TUMULTO Vocês estão pisando as flores selvagens, comendo suas raízes A multidão grita, vocês a chamam tumulto e inferno A economia corre atrás de você com uma faca Belos ternos de grife e um mundo VilleVille Suas mulheres estão nuas e sozinhas, buscando o amor “Sonhem, sonhem um carro prateado, durmam!” Os acionistas rasgam a Declaração e coroas de diamante Os dedos sujos do homem remexem o saco plástico por pão sujo seja anárquico, compre uma geladeira “A multidão está louca, pouco ligando para o direito da maioria!” Vocês gritam Um hedonismo sem amanhã, no alto da torre fora do mundo leia o NYT, ligue o cabo, tome sol no parque consuma Cassady, desconstrua com Rimbaud essa bolsa é Kafka, sua vida é sabonete Roubaram os sonhos dos jovens e o culpado é um computador cheio de números A mamãe racista, a mamãe com mísseis a ameaça nuclear Deu passagem ao fogo do mágico mundo inútil A sopa imparcial dos selvagens inúteis Um mundo sem feridas, sem história Cérebros sem cheiro, violetas sem silêncio, sol com prefácio Os lobos planejados em laboratório e as rosas feitas de vidro Meu corpo é negro e raios Nenhuma marca de tênis vai me dizer quem sou Meu corpo é insano e o amor existe Eu sei quem são meus inimigos luzes na escuridão e tambores Nada tira minha visão Não posso esperar os dólares subirem O novo ciclo, a reforma, o Evangelho O MEC ensinar toda a nação o socialismo soviético acabar com o sistema o capitalismo soviético fazer crescer o que vende Não posso crer nessa máquina de desistir pelo espaço todo - solitários em mil prestações e trabalhadores de lanchonete miseráveisem coro fazendo a massa, e no elétrico perder-se de uma masturbação sem calendário um país inteiro é populista, uma religião inteira é fanática, Shakespeare é entretenimento Epidemia de dependência, pílulas de comercial, seja selvagem malhação sem vida, sem a guerra e a mão de ferro esmagando estudantes ilegais são os imigrantes, iletrados os manifestantes, burra comuna da primavera Acionistas donos do mundo, como comprar, em ruínas o mundo? A droga branca da melancólica era Collor me congelou mas verdes prostitutos de Roma roubam minha mente quero sexo total, com aluguel, cinema, dinheiro para ter uma namorada e, agora, contracultura é fascismo Vocês estão pisando as flores selvagens, a Sociedade Aberta dos acionistas comedores de gente À merda! À merda com o vento frio da fantasia Estou vivo e o amor existe. Afonso Junior Ferreira de Lima