NOME: : FERNANDO MEIRELLES CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS LISTA – ESPECIAL UNB TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Temos que repudiar a ideia de que só com palavras se pensa, pois que pensamos também com sons e imagens, ainda que de forma subliminar, inconsciente, profunda! Temos que repudiar a ideia de que existe uma só estética, soberana, à qual estamos submetidos — tal atitude seria nossa rendição ao pensamento único, à ditadura da palavra — e que, como sabemos, é ambígua. O pensamento sensível, que produz arte e cultura, é essencial para a libertação dos oprimidos, amplia e aprofunda sua capacidade de conhecer. Só com cidadãos que, por todos os meios simbólicos (palavras) e sensíveis (som e imagem), se tornam conscientes da realidade em que vivem e das formas possíveis de transformá-la, só assim surgirá, um dia, uma real democracia. Augusto Boal. A estética do oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009, p. 16. 1. (Unb 2011) Augusto Boal, um dos expoentes do Teatro de Arena de São Paulo, atuou como diretor, dramaturgo e pesquisador, e notabilizou-se com a criação do Teatro do Oprimido, um método dinâmico que visa à democratização dos meios de produção teatrais. Considerando essas informações e o texto acima, assinale a opção correta. a) O Teatro de Arena desenvolveu-se em um momento de estabilidade política, tendo sua atuação centrada na realização de comédias leves. b) Bastante rígido, o método elaborado por Augusto Boal caracteriza-se por priorizar a execução de exercícios de preparação corporal e vocal de atores profissionais. c) Como dramaturgo, Augusto Boal ganhou notoriedade internacional com a peça Eles não usam Blacktie. d) A estética do oprimido prevê a atuação direta dos cidadãos — todos potencialmente atores (espect-atores) — no sentido de encontrarem, coletivamente, alternativas para a transformação de uma realidade opressora. 2. (Unb 2012) No início do século XX, estudiosos esforçaram-se em mostrar a continuidade, na Grécia Antiga, entre mito e filosofia, opondo-se a teses anteriores, que advogavam a descontinuidade entre ambos. A continuidade entre mito e filosofia, no entanto, não foi entendida univocamente. Alguns estudiosos, como Cornford e Jaeger, consideraram que as perguntas acerca da origem do mundo e das coisas haviam sido respondidas pelos mitos e pela filosofia nascente, dado que os primeiros filósofos haviam suprimido os aspectos antropomórficos e fantásticos dos mitos. Ainda no século XX, Vernant, mesmo aceitando certa continuidade entre mito e filosofia, criticou seus predecessores, ao rejeitar a ideia de que a filosofia apenas afirmava, de outra maneira, o mesmo que o mito. Assim, a discussão sobre a especificidade da filosofia em relação ao mito foi retomada. Considerando o breve histórico acima, concernente à relação entre o mito e a filosofia nascente, assinale a opção que expressa, de forma mais adequada, essa relação na Grécia Antiga. a) O mito é a expressão mais acabada da religiosidade arcaica, e a filosofia corresponde ao advento da razão liberada da religiosidade. FILOSOFIA / / b) O mito é uma narrativa em que a origem do mundo é apresentada imaginativamente, e a filosofia caracteriza-se como explicação racional que retoma questões presentes no mito. c) O mito fundamenta-se no rito, é infantil, pré-lógico e irracional, e a filosofia, também fundamentada no rito, corresponde ao surgimento da razão na Grécia Antiga. d) O mito descreve nascimentos sucessivos, incluída a origem do ser, e a filosofia descreve a origem do ser a partir do dilema insuperável entre caos e medida. 3. (Unb 2012) O emplasto Um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-se-me uma ideia no trapézio que eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cambalhotas. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te. Essa ideia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade. Na petição de privilégio que então redigi, chamei a atenção do governo para esse resultado, verdadeiramente cristão. Todavia, não neguei aos amigos as vantagens pecuniárias que deviam resultar da distribuição de um produto de tamanhos e tão profundos efeitos. Agora, porém, que estou cá do outro lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais, mostradores, folhetos, esquinas e, enfim, nas caixinhas do remédio, estas três palavras: Emplasto Brás Cubas. Para que negá-lo? Eu tinha a paixão do arruído, do cartaz, do foguete de lágrimas. Talvez os modestos me arguam esse defeito; fio, porém, que esse talento me hão de reconhecer os hábeis. Assim, a minha ideia trazia duas faces, como as medalhas, uma virada para o público, outra para mim. De um lado, filantropia e lucro; de outro, sede de nomeada. Digamos: — amor da glória. Um tio meu, cônego de prebenda inteira, costumava dizer que o amor da glória temporal era a perdição das almas, que só devem cobiçar a glória eterna. Ao que retorquia outro tio, oficial de um dos antigos terços de infantaria, que o amor da glória era a coisa mais verdadeiramente humana que há no homem e, consequentemente, a sua mais genuína feição. Decida o leitor entre o militar e o cônego; eu volto ao emplasto. Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Obra completa, v. I. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992, p. 514-5 (com adaptações). A frase “Decifra-me ou devoro-te” remete ao enigma da esfinge, consagrado na tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles. A formulação de um enigma envolve jogos de palavras e associações semânticas ambíguas e paradoxais, que parecem conduzir a respostas impossíveis ou absurdas. A decifração de um enigma está associada, portanto, a grande capacidade de raciocínio e de reflexão e, não menos, a domínio das palavras e da língua. Assim, quem decifra um enigma será considerado um ser superior, de saber excepcional, cujas palavras serão respeitadas e seguidas. Com relação às questões envolvidas na decifração de um enigma e ao tema a que o texto de Machado de Assis se reporta, assinale a opção correta. 1 a) A resolução, pelo narrador, da situação enigmática demandou o processo de uma ideia em evolução e, assim, a resposta, ou seja, a invenção do emplasto Brás Cubas, não encerra ambiguidade nem paradoxo, ao contrário do que ocorre com os demais enigmas. b) O poder intelectual do narrador evidencia-se em ações de relevância humanitária, o que, como enfatiza o próprio narrador, alcança reconhecimento em instâncias de representação política. c) A reação do narrador a comentários dos tios sinaliza que o embate entre tipos e âmbitos de poder é resolvido pelo saber. d) O episódio da resolução do enigma evoca um momento vitorioso de Brás Cubas no que se refere à sua capacidade de admitir sentimentos passionais por meio de argumentação racional. 4. (Unb 2012) Leia o texto a seguir. Em A Câmara Clara: Nota sobre a Fotografia, Roland Barthes investiga, como espectador e não como fotógrafo, a estrutura da fotografia como sistema, como código: a linguagem fotográfica, portanto. E aponta um paradoxo: a imagem fotográfica é uma cópia do real e uma ficção. No que se refere à “emoção” de sujeito olhado e de sujeito que olha uma foto-retrato, o autor argumenta: “diante da objetiva, faço pose; então, sou, ao mesmo tempo, aquele que eu me julgo, aquele que eu gostaria que me julgassem, aquele que o fotógrafo me julga e aquele de que ele se serve para exibir sua arte. Assim, a fotografia é o advento de mim mesmo como outro, uma dissociação astuciosa da consciência de identidade; a fotografia transforma o sujeito em objeto.” Roland Barthes. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 22-3 (com adaptações). Com base no que está proposto acerca de retrato/fotografia no trecho acima, redija um texto, na modalidade padrão da língua portuguesa, apresentando sua visão sobre a seguinte questão: um rosto na foto-retrato — realidade ou ficção? TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: No texto a seguir, de João Guimarães Rosa, a face, a imagem, está no âmbito da reflexão especular: real, virtual, simbólica. O espelho Se quer seguir-me, narro-lhe; não uma aventura, mas experiência, a que me induziram, alternadamente, séries de raciocínios e intuições. Tomou-me tempo. Surpreendo-me, porém, um tanto à parte de todos, penetrando conhecimento que os outros ainda ignoram. O senhor, por exemplo, que sabe e estuda, suponho nem tenha ideia do que seja, na verdade — um espelho? Decerto, das noções de física, com que se familiarizou, as leis da ótica. Reporto-me ao transcendente, todavia... O espelho, são muitos, captando-lhe as feições; 6todos refletem-lhe o rosto, e 5o senhor crê-se com 4aspecto próprio e praticamente inalterado, 3do qual lhe dão imagem fiel. Mas — que espelho? Há-os bons e maus, os que favorecem e os que detraem; e os que são apenas honestos, pois não. E onde situar o nível e ponto dessa honestidade ou fidedignidade? 1Como é que o senhor, eu, os restantes próximos, somos, no visível? O senhor dirá: as 7fotografias o comprovam. Respondo: que, além de prevalecerem para as 8lentes das máquinas objeções análogas, seus resultados apoiam antes que desmentem a minha tese, tanto revelam superporem-se aos dados iconográficos os índices do misterioso. Ainda que tirados de imediato, um após outro, os retratos sempre serão entre si muito diferentes. E as máscaras, moldadas nos rostos? Valem, grosso modo, para o falquejo das formas, não para o explodir da expressão, o dinamismo fisionômico. 12Não se esqueça, é de fenômenos sutis que estamos tratando. Resta-lhe argumento: qualquer pessoa pode, a um tempo, ver o rosto de outra e sua reflexão no espelho. O experimento, por sinal ainda não realizado com rigor, careceria de valor científico, em vista das irredutíveis deformações, de ordem psicológica. Além de que a simultaneidade torna-se impossível, no fluir de valores instantâneos. Ah, o tempo é o mágico de todas as traições... E os próprios 9olhos, de cada um de nós, padecem viciação de origem, defeitos com que cresceram e a que se afizeram, mais e mais. Os 10olhos, por enquanto, são a porta do engano; duvide deles, dos seus, não de mim. Ah, meu amigo, a espécie humana peleja para impor ao latejante mundo um pouco de rotina e lógica, mas algo ou alguém de tudo faz brecha para rir-se da gente... Vejo que começa a descontar um pouco de sua inicial desconfiança quanto ao meu são juízo. Fiquemos, porém, no terra a terra. Rimonos, nas barracas de diversões, daqueles caricatos espelhos, que nos reduzem a mostrengos, esticados ou globosos. Mas, se só usamos os planos, deve-se a que primeiro a humanidade mirou-se 2nas 11superfícies de água quieta, lagoas, fontes, delas aprendendo a fazer tais utensílios de metal ou cristal. Tirésias, contudo, já havia predito ao belo Narciso que ele viveria apenas enquanto a si mesmo não se visse... Sim, são para se ter medo, os espelhos... João Guimarães Rosa. O espelho. In: Primeiras estórias. Ficção completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, v. 2, p. 437-55 (com adaptações). 5. (Unb 2012) Com referência ao texto O espelho, e a questões por ele suscitadas, julgue os itens a seguir. a) Em relação ao questionamento “Como é que o senhor, eu, os restantes próximos, somos, no visível?” (ref. 1), a argumentação levada a efeito pelo narrador acerca da imagem especular aproxima visão idealizante e crença, evocadas, no texto, a partir do aparato experimental da ciência. b) Há, no trecho selecionado do conto de Guimarães Rosa, reflexão sobre o próprio gesto de representação literária, uma vez que a literatura produz um conhecimento do mundo que, muitas vezes, convulsiona a imagem da realidade refletida “nas superfícies de água quieta” (ref. 2). c) A aproximação entre o discurso filosófico e o literário, proposta pelo narrador ao seu interlocutor, produz como efeito estético a composição de fechamento do texto em si mesmo, o que impede o leitor de mirar-se no espelho da narrativa. d) O filósofo Paul Ricoeur considera ser possível desdobrar os níveis de significação literal de um texto, instaurando múltiplos sentidos. Assim, o objeto que é referido no título do conto de Guimarães Rosa pode ser analisado filosoficamente como experiência do outro e de si mesmo e estudado à luz do conceito de polissemia da imagem e da máxima délfica “conhece-te a ti mesmo”. e) Segundo a mitologia, Narciso era um belo jovem encantado por uma imagem. Ele julgava que a imagem refletida fosse a de outro ser humano e só percebeu que estava enamorado de seu próprio reflexo nas águas pouco antes de morrer. Um tema filosófico pode ser desenvolvido a partir desse mito: a descoberta do indivíduo que toma consciência de si, em si e por si. 6. (Unb 2011) Para deixar todas essas coisas um pouco na sombra e poder dizer o que delas julgava, sem ser obrigado a seguir nem refutar as opiniões acatadas entre os estudiosos, resolvi deixar todo este mundo aqui para suas discussões e falar somente do que aconteceria em um novo, se Deus criasse, agora, em algum lugar, nos espaços imaginários, matéria suficiente para compô-lo e agitasse, diversamente e sem ordem, as várias partes dessa matéria, a fim de compor, com elas, um caos tão confuso quanto o imaginado pelos poetas e, depois, se limitasse a prestar seu 2 concurso natural à natureza e a deixá-la agir segundo suas leis, que ele estabelecera. A maior parte da matéria desse caos deveria, em decorrência dessas leis, dispor-se e arranjar-se de um certo modo que a tornasse semelhante aos nossos céus, devendo algumas partes compor uma Terra, outras, planetas e cometas, e algumas outras, um Sol e estrelas fixas. René Descartes. Discurso do método. São Paulo: Martins Fontes, p. 76-77 (com adaptações). Considerando o texto acima, extraído da obra Discurso do Método, de René Descartes, julgue os itens subsequentes. a) Diferentemente da concepção cartesiana do divino, na concepção grega, os deuses manifestavam sentimentos humanos, como paixão, raiva, ciúme e egoísmo, conforme evidenciado nas obras teatrais da Grécia Clássica. b) Considere as seguintes informações. Segundo o filósofo escocês David Hume, as leis que são encontradas na natureza, tais como as da elasticidade e da gravidade, são princípios gerais e “podemos considerarmo-nos suficientemente exitosos se conseguirmos reconduzir os fenômenos particulares a esses princípios, ou, ao menos, aproximá-los tanto quanto possível”. Com base nessas informações e no texto apresentado e considerando, ainda, que o homem conhece a natureza a partir de inferências ou aproximações entre fatos naturais e princípios gerais, é correto afirmar que Hume defende uma concepção de leis da natureza diversa da proposta por Descartes no texto, segundo a qual as leis da natureza são da ordem do necessário e, portanto, continuariam aplicáveis mesmo se outra natureza fosse criada. c) Considere que uma propriedade importante de um sistema caótico seja sua estrita dependência às condições iniciais, de tal modo que, a despeito de esse sistema estar submetido às mesmas leis naturais, a sequência de estados que ele pode apresentar não se repete, a menos que as condições iniciais sejam exatamente as mesmas, em uma ordem infinita de precisão. Nessa perspectiva, servem de exemplo a crise econômica de 1929 e a de 2009, as quais, embora mantenham semelhanças, não surgiram das mesmas condições iniciais e não produziram as mesmas consequências. A partir dessas informações, é correto afirmar que, segundo a concepção expressa por Descartes, no texto, o mundo é um sistema caótico. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Temos que repudiar a ideia de que só com palavras se pensa, pois que pensamos também com sons e imagens, ainda que de forma subliminar, inconsciente, profunda! Temos que repudiar a ideia de que existe uma só estética, soberana, à qual estamos submetidos — tal atitude seria nossa rendição ao pensamento único, à ditadura da palavra — e que, como sabemos, é ambígua. O pensamento sensível, que produz arte e cultura, é essencial para a libertação dos oprimidos, amplia e aprofunda sua capacidade de conhecer. Só com cidadãos que, por todos os meios simbólicos (palavras) e sensíveis (som e imagem), se tornam conscientes da realidade em que vivem e das formas possíveis de transformá-la, só assim surgirá, um dia, uma real democracia. Augusto Boal. A estética do oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009, p. 16. 7. (Unb 2011) Platão avalia o valor das produções da escultura e da pintura em função do conceito de um conhecimento verdadeiro, isto é, de uma conformidade com a ideia e acaba, necessariamente, delimitando, de maneira bastante restrita, o círculo das produções artísticas que ele podia, de seu ponto de vista, aprovar. Relacionando essa interpretação de Platão ao que propõe Augusto Boal no texto precedente, é correto afirmar que a) Boal segue Platão, pois as artes são ligadas ao conceito de ideia, e ambos os autores valorizam a pintura e a escultura produzidas por várias culturas e classes. b) Boal restringe o conceito de estética na tentativa de evitar que tudo seja considerado arte e cultura. c) a partir da perspectiva de que não existe uma só estética, Boal propõe que se pense em um círculo bastante abrangente de formas culturais e artísticas. d) Boal expande seu conceito de estética ao formulá-lo com base em amplas discussões de temas relacionados à pintura e à escultura. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A figura acima mostra um recurso usado para conter um processo natural agravado pelas ações antrópicas, no qual 1a combinação da ação mecânica do ar, da temperatura e da água, juntamente com as ondas e as correntes marinhas, 2envolvidas no transporte de sedimentos, atinge a praia do Icaraí, no Ceará. Como o problema apresentado envolve os moradores do local, a articulação de ações relativas à política governamental com o conhecimento técnico não pode estar desvinculada da participação da comunidade, engajada em sanar o problema. Um tipo de engajamento político é o que ocorre por meio da cultura, em particular, por meio da arte. Diversos diretores teatrais já abordaram o tema dos efeitos das ações humanas sobre a natureza. Antunes Filho, renomado diretor teatral brasileiro, na montagem da peça Medeia, de 2001, apresenta a personagem Medeia como símbolo de Gaia (a Terra), que se revolta contra sua própria criação, devido aos abusos cometidos contra ela. Nessa peça, o cenário compunha-se dos quatro elementos considerados constitutivos da natureza na Antiguidade Grega. 8. (Unb 2011) Considerando a figura e o texto, julgue os itens a seguir. a) No mundo ocidental, por influência de Aristóteles, a técnica não é considerada algo positivo, visto que sua primazia, na relação com o espaço geográfico, contribui para o aumento da ação antrópica destrutiva da natureza, como o aludido na figura. b) Uma das características do teatro contemporâneo, como indica o exemplo da peça referida no texto, é a busca pela pureza de estilo, que implica a manutenção de textos em sua forma e seu conteúdo integrais, o que é coerente com o caráter universal das peças teatrais contemporâneas. 3 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Atualmente, o perdão laico pressupõe uma transformação moral tanto do agressor quanto de quem foi agredido. Para haver perdão, é preciso, de um lado, arrependimento sincero e, do outro, disposição para apagar os ressentimentos. A ideia de que perdoar exige um processo de mão dupla é empregada com naturalidade nas mais diversas instâncias da vida contemporânea — entre marido e mulher, entre colegas de trabalho, entre nações, entre empresas e consumidores. De fato, o moderno conceito ocidental de perdão, com o reconhecimento de culpa, arrependimento e disposição do ofendido para absolver o ofensor, se teria materializado nas reflexões éticas do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), que transferiu do plano divino para o humano a virtude do perdão. O diagrama abaixo mostra as variações da relação perdão e culpa em diversos culturas. tartaruga, a Emydoidea blandingii e a Chrysemys picta (ambas da América do Norte). Esse segundo grupo tem o que a ciência chama de envelhecimento desprezível. Suas células ficam sempre jovens, por motivo que a ciência ainda quer descobrir. A imortalidade existe na natureza. Não tem nada de utopia. 3Pena que nós não desfrutemos dessa vantagem. Ao longo do tempo, nosso corpo se deteriora. Perdemos os melanócitos que dão cor aos cabelos, o colágeno da pele, a cartilagem dos ossos — ficamos frisados, enrugados, com dores nas juntas. Velhos. Em uma sucessão de baixas, células e órgãos vão deixando de cumprir funções cruciais para o corpo. Até que tudo isso culmina em uma pane geral. E nós morremos. João Vito Cinquepalmi. Você pode ser imortal. In: SuperInteressante, fev./2010 (com adaptações). 10. (Unb 2010) Tendo como referência o texto acima e os múltiplos aspectos que ele suscita, julgue o item a seguir. Considere as seguintes ideias do filósofo Schopenhauer: a existência de qualquer ser humano oscila entre momentos de dor, quando há necessidade ou desejo não satisfeito, e tédio, quando necessidade ou desejo previamente existente é satisfeito. A vontade de viver é uma vontade cósmica, impressa na natureza e independente de vontades individuais, estando presente em todos os objetos do universo, animados ou não. Com fundamento nas ideias desse filósofo, seria correto afirmar que a vida “sem prazo de validade” (ref. 1) seria insuportável para o ser humano. 9. (Unb 2011) A partir das informações do texto, julgue os itens a seguir. a) O texto associa a ideia de perdão da sociedade ocidental atual a uma filosofia de base europeia, o iluminismo, retratada no texto como o ápice das conquistas ocidentais de natureza ética. b) O conceito ocidental moderno de perdão envolve três requisitos, em um processo bilateral: o reconhecimento da culpa pelo agressor, o subsequente arrependimento pelo mal cometido e a disposição do agredido de eliminar o ressentimento causado pela agressão. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Você pode ser imortal 2Morte morrida é coisa que a Turritopsis dohrnii não conhece. A vida dessa espécie de água-viva só acaba se ela for ferida gravemente. Do contrário, a T. dohrnii vai vivendo, 1sem prazo de validade. Suas células mantêm-se em um ciclo de renovação indefinidamente, como se voltassem à infância. Podem aprender qualquer função de que o corpo precise. É uma verdadeira (e útil) mágica evolutiva, parecida com a do Seabates aleutianus, um peixe do Pacífico conhecido como rockfish, e com a de duas espécies de TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: A minha ideia é que podemos dizer, racional e argumentativamente, que a estrutura da vida humana, em seu ser mesmo, tem um valor sensível negativo. Acredito que a totalidade dos seres humanos, 1quando confrontada autenticamente com a sua condição e sem contrabandos religiosos, admite que a situação estrutural da vida humana não é boa. Essa ideia decorre de a vida ter uma estrutura estável, consistente, pelo menos nos seguintes quatro elementos: um nascimento mortal, que carrega em si seu próprio fim; um desenvolvimento que envolve degeneração constante, como envelhecimento; 2o estar sujeito a inúmeros sofrimentos e doenças; um espaço intramundano no qual se está plenamente consciente dos elementos anteriores. Julio Cabrera. Sentido da vida e valor da vida: uma diferença crucial. In: Philosophos revista de filosofia, vol. 9, nº 1/2004, p. 16-8 (com adaptações). O autor desse texto defende a ideia de que a vida tem, em seu ser mesmo, um valor profundamente negativo. As ideias expostas acima têm consequências importantes na maneira pela qual se pode enxergar a vida e contrastam fortemente com a maneira como a vida, tradicionalmente, vem sendo percebida ao longo dos tempos. 11. (Unb 2010) a) Do texto acima depreende-se que o autor defende a ideia de que as crenças, em particular as religiosas, atuam apenas no plano intramundano da vida, sem influenciarem a percepção do valor negativo da vida em geral. b) Considere a afirmativa do filósofo Nietzsche de que existe, em todas as coisas, uma Vontade de Potência, pela qual tudo no universo, animado ou não, se não freado por ações não autênticas, ou seja, por ações que não seguem uma tendência originária, procura expandir-se ao máximo, realizando tudo aquilo que for possível realizar. Com base nessas considerações, é correto inferir que a perspectiva de Nietzsche é compatível com as ideias de Cabrera. 4 12. (Unb 2010) As pessoas amam, trabalham, creem, estudam e, como se costuma dizer, vão vivendo suas vidas, com maior ou menor grau de felicidade. Com base nas ideias apresentadas no texto, esses comportamentos de amar, trabalhar, crer, estudar podem ser entendidos como a) ações pelas quais as pessoas procuram dar à vida um sentido intramundano, o que lhes possibilita eliminar o sem sentido estrutural da vida em geral. b) ações pelas quais as pessoas procuram dar à vida um sentido intramundano, dada a incapacidade de eliminarem o sem sentido intramundano da vida particular. c) ações pelas quais as pessoas procuram dar à vida um valor intramundano, o que não afeta o caráter estruturalmente miserável da vida em geral. d) ações que dão à vida um sentido estrutural, mesmo que não seja afetado o sem sentido intramundano das vidas particulares. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Entramos no quarto. Encurvada em semicírculo sobre o leito, outra criatura que não a minha avó, uma espécie de animal que se tivesse disfarçado com os seus cabelos e deitado sob os seus lençóis, arquejava, gemia, sacudia as cobertas com as suas convulsões. As pálpebras estavam fechadas, 1e era porque fechavam mal, antes que porque se abrissem, que deixavam ver um canto da pupila, velado, remeloso, refletindo a obscuridade de uma visão orgânica e de um sofrimento interno. Quando meus lábios a tocaram, as mãos de minha avó agitaram-se, ela foi percorrida inteira por um longo frêmito, ou reflexo, ou porque certas afeições possuam a sua hiperestesia, que 2reconhece, através do véu da inconsciência, aquilo que elas quase não têm necessidade dos sentidos para querer. Súbito, minha avó ergueu-se a meio, fez um esforço violento, como alguém que defende a própria vida. Françoise não pôde resistir, ao vê-lo, e rompeu em soluços. Lembrando-me do que o médico havia dito, quis fazê-la sair do quarto. Nesse momento, minha avó abriu os olhos. Precipitei-me sobre Françoise para lhe ocultar o pranto, enquanto meus pais falassem à enferma. O ruído do oxigênio calara-se, o médico afastou-se do leito. Minha avó estava morta. A vida, retirando-se, acabava de carregar as desilusões da vida. Um sorriso parecia pousado nos lábios de minha avó. Sobre aquele leito fúnebre, a morte, como o escultor da Idade Média, tinhaa deitado sob a aparência de menina e moça. Marcel Proust. Em busca do tempo perdido: o caminho de Guermantes. vol. 3, 3ª ed. rev. Trad. Mario Quintana. São Paulo: Globo, 2006, p. 376-7 (com adaptações). 13. (Unb 2010) Para Sartre, os seres dividem-se em seres-em-si e seres-parasi. Os seres-em-si não possuem, segundo esse filósofo, consciência, ao passo que os seres-para-si são dotados de uma consciência que lhes possibilita constituírem-se sempre como projeto, pelo qual dirigem seu presente a partir de sua liberdade. Com base na divisão sartreana entre seres-em-si e seres-para-si e suas relações com a temporalidade, a vida e a morte, verifica-se, na passagem do texto de Proust apresentada, que a) a personagem acamada, a despeito de ser, quando ainda viva, biologicamente um ser humano, não é mais um ser-para-si na situação narrada. b) a transição do ser-para-si ao ser-em-si só ocorre, efetivamente, com a morte biológica da personagem acamada, uma vez que a temporalidade do ser-em-si é a de um eterno presente. c) a noção de vida e a de morte que perpassam a descrição do estado da personagem acamada ocupam, respectivamente, os lugares semânticos de ser-para-si e ser-em-si. d) a proposição de Sartre de que “o ser humano não pode não ser livre” estabelece uma relação de subordinação entre sua concepção do que é um ser humano e a concepção biológica desse conceito. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A sala estava ladrilhada, polida, desinfetada, perfeitamente vedada. Mais do que uma cela, tratava-se de um laboratório. Um homem, jovem, estava sentado, preso em uma cadeira. Uma grande abertura envidraçada permitia ver tudo. Ao meio-dia e doze, pequenas bolas de cianeto de potássio (KCN) caíram em um recipiente sob o assento, onde havia uma mistura de ácido sulfúrico e água. Imediatamente, o gás envenenado (HCN) começou a espalhar-se pelo ambiente. O homem começou a tossir, a sufocar. Em poucos minutos, sua cabeça pendeu. Tossiu, novamente, mais forte, ergueu a cabeça pela última vez e desabou. Ao meio-dia e trinta, os médicos que supervisionavam os instrumentos de controle declararam que o condenado Walter LaGrands estava clinicamente morto. Ele tinha trinta e sete anos. Nascera em Augsbourg, na Alemanha, como seu irmão Karl. A mãe deles casara-se com um soldado americano, destacado para servir na Alemanha, e depois partiu para os EUA com seus dois filhos. Em 1982, em uma tentativa de roubo a mão armada a um banco no Arizona, os irmãos LaGrands mataram um funcionário e feriram outro. Eles tinham, à época, vinte e dezoito anos. Ambos foram condenados à pena capital. Passaram dezesseis anos no corredor da morte. Depois de ter o último recurso negado, Karl solicitou ser executado com uma injeção letal. Walter recusou. Era sua última cartada: já que a justiça americana decidira que ele deveria morrer, que ela, então, matasse esse cidadão alemão na câmara de gás. Talvez Walter pensasse que a governadora do Arizona, Jane Hall, ante a dimensão simbólica desse ato, pudesse recuar. Enganou-se. No dia 3 de março, Walter foi levado à câmara de gás. Robert Badinter. Contre la peine de mort. Écrits 1970-2006. Paris: Fayard, 2006, p. 249-50 (tradução com adaptações). 14. (Unb 2010) A partir do texto e considerando os diferentes aspectos que ele suscita, julgue o item a seguir. Os países que adotam a pena de morte como solução para o problema da violência se baseiam não em uma ética de princípios que considere a vida humana como valor supremo, mas, sim, em uma ética de cunho utilitarista, fundamentada na noção de maior bem comum possível. Na perspectiva utilitarista, mas não, na da ética de princípios, a solução adotada por tais países está sujeita a críticas quanto à sua efetividade. Gabarito comentado - Lista Especial UNB: Resposta da questão 1: [D] Somente a [D] é correta. Em consonância com a proposta artística de Boal, a estética do oprimido amplia a noção de democratização da produção teatral, constituindo-se em uma forma de atuação política, estimulando os participantes a expandirem sua capacidade de compreensão e de atuação política no mundo. Resposta da questão 2: [B] A alternativa [B] é a mais correta. O mito pode ser caracterizado pela sua narrativa fantástica e que serve de modelo explicativo sobre a origem das coisas e do porquê delas serem como são. A filosofia, em contrapartida, ainda que faça indagações similares a essas, rejeita as explicações fantásticas, considerando a razão como critério de veracidade de suas análises e explicações. Resposta da questão 3: [C] Caso devamos fazer uma correlação entre Brás Cubas e Édipo, então precisamos considerar que a esfinge é o Emplasto. Segundo a narração de Machado de Assis é da ideia do medicamento que surge a seguinte 5 perplexidade moral: realizo a feitura deste remédio porque desejo o meu nome no rótulo ou porque desejo salvar a todos de sua melancólica humanidade? Qual a resposta para este enigma? O conhecimento do cônego diz que a glória precisa ser eterna e não se deveria buscar a fama do nome, já o conhecimento do militar afirma o contrário. Diferentemente daquele enigma grego, este enigma brasileiro não parece possuir resposta. Apesar de o próprio Brás Cubas dar a pista de que ele tendia para o lado do tio oficial de infantaria, ao final a questão é, simplesmente, reposta. Resposta da questão 4: A questão propõe ao aluno uma reflexão apurada a respeito da realidade da fotografia. Podendo assumir duas posições, o aluno pode argumentar que sim, que é real um rosto na foto-retrato (afinal, há instrumentos objetivos e científicos que produzem essa imagem); ou que não, que o rosto ali presente é uma ficção, uma imagem resultante de uma objetivação sempre parcial e incompleta de um sujeito que não existe na fotografia, mas somente além dela. Resposta da questão 5: a) Incorreto. A formulação dessa alternativa é um pouco confusa. Independentemente, o que se pode dizer é que a ciência é evocada nesse texto para sustentar a ideia de que conhecer as propriedades ópticas de um espelho em nada serve para dizer o que se é na realidade. b) Correto. A Literatura não tem como função criar uma imagem fidedigna do real, mas criar e muitas vezes convulsionar a imagem que se tem de realidade. c) Incorreto. O interlocutor pode mirar-se no espelho dessa narrativa, que põe em questão a pretensa fidedignidade de sua imagem. d) Correto. A experiência proposta pelo espelho está relacionada com essa relação de alteridade que serve como forma de conhecer-se a si mesmo. O conceito de polissemia da imagem é bastante profícuo para essa reflexão. e) Correto. A relação entre Narciso enamorado de seu reflexo e o indivíduo que toma consciência de si é procedente. Resposta da questão 6: a) Correta. O Deus evocado por Descartes é um Deus de matriz cristã, sendo, por isso, um deus criador, onisciente, onipotente e onipresente. A mitologia grega, em contrapartida, é politeísta e seus deuses apresentam de fato características humanas, tais como a raiva e a inveja. b) Incorreta. Ambos os filósofos possuem a mesma concepção acerca das leis na natureza, como sendo princípios gerais e universalmente necessários. c) Incorreta. Descartes argumenta de forma inversa. Ainda que exista um sistema originado de uma situação caótica diferente do nosso, devido às suas leis gerais e necessárias, ele se constituirá necessariamente como o nosso. Vale ressaltar que isso em nada diz respeito às crises econômicas de 1929 e de 2009. Resposta da questão 7: [C] O enunciado deixa entrever que a noção estética de Boal é mais abrangente que a de Platão. Boal pensa a cultura como uma forma criativa, a partir das experiências sensoriais, materiais e plurais dos homens. Platão, em contrapartida, concebia a estética em função da verdade do mundo das ideias, sendo estas imutáveis e eternas e, consequentemente, mais delimitadas. Resposta da questão 8: a) Incorreto. No mundo ocidental, a técnica é muito valorizada. O Ocidente herda do positivismo e do cientificismo o entusiasmo pela técnica, que passa a funcionar de maneira ambígua na sociedade contemporânea. Ainda que tenha sido o avanço da técnica a possibilitar esse cenário de degradação ambiental, espera-se que essa mesma técnica possa trazer as soluções para os males gerados ou agravados pela ação antrópica. b) Incorreto. O teatro contemporâneo, da forma como é apresentado no texto, visa ao engajamento político e não à pureza estética. Resposta da questão 9: a) Incorreto. Ao relacionar o perdão com a ética kantiana, o texto não faz uma exaltação das “conquistas ocidentais de natureza ética”. Pelo contrário, ele insere essa visão em um contexto de pluralidade cultural a respeito do perdão, sem valorar qual seria a melhor ou o pior concepção cultural. b) Correto. Essa afirmação está de acordo com as duas primeiras frases do texto do enunciado. Resposta da questão 10: A filosofia de Schopenhauer se caracteriza por uma visão pessimista do homem e da vida. Para ele, o ser humano é essencialmente vontade, o que levaria a desejar sempre mais, produzindo uma insatisfação constante. Essa vontade, que se expressa nas ações humanas, seria parte de uma vontade que anima todas as coisas da natureza. E, se a essência do homem e do mundo é essa vontade insaciável, o filósofo identifica aí a origem das lutas entre os homens, da dor e do sofrimento. Schopenhauer crê que apenas a arte e a ascese – vontade cósmica - , ou seja, o abandono de si, pode fazer com o homem se liberte da dor. Resposta da questão 11: a) Incorreto: é o elemento religioso, denominado pelo autor, como “contrabando” que sabota o ser humano no sentido de o fazer esquecer os elementos profundamente trágicos que cercam sua vida. b) Incorreto: para Nietzsche, a conduta humana, orientada pelo ideal ascético, torna-se marcada pelo ressentimento e pela má consciência. O homem ressentido, ao contrário do homem nobre, não sabe “digerir” suas experiências, portanto, não esquecendo-as não se mantém saudável. Este ideal de Cabrera é, para o filósofo, a negação da alegria de viver, por isso, a dimensão da vontade de potência é fundamental. Resposta da questão 12: [C] O pessimismo de Cabrera não deve ser entendido como uma doença psíquica que pode desencadear depressão ou baixa-estima por considerar que os seres humanos sensíveis se dão conta de que não é nada agradável a situação de viver, ao contrário, ser pessimista é poder fazer tudo o que fazemos (amar, trabalhar, crer e estudar) com um sentido, com um verdadeiro motivo particular que nos leve a compreender porque fazemos o que fazemos. Resposta da questão 13: [A] A diferença entre o homem e as coisas é a liberdade. Somente o ser humano é livre. O homem, para Sartre, nada mais é do que seu projeto, ora, o homem existe, porque o existir do homem é um “para-si”, ou seja, sendo consciente, o homem é um “ser-para-si”, pois a consciência é autorreflexiva, pensa sobre si mesma, é capaz de pôr-se para “fora” de si. Assim, a consciência do homem distingue das coisas e dos animais que são “em-si”, ou seja, como não são capazes de se colocar “do lado de fora” para autoexaminarem. Agora, o que ocorre ao homem quando se percebe “para-si”, aberto à possibilidade de construir ele próprio sua própria existência? Ele descobre que seu futuro se encontra disponível e aberto, estando, portanto, irremediavelmente, segundo Sartre, “condenado a ser livre”. Resposta da questão 14: Correto. Na Filosofia, o utilitarismo é uma doutrina ética que prescreve a ação ou inação de forma a otimizar o bem-estar do conjunto de seres conscientes, ou seja, é uma forma de consequencialismo, em que ele avalia uma ação ou uma regra em detrimento de suas consequências. No caso da pena de morte, executar um condenado, seja por qual crime for, é insistir no fato de que devemos considerar o bem-estar de uma maioria – no caso os que podem a execução (família do que foi assassinado e o Estado) – e não de uma única pessoa – o sujeito condenado. A melhor maneira de entender isso é com a frase: “Agir sempre de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar”. 6