NEVA Guillermo Calderón / João Reis “Estamos no ano de 1905 e eu acho que o teatro acabou”, diz-nos uma personagem de Neva, peça que simultaneamente reconhece os limites do teatro e se esforça por superálos, expondo-os e debatendo-os em cena. Neva inscreve-nos no “domingo sangrento” de 1905, em São Petersburgo. Enquanto a guarda do Czar abre fogo sobre uma multidão de operários que marcham pacificamente em direção ao palácio imperial, duas atrizes e um ator fecham-se num teatro para ensaiar O Cerejal de Tchékhov. Uma delas é Olga Knipper, atriz do Teatro de Arte de Moscovo dirigido por Stanislavski e viúva do dramaturgo russo, recém-desaparecido. As duas outras personagens ajudam-na a recobrar o talento que julga ter perdido, recriando absurdamente a morte de Tchékhov ou discutindo técnicas de representação, ao mesmo tempo que se esforçam por recalcar o facto de os restantes atores não terem ainda chegado… Ator que protagonizou algumas das mais marcantes produções do TNSJ, João Reis elege uma peça que imbrica o mundo do teatro e o teatro do mundo para regressar à encenação, agora coadjuvado por Nuno Carinhas, que assegura a conceção de cenário e figurinos. Originaire du Chili, Guillermo Calderón est aujourd’hui considéré comme l’un des auteurs majeurs du théâtre sud-américain. Neva, sa toute première oeuvre, a reçu le prix de la meilleure pièce chilienne en 2006. L’histoire se situe à Saint- Pétersbourg en janvier 1905. La veuve d’Anton Tchékhov, Olga Knipper, comédienne, a été invitée à jouer dans La Cerisaie. Elle répète son monologue, mais seulement deux comédiens de la troupe sont venus se joindre à elle. Les autres se font attendre, car dehors, dans les rues de Saint-Pétersbourg, c’est un autre drame qui est en train de se jouer. L’armée du tsar a ouvert le feu sur des milliers de manifestants qui défilaient dans la ville. Neva est avant tout une pièce qui met les comédiens à l’honneur et qui en dit long sur l’engagement à la fois politique et théâtral, si cher à Guillermo Calderón. Dans une mise en scène réussie, João Reis dirige des acteurs portugais dont la renommée au théâtre et à la télévision n’est plus à faire. Encenação: João Reis Cenografia e figurinos: Nuno Carinhas Desenho de luz: Nuno Meira Assistência de encenação: Carlos Gomes Interpretação: Sara Barros Leitão, Cristóvão Campos, Lígia Roque Première le 25 novembre 2016 à 20h00 26 novembre, 20h00 Théâtre National du Luxembourg Coprodução: O Lince Viaja, Teatro Nacional São João