mais de 5 anos e ter presenciado muitas reclamações por parte de muitos professores da dificuldade para trabalhar a música na educação especial. Nesse sentido, esse trabalho visa contribuir com a discussão acerca da possibilidade de trabalhar de forma lúdica e dinâmica a música na educação especial no ambiente escolar face ao trabalho pedagógico que se efetua no cotidiano no interior das escolas, colaborando assim com a massa crítica de pesquisadores sobre o tema em pauta. Assim serão consideradas questões de como identificar nos alunos com necessidade especiais a importância da música no seu desenvolvimento cognitivo, assim como conhecer a relevância dessas na interação social e para o desenvolvimento psicomotor das crianças portadoras de necessidades especiais. A leitura foi norteada pela problematização, onde foi feita uma triagem em todo o material recolhido para ser analisado. Os passos seguidos para a confecção desse trabalho seguiram-se por idas e vindas com a confecção de um primeiro rascunho , onde após serem feitas algumas leituras nos trouxeram uma visão mais ampla sobre a necessidade de aprofundarmos a pesquisa em curso. Para recorrermos a varias outras fontes além das primeiras pesquisadas. Vários autores nos serviram para orientação deste trabalho a exemplo de Aranha (1995; 2001), Pessotti (1984) e Vigotski (1997) como condição estabelecida a partir das relações sociais entre os sujeitos deficientes e a maioria da população. Mazotta (1983) que aborda a defesa da cidadania e do direito á educação das pessoas portadoras de deficiencia ; Snyders (1992) comenta que a função mais evidente da escola é preparar os jovens para o futuro, para a vida adulta e suas responsabilidades; estudos na área da Educação Musical que enfatizam a importância da Musicoterapia, como os de Garcia (1998), Coelho (1999), Vitória (2000), Mac Donald & Miell (2000), Daudt (2002), Augusto (2003), Álvares (2005), 7 Matias & Freire (2005), Wylie (2006), Costa (2007), Portowitz & Klein (2007), Vasta (2007). 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9 CAPITULO I A MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL ....................... 12 1.1 Educação Especial: histórico...................................................................... 12 1.2 Música: conceitos e parâmetros .................................................................... 19 1.2.1 O que é musicalização? .............................................................................. 24 1.2.2 O papel da Musica na Educação ................................................................ 26 CAPITULO II MÚSICA COMO MEIO DE EXPRESSÃO E RECURSO PEDAGÓGICO .................................................................................. 30 2.1 A Musica na Educação como Processo ..................................................... 34 2.2 A importância da musica no desenvolvimento cognitivo do portador de necessidade especial ................................................................................... 37 CAPITULO III A MUSICALIZAÇÃO COMO ESTRATEGIAS DE INTEGRAÇÃO ESCOLAR NAS PRATICAS COM CRIANÇAS ESPECAIS ....... 41 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 46 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 48 9 INTRODUÇÃO Este trabalho objetiva avaliar e analisar como melhorar as práticas e estratégias aplicadas às crianças especiais de forma a possibilitar-lhes uma integração na sociedade e no meio escolar, e ainda, ajudando-as no seu desenvolvimento cognitivo. A Educação Especial visa, principalmente, dar assistência àqueles que têm necessidades educacionais especiais, que por alguns motivos não puderam ou não podem ser inseridos dentro do ensino regular. Dentro de suas peculiaridades, a Educação Especial toma caráter da tão almejada “Educação para Todos”, salientando que, independente, das diferenças todos tem o direito de estudar e ter as melhores condições para isso. O ser humano interage com as pessoas e o ambiente valendo-se da fala, da escrita e da linguagem musical. Os estímulos sonoros do ambiente que nos cerca são intensos e a criança, desde seus primeiros anos de vida, já reage a eles mediante balbucios, gritos e movimentos corporais: é o modo dela se manifestar diante dos sons; ela os ouve, capta a sua direção e identifica as vozes das pessoas. Ela penetra progressivamente no mundo dos sons e, quanto mais adequados forem os estímulos sonoros, melhor ela captará o ambiente que a rodeia. Através da música, a criança pode desenvolver seu pensamento musical, podendo ouvir, discriminar as estruturas sonoras, conhecer a literatura musical, interpretar, cantar, tocar e dançar em conjunto, compor, criar, improvisar e elaborar estruturas musicais. A educação musical também suscita na criança um grande prazer, já que se reveste de um acentuado caráter lúdico e, portanto, desafiador. Tanto a criança chamada “normal” como aquela com deficiência intelectual podem ser seduzidos pela música, que se torna assim um valioso recurso para a aprendizagem em geral. Sendo assim, a música é muito importante para o ensino e o desenvolvimento das características musicais fundamentais na vida do individuo através da motricidade; cognição e criatividade; afetividade, onde a musicalização facultam um conhecimento mais profundo às crianças desenvolvendo a noção de esquema corporal e também permitindo a comunicação com o outro, onde as atividades de musicalização podem ajudar a maneira indelével como reforço no desenvolvimento cognitivo\ linguístico, psicomotor e sócio afetivo do aluno. 10 O objetivo fundamental de toda pesquisa é descobrir respostas para o problema levantado, quanto à utilização de recursos musicais/fontes sonoras em contexto de sala de aula propiciando o desenvolvimento cognitivo e a interação dos alunos portadores de necessidades especiais e quanto a perspectiva dos profissionais da educação a música simplificada à comunicação. As Diretrizes Curriculares para Educação Especial para a Construção de Currículos Inclusivos (2006, p. 17) traz que a Educação Especial sempre esteve ao alcance dos indivíduos segregados de uma sociedade com padrões préestabelecidos a respeito da normalidade humana, ou seja, para aqueles que estavam abaixo do esperado para a considerada normalidade, restava apenas a Educação Especial como busca da educação escolar. Como pode ser visto diante das práticas diárias dos docentes, a educação em qualquer modalidade de ensino, sempre está em busca de novos instrumentos que facilitem o seu processo de utilização e, por consequência, atinjam de forma mais satisfatória os seus objetivos principais, dentre eles: desenvolver cidadãos críticos, conscientes de seus atos, bem como proporcionar o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo desses. Para melhor compreensão, o presente trabalho está estruturado em três capítulos: o primeiro discorre sobre o histórico da Educação Especial, desde a Antiguidade onde as pessoas portadoras de deficiência (mental) intelectual eram tratadas como seres amaldiçoados. No período da Idade Media (onde) os deficientes passaram a ser levados para abrigos pertencentes à Igreja, sendo vistos como serem merecedores de piedade e esmolas. A partir do século XX os portadores de deficiências passaram a ser vistos como cidadãos com direitos e deveres de participação na sociedade. O capítulo supracitado também explana sobre o papel da Música na Educação quanto ao desenvolvimento cognitivo/linguístico, psicomotor e sócioafetivo. A música como processo lúdico e socializador de aprendizagem e como instrumento de apoio às crianças com distúrbios de comunicação e linguagem. O segundo capítulo mostra a Música como meio de expressão e recurso pedagógico, apresentando os aspectos críticos da musicalidade, bem como, a importância da música no desenvolvimento cognitivo do portador de necessidade especial na sua aprendizagem. 11 O terceiro capítulo aborda como melhorar as práticas e estratégias com crianças especiais de forma a possibilitar-lhe uma integração na sociedade e meio escolar. 12 CAPÍTULO I A MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL A escolha por esse tema se deu pelo motivo da autora deste trabalho ser uma educadora, especialista em supervisão escolar há mais de 5 anos e ter presenciado muitas reclamações por parte de muitos professores da dificuldade para trabalhar a música na educação especial. Nesse sentido, esse trabalho visa contribuir com a discussão acerca da possibilidade de trabalhar de forma lúdica e dinâmica a música na educação especial no ambiente escolar face ao trabalho pedagógico que se efetua no cotidiano no interior das escolas, colaborando assim com a massa crítica de pesquisadores sobre o tema em pauta. Assim serão consideradas questões de como identificar nos alunos com necessidade especiais a importância da música no seu desenvolvimento cognitivo, assim como conhecer a importância da música ,sua relevância na interação social e conhecer a importância da música para o desenvolvimento psicomotor das crianças portadoras de necessidades especiais. 1.1 Educação Especial: histórico Investigar a história da deficiência, sob a perspectiva do homem inserido em seu contexto cultural e social e, portanto, influenciando e sendo influenciado pelas mudanças políticas, culturais e históricas, é entender que as ações sociais voltadas para a pessoa deficiente foram reeditadas ao longo de diferentes épocas, e muito do que vemos hoje é uma herança daqueles períodos. É sob a perspectiva do homem e suas interrelações com o mundo que passamos a descrever a história da deficiência, para, então, acendermos o debate de que esta (a deficiência) não deve ser entendida como incapacidade ou limitação, mas sim, como defendem alguns autores, entre eles Aranha (1995; 2001), Pessotti (1984) e Vigotski (1997) como condição estabelecida a partir das relações sociais entre os sujeitos deficientes e a maioria da população. Segundo Cunha (2011), temos por Educação Especial o atendimento destinado àqueles educandos que apresentem uma necessidade quer seja 13 transitória ou permanente, isto é, às pessoas que tanto apresentem deficiência sensorial, física ou psíquica como àquelas que sofrem desvantagens por motivo sócio-econômico ou cultural, como por exemplo, pessoas em situação de alta vulnerabilidade. Assim, Pretende-se que os alunos que precisam de atendimentos educacionais diferenciados, temporários ou permanentes, possam alcançar dentro do mesmo sistema, um grau de desenvolvimento e maturidade tal que, lhes proporcionem a melhor qualidade de vida possível nos âmbitos pessoal, familiar, social e profissional (GONZÁLES, 2007, p.20). Entendemos dessa forma, que o sistema educacional deve disponibilizar recursos humanos e materiais para que as instituições de ensino possam auxiliar nas dificuldades encontradas, proporcionando o alcance dos objetivos da educação, afim de que preste auxílio às especificidades de todos os alunos, do contrário, o ambiente escolar pode se transformar no gerador de necessidades educacionais específicas, produzindo dificuldades ao aprendizado, se nele existem propostas homogeneizadoras (básicas a qualquer aluno), estruturas físicas pouco flexíveis e pouca atenção à diversidade entre o alunado. Se por um lado o acesso dos portadores de necessidades educativas especiais às escolas de ensino regular cresce a cada dia, por outro ainda são precárias as instalações físicas, a oferta de material didático-pedagógico adequado e a capacitação de professores, para efetivar uma educação inclusiva de qualidade. Segundo Mazzotta (2005, p. 16) “até o século XVIII, as noções a respeito da deficiência eram basicamente ligadas ao misticismo e ocultismo, não havendo base científica para o desenvolvimento de noções realísticas.” Com o decorrer do tempo, essa denominação ao deficiente começou a mudar e começou a escutar sobre seres anormais ou excepcionais. Porém, cabe lembrar com Mazzotta (1982, p. 2), que, “excepcional é aquela pessoa que se situa fora da ‘normalidade’”. Até hoje são enumeras as nomenclaturas remetidas ao excepcional. Os termos ao aluno especial vêm sendo analisados e estudados a partir das convivências e vivências onde as pessoas são encontradas, cada vez mais, com situações diferenciadas, deixando um pouco de lado o tão conceituado ser normal. Diante do sistema educacional não é diferente. Aceitar uma criança diferente das outras em salas cujas turmas são compostas, em sua maioria, por alunos “normais” é um pouco difícil. Mas, quando tratamos de Educação Especial, devemos lembrar que o assunto ainda é recente, pois apesar de vários países, 14 começando pelos mais desenvolvidos, passarem a garantir a educação para todos, sem diferenças entre indivíduos, vimos Mazzotta (1982, p.10) comenta que: A educação especial está [...] baseada na necessidade de proporcionar a igualdade de oportunidades, mediante a diversificação dos serviços educacionais, de modo a atender às diferenças individuais dos alunos, por mais acentuadas que elas sejam. Nesse sentido, ela representa um desafio aos educadores para encontrar caminhos e meios, estabelecer uma política de ação e criar facilidade para a provisão de recursos educacionais apropriados a todos os educandos. Nesse sentido, podemos compreender que a educação é um dos caminhos, e por mais que existam leis, esse assunto ainda é uma barreira dentro do sistema educacional. Para Mazzotta (2005, p.15) “a defesa da cidadania e do direito à educação das pessoas portadoras de deficiência é atitude muito recente em nossa sociedade”. O tema tem feito parte de campos de estudo desde décadas passadas, quando, mesmo não acreditando que esse tipo de pessoa pudesse participar da vida social e do trabalho, eram organizados. Para Mazzotta(1983, p.3) “serviços de assistência que refletem atitudes sociais marcadas por um sentido filantrópico, paternalista e humanitário”. Para que isso acontecesse, era apenas necessário que houvesse pessoas bondosas que quisessem aceitar o desafio, levando em consideração apenas o fator de piedade. Observarmos que a Educação Especial teve seus movimentos principais na Europa onde segundo Mazzotta (2005, p. 17) a “primeira obra impressa sobre deficientes teve autoria de Jean-Paul Bonet e foi editada na França”. Todavia como instituição, a primeira teve como foco a deficiência dos surdos-mudos, Conforme Matazzota (2005, p.18) “fundada pelo abade Eppée em Paris” (MAZZOTTA, 2005, p. 18), para auxiliar na mesma deficiência, a de surdos-mudos, que Bonet escreveu. Até então as outras deficiências não haviam sido comentadas de modo oficial. Assim, Mazzotta (1982, p.43) explica que os primeiros registros sobre a deficiência física aconteceram no ano de “1832 em Munique, Alemanha, uma instituição encarregada de educar os coxos, os manetas, os paralíticos.” No Brasil as orientações educacionais aos alunos especiais só ocorreu em meados do século XIX, que, por intermédio de alguns brasileiros, foi iniciado o atendimento a algumas deficiências. Porém, a inclusão da educação de deficientes, da educação dos excepcionais ou da educação especial na política educacional 15 brasileira vem a ocorrer somente no final dos anos cinquenta e início de sessenta do século XX. Examinamos que no Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve seu início na época do Império com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos e o Instituto dos Surdos-Mudos. O Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atual Instituto Benjamin Constant (IBC), criado pelo Imperador D. Pedro II através do decreto imperial nº 1.428, de 12 de setembro de 1854, como um polo para a educação especial mantido pelo poder público, que por meio deste foi elevado os níveis de conscientização e discussão desse modo de educação. Neste contexto nasce o Instituto dos Surdos-Mudos, em 1857, hoje denominado Instituto Nacional da Educação dos Surdos (INES), que trouxe algumas oficinas como recursos para além da alfabetização e outras deficiências que começaram a fazer parte dessas instituições, assim, se fez necessário que se construíssem estabelecimentos que suprissem tais deficiências. Esses estabelecimentos se dividiam em públicos e particulares, oferecendo atendimentos especializados ou não a cada tipo de necessidade. No início do século XX é fundado o Instituto Pestalozzi (1926), instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência mental. Em 1954, no Rio de Janeiro, é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) sobre o apoio, orientação e estímulo do casal norte americano Beatrice e George Bemis, membros da National Association for Retarded Children (NARC) , uma Organização fundada em 1950 nos Estados Unidos de amparo ao excepcional e, em 1945, é criado o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff. Mas, foi a partir da APAE que foram inaugurados os centros de diagnósticos e terapêuticos dos distúrbios do desenvolvimento mental no Rio de Janeiro e posteriormente em São Paulo e inúmeros outros apoios a essa determinada deficiência. Percebemos com o passar do tempo que a discussão sobre o assunto evoluiu e que necessitava de leis para que o portador de necessidades especiais tivesse algumas prioridades referentes às suas necessidades individuais. Desta forma, iniciou a redação de uma política nacional sobre a educação especial. 16 Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa a ser fundamentado pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, Lei nº 4.024/61, que aponta o direito dos “excepcionais” à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino. A Lei nº 5.692/71, que altera a LDBEN de 1961, ao definir “tratamento especial” para os alunos com “deficiências físicas, mentais, os que se encontram em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados”, não promove a organização de um sistema de ensino capaz de atender às necessidades educacionais especiais e acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas especiais. Em 1973, o MEC cria o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP, responsável pela gerência da educação especial no Brasil, que, sob a égide integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação, mas ainda configuradas por campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado. Nesse período, não se efetiva uma política pública de acesso universal à educação, permanecendo a concepção de “políticas especiais” para tratar da educação de alunos com deficiência. No que se refere aos alunos com superdotação, apesar do acesso ao ensino regular, não é organizado um atendimento especializado que considere as suas singularidades de aprendizagem. Surge então o documento construído pela Secretaria de Educação Especial: a PNEE (Proposta Nacional da Educação Especial) – Livro 1, no ano de 1994, a partir de legislações e normas como a LDBEN n. 4.024/61, que reafirma o direito dos excepcionais à educação e indica em seu artigo 88 que, para integrá-los na comunidade, sua educação deverá, dentro do possível, enquadrar-se no sistema geral de educação. Assim, o caminho para a Educação Especial foi abrindo portas e ganhando estrada dentro da legislação educacional. Nesse sentido, a educação especial, construiu ao longo do tempo, através da Secretaria de Educação Especial alguns direitos onde o portador de necessidades físicas ou intelectuais tivesse uma melhor condição para conviver em sociedade e possuir direitos iguais aos ditos normais. Vale lembrar que a educação de uma pessoa especial não pode ser especial nas 24 horas do seu dia, pois, devemos lembrar que por mais que as pessoas tenham necessidades especiais, elas têm o direito de se irritar com atitudes 17 apresentadas pelo dia-a-dia, sentir as emoções que o cotidiano nos proporciona, como as outras pessoas, vivendo assim ao seu papel de ser humano, que acima de qualquer diferença convive em sociedade, pensa, respira e se alimenta como salienta Conceição (1984). A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, no artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências; e assegura a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar. Também define, dentre as normas para a organização da educação básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado” (art. 24, inciso V) e “[...] oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37, inciso I). Desse modo, [...] a inclusão escolar, enquanto paradigma educacional tem como objetivo a construção de uma escola acolhedora, onde não existam critérios ou exigências de natureza alguma, nem mecanismos de seleção ou discriminação para o acesso e a permanência com sucesso de todos os alunos. (BRASIL, 2006, p. 15) Temos então, que o discurso sobre a educação inclusiva se estende ao território nacional, e Mittler (2003), compreende que “o objetivo da inclusão é precisamente mudar o que está em geral disponível através da reforma da organização do currículo das escolas e do sistema educacional” e onde, “a diversidade e a diferença são consideradas como normais (idem, p. 33)”. Assim, em 1999, o Decreto nº 3.298, regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, definindo a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular. E dentro desse contexto de estudos para uma melhor identificação de integração, inclusão e educação especial, para melhor interpretação da legislação sobre esta temática é que, em 1999, aconteceu a Convenção de Guatemala, noticiada no Brasil pelo Decreto nº 3.956/2001 assegurando. 18 [...] que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. Este Decreto tem importante repercussão na educação, exigindo uma reinterpretação da educação especial, compreendida no contexto da diferenciação, adotado para promover a eliminação das barreiras que impedem o acesso à escolarização. (BRASIL, 2007, p. 3) A Convenção da Guatemala afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. Na perspectiva da educação inclusiva é que a Resolução CNE/CP nº 1/2002 estabelece nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, define que as instituições de ensino superior devem prever, em sua organização curricular, formação docente voltada para a atenção à diversidade e que contemple conhecimentos sobre as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais. Logo, por meio da Lei nº 10.436/2002 reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão, determinando que sejam garantidas formas institucionalizadas de apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão da disciplina de Libras como parte integrante do currículo nos cursos de formação Licenciatura e de fonoaudiologia. E o Decreto nº 5.626/05 regulamenta a Lei nº 10.436/2002, visando ao acesso à escola dos alunos surdos e dispõe sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular, a formação e a certificação de professor, instrutor e tradutor/intérprete de Libras, o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua para alunos surdos e a organização da educação bilíngue no ensino regular. O Ministério da Educação e Cultura, em 2003, implementou o Programa Educação Inclusiva garantindo o direito à diversidade, com vistas a apoiar a transformação dos sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos, promovendo um amplo processo de formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização, à oferta do atendimento educacional especializado e à garantia da acessibilidade. 19 Vemos então, para que o portador de deficiência esteja integrado na sociedade e faça parte do plano de inclusão, foi iniciada a investigação e repasse de maneiras de comunicação entre deficientes e não deficientes. E, essa modificação de princípios tinha como objetivo promover um amplo processo de formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros para garantia dos direitos de acesso de todos à escolarização, à oferta de atendimento escolar especializado e à acessibilidade. Desta maneira, buscamos defender um sistema mais íntegro, evidenciando a importância, entre tantas outras disciplinas que contemplam o currículo escolar, a área de Artes como um vasto campo para a aprendizagem do aluno. O conhecimento sobre Arte, aqui em questão a Música, se faz necessário para o crescimento intelectual do sujeito, buscando engajá-lo em um cotidiano no qual o mesmo saiba conhecer, reconhecer e ressignificar símbolos e significados que os rodeiam. Nesse meio, iniciamos o próximo tópico, falando sobre a importância da Música, em especial da Musicalização, e a sua relevância na educação especial. 1.2 Música: conceitos e parâmetros Enumeras teorias falam sobre o princípio e a presença da música na cultura humana. A linguagem musical tem sido interpretada, entendida e definida de diversas maneiras, em cada época e cultura, em sintonia com o modo de pensar, com os valores e as concepções estéticas vigentes. De acordo com Berchem (apud KRZESINSKI; CAMPOS, 2006, p.115) “A música é a linguagem que se traduz em forma sonora capaz de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento entre som e o silêncio”. A música , segundo Romanelli (2009, p.24-25) “é uma linguagem comum a todos os seres humanos e assume diversos papéis na sociedade, como função de prazer estético, expressão musical, diversão, socialização e comunicação”. Na escola, [...] “a música é linguagem da arte, [...] é uma possibilidade de estratégia de ensino, ou seja, uma ferramenta para auxiliar a aprendizagem de outras disciplinas”. Segundo o Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCNEI): 20 A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. (BRASIL, 1998, p. 45). Observamos que a música está presente em acontecimentos diversificados, tais como: músicas infantis, músicas religiosas, músicas para dançar, música instrumental, vocal, erudita e popular, músicas cívicas. Ao compararmos dois tipos de música distintos, constataremos que existe uma grande mudança no que diz respeito à organização do material sonoro, na variação dos instrumentos musicais presentes, na forma e no material como são construídos esses instrumentos. Rosa, também, enfatiza que em espaço escolar: A linguagem musical deve estar presente nas atividades [...] de expressão física, através de exercícios ginásticos, rítmicos, jogos, brinquedos e roda cantadas, em que se desenvolve na criança a linguagem corporal, numa organização temporal, espacial e energética. A criança comunica-se principalmente através do corpo e, cantando, ela é ela mesma, ela é seu próprio instrumento. (ROSA, 1990, p. 22-23) A música é parte intrínseca de todos nós: o pulso e o ritmo são encontrados em nosso batimento cardíaco, em nossa respiração e em nosso movimento. A melodia é criada em nosso choro, riso, grito ou canto. Toda a gama de emoções que temos pode ser manifestada dentro de harmonias e ritmos de diferentes estilos musicais e idiomas. Esse elo musical existe independente de deficiência ou de doença, e não dependem de uma formação musical ou de conhecimento prévio. (BUCKLEY, 2006). Essa linguagem musical deve ser um dos meios para alcançar a educação de pessoas criativa e crítica, e os bons resultados serão obtidos pela adequação das atividades, pela postura reflexiva e crítica do professor, facilitando a aprendizagem, propiciando situações enriquecedoras, organizando experiências que garantam a expressividade infantil. Despontam no cenário acadêmico estudos na área da Educação Musical quanto da Musicoterapia, como os de Garcia (1998), Coelho (1999), Vitória (2000), Mac Donald & Miell (2000), Daudt (2002), Augusto (2003), Álvares (2005), Matias & Freire (2005), Wylie (2006), Costa (2007), Portowitz & Klein (2007), Vasta (2007). Porém, ainda são poucos os profissionais que mergulham no estudo da Educação Musical, especialmente no Brasil, a pesquisa a cerca do ensino da música nesse 21 contexto todavia, mais raro ainda, são aqueles que conseguem transformar, ação em prática o conhecimento que detêm a esse respeito. Sabemos que a música é uma forma de manifestação artística e estética, e a beleza da criação musical é fundamental para o enriquecimento da vida humana (NYE, 1985:5). É, portanto, uma arte que faz parte da vida tornando-se importante que as crianças se apercebam dos sons que se podem ouvir e obter. Desse modo é necessário desenvolver nelas a sensibilidade, o sentido artístico e estético. A música é, em primeiro lugar, uma contribuição para o alargamento da consciência e para a modificação do homem e da sociedadeǁ. É de uma forma geral uma manifestação milenar que está presente na vida humana em muitos momentos, desde a vida intrauterina com os sons produzidos pelo ventre materno, os sons e falas produzidas no ambiente em que vivemos. Essa forma de expressão tem fins diversificados, desperta sentimentos e emoções; acalanta, embala, relaxa. Vista de outro ângulo, a música promove uma quantidade significativa de movimentos tais como: bater palmas, mexer os braços, as pernas, balançar a cabeça, virar para o lado, virar para o outro, sentar, levantar, ficar parado, etc. (GUIMARÃES, 2012, p.19) Da diversidade de interpretações e também das diferentes funções em que a música pode ser utilizada se conclui que a música não pode ter uma só definição precisa, que abarque todos os seus usos e gêneros. Todavia, é possível apresentar algumas definições e conceitos que fundamentam uma "história da música" em perpétua evolução, tanto no domínio do popular, do tradicional, do folclórico ou do erudito. A música é uma modalidade artística secular que está presente em vários momentos da vida humana, pode também ser de grande relevância no contexto educativo, principalmente no inicio da aquisição dos conhecimentos escolares, pois, pode ser um importante estimulo para formar no educando inicial que necessita de uma base mais forte. O campo das definições possíveis é na verdade muito grande. Há definições de vários músicos (como Mozart, Beethoveen, Schönberg, Stravinsky, Varèse, Gould, Jean Guillou, Boulez, Berio e Harnoncourt), bem como de musicólogos como Carl Dalhaus, Jean Molino, Jean-Jacques Nattiez, Célestin Deliège, entre outros. Entretanto, quer sejam formuladas por músicos, musicólogos ou outras pessoas, elas se dividem em duas grandes classes: uma abordagem intrínseca, imanente e naturalista contra outra que a considera antes de tudo uma arte dos sons e se concentra na sua utilização e percepção. 22 Música é, assim, uma arte afetiva baseada nos sentimentos que não podem ser, por isso, postos de lado. É uma arte abstrata e os seus estímulos provocam respostas que variam conforme as percepções que temos primeiro em relação a pequenos e simples sons para chegar aos mais difíceis e complexos. Ao mesmo tempo, também é uma atividade social, uma atividade comunitária em que a execução musical é trocada com os outros, já que enriquece mais a experiência do que outras áreas, pois, desenvolve os sentimentos e permite apercebermo-nos de forma mais “intensa” das outras culturas. A experiência estética permite estimular a imaginação, e sentimentos nas crianças enquanto que a experiência artística permite a criação de bases para que a cognição, conceitos, juízos e ações se desenvolvam, e ao desenvolver a imaginação desenvolvem-se também as ideias, os valores, os objetivos e as teorias. A experiência musical permite, por seu lado, tocar, manipular, ver, examinar, ouvir, usar o corpo e músculos em interpretação de ritmos, por exemplo, desenvolvendo assim os sentidos e fornecendo ao mesmo tempo conhecimentos e prazer pelo trabalho musical. A criança tem a capacidade de perceber sons desde o quinto mês da sua vida intrauterina, adquirindo assim, esta capacidade antes de falar ou andar. Maudale (2007) defende que a audição influência em muito o movimento, a linguagem e a aprendizagem da criança. Para o autor, escutar é ouvir e é ter a motivação de ouvir. Define ouvir como sendo a faculdade que a criança tem de receber sons e escutar como a capacidade que requer a habilidade de selecionar os sons que lhe interessam entre toda a diversidade que lhe chega aos ouvidos. Deste modo, ouvir é um ato passivo enquanto que escutar é um ato ativo e voluntário. Ao saber escutar a criança consegue perceber com precisão a informação que deseja. Segundo o autor referenciado, o objetivo principal da escuta é que esta permite estabelecer a comunicação entre a criança e o seu meio ambiente. E esta capacidade só se desenvolve se a criança se sentir motivada a comunicar com o mundo que a rodeia. Desse modo, percebemos que o desenvolvimento infantil não acontece por milagre, que cada um tem seu ritmo próprio e que muitos fatores contribuem para isso, entre estes fatores notamos que o ambiente é de fundamental importância. 23 O ambiente externo interage diretamente no aprendizado e no desenvolvimento das crianças, dessa maneira acreditamos que o contato das crianças com a cultura existente a seu redor seja um elemento considerável para o seu crescimento saudável e caberá a cada adulto pertencente desse processo tomar consciência de seu papel nesse processo involuntário. (VYGOTSKY 2003). Observamos que muitas crianças, desde o berço ao ouvir um som, reagem de forma que demonstram que esse som exerce algum estimulo, mais tarde ao começar e mandar a percepção do som impulsiona-as a fazer gestos, e movimentos de acordo com o ritmo; é que a música desperta algo, e esse algo pode e deve ser aproveitado pela escola como motivador ou como conteúdo de apoio à aprendizagem. As crianças iniciam suas atividades escolares muito cedo, devendo a escola possibilitar uma educação infantil que respeite o momento de desenvolvimento e de maturação em que estas se encontram, nesse sentido, a música será uma aliada, pois ela esta presente em muitos momentos da vida dessas crianças. Nesse sentido, a escola é corresponsável pela Educação dos indivíduos desde o primeiro momento em que eles adentrem suas portas, independentemente da idade cronológica que estes possuam, ou dos conceitos já introduzidos nestes pelo seu meio social, e por esse motivo é extremamente necessário que ao penetrarem nesse novo ambiente as crianças possam se deparar com um acolhimento adequado a suas habilidades, mas que ao mesmo tempo já lhes seja familiar. Sendo assim, a educação infantil precisa ser oferecida de maneira que os infantes possam adquirir conceitos favoráveis ao seu desenvolvimento enquanto estudante e para que os mitos já enraizados sejam desconstruídos e dê a essa criança a chance do avanço na conquista de uma educação que lhes possibilite segurança em suas construções. E acreditamos que, a introdução de canções na educação escolar, principalmente na educação infantil, será um excelente contributivo para a aprendizagem de conceitos e também para a formação humana, pois, as canções têm múltiplos aspectos e estes poderão agir no sentido de modificar comportamentos e ações dos indivíduos. Algumas situações reforçam essas ideias, por exemplo, quando o educador canta com as crianças alguma música que desenvolve alguns movimentos 24 estará solicitando do educando não só que cante, mas que tenha atenção para os movimentos que foram sugeridos pela letra da música ou pelo exercício promovido pela professora, isso reforça sua concentração, consequentemente seu aprendizado. Além disso, a música desenvolve nos ouvintes uma sensação que é difícil permanecer parado, que é preciso balançar o corpo dançar se mexer. As canções permitem inúmeros movimentos a criança por meio desse estimulo não permanece na inércia o que facilita a aprendizagem, promove ainda um bem-estar que a desperta do sono e estabiliza o seu raciocínio fazendo com que se sinta mais apta a apreender os ensinamentos que o educador pretende oferecer. Assim, entendemos que a música é muito importante para o ensino e desenvolvimento das características musicais de cada um, pois desenvolve três aspetos fundamentais na vida do homem. São eles: a motricidade, cognição e criatividade e a afetividade. Através da música a criança poderá desenvolver o seu pensamento musical, podendo ouvir, discriminar as estruturas sonoras, conhecer a literatura musical, interpretar cantar, tocar e dançar em conjunto, compor, criar, improvisar e elaborar estruturas musicais. 1.2.1 O que é Musicalização? Segundo Gainza (1988, p 22) “musicalizar é tornar o indivíduo sensível e receptivo ao fenômeno sonoro, desenvolvendo simultaneamente, neste indivíduo, respostas de natureza musical”. Para Joly (2003, p. 113), “durante o processo de musicalização é importante considerar como ponto de partida, o contato intuitivo e espontâneo que as crianças têm com a música desde os primeiros anos de vida”. Durante este processo a criança pode realizar movimentos corporais enquanto ouve ou canta uma música, desenvolvendo-se e expressando-se de modo integrado. Assim, [...] a musicalização trata-se de um processo de construção do saber, tendo como objetivo estimular e incrementar o gosto pela musica, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, autodisciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação. (BRÉSCIA, 2003. p.25) 25 O termo musicalização na Educação Infantil é definido pela autora como um processo de Educação Musical em que as noções de som, ritmo, melodia, compasso, tonalidade, métrica, leitura e escrita são mostradas para as crianças por meio de atividades lúdicas como jogos, exercícios de movimentos, danças, canções, prática em pequenos conjuntos instrumentais e relaxamento. O trabalho de musicalização tende a romper barreiras de todo tipo, a abrir canais de expressão e comunicação em nível psicofísico, e, através de suas próprias estruturas internas, promover modificações significativas na mente humana (GAINZA, 1988). O trabalho de musicalização é importante, também promover o desenvolvimento de outras capacidades nas crianças, além daquelas musicais, como as capacidades de integração no grupo, de autoafirmação, de expressar-se por meio do próprio corpo, de produzir ideias e ações próprias, de cooperação, solidariedade e respeito. Ou seja, a musicalização é também, uma forma de promover experiências musicais significativas para a criança. (BRITO, 2010) Os possíveis benefícios decorrentes da experiência musical são destacados por Ilari,( 2006, p. 293-294) : Benefícios psicológicos: o ser humano se comunica afetivamente através da música; Benefícios emocionais: por meio do canto materno, a música pode fornecer ao indivíduo um senso de tranquilidade e proteção; Benefícios culturais: as experiências musicais contam a nossa história, quem fomos, somos e seremos, além de traduzirem e perpetuarem os elementos de cada cultura; Benefícios auditivo-educacionais: a música é uma forma de conhecimento:enriquecer a percepção sonora e educar o ouvido propicia uma base musical sólida para os futuros ouvintes. Observamos que a autora destaca alguns resultantes das experiências vividas desde a mais tenra idade e, essas vivências servirão para fundamentar o pensamento musical deste ser humano ao longo da sua vida. A musicalização trata-se de um processo de construção do saber, tendo como objetivo estimular e incrementar o gosto pela musica, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, autodisciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação. As atividades de musicalização facultam um conhecimento mais profundo às crianças, desenvolvendo a noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o outro. (BRÉSCIA, 2003) 26 Weigel (1988) e Barreto, (2000, p.45) “afirmam que as atividades podem ajudar de maneira indelével como reforço no desenvolvimento cognitivo/ linguístico, psicomotor e sócio afetivo da criança”. Analisamos que, quanto maior a riqueza de estímulos recebidos por ela melhor será o seu desenvolvimento intelectual. Neste sentido, as experiências rítmicas musicais, que permitem uma participação ativa, favorecem o desenvolvimento dos sentidos das crianças. Ao trabalhar com os sons a criança desenvolve sua acuidade auditiva; ao acompanhar gestos ou dançar ela está a trabalhar também a coordenação motora e a atenção; ao cantar ou imitar sons desenvolve as suas capacidades, proporcionando-lhe o estabelecimento de relações com o mundo envolvente. Desenvolvimento psicomotor oferecem inúmeras oportunidades para que a criança aprimore as suas habilidades motoras, aprendendo a controlar os músculos e mover-se com agilidade. O ritmo tem um papel importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda expressão musical ativa atua sobre a mente, beneficiando a descarga emocional, a reação motora e aliviando as tensões. Qualquer movimento adaptado a um ritmo é resultado de um conjunto completo (e complexo) de atividades coordenadas. Por isso atividades como cantar com acompanhamento de gestos, dançar, bater palmas, pés, são experiências valorizadas para a criança, pois estas possibilitam o desenvolvimento rítmico, coordenação motora, além destas vantagens, vai favorecer também o processo de aquisição da leitura e da escrita. 1.2.2 O papel da Música na Educação Snyders, (1992, p. 14) “comenta que a função mais evidente da escola é preparar os jovens para o futuro, para a vida adulta e suas responsabilidades”. Mas ela pode parecer aos alunos como um remédio amargo que eles precisam engolir para assegurar, num futuro bastante indeterminado, uma felicidade bastante incerta. A música pode contribuir para tornar esse ambiente mais alegre e favorável à aprendizagem, afinal de acordo Snyders (1992, p.14) “propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a dimensão essencial da pedagogia, e é preciso que os esforços dos alunos sejam estimulados, compensados e recompensados por uma alegria que possa ser vivida no momento presente”. 27 A Música proporciona um ambiente de alegria na escola, tornando uma atmosfera mais receptiva a quando a chegada dos alunos, oferecendo um efeito calmante após períodos de atividade física e reduzindo a tensão em momentos de avaliação. Além de tudo isto, a Música também pode ser usada como um recurso na aprendizagem de diversas disciplinas. O professor/educador pode selecionar músicas que falem do conteúdo a ser trabalhado na respectiva área tornando as aulas mais dinâmicas, atrativas, e vai ajudar a recordar as informações. Mas, a Música também deve ser estudada como matéria em si, como linguagem artística, forma de expressão e um bem cultural. É importante salientar que, as atividades musicais realizadas na escola não têm o papel de formar músicos, mas sim, através da vivência e compreensão da linguagem musical, propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser. A esse respeito Katsch; Merle-Fishman (apud Bréscia, 2003, p.60) afirmam que “[...] a música pode melhorar o desempenho e a concentração, além de ter um impacto positivo na aprendizagem de matemática, leitura e outras habilidades linguísticas nas crianças”. Como já foi citado anteriormente, o trabalho com musicalização infantil na escola é um poderoso instrumento que desenvolve, além da sensibilidade à música, fatores como: concentração, memória, coordenação motora, socialização, acuidade auditiva e disciplina. Conforme Barreto (2000, p.45 apud Gainza, 1988) afirma que as atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos, nos seguintes aspetos: Físico: oferecendo atividades capazes de promover o alívio de tensões devidas à instabilidade emocional e fadiga; Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e descarga emocional através do estímulo musical e sonoro; Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão. (BARRETO, 200, p.45 apud Gainza, 1998). A música desenvolveu na educação um importante papel, sendo afirmado por Weigel (1988) e Barreto (2000) que essa atividade pode contribuir como reforço no desenvolvimento cognitivo/linguístico, psicomotor e sócio-afetivo da criança (CHIARELLI, 2005). 28 Dessa forma, quanto maior a riqueza de estímulos que ela receber melhor será seu desenvolvimento intelectual. Ao trabalhar com os sons é desenvolvida a acuidade auditiva; ao acompanhar gestos ou dançar trabalha-se a coordenação motora e a atenção; ao cantar ou imitar sons descobri-se as capacidades e estabelece relações com o ambiente em que vive. As atividades musicais oferecem inúmeras oportunidades para que a criança aprimore sua habilidade motora, aprenda a controlar seus músculos e movase com desenvoltura. O ritmo tem um papel importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda expressão musical ativa age sobre a mente, favorecendo a descarga emocional, a reação motora e aliviando as tensões. Qualquer movimento adaptado a um ritmo é resultado de um conjunto completo (e complexo) de atividades coordenadas. Por isso atividades como cantar fazendo gestos, dançar, bater palmas, pés, são experiências importantes para a criança, pois elas permitem que se desenvolva o senso rítmico, a coordenação motora, fatores importantes também para o processo de aquisição da leitura e da escrita. A criança aos poucos vai formando sua identidade, percebendo-se diferente dos outros e ao mesmo tempo buscando integrar-se com os outros. Nesse processo a autoestima e a autorrealização desempenham um papel muito importante. Através do desenvolvimento da autoestima ela aprende a se aceitar como é, com suas capacidades e limitações. As atividades musicais coletivas favorecem o desenvolvimento da socialização, estimulando a compreensão, a participação e a cooperação. Dessa forma a criança vai desenvolvendo o conceito de grupo. Além disso, ao expressar-se musicalmente em atividades que lhe deem prazer, ela demonstra seus sentimentos, libera suas emoções, desenvolvendo um sentimento de segurança e autorrealização. Observamos que, desde longos tempos que a Música está presente na vida dos seres humanos e há muito tempo faz parte da educação de crianças e adultos. As atividades musicais contribuem para o desenvolvimento motor, do raciocínio, da memorização, da inteligência, da linguagem e da expressão corporal. A autora Rosa (1990) afirma que a simples atividade de cantar uma Música proporciona à criança adquirir e desenvolver de uma série de aptidões importantes. 29 É certo que a musicalização, quando trabalhada desperta o lado lúdico aperfeiçoando o conhecimento, a socialização, a alfabetização, inteligência, capacidade de expressão, a coordenação motora, percepção sonora e espacial e matemática. Segundo estudos realizados por (Gardner,1996) sobre crianças autistas, foi constatado que estas, são extremamente perturbadas e que frequentemente evitam o contacto interpessoal e talvez nem falem, possuem capacidades musicais incomuns. Isto talvez, porque houvessem escolhido a música como principal canal de expressão e comunicação, ou também porque a música é tão primariamente hereditária e que precisa de tão pouca estimulação externa, quanto falar ou andar de uma criança normal. É importante referir que a Música oferece à criança descoberta das linguagens sensitivas e do seu próprio potencial criativo, tornando-a mais capaz de criar, inventar e reinventar o mundo que a circunda. E criatividade é essencial em todas as situações. Uma criança criativa raciocina melhor, inventa meios de resolver as suas próprias dificuldades, deste modo, poder-se-á dizer que a Música é uma linguagem abrangente. A Música deve ser “incutida” desde tenra idade, para que a criança seja capaz de se expressar musicalmente, usufruindo do estímulo, equilíbrio e felicidade que a Música lhes propicia. Snyders (1990) descreve a música como uma obra de arte. Dela pode-se extrair riquíssimos temas, abordando as mais diversas disciplinas. Mas na realidade algumas escolas não valorizam a Música, embora haja por parte de alguns professores a utilizam da Música como instrumento, no seu trabalho, obtendo resultados positivos. 30 CAPÍTULO II MÚSICA COMO MEIO DE EXPRESSÃO E RECURSO PEDAGÓGICO A música é uma linguagem, que ao mesmo tempo participa como um elemento essencial de organização, socialização e integração com outras linguagens artísticas. Atua também como um meio facilitador quando há um contexto pedagógico que facilite a descoberta, a percepção, a experimentação, a criação e as diversas e sempre ricas possibilidade de expressão, em particular a expressão corporal como base da educação psicomotora. A educação através das artes proporciona à criança descoberta das linguagens sensitivas e do seu próprio potencial criativo, tornando-a mais capaz de criar, inventar e reinventar o mundo que a circunda. E criatividade é essencial em todas as situações. Uma criança criativa raciocina melhor e inventa meios de resolver suas próprias dificuldades. Através da musicalização as crianças exaltam seus sentimentos e também desabafam suas angústias. A musicalização na educação infantil trabalha através de atividades diversas de movimento (danças, gestos, jogos, relaxamento, brincadeiras, interpretações...), fazendo com que as crianças tenham um contato mais íntimo com a música, oportuniza momentos de criatividade que podem ser a chave para que a música não seja vista apenas como uma combinação de sons, mas como uma das mais belas artes e como um meio privilegiado de favorecer a alfabetização, que é antes de tudo uma alfabetização corporal (BARRETO, 2000, p.119). A música possui vários significados e representações no cotidiano das pessoas e se utilizada de forma adequada pode ser um agente facilitador em diversos contextos que envolvam o raciocínio e a aprendizagem. Sabe-se que a música tem um papel relevante na educação infantil. Pois o envolvimento da criança com o universo sonoro começa ainda antes do nascimento. Para Silva (apud Ramin, 2012, p.160 ), “A música desperta a atenção e estimula a confiança do indivíduo em si mesmo; ela pode dar vigor, levantar ânimo, ou mesmo deprimir, dependendo do estilo musical”. O Autor discorre em sua obra que é difícil encontrar uma parte do corpo que não esteja sujeita aos efeitos musicais, ao movimento corporal, à aquisição do conhecimento e que a mesma ajuda a desenvolver habilidades culturais, motoras, relacionamento pessoal, estimula a atenção e a autoconfiança. 31 Entendemos que além desses processos, a música é importante para a contextualização, isto porque através da música se interage com as mais variadas formas de expressões, ideias e valores de uma determinada cultura. Na escola, a música pode acontecer por meio de atividades, mas é mediante a musicalização que esta tem acontecido. Segundo Loureiro (2003, p. 27), "musicalização é o processo de desenvolvimento da musicalidade". Na Educação Infantil, o contato com pessoas diferente do meio familiar possibilita que a criança estabeleça novas relações e adquira novos conhecimentos. Ponso (2008) descreve a utilização da música no universo literário, através de poemas, parlendas, lendas, fábulas, quadrinha, trava-língua, provérbios, advinha e historias infantis. No momento do desenho, da alfabetização, da escrita, da leitura, da fala, do desenvolvimento motor, dos conhecimentos de novos saberes, a música será um recurso sonoro que irá contribuir na construção do conhecimento da criança através das vibrações e da aplicabilidade que linguagem musical permite produzir. O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) cita que a música no contexto da educação infantil vem ao longo de sua história, atendendo a vários propósitos, como formação de hábitos, atitudes e comportamentos: lavar as mãos antes do lanche, escovar os dentes, a memorização de conteúdos, números, letras etc., traduzidos em canções. É o que reforçam os Parâmetros Curriculares Nacionais: [...] que os alunos sejam capazes de: utilizar as diferentes linguagens verbais, musical, matemática, gráfica, plástica e corporal como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação (BRASIL, 1998, p.7). A musicalização é um “processo bidirecional e integrado entre homem e música”. Esse processo ocorre dentro e fora da escola. Por isto, é muito importante levar em consideração as experiências que ocorrem no dia a dia nas situações informais em que o ser humano está inserido. A vivência musical promovida pela musicalização permite na criança o desenvolvimento da capacidade de expressar-se de modo integrado, executando movimentos corporais enquanto canta ou ouve uma música. O canto é usado como forma de expressão e não como mero exercício musical. O termo 'musicalização infantil' adquire então uma conotação específica, caracterizando o processo de educação musical por meio de um conjunto de atividades lúdicas, em que as noções básicas de ritmo, melodia, 32 compasso, métrica, som, tonalidade, leitura e escrita musicais são apresentadas à criança por meio de canções, jogos, pequenas danças, exercícios de movimento, relaxamento e prática de pequenos conjuntos instrumentais. (BRITO, 1998 apud JOLY, 2003, p. 116). Dentro desta perspectiva o professor poderá utilizar a música em todos os momentos de sua aula, e não só para quebrar a rotina ou para acalmar a petizada. Através da musicalização o educador cria um ambiente favorável para que seus alunos aprendam com entusiasmo. Muitas instituições de ensino encontram dificuldades para integrar a linguagem musical ao contexto educacional, mostrando a defasagem existente entre o trabalho realizado na área da música e nas demais áreas do conhecimento, devido ao sistema de ensino adotado pelas mesmas que de certa forma limitam o trabalho do professor enquanto parte do sistema na qual está inserido dificultando o mesmo. Percebemos ainda que falta integrar os conteúdos para que a linguagem musical não fique fragmentada. E assim temos que ajudar as crianças a expressar seus sentimentos e a música começa a fazer o seu papel na construção do conhecimento. Pode se desenvolver todos os conteúdos usando a linguagem musical e assim desenvolvendo todas as áreas do conhecimento. A música está presente em todas as culturas e pode ser utilizada como fator determinante nos desenvolvimentos motor, linguístico e afetivo de todos os indivíduos. Os diferentes aspectos que a envolvem, além de promoverem comunicação social e integração, tornam a linguagem musical uma importante forma de expressão humana e, por isso, deve ser parte do contexto educacional, principalmente na educação infantil. Entendemos o processo do desenvolvimento infantil do ponto de vista sócio afetivo, enfatizando a importância de que a criança tenha uma autoimagem positiva e que devemos valorizá-la como pessoa, a interação e a socialização contribuem para este processo. Moreira e Masini (1982, p.3) entendem que a psicologia preocupa-se com o processo de aprendizagem. 33 A psicologia cognitivista preocupa-se com o processo da compreensão, transformação, armazenamento e uso da informação envolvida na cognição, e tem como objetivo identificar os padrões estruturados dessa transformação. A asserção central é a de ouvir, ver, cheirar etc., assim como lembrar, são atos de construção que podem fazer maior uso dos estímulos externos, dependendo da circunstância, isto é, das condições pessoais de quem realiza o processo. A música está presente nas tradições e nas culturas dos povos em diferentes épocas. Sua presença está dia a dia das pessoas e, pela sua complexidade de conhecimento, torna-se necessário sua sistematização através da educação formal, como proposta curricular pedagógica. Portanto, é preciso fazer uma reflexão crítica sobre as várias funções que a música assume ao longo da história, a fim de construirmos uma estrutura sólida na prática pedagógica da educação musical. Música é linguagem, portanto, devemos seguir o mesmo processo de desenvolvimento que adotamos quanto à linguagem falada, ou seja, devemos expor a criança à linguagem musical e dialogar com ela sobre a mesma. Segundo os autores citados, do ponto de vista cognitivo, destacamos a necessidade de levar sempre em consideração o fato de que a criança conhece e constrói as noções e os conceitos à medida que interagem com outras pessoas e diferentes objetos, sons, lugares. Do ponto de vista linguístico, coloca-se essencialmente o desenvolvimento das diferentes formas de representação verbal. É neste sentido que a música exerce um papel fundamental porque através dela a criança canta, dança, representa, imagina, cria e fantasia sua própria expressão de comportamento e sentimentos. E já no ponto de vista da psicomotricidade, entendemos que a criança precisa expandir seus movimentos, explorando seu corpo e o espaço físico. Dessa forma, todos os aspectos estão associados diretamente ao desenvolvimento infantil, portanto cabe a escola proporcionar atividades que estejam relacionadas com a realidade das crianças, com uma proposta pedagógica coerente às necessidades das mesmas. A partir desses parâmetros entendemos que os princípios norteadores do Ensino Especial têm como foco de atuação os alunos que apresentam dificuldades no processo de escolarização. Para tanto, busca-se agir no sentido de promover o seu desenvolvimento em direção á autonomia nos exercícios de suas atividades, alterando-se os meios e condições disponíveis para sua aprendizagem. 34 O trabalho dos professores na Educação Especial deve ser todo orientado para a criação de instrumentos especiais que focalizem as funções e forças que gerem uma nova visão para a educação de alunos portadores de necessidades especiais, em oposição a uma visão minimalista da educação de pessoas especiais ou com dificuldades de aprendizagem (DALBEN, 1991, p. 13). O foco não é limite ou o defeito que o aluno manifesta, mas as possibilidades reais que apresenta quando pode operar com instrumentos especiais, já que se adota a premissa de que a educação formal da pessoa com problemas no processo de escolarização precisa orientar-se para a participação ativa desta na vida coletiva (DALBEN, 1991, p. 13). Assim, o que buscamos são as condições que oportunizem o sucesso e minimizem o fracasso do aluno especial. Portanto, os objetivos do Ensino Especial é proporcionar à criança e/ou jovem especial, a oportunidade de acesso ao pensamento formal, abrindo-lhe possibilidades de operar numa esfera não concreta e visando o desenvolvimento de uma atitude que o ajude interagir com seu meio, logo, preparando-o em relação a toda sua vida futura (DALBEN, 1991, p. 14). Dalben baseou-se nas palavras de Vygotsky quanto à criança especial para nortear seu trabalho em Educação Especial, referindo-se às pessoas que necessitam de uma educação especial, coloca que se deve deixar que: Estudem por mais tempo, que aprendam menos que as crianças normais; que finalmente, sejam ensinadas de um modo diferente com a ajuda de métodos e técnicas especiais adaptadas às habilidades singulares de sua condição, mas que aprendam as mesmas coisas que todas as crianças; que recebam o mesmo preparo para a vida futura a fim de que possam, posteriormente, participar dela com o mesmo grau e em pé de igualdade com todos (DALBEN, 1991, p. 14). Logo, o desafio para o Ensino Especial, é conjugar com harmonia, o aprender a aprender e o aprender a viver, como duas realidades que se encontram e se fundem constantemente ao longo de todo o processo educativo. Isso porque o conhecimento tem muitas dimensões e não se aprende tendo como referência uma única perspectiva. Daí ser fundamental considerar-se em todo o processo, a prática social dos sujeitos nele envolvidos, pois não é possível conceber o processo de ensino/aprendizagem apenas como uma atividade intelectual. 2.1 A Música na Educação como Processo A música tem uma linguagem demasiadamente abrangente e o ensino dela favorece o gosto estético (que é particular) e de expressão artística. Formando o ser humano com uma cultura musical desde criança, estaremos educando adultos capazes de usufruir a música, de analisá-la e de compreendê-la. O educador pode trabalhar a música em todas as áreas da educação. 35 A música tem um poder criador e libertador, ela torna-se um poderoso recurso educativo a ser utilizado em todas as fases educacionais. É preciso que a criança seja habituada a expressar-se musicalmente desde os primeiros anos de vida, para que a música venha a se constituir numa faculdade permanente do seu ser. Observamos que música representa uma importante fonte de estímulos, equilíbrio e felicidade para a criança. Assim, na Educação Infantil os fatos musicais devem induzir ações, comportamentos motor e gestual até o primeiro ano de vida, pois a partir daí elas estão abertas para receber. Dessa maneira, a contribuição da música no processo de aprendizagem tem embasamento tanto no referencial para educação infantil, como também para teóricos, que abordam a música como um dos temas principais para a construção do conhecimento. Embora saibamos que nos meios científicos e acadêmicos a música seja reconhecida, na realidade isso não ocorre. Em algumas poucas escolas, há professor e carga horária específica para a música, em outras, só há o ensino da música na educação infantil, como função recreativa. Em outras, a aula de música se resume a formar e a ensaiar uma banda ou coral, porém, tais práticas envolvem apenas alguns alunos, deixando a maioria excluída. Se visarmos uma educação musical que atenda a todos os alunos, a constituição de pequenos grupos, como coral ou banda, não atenderia ao propósito de uma educação ampla e democrática. Uma concepção de educação que pretenda a transformação e o crescimento do indivíduo implica, portanto, uma maior aproximação e abrangência do conhecimento musical propiciando, dessa maneira, uma maior aproximação entre os diversos segmentos da cultura e da sociedade. O conhecimento da música, a expressão e a criação acompanham os seres humanos no decorrer da sua história. Quando a criança chega à escola, ela já tem uma bagagem musical. O professor neste momento precisa de sensibilidade para compreender a essência da linguagem musical, e assim facilitar o contato da criança com as diversas linguagens (plástica, corporal, etc.). E o professor deve propiciar situações para que a criança envolva com o mundo e aprenda a perceber significados em todas as coisas, sendo assim, a criança vai construindo seu pensamento e a compreendendo os sons, as canções, as diferentes manifestações em linguagem musical. A criança cresce em 36 desenvolvimento da sua espécie e no conhecimento da música, descobrindo ritmos, desenhando, garatujando, experimentando instrumentos musicais, confeccionandoos, descobrindo novos sons. É cada vez mais frequente, instituições educacionais, estarem utilizando a música como eixo norteador do processo de alfabetização. A música atrai e envolve as crianças, serve como motivação, eleva a autoestima, estimula diferentes áreas do cérebro, aumenta a sensibilidade, a criatividade, à capacidade de concentração e fixação de dados (GOES, 2009). A presença da música na educação auxilia a percepção, estimula a memória e a inteligência, relacionando-se ainda com habilidades linguísticas e lógico-matemáticas ao desenvolver procedimentos que ajudam o educando a se reconhecer e a se orientar melhor no mundo. Além disso, a música também vem sendo utilizada como fator de bem estar no trabalho e em diversas atividades terapêuticas, como elemento auxiliar na manutenção e recuperação da saúde. (CHIARELLI; BARRETO, 2005). Não se pode esquecer que a arte, por seu compromisso exclusivo com a liberdade, é o recurso mais rico para o estímulo dos mecanismos de criação do educando. Nas novas metodologias para o ensino de música nas escolas, como parte integrante do currículo de artes, nos coloca a música associada às tradições e às culturas de cada época, e para que possamos propor um ensino de música que considere essa diversidade e abrir espaço para o aluno trazer música para a sala de aula, acolhendo-a, contextualizando-a e oferecer acesso a obras que possam ser significativas para o seu desenvolvimento pessoal, em atividades de apreciação e produção. De acordo com Trope (1991, p.25): Mediante a isso, a diversidade permite ao aluno a construção de hipóteses sobre o lugar de cada obra no patrimônio musical da humanidade, aprimorando sua condição de avaliar a qualidade das próprias produções, bem como aprimorar também a sua aprendizagem através da mesma. Dentro do desenvolvimento integral do aluno vários aspectos a serem observados, em função do auxílio que a música traz para a criança. No aspecto físico, a música envolve uma série de ações que proporcionam o desenvolvimento: da acuidade auditiva, uma vez que do bem ouvir dependerá em grande parte a reprodução exata dos sons; do aparelho respiratório, pela necessidade de respiratória pela necessidade de respiração adequada para o canto; do aparelho fonador, pela emissão 37 correta dos sons, ou seja, pelo canto propriamente dito; quanto ao aspecto da integração social, o professor, observando a variedade de grupos a que uma criança pertence e a necessidade que tem de estabelecer um bom relacionamento com os membros destes grupos, nada mais razoável do que auxiliá-la nessa tarefa, de forma a faze-Ia perceber suas possibilidades e responsabilidades em relação a esses agrupamentos.Nesse ponto, as atividades musicais compartilhadas, como o canto coletivo e a banda rítmica), são elementos que a um só tempo farão sentir esses dois aspectos: o da necessidade de cooperação e o respeito ao próximo, tão úteis na socialização da criança especial.Também neste aspecto, através do repertório musical, como as canções regionais e as músicas folclóricas trarão a consciência do grupo maior a que cada criança pertence, facilitando assim, sua integração social nas comunidades mais amplas, estado, região, país etc.No aspecto psicológico, a música pode auxiliar o desenvolvimento psicológico do indivíduo em relação ao ambiente (CORREA, 1971, p. 22-23, grifos nosso). Lembramos que as sensações desagradáveis levam o indivíduo a evitálas, enquanto que as sensações agradáveis levam o indivíduo a repeti-las. Portanto, quando o processo de aprendizagem for acompanhado com técnicas de musicoterapia, aprendizagem será certamente agradável, e a música estará funcionando como reforço dessa aprendizagem. Consequentemente, as atividades de musicalização também favorecem a inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais. Pelo seu caráter lúdico e de livre expressão, não apresentam pressões nem cobranças de resultados, são uma forma de aliviar e relaxar a criança, auxiliando na desinibição, contribuindo para o envolvimento social, despertando noções de respeito e consideração pelo outro, e abrindo espaço para outras aprendizagens. 2.2 A importância da música no desenvolvimento cognitivo do portador de necessidade especial A criança constrói conhecimento a partir da interação com o meio em que ela vive, com as pessoas que a cercam. Assim, a educação musical exige um trabalho quando se trata de formar um grupo. O trabalho em grupo é complexo, pois deve preservar a expressividade de cada elemento envolvido, pois muitas vezes fica difícil duas ou mais pessoas se entenderem com maneiras de pensar completamente diferentes. Portanto o educador deve estar atento as formas de expressão das crianças e quando necessário estar interferindo, promovendo a conciliação incentivando o respeito mutuo. 38 Para Piaget, “A aprendizagem é ‘aumento do conhecimento’ uma reestruturação da estrutura cognitiva do indivíduo (esquemas de assimilação mental)”. Sabemos que a música possibilita essa diversidade de estímulos, por seu caráter relaxante, pode estimular a absorção de informações, isto é, ajudar na aprendizagem. Losavov, cientista búlgaro, desenvolveu uma pesquisa na qual observou grupos de crianças em situação de aprendizagem, e a um deles foi oferecida música clássica, em andamento lento, enquanto estavam tendo aulas. O resultado foi uma grande diferença, favorável ao grupo que ouviu música. A explicação do pesquisador é que ouvindo música clássica, lenta, a pessoa passa do nível alfa (alerta) para o nível beta (relaxados, mas atentos); baixando a ciclagem cerebral, aumentam as atividades dos neurônios e as sinapses tornam-se mais rápidas, facilitando a concentração e a aprendizagem (OSTRANDER; SCHOEDER, 1978). As crianças com necessidades educacionais especiais são aquelas que, por alguma espécie de limitação, requerem certas modificações ou adaptações no programa educacional para que possam atingir todo seu potencial. Essas limitações podem advir de problemas visuais, auditivos, mentais ou motores, bem como de condições ambientais desfavoráveis. Entendemos que a pessoa com deficiência, como qualquer outro estudante, tem necessidade de expressar sentimentos de um modo próprio, pessoal. A ausência da atividade artística pode alterar seu equilíbrio interno, mas, quando bem encaminhada, as atividades artísticas melhoram a autoestima o desenvolvimento afetivo e facilitam a capacidade de se relacionar, de se expressar e de se adequar à sociedade. Nessa perspectiva, a proposta da arte (nesse caso a musical), desde que o professor experimente o que vai propor a seus alunos, que saiba modelar seus bloqueios, desenhar e pintar, seus medos, frustrações ou dificuldades, pode ser transformadora. É importante que o educador perceba que, antes de ser um aluno com dificuldades cognitivas, é acima de tudo um ser humano, com desejos, alegrias, angústias, fantasias e sonhos como qualquer um de nós. O reconhecimento do aluno além de sua deficiência leva à aceitação; aceitar não só por que são, mas como seres humanos que são. Os conteúdos da arte oferecem uma dimensão sensível e lúdica ao aluno, podendo provocar 39 conhecimentos sobre si próprios, os outros e o mundo no que se inserem. Aprendem que tem limitações, sim; mas o mais bonito é quando descobrem as suas inúmeras capacidades. Em geral, qualquer tipo de linguagem artística mostra um mundo em constante transformação, fazendo com que os alunos percebam que podem ser agentes capazes de transformar a si e principalmente a sociedade, onde todos somos pertencentes dela. São construtores de sua linguagem, de seu discurso e de seu contexto. Hoje há grande carência de profissionais docentes capacitados ao trabalho com alunos portadores de necessidades especiais, ignorando a forma mais importante, que é onde deveriam deter-se e abordá-la de uma forma mais voltada à história e à cultura, e não somente à terapia. Quando não há experiência na área artística, a realização da atividade é bem difícil, pois arte não é adestrar para o artesanato — não mais do que o ensino seria uma adestração. A arte é acima de tudo expressividade, criatividade, pensamento, conhecimento, cultura, percepção, sentimento, elementos essenciais na formação de um aluno não apenas como educando, mas principalmente como ser humano. O professor poderá explorar a capacidade criativa e expressiva dos seus alunos com necessidades especiais, procurando formas onde haja um mínimo de interferência. Quando é apenas o mediador que recebe as propostas dos alunos, compreendendo-as e auxiliando em sua investigação e realização, promove o conhecimento por meio da sua construção. O educador poderá/deve intervir no processo do aluno quando perceber que não irá acontecer avanço espontâneo do aluno. É importante e necessária a qualidade da intervenção que o educador realizará junto ao aluno. É de fundamental importância que seus planejamentos contemplem uma vasta gama de informações e possibilidades de produção em arte. No caso do ensino de alunos com necessidades especiais, deve-se trabalhar com a proposta da heterogeneidade, numa perspectiva igualitária, garantindo o direito e os deveres de todos os alunos, sendo portadores de necessidades especiais ou não. O ideal não é negar as deficiências de seus alunos, e sim buscar adaptação e contribuir para a superação das dificuldades e limitações impostas pelas diferentes deficiências que o aluno seja portador. 40 Lidando com as diferenças, o universo criador se amplia e o planejamento do professor torna-se mais flexível, recriando a cada aula em função da heterogeneidade das necessidades e características dos seus alunos. Com a interação estabelecida com os objetos, materiais e o meio ambiente, o aluno faz relação entre vivências anteriores e as atuais, procurando formas de expressar o desejo de transformar a realidade, partindo da imaginação e da fantasia. Se o professor é quem opera transformações que se processam nas mentes dos seus alunos, então é muito mais um mediador do conhecimento diante do aluno, que é sujeito da sua própria formação. O aluno precisa construir e reconstruir conhecimento a partir do que faz. Para isso, o professor também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o “fazer” de seus alunos. Ele deixará de ser um “selecionador” para ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem. Nesse sentido, podemos dizer que o professor se tornou um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador e, sobretudo, um organizador da aprendizagem. Assim, salientamos que a música contribui para a formação integral do indivíduo, reverencia os valores culturais, difunde o senso estético, promove a sociabilidade e a expressividade, introduz o sentido de parceria e cooperação, auxilia o desenvolvimento motor, pois trabalha com a sincronia de movimentos. Logo, a música não pode estar desconectada do processo de ensino aprendizagem da escola. 41 CAPÍTULO III A MUSICALIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIAS DE INTEGRAÇAO ESCOLAR NAS PRATICAS COM CRIANÇAS ESECIAIS Desde a antiguidade, a música esteve presente na vida das pessoas. Segundo Beber (2009, p 16) “A música esta presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc.” A música é uma forma de se comunicar e expressar sensações, sentimentos e pensamentos, através da organização e relacionamento expressivo dado entre o som e o silêncio (BEBER, 2009). Segundo Fonterrada (2003) na Grécia antiga, acreditava-se que a música era capaz de interferir no humor dos cidadãos, por isso não deveria ser deixada apenas nas mãos dos artistas. Em Esparta, acreditava-se que a música ajudava na formação do caráter e de cidadania, dando aos jovens o senso de ordem, dignidade e obediência as leis. Sendo assim, a musica aproxima as pessoas, o som,o ritmo, a melodia, a harmonia favorecem o desenvolvimento ,aspectos cognitivos, motores, linguísticos e psicomotores da criança, onde quanto mais cedo este tiver contato , irá se desenvolver. Podemos destacar na educação infantil, este procedimento, o qual é de fundamental importância para a criança desenvolver o processo de integração na sala de aula e sua socialização com demais membros da sala de aula. O uso da musica possibilita maior aprendizagem, pois através deste haverá a percepção, as vibrações e ritmos, onde este será desenvolvido de acordo com a limitação do portador de necessidade especial, onde portadores de down, surdos, alguns autistas e portadores de surdo-cegueira. A musica entre outros benefícios ativa a memória, traz lembranças de situações longiguas na vida e acalma segundo alguns estudos . Nos anos 1950, um médico de ouvido, garganta e nariz chamado Albert Tomatis começou a tendência, alegando que o uso da música de Mozart foi um sucesso para ajudar pessoas com distúrbios de fala e de audição. (TOMATIS, 1991) 42 Ao pesquisar sobre a utilização de recursos musicais, fontes sonoras em contexto de sala de aula, propiciando o desenvolvimento cognitivo da criança , percebemos a importancia da musica neste contexto, pois contribui como reforço no desenvolvimento cognitivo\linguistico,psicmotor e sócio-afetivo da criança pois as situações aprendizagens vivenciadas são particulares e distintas proporcionando a interação e auto-estima de si aceitar e aceitar o outro , valorizando suas capacidades e limitaçoes , valorizando sua interação como grupo , alem de fortalecer o neurodesenvolvimento da criança e suas funções cognitivas, onde este contato pode iniciar-se ainda no ventre com o mundo exterior , sendo fortalecido na sala de aula durante todo período infantil de 0 a 6 anos e apresentar-se posteriormente em ações pré-elaboradas e planejadas sendo executadas através da psicomotricidade onde temos o desenvolvimento motor, desenvolvimento auditivo, perceptivo, onde podem também liberar suas emoções , desenvolvendo assim , sentimento de segurança e auto-realização.(WEIGEL, 1988). Quando tratamos da interação dos alunos portadores de necessidades especiais, percebemos como é importante a musicalização neste contexto, pois estes alunos podem tornar-se mais expressivos, comunicativos e perceptivos, o qual também resulta no comportamento de forma positiva destes, facilitando assim, sua inclusão ao meio social, que por tantas vezes são incluídos e têm que ultrapassar as barreiras do preconceito, seja no âmbito escolar ou no âmbito familiar e social. Sem duvidas nenhuma, a musica traz muitos benefícios a estes alunos que precisam socializar-se e sentir-se integrante da sociedade aos quais fazem parte. (MANTOAN,1997). Falar do papel da musicalizaçao na educação especial é de suma importância, onde também não poderíamos deixar de falar sobre a perspectiva dos profissionais da educação a musica simplificada a comunicação.Sendo assim, quanto á equipe de profissionais da educação que atuam na educação especial, trata-se de uma equipe multidisciplinar que deve estar em constante fomaçao, seja esta atuação no ambiente escolas ou fora dela que pode ser desenvolvida pelos especialistas pedagogos,especialistas na educação infantil, pedagogo hospitalar, psicopedagogos,psicomotricistas, neurocientistas, com apoio também dos profissionais da saúde em equipe multifuncional como psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas , neuropsicologia entre outros.(DALBEN,1991). 43 Na equipe educacional, o pedagogo e ou especialista em educação infantil, tem papel fundamental em sua área de atuação com vistas ao uso da musica na educação especial pois, após o contato familiar com a musica, as crianças possuem novo contato na escola, sejam portadoras de necessiddes especiais ou não. Esta sequencia de contato com a musicalidade pode ocorrer na creche e ou pré escola , ou seja de 0 a 6 anos . Como estamos tratando de educação especial, o especialista pedagogo e pedagogo hospitalar podem desempenhar um papel primordial, pois se esta criança não puder permanecer na escola por complicações de saúde sejam relacionadas pela necessidade existente na criança ou sem necessidade especial, que esteja internado em acompanhamento , onde a musica passa a fazer parte do planejamento e sendo inserida durante o tratamento, com vistas á reabilitação , onde já foram mencionados anteriormente seus inúmeros benefícios como a sociabilidade e expressividade, sincronia de movimentos e a socialização que neste momento, pode estar muito comprometido. (LIBANEO, 2001). Os psicopedagogos por atuarem na instituição escolar ou clinica para atendimento individualizado e familiar também tem grande participação no desenvolvimento destes alunos em acompanhamento, assim como os psicomotricistas que utilizam a musica, os ritmos, os movimentos para juntos favorecerem o bom equilíbrio e o bem estar da criança , seu desenvolvimento sócioafetivo , psíquico e motor destas crianças.(MAZZOTA, 2001). Outro profissional que vem se destacando também é o especialista em neurociência que trata entre outras abordagens, a aprendizagem e suas dificuldades, onde também utiliza a musica na educação. (RATO, 2010). Com os estudos quanto a aprendizagem e suas dificuldades é amplo, a cada dia podem surgir novas áreas e especialistas que venham contribuir na educação onde venha favorecer á inclusão de portadores de necessidade especial na sociedade. Com base nesta abordagem, não poderiamos deixar de citar uma pequena passagem no filme BLACK, que retrata uma personagem surdo-cega de uma rica família anglo-indiana que se expressava muito bem através da musica, haja vista que a mesma era surdo e cega desde os seis meses de vida, o que não a impossibilitava de cantar e dançar. Como sabemos isto não é atuação apenas de filmes , pois longe da ficção a realidade é presente na vida de pessoas portadoras 44 de deficiência visual, auditiva , onde estas percebem as ondas sonoras e dançam todos os ritmos muito bem. Outro aspecto importante neste estudo é como melhorar as praticas e estratégias com crianças especiais de forma possibilitar-lhe uma integração na sociedade e meio escolar e ainda ajudando-o no seu desenvolvimento cognitivo . A base de toda esta pesquisa de cunho bibliográfico foi propor respostas para esta temática onde através deste estudo ficou evidente que a musica é vista como mediadora no desenvolvimento cognitivo de crianças , atuando na socialização, na comunicação entre ela e outro e na psicomotricidade. Sem duvida nenhuma, melhorar as praticas e estratégias com crianças especiais é atribuir tempo e estudo para esta temática através de formações, especializações buscando a cada dia , mais conhecimento para todos os envolvidos, onde os profissionais,na escola ou fora dela, a família precisam estar cada vez mais cientes das necessidades desta clientela, como reagem e do que necessitam para terem qualidade de vida e principalmente lutar contra o preconceito muitas vezes existentes em nossa sociedade que ainda precisam saber conviver com inúmeras deficiências existentes, mais que hoje podemos dizer que tem melhorado muito e as pessoas tem buscado mais informações sobre esta abordagem.Discutir sobre o tema, esclarecer as duvidas existentes, evitar reduzir a criança á sua deficiência, trabalhar a diversidade e posicionar-se frente ao problema , ira melhorar as praticas e estratégias com crianças especiais.(SANCHES,2005). A integração na sociedade e no meio escolar é um grande desafio que deve ser compartilhado com a família e todos os envolvidos. Hoje a legislação já fortalece esta questão, pois um novo olhar é inserido na questão da inclusão como já abordamos anteriormente, onde a musica vem favorecer esta socialização, melhora as condições de comunicação dependendo da necessidade especial de cada individuo, a psicomotricidade pois integra várias técnicas, trabalhando todas as partes do corpo, relacionado com afetividade, o pensamento e o nível de inteligência, enfocando a unidade da educação dos movimentos, pondo em jogo as funções intelectuais, onde há equilibração. 45 Segundo Piaget (1975, p.14): A teoria da equilibração, de uma maneira geral, trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, e assim, é considerada como um mecanismo auto-regulador, necessária para assegurar à criança uma interação eficiente dela com o meio-ambiente, onde a musica é este veiculo para atingirmos todos estes objetivos e integra-los na sociedade e no meio escolar. Tratando-se do desenvolvimento cognitivo, a música pode favorecer o raciocínio, a atenção, a criatividade, a capacidade de resolução de problemas. Quando tratamos de crianças com necessidades especiais , segundo alguns estudiosos, as atividades musicais são ponto de partida para o desenvolvimento da criatividade, compreensão, memorização e comunicação, ajudando assim a minimizar os efeitos diversos das doenças , possibilitando um desenvolvimento cognitivo global . 46 CONCLUSÃO No decorrer deste trabalho, ficou evidente a importância deste tema pois veio enriquecer esta pesquisa e fortalecer a necessidade de expansão desta abordagem, onde espero que venha impulsionar vários profissionais á inserir a musicalização na educação com um olhar mais ampliado e principalmente na educação especial que traz tantos benefícios conforme foi apresentado neste trabalho.Esperamos que este estudo venha possibilitar estudantes e profissionais á conhecer e utilizar a musica em seus locais de trabalho , visto que seus benefícios são benéficos , alem da sensação de bem estar. Como foi visto anteriormente, a educação inclusiva vem sendo bastante discutida nos últimos tempos, sendo percebido pela sua extrema importância, sendo tema de discussão, aprendizagem e atuação em nosso País que infelizmente é recorde de desigualdades, entretanto este tema vem permear uma realidade boas mudanças em seu aspecto social, pois tratar de inclusão, abordamos direitos humanos, sendo este, consignada em inúmeras declarações e convenções internacionais. Graças a este novo olhar, e aos estudos acentuados com a preocupação á inclusão, as escolas precisam se adequar á esta nova perspectiva inclusiva , onde passa a haver preocupação também com o currículo a contemplar a coexistência de direitos e responsabilidades tornando-o inclusiva para todos, onde programas, materiais didáticos e métodos de ensino precisam ser adaptados á vida dos alunos. Sendo assim, uma escola inclusiva deve estar preparada, juntamente com sua equipe para atender ás necessidades dos alunos com adaptações necessárias ao espaço físico da escola, onde a acessibilidade é de suma importância neste contexto, onde deve ser reestruturada com rampas de acesso, salas de recursos , banheiros adaptados, professores especializados, de acordo com as necessidades existentes. Tratando-se da educação especial a qual é garantida pela Lei 9.394\96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, Capitulo V, é necessário uma equipe multidisciplinar para atuar nesta modalidade de ensino a qual deve estar em constante formação para atuar nos mais diferentes tipos de necessidades existentes. 47 Percebemos a necessidade de cada vez mais haver interação entre a família e a comunidade escolar para juntos minimizar os problemas e dificuldades existentes , pois a problemática educacional vividas hoje podem ser compartilhada com todos envolvidos , pois como sabemos anteriormente, era bem mais difícil essa abordagem , onde hoje ainda existem pessoas pouco ou quase nada preparadas para atuarem nesta área , onde ainda é questionado a inclusão destes hora nas salas Inserção desses alunos na escola comum hora em classes especiais, hora em escola especial para tratar alunos portadores de necessidade especial. Como foi visto ao longo desta pesquisa a musica é inserida como um mediador, facilitador no trabalho com a educação especial , pois atua na vida cotidiana , onde esta presente no senso comum, ouvirmos uma abordagem clara onde podem usar como forma de terapia no tratamento do estresse, depressão, insônia, ansiedade e ate mesmo melhorar o humor. Entretanto, sabemos que vai alem disso, pois vários trabalhos são desenvolvidos para comprovar este grande beneficio, pois houve a necessidade de estudar o cérebro, o qual é movido pela estimulação musical produzindo substancias químicas que causam sentimentos de experiência de calma , alegria, energia e melhora a sintese mental sem necessidade de medicação.Neste contexto, vários estudos foram evidenciados , o que hoje nos ajuda e vem ser tema de pesquisa deste trabalho, pois as emoções são causadas por hormônios endógenos produzidos pelo córtex naturalmente , mas que segundo estudiosos podem ser reforçados pelo tratamento da terapia da musica, favorecendo assim a saúde. Podem ser encontradas as Sinfonias Terapeuticas nas Obras de Mozart, Rossini, Berlios, Viivalde, Beethoven, Bach, entre outros que usam a musicoterapia para melhorar a saúde onde podem favorecer a calma, diminuir a ansiedade, controlar a depressão, alivio de dores, estimula a energia, entre outros. Em uma visão mais ampla, pode-se apontar inúmeros benefícios da musica, seja ela na educação especial ou não. A musica não pode ser vista sem credito, sem importância, mas sim, através de uma ação reflexiva, junto aos profissionais da educação especial que visa colaborar, mediar e buscar benefícios para estes alunos independentemente de suas limitações.Diante desta perspectiva , o aperfeiçoamento dos profissionais da educação especial deve ser intenso, ter em conta os valores culturais e expectativas das famílias , utilizar terminologia clara e acessível á todos os envolvidos , em especial pais e alunos e todos pertencentes ao ambiente escolar e fora dela. 48 REFERÊNCIAS ARANHA, M.S.F. Integração social do deficiente: análise conceitual e metodológica. Temas em Psicologia, 2, 1995. AINSCOW, Mel. (1996). Necessidades Educativas Especiais na Sala de Aula. Um Guia para a Formação de Professores. Instituto de Inovação e Educação. Edições UNESCO. 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