EF SEGUNDA-FEIRA, 21 DE FEVEREIRO DE 2011 C8 saúde game terapia Jogos eletrônicos estimulam pacientes a se dedicar mais aos exercícios de recuperação física e mental GUILHERME GENESTRETI DE SÃO PAULO Os principais games aplicados à saúde JOGOS USADOS EM HOSPITAIS EYE TOY Indicação: problemas motores Descrição: a câmera acoplada ao Play Station 2 filma o jogador e projeta sua imagem no monitor. Ele se vê dentro do jogo e disputa partidas de pingue-pongue, futebol ou monta um sanduíche Unidade do Morumbi da rede Lucy Montoro, em SP Entretém mais do que a fisioterapia convencional, incentivando o paciente a pontuar para passar de fase Leandro Simioni, 36, usa o Eye Toy, no centro Lucy Montoro, em SP ISLANDS Indicação: distúr bi tares e compulsão os alimenpor jogos COMBATE as e adolesIndicação: crianç er centes com cânc nvolvido pela Descrição: dese gy & lo brasileira Techno tem de r do Training. O joga ncerígenas ca s la destruir célu ser usado Deve começar a tre es no segundo sem exige É educativo, mas biologia de s conhecimento Descrição: sens ores expressões faciai registram s enquanto ele tent do jogador a vencer impulsos e escapa r de uma ilha Hospital de Bellv itg Barcelona, Espanh e, a São necessários te para provar sua stes eficácia o que dizem os médicos onde é usado Fotos Eduardo Anizelli/Folhapress O videogame já foi inimigo da saúde, culpado por obesidade, sedentarismo e até por incentivar a violência. Mas alguns hospitais notaram que ele pode ajudar a recuperar desde lesões na medula até transtornos do impulso. Foi o caso de um hospital de Barcelona, na Espanha, que desenvolveu o jogo “Islands”, para tratar pessoas com comportamentos compulsivos, como vício em jogos e distúrbios alimentares. Sensores captam as reações fisiológicas do jogador e ele só prossegue se agir com autocontrole diante dos desafios propostos no jogo. No Brasil, a rede Lucy Montoro, ligada à Secretaria Estadual de Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, tem uma proposta similar, mas voltada a quem tem problemas motores. Na unidade da Vila Mariana, fisioterapeutas usam jogos como “Wii Fit” “Wii Sports” como complemento da terapia tradicional em pacientes com derrame. Os jogos, para Nintendo Wii, são vendidos para o público geral, mas os médicos notaram que as tarefas exigidas, como se equilibrar e executar posições de ioga, podem ser terapêuticas. REABILITAÇÃO EM FASES IREX as motores Indicação: problem is monitoDescrição: exige do omaqui. cr m co res e uma sala é e nt cie pa A imagem do como es çõ ua sit em projetada um jogo de vôlei bi da Unidade do Morum em SP , ro to rede Lucy Mon a Pode ser adaptado cada paciente JOGOS COMERCIAIS DANCE CENTRAL 0 Plataforma: Xbox 36 Indicação: fitness r faz Descrição: o jogado tas an qu coreografias e vê do en rd calorias está pe Estimula a prática de atividades físicas EA SPORTS A Plataformas: CTIVE 2 Play Station Nintendo Wii, 3, Xbox 360 Indicação: fi tness Descrição: co cardíaco, elá m monitor st de movimen ico e sensores to, estimula a praticar exerc íc uma academ ios como em ia É preciso cuid não abusar d ado para os exercícios, já que n ão há acomp anhamento pro fissional das na realidade virtual. Jogos para recuperar funções mentais também têm limitações. O “Brain Age”, para Nintendo DS, tem como base o livro “60 Dias para Aumentar o Poder da sua Mente”, do neurocientista japonês Ryuta Kawashima. Ele defende que exercícios diários de raciocínio e memória melhoram o desempenho cerebral. “ Na terapia tradicional, a pessoa passa bolinhas de um lado para o outro, se cansa. No game, ela executa as tarefas sem perceber THAÍS TERRANOVA terapeuta ocupacional Para Sônia Brucki, da Academia Brasileira de Neurologia, só o game não basta. “ É necessário diversificar as atividades, socializar e praticar exercícios físicos para fortalecer a atividade cognitiva.” GOLEIRO Leandro Simioni, 36, exjogador de futebol profissional em times da Alemanha e de Israel, sofreu um acidente de moto no começo de dezembro ficou sem movimentos nas pernas. Antes atacante, ele assumiu o papel de goleiro no videogame. Internado na unidade do Morumbi do Lucy Montoro, ele testou o equipamento Eye Toy na última sexta-feira. Seu objetivo era defender bolas e melhorar a mobilidade do tronco. “Nem percebi que estava na terapia, de tão concentrado nos pontos.” Reuters Indicação: fitness nça Descrição: tem bala e so que registra o pe permite exercícios ga e io aeróbicos, de força, equilíbrio Não substitui benefícios dos exercícios tradicionais ESTÍMULO “No Wii, os pacientes vêm mais interessados em participar da terapia”, diz o fisioterapeuta Pedro de Castro. Na unidade do Morumbi, a terapia ocupacional atende 2.000 pacientes por mês, muitos deles com jogos. O “Eye Toy”, do Play Station 2, é um deles. A câmera registra a imagem do jogador e a projeta no monitor. Ele mexe os braços para defender o gol ou montar um sanduíche, dependendo do jogo. “Na terapia tradicional, a pessoa passa bolinhas de um lado para o outro dez vezes, fica cansada. No videogame, ela executa as tarefas sem perceber”, diz Thaís Terranova, terapeuta ocupacional. Ela afirma, contudo, que os jogos não substituem os métodos tradicionais. Habilidades como as que exigem relaxamento dos músculos ou contato físico entre médico e paciente não são supri- WII FIT do Wii Plataforma: Ninten BRAIN AGE 1 E 2 Plataforma: Nin tendo DS Indicação: mem ória Descrição: o ob jetiv exercitar o cérebr o é o jogos de memór com ia e cálculo O auxiliar Thiago Barbosa demonstra o IRex Pode funcionar, mas não substitui atividades sociai s Fontes: ARTHUR PROTASIO, coordenador do Game Studies da FGV-Rio; SONIA BRUCKI, neurologista, CLÁUDIO GALVÃO DE CASTRO JUNIOR, oncologista; MARCOS DUARTE, professor de educação física da USP Alongamento antes de corrida não evita lesões nos músculos Mudar rotina de aquecimento é o que mais prejudica o atleta DA REUTERS d BARRIGA DE ALUGUEL Em Nova Déli, o casal espanhol Mauro (à dir.) e Juan Carlos beija gêmeas geradas por encomenda na Índia, onde a prática é mais barata que no Ocidente Uma pesquisa com 3.000 voluntários nos EUA mostra que o alongamento não protege contra lesões. Daniel Pereles, da Universidade George Washington, pediu a metade dos corredores que participaram do estudo que se alongassem por até cinco minutos antes da atividade. A outra metade correu sem se alongar. Nos dois grupos, cujos integrantes corriam ao menos 16 km por semana, a proporção de atletas que sofreu lesões foi similar: 16%. O estudo, que durou três meses, foi divulgado na semana passada em reunião da Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos. O fator de risco mais importante foram lesões crônicas ou recentes e excesso de peso. Depois disso, o maior problema foi a mudança de rotina. Quem já se alongava teve mais lesões se estava no grupo designado a não fazer alongamento, e vice-versa.