METODOLOGIAS DE ESTUDO DO ESTADO HÍDRICO E SISTEMA RADICAL EM PLANTAS CULTIVADAS Leonardo Cury da Silva² As plantas utilizam a radiação solar, o CO2 atmosférico, água e nutrientes para a produção de biomassa mediante o processo da fotossíntese. Quando os estômatos das folhas estão abertos, permitindo a entrada de CO2, ocorre a emissão de água produzida na forma de vapor da planta para a atmosfera mediante o processo da transpiração. Esta perda de água é um ônus que a planta tem, porém deve ser reposta mediante a extração de água do solo pelo aparato radical. Esta quantidade de água, somada à que se perde por evaporação na superfície do solo, é conhecida por evapotranspiração do cultivo (ETc), com reposição pela chuva ou por irrigação, suprindo o consumo de água pela planta. A ETc é um fenômeno que tem como base a passagem da água do estado líquido ao gasoso, requerendo uma fonte de energia proporcionada pela radiação solar. Além da radiação, é necessário que ocorra um déficit de pressão de vapor (DPV) entre a superfície evaporante e o ar atmosférico próximo a ela. O vento tem um papel fundamental na mistura das camadas de ar com maior e menor conteúdo de água, evitando que as camadas próximas as superfícies evaporantes saturem-se, interrompendo o processo de evapotranspiração. Em cultivo protegido o vento tem um efeito reduzido sobre o consumo de água podendo chegar a uma redução de 90%, reduzindo o DPV em até 57%, quando comparado ao cultivo descoberto. A água armazenada no solo atua como um depósito a ser usado pelas plantas (água total disponível) que é a umidade considerada como a diferença entre a quantidade de água armazenada na capacidade de campo (CC conteúdo de água a uma tensão de umidade do solo de 1/3 atm) e o ponto de murcha permanente (PMP - conteúdo de água a uma tensão de umidade do solo de 15 atm). O estado hídrico das plantas cultivadas pode ser mensurado pelo conteúdo de água no solo utilizando sensores que permitem saber quanto e em que estádio fenológico o cultivo extrai água entre os níveis de umidade pré-estabelecidos. Entretanto devem-se fixar os limites de umidade tendo um superior, evitando a drenagem profunda (lixiviação), e um limite inferior, evitando o estresse hídrico, sempre baseado na curva de retenção de água do solo. O estado hídrico também pode ser mensurado por métodos diretos das perdas de água pela planta ou grupo de plantas. Os avanços tecnológicos têm permitido a utilização de sensores que monitoram continuamente o estado hídrico da planta facilitando todas as tomadas de decisão. Por fim têm-se os métodos baseados em parâmetros climáticos através de modelos tendo como base o estabelecimento das relações entre consumo de água, parâmetros climáticos e desenvolvimento das plantas. Para a caracterização do sistema radical podem ser utilizadas as metodologias de trincheira e rizotrons. Estas técnicas consistem na observação, repetida ao longo do tempo do crescimento, desenvolvimento e longevidade das raízes no solo através de vidros e tubos acrílicos instalados nos perfis de desenvolvimento radical. Esta técnica permite a determinação de vários parâmetros como o número de raízes, comprimento e diâmetro, a profundidade de enraizamento, longevidade e volume do sistema radical (cinética radical), correlacionando com a fenologia e seu grau de suberização. 1 Seminário apresentado na disciplina FIT0001 – Seminários em Fitotecnia, do PPG Fitotecnia / UFRGS, em Novembro de 2009. 2 Eng. Agrônomo, Msc, doutorando em Fitotecnia/Horticultura, bolsista CNPq, orientado pelo Professor Dr. Gilmar Arduino Bettio Marodin sob co-orientação do Pesquisador Dr. Henrique Pessoa dos Santos. E-mail: [email protected] REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRAUN, P.; SCHMID, J. 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