LISTA_ESPECIAL_UNB

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NOME:
:
FERNANDO MEIRELLES
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
LISTA – ESPECIAL UNB
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Temos que repudiar a ideia de que só com palavras se pensa, pois
que pensamos também com sons e imagens, ainda que de forma
subliminar, inconsciente, profunda! Temos que repudiar a ideia de
que existe uma só estética, soberana, à qual estamos submetidos —
tal atitude seria nossa rendição ao pensamento único, à ditadura da
palavra — e que, como sabemos, é ambígua. O pensamento
sensível, que produz arte e cultura, é essencial para a libertação dos
oprimidos, amplia e aprofunda sua capacidade de conhecer. Só com
cidadãos que, por todos os meios simbólicos (palavras) e sensíveis
(som e imagem), se tornam conscientes da realidade em que vivem
e das formas possíveis de transformá-la, só assim surgirá, um dia,
uma real democracia.
Augusto Boal. A estética do oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009, p. 16.
1. (Unb 2011) Augusto Boal, um dos expoentes do Teatro de Arena
de São Paulo, atuou como diretor, dramaturgo e pesquisador, e
notabilizou-se com a criação do Teatro do Oprimido, um método
dinâmico que visa à democratização dos meios de produção teatrais.
Considerando essas informações e o texto acima, assinale a opção
correta.
a) O Teatro de Arena desenvolveu-se em um momento de
estabilidade política, tendo sua atuação centrada na realização
de comédias leves.
b) Bastante rígido, o método elaborado por Augusto Boal
caracteriza-se por priorizar a execução de exercícios de
preparação corporal e vocal de atores profissionais.
c) Como dramaturgo, Augusto Boal ganhou notoriedade
internacional com a peça Eles não usam Blacktie.
d) A estética do oprimido prevê a atuação direta dos cidadãos —
todos potencialmente atores (espect-atores) — no sentido de
encontrarem, coletivamente, alternativas para a transformação de
uma realidade opressora.
2. (Unb 2012) No início do século XX, estudiosos esforçaram-se em
mostrar a continuidade, na Grécia Antiga, entre mito e filosofia,
opondo-se a teses anteriores, que advogavam a descontinuidade
entre ambos.
A continuidade entre mito e filosofia, no entanto, não foi entendida
univocamente. Alguns estudiosos, como Cornford e Jaeger,
consideraram que as perguntas acerca da origem do mundo e das
coisas haviam sido respondidas pelos mitos e pela filosofia
nascente, dado que os primeiros filósofos haviam suprimido os
aspectos antropomórficos e fantásticos dos mitos.
Ainda no século XX, Vernant, mesmo aceitando certa continuidade
entre mito e filosofia, criticou seus predecessores, ao rejeitar a ideia
de que a filosofia apenas afirmava, de outra maneira, o mesmo que
o mito. Assim, a discussão sobre a especificidade da filosofia em
relação ao mito foi retomada.
Considerando o breve histórico acima, concernente à relação entre o
mito e a filosofia nascente, assinale a opção que expressa, de forma
mais adequada, essa relação na Grécia Antiga.
a) O mito é a expressão mais acabada da religiosidade arcaica, e a
filosofia corresponde ao advento da razão liberada da
religiosidade.
FILOSOFIA
/
/
b) O mito é uma narrativa em que a origem do mundo é apresentada
imaginativamente, e a filosofia caracteriza-se como explicação
racional que retoma questões presentes no mito.
c) O mito fundamenta-se no rito, é infantil, pré-lógico e irracional, e a
filosofia, também fundamentada no rito, corresponde ao
surgimento da razão na Grécia Antiga.
d) O mito descreve nascimentos sucessivos, incluída a origem do
ser, e a filosofia descreve a origem do ser a partir do dilema
insuperável entre caos e medida.
3. (Unb 2012) O emplasto
Um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-se-me
uma ideia no trapézio que eu tinha no cérebro.
Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais
arrojadas cambalhotas. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito,
deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a
forma de um X: decifra-me ou devoro-te.
Essa ideia era nada menos que a invenção de um medicamento
sublime, um emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa
melancólica humanidade.
Na petição de privilégio que então redigi, chamei a atenção do
governo para esse resultado, verdadeiramente cristão. Todavia, não
neguei aos amigos as vantagens pecuniárias que deviam resultar da
distribuição de um produto de tamanhos e tão profundos efeitos.
Agora, porém, que estou cá do outro lado da vida, posso confessar
tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas
nos jornais, mostradores, folhetos, esquinas e, enfim, nas caixinhas
do remédio, estas três palavras: Emplasto Brás Cubas. Para que
negá-lo? Eu tinha a paixão do arruído, do cartaz, do foguete de
lágrimas. Talvez os modestos me arguam esse defeito; fio, porém,
que esse talento me hão de reconhecer os hábeis. Assim, a minha
ideia trazia duas faces, como as medalhas, uma virada para o
público, outra para mim. De um lado, filantropia e lucro; de outro,
sede de nomeada. Digamos: — amor da glória.
Um tio meu, cônego de prebenda inteira, costumava dizer que o
amor da glória temporal era a perdição das almas, que só devem
cobiçar a glória eterna. Ao que retorquia outro tio, oficial de um dos
antigos terços de infantaria, que o amor da glória era a coisa mais
verdadeiramente humana que há no homem e, consequentemente,
a sua mais genuína feição.
Decida o leitor entre o militar e o cônego; eu volto ao emplasto.
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Obra completa, v. I. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1992, p. 514-5 (com adaptações).
A frase “Decifra-me ou devoro-te” remete ao enigma da esfinge,
consagrado na tragédia grega Édipo Rei, de Sófocles. A formulação
de um enigma envolve jogos de palavras e associações semânticas
ambíguas e paradoxais, que parecem conduzir a respostas
impossíveis ou absurdas. A decifração de um enigma está
associada, portanto, a grande capacidade de raciocínio e de reflexão
e, não menos, a domínio das palavras e da língua. Assim, quem
decifra um enigma será considerado um ser superior, de saber
excepcional, cujas palavras serão respeitadas e seguidas. Com
relação às questões envolvidas na decifração de um enigma e ao
tema a que o texto de Machado de Assis se reporta, assinale a
opção correta.
1
a) A resolução, pelo narrador, da situação enigmática demandou o
processo de uma ideia em evolução e, assim, a resposta, ou seja,
a invenção do emplasto Brás Cubas, não encerra ambiguidade
nem paradoxo, ao contrário do que ocorre com os demais
enigmas.
b) O poder intelectual do narrador evidencia-se em ações de
relevância humanitária, o que, como enfatiza o próprio narrador,
alcança reconhecimento em instâncias de representação política.
c) A reação do narrador a comentários dos tios sinaliza que o
embate entre tipos e âmbitos de poder é resolvido pelo saber.
d) O episódio da resolução do enigma evoca um momento vitorioso
de Brás Cubas no que se refere à sua capacidade de admitir
sentimentos passionais por meio de argumentação racional.
4. (Unb 2012) Leia o texto a seguir.
Em A Câmara Clara: Nota sobre a Fotografia, Roland Barthes
investiga, como espectador e não como fotógrafo, a estrutura da
fotografia como sistema, como código: a linguagem fotográfica,
portanto. E aponta um paradoxo: a imagem fotográfica é uma cópia
do real e uma ficção. No que se refere à “emoção” de sujeito olhado
e de sujeito que olha uma foto-retrato, o autor argumenta: “diante da
objetiva, faço pose; então, sou, ao mesmo tempo, aquele que eu me
julgo, aquele que eu gostaria que me julgassem, aquele que o
fotógrafo me julga e aquele de que ele se serve para exibir sua arte.
Assim, a fotografia é o advento de mim mesmo como outro, uma
dissociação astuciosa da consciência de identidade; a fotografia
transforma o sujeito em objeto.”
Roland Barthes. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, p. 22-3 (com adaptações).
Com base no que está proposto acerca de retrato/fotografia no
trecho acima, redija um texto, na modalidade padrão da língua
portuguesa, apresentando sua visão sobre a seguinte questão: um
rosto na foto-retrato — realidade ou ficção?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
No texto a seguir, de João Guimarães Rosa, a face, a imagem, está
no âmbito da reflexão especular: real, virtual, simbólica.
O espelho
Se quer seguir-me, narro-lhe; não uma aventura, mas experiência, a
que me induziram, alternadamente, séries de raciocínios e intuições.
Tomou-me tempo. Surpreendo-me, porém, um tanto à parte de
todos, penetrando conhecimento que os outros ainda ignoram. O
senhor, por exemplo, que sabe e estuda, suponho nem tenha ideia
do que seja, na verdade — um espelho? Decerto, das noções de
física, com que se familiarizou, as leis da ótica. Reporto-me ao
transcendente, todavia...
O espelho, são muitos, captando-lhe as feições; 6todos refletem-lhe
o rosto, e 5o senhor crê-se com 4aspecto próprio e praticamente
inalterado, 3do qual lhe dão imagem fiel. Mas — que espelho? Há-os
bons e maus, os que favorecem e os que detraem; e os que são
apenas honestos, pois não. E onde situar o nível e ponto dessa
honestidade ou fidedignidade?
1Como é que o senhor, eu, os restantes próximos, somos, no
visível? O senhor dirá: as 7fotografias o comprovam. Respondo: que,
além de prevalecerem para as 8lentes das máquinas objeções
análogas, seus resultados apoiam antes que desmentem a minha
tese, tanto revelam superporem-se aos dados iconográficos os
índices do misterioso. Ainda que tirados de imediato, um após outro,
os retratos sempre serão entre si muito diferentes. E as máscaras,
moldadas nos rostos? Valem, grosso modo, para o falquejo das
formas, não para o explodir da expressão, o dinamismo fisionômico.
12Não se esqueça, é de fenômenos sutis que estamos tratando.
Resta-lhe argumento: qualquer pessoa pode, a um tempo, ver o
rosto de outra e sua reflexão no espelho. O experimento, por sinal
ainda não realizado com rigor, careceria de valor científico, em vista
das irredutíveis deformações, de ordem psicológica. Além de que a
simultaneidade torna-se impossível, no fluir de valores instantâneos.
Ah, o tempo é o mágico de todas as traições... E os próprios 9olhos,
de cada um de nós, padecem viciação de origem, defeitos com que
cresceram e a que se afizeram, mais e mais. Os 10olhos, por
enquanto, são a porta do engano; duvide deles, dos seus, não de
mim. Ah, meu amigo, a espécie humana peleja para impor ao
latejante mundo um pouco de rotina e lógica, mas algo ou alguém de
tudo faz brecha para rir-se da gente...
Vejo que começa a descontar um pouco de sua inicial desconfiança
quanto ao meu são juízo. Fiquemos, porém, no terra a terra. Rimonos, nas barracas de diversões, daqueles caricatos espelhos, que
nos reduzem a mostrengos, esticados ou globosos. Mas, se só
usamos os planos, deve-se a que primeiro a humanidade mirou-se
2nas 11superfícies de água quieta, lagoas, fontes, delas aprendendo
a fazer tais utensílios de metal ou cristal. Tirésias, contudo, já havia
predito ao belo Narciso que ele viveria apenas enquanto a si mesmo
não se visse...
Sim, são para se ter medo, os espelhos...
João Guimarães Rosa. O espelho. In: Primeiras estórias. Ficção completa. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1994, v. 2, p. 437-55 (com adaptações).
5. (Unb 2012) Com referência ao texto O espelho, e a questões por
ele suscitadas, julgue os itens a seguir.
a) Em relação ao questionamento “Como é que o senhor, eu, os
restantes próximos, somos, no visível?” (ref. 1), a argumentação
levada a efeito pelo narrador acerca da imagem especular
aproxima visão idealizante e crença, evocadas, no texto, a partir
do aparato experimental da ciência.
b) Há, no trecho selecionado do conto de Guimarães Rosa, reflexão
sobre o próprio gesto de representação literária, uma vez que a
literatura produz um conhecimento do mundo que, muitas vezes,
convulsiona a imagem da realidade refletida “nas superfícies de
água quieta” (ref. 2).
c) A aproximação entre o discurso filosófico e o literário, proposta
pelo narrador ao seu interlocutor, produz como efeito estético a
composição de fechamento do texto em si mesmo, o que impede
o leitor de mirar-se no espelho da narrativa.
d) O filósofo Paul Ricoeur considera ser possível desdobrar os níveis
de significação literal de um texto, instaurando múltiplos sentidos.
Assim, o objeto que é referido no título do conto de Guimarães
Rosa pode ser analisado filosoficamente como experiência do
outro e de si mesmo e estudado à luz do conceito de polissemia
da imagem e da máxima délfica “conhece-te a ti mesmo”.
e) Segundo a mitologia, Narciso era um belo jovem encantado por
uma imagem. Ele julgava que a imagem refletida fosse a de outro
ser humano e só percebeu que estava enamorado de seu próprio
reflexo nas águas pouco antes de morrer. Um tema filosófico
pode ser desenvolvido a partir desse mito: a descoberta do
indivíduo que toma consciência de si, em si e por si.
6. (Unb 2011) Para deixar todas essas coisas um pouco na sombra
e poder dizer o que delas julgava, sem ser obrigado a seguir nem
refutar as opiniões acatadas entre os estudiosos, resolvi deixar todo
este mundo aqui para suas discussões e falar somente do que
aconteceria em um novo, se Deus criasse, agora, em algum lugar,
nos espaços imaginários, matéria suficiente para compô-lo e
agitasse, diversamente e sem ordem, as várias partes dessa
matéria, a fim de compor, com elas, um caos tão confuso quanto o
imaginado pelos poetas e, depois, se limitasse a prestar seu
2
concurso natural à natureza e a deixá-la agir segundo suas leis, que
ele estabelecera. A maior parte da matéria desse caos deveria, em
decorrência dessas leis, dispor-se e arranjar-se de um certo modo
que a tornasse semelhante aos nossos céus, devendo algumas
partes compor uma Terra, outras, planetas e cometas, e algumas
outras, um Sol e estrelas fixas.
René Descartes. Discurso do método. São Paulo: Martins Fontes, p. 76-77 (com
adaptações).
Considerando o texto acima, extraído da obra Discurso do Método,
de René Descartes, julgue os itens subsequentes.
a) Diferentemente da concepção cartesiana do divino, na concepção
grega, os deuses manifestavam sentimentos humanos, como
paixão, raiva, ciúme e egoísmo, conforme evidenciado nas obras
teatrais da Grécia Clássica.
b) Considere as seguintes informações.
Segundo o filósofo escocês David Hume, as leis que são
encontradas na natureza, tais como as da elasticidade e da
gravidade, são princípios gerais e “podemos considerarmo-nos
suficientemente exitosos se conseguirmos reconduzir os
fenômenos particulares a esses princípios, ou, ao menos,
aproximá-los tanto quanto possível”.
Com base nessas informações e no texto apresentado e
considerando, ainda, que o homem conhece a natureza a partir
de inferências ou aproximações entre fatos naturais e princípios
gerais, é correto afirmar que Hume defende uma concepção de
leis da natureza diversa da proposta por Descartes no texto,
segundo a qual as leis da natureza são da ordem do necessário
e, portanto, continuariam aplicáveis mesmo se outra natureza
fosse criada.
c) Considere que uma propriedade importante de um sistema caótico
seja sua estrita dependência às condições iniciais, de tal modo
que, a despeito de esse sistema estar submetido às mesmas leis
naturais, a sequência de estados que ele pode apresentar não se
repete, a menos que as condições iniciais sejam exatamente as
mesmas, em uma ordem infinita de precisão. Nessa perspectiva,
servem de exemplo a crise econômica de 1929 e a de 2009, as
quais, embora mantenham semelhanças, não surgiram das
mesmas condições iniciais e não produziram as mesmas
consequências. A partir dessas informações, é correto afirmar
que, segundo a concepção expressa por Descartes, no texto, o
mundo é um sistema caótico.
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Temos que repudiar a ideia de que só com palavras se pensa, pois
que pensamos também com sons e imagens, ainda que de forma
subliminar, inconsciente, profunda! Temos que repudiar a ideia de
que existe uma só estética, soberana, à qual estamos submetidos —
tal atitude seria nossa rendição ao pensamento único, à ditadura da
palavra — e que, como sabemos, é ambígua. O pensamento
sensível, que produz arte e cultura, é essencial para a libertação dos
oprimidos, amplia e aprofunda sua capacidade de conhecer. Só com
cidadãos que, por todos os meios simbólicos (palavras) e sensíveis
(som e imagem), se tornam conscientes da realidade em que vivem
e das formas possíveis de transformá-la, só assim surgirá, um dia,
uma real democracia.
Augusto Boal. A estética do oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009, p. 16.
7. (Unb 2011) Platão avalia o valor das produções da escultura e da
pintura em função do conceito de um conhecimento verdadeiro, isto
é, de uma conformidade com a ideia e acaba, necessariamente,
delimitando, de maneira bastante restrita, o círculo das produções
artísticas que ele podia, de seu ponto de vista, aprovar.
Relacionando essa interpretação de Platão ao que propõe Augusto
Boal no texto precedente, é correto afirmar que
a) Boal segue Platão, pois as artes são ligadas ao conceito de ideia,
e ambos os autores valorizam a pintura e a escultura produzidas
por várias culturas e classes.
b) Boal restringe o conceito de estética na tentativa de evitar que
tudo seja considerado arte e cultura.
c) a partir da perspectiva de que não existe uma só estética, Boal
propõe que se pense em um círculo bastante abrangente de
formas culturais e artísticas.
d) Boal expande seu conceito de estética ao formulá-lo com base em
amplas discussões de temas relacionados à pintura e à escultura.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A figura acima mostra um recurso usado para conter um processo
natural agravado pelas ações antrópicas, no qual 1a combinação da
ação mecânica do ar, da temperatura e da água, juntamente com as
ondas e as correntes marinhas, 2envolvidas no transporte de
sedimentos, atinge a praia do Icaraí, no Ceará. Como o problema
apresentado envolve os moradores do local, a articulação de ações
relativas à política governamental com o conhecimento técnico não
pode estar desvinculada da participação da comunidade, engajada
em sanar o problema. Um tipo de engajamento político é o que
ocorre por meio da cultura, em particular, por meio da arte. Diversos
diretores teatrais já abordaram o tema dos efeitos das ações
humanas sobre a natureza. Antunes Filho, renomado diretor teatral
brasileiro, na montagem da peça Medeia, de 2001, apresenta a
personagem Medeia como símbolo de Gaia (a Terra), que se revolta
contra sua própria criação, devido aos abusos cometidos contra ela.
Nessa peça, o cenário compunha-se dos quatro elementos
considerados constitutivos da natureza na Antiguidade Grega.
8. (Unb 2011) Considerando a figura e o texto, julgue os itens a
seguir.
a) No mundo ocidental, por influência de Aristóteles, a técnica não é
considerada algo positivo, visto que sua primazia, na relação com
o espaço geográfico, contribui para o aumento da ação antrópica
destrutiva da natureza, como o aludido na figura.
b) Uma das características do teatro contemporâneo, como indica o
exemplo da peça referida no texto, é a busca pela pureza de
estilo, que implica a manutenção de textos em sua forma e seu
conteúdo integrais, o que é coerente com o caráter universal das
peças teatrais contemporâneas.
3
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Atualmente, o perdão laico pressupõe uma transformação moral
tanto do agressor quanto de quem foi agredido. Para haver perdão,
é preciso, de um lado, arrependimento sincero e, do outro,
disposição para apagar os ressentimentos. A ideia de que perdoar
exige um processo de mão dupla é empregada com naturalidade
nas mais diversas instâncias da vida contemporânea — entre marido
e mulher, entre colegas de trabalho, entre nações, entre empresas e
consumidores. De fato, o moderno conceito ocidental de perdão,
com o reconhecimento de culpa, arrependimento e disposição do
ofendido para absolver o ofensor, se teria materializado nas
reflexões éticas do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), que
transferiu do plano divino para o humano a virtude do perdão. O
diagrama abaixo mostra as variações da relação perdão e culpa em
diversos culturas.
tartaruga, a Emydoidea blandingii e a Chrysemys picta (ambas da
América do Norte). Esse segundo grupo tem o que a ciência chama
de envelhecimento desprezível. Suas células ficam sempre jovens,
por motivo que a ciência ainda quer descobrir.
A imortalidade existe na natureza. Não tem nada de utopia.
3Pena que nós não desfrutemos dessa vantagem. Ao longo do
tempo, nosso corpo se deteriora. Perdemos os melanócitos que dão
cor aos cabelos, o colágeno da pele, a cartilagem dos ossos —
ficamos frisados, enrugados, com dores nas juntas. Velhos. Em uma
sucessão de baixas, células e órgãos vão deixando de cumprir
funções cruciais para o corpo. Até que tudo isso culmina em uma
pane geral. E nós morremos.
João Vito Cinquepalmi. Você pode ser imortal. In: SuperInteressante, fev./2010 (com
adaptações).
10. (Unb 2010) Tendo como referência o texto acima e os múltiplos
aspectos que ele suscita, julgue o item a seguir.
Considere as seguintes ideias do filósofo Schopenhauer: a
existência de qualquer ser humano oscila entre momentos de dor,
quando há necessidade ou desejo não satisfeito, e tédio, quando
necessidade ou desejo previamente existente é satisfeito. A vontade
de viver é uma vontade cósmica, impressa na natureza e
independente de vontades individuais, estando presente em todos
os objetos do universo, animados ou não.
Com fundamento nas ideias desse filósofo, seria correto afirmar que
a vida “sem prazo de validade” (ref. 1) seria insuportável para o ser
humano.
9. (Unb 2011) A partir das informações do texto, julgue os itens a
seguir.
a) O texto associa a ideia de perdão da sociedade ocidental atual a
uma filosofia de base europeia, o iluminismo, retratada no texto
como o ápice das conquistas ocidentais de natureza ética.
b) O conceito ocidental moderno de perdão envolve três requisitos,
em um processo bilateral: o reconhecimento da culpa pelo
agressor, o subsequente arrependimento pelo mal cometido e a
disposição do agredido de eliminar o ressentimento causado pela
agressão.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Você pode ser imortal
2Morte
morrida é coisa que a Turritopsis dohrnii não
conhece. A vida dessa espécie de água-viva só acaba se ela for
ferida gravemente. Do contrário, a T. dohrnii vai vivendo, 1sem prazo
de validade. Suas células mantêm-se em um ciclo de renovação
indefinidamente, como se voltassem à infância. Podem aprender
qualquer função de que o corpo precise. É uma verdadeira (e útil)
mágica evolutiva, parecida com a do Seabates aleutianus, um peixe
do Pacífico conhecido como rockfish, e com a de duas espécies de
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
A minha ideia é que podemos dizer, racional e
argumentativamente, que a estrutura da vida humana, em seu ser
mesmo, tem um valor sensível negativo. Acredito que a totalidade
dos seres humanos, 1quando confrontada autenticamente com a sua
condição e sem contrabandos religiosos, admite que a situação
estrutural da vida humana não é boa.
Essa ideia decorre de a vida ter uma estrutura estável,
consistente, pelo menos nos seguintes quatro elementos: um
nascimento mortal, que carrega em si seu próprio fim; um
desenvolvimento que envolve degeneração constante, como
envelhecimento; 2o estar sujeito a inúmeros sofrimentos e doenças;
um espaço intramundano no qual se está plenamente consciente
dos elementos anteriores.
Julio Cabrera. Sentido da vida e valor da vida: uma diferença crucial. In: Philosophos
revista de filosofia, vol. 9, nº 1/2004, p. 16-8 (com adaptações).
O autor desse texto defende a ideia de que a vida tem, em seu ser
mesmo, um valor profundamente negativo. As ideias expostas acima
têm consequências importantes na maneira pela qual se pode
enxergar a vida e contrastam fortemente com a maneira como a
vida, tradicionalmente, vem sendo percebida ao longo dos tempos.
11. (Unb 2010) a) Do texto acima depreende-se que o autor
defende a ideia de que as crenças, em particular as religiosas,
atuam apenas no plano intramundano da vida, sem influenciarem
a percepção do valor negativo da vida em geral.
b) Considere a afirmativa do filósofo Nietzsche de que existe, em
todas as coisas, uma Vontade de Potência, pela qual tudo no
universo, animado ou não, se não freado por ações não
autênticas, ou seja, por ações que não seguem uma tendência
originária, procura expandir-se ao máximo, realizando tudo aquilo
que for possível realizar. Com base nessas considerações, é
correto inferir que a perspectiva de Nietzsche é compatível com
as ideias de Cabrera.
4
12. (Unb 2010) As pessoas amam, trabalham, creem, estudam e,
como se costuma dizer, vão vivendo suas vidas, com maior ou
menor grau de felicidade. Com base nas ideias apresentadas no
texto, esses comportamentos de amar, trabalhar, crer, estudar
podem ser entendidos como
a) ações pelas quais as pessoas procuram dar à vida um sentido
intramundano, o que lhes possibilita eliminar o sem sentido
estrutural da vida em geral.
b) ações pelas quais as pessoas procuram dar à vida um sentido
intramundano, dada a incapacidade de eliminarem o sem sentido
intramundano da vida particular.
c) ações pelas quais as pessoas procuram dar à vida um valor
intramundano, o que não afeta o caráter estruturalmente
miserável da vida em geral.
d) ações que dão à vida um sentido estrutural, mesmo que não seja
afetado o sem sentido intramundano das vidas particulares.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Entramos no quarto. Encurvada em semicírculo sobre o
leito, outra criatura que não a minha avó, uma espécie de animal que
se tivesse disfarçado com os seus cabelos e deitado sob os seus
lençóis, arquejava, gemia, sacudia as cobertas com as suas
convulsões. As pálpebras estavam fechadas, 1e era porque
fechavam mal, antes que porque se abrissem, que deixavam ver um
canto da pupila, velado, remeloso, refletindo a obscuridade de uma
visão orgânica e de um sofrimento interno.
Quando meus lábios a tocaram, as mãos de minha avó
agitaram-se, ela foi percorrida inteira por um longo frêmito, ou
reflexo, ou porque certas afeições possuam a sua hiperestesia, que
2reconhece, através do véu da inconsciência, aquilo que elas quase
não têm necessidade dos sentidos para querer. Súbito, minha avó
ergueu-se a meio, fez um esforço violento, como alguém que
defende a própria vida. Françoise não pôde resistir, ao vê-lo, e
rompeu em soluços. Lembrando-me do que o médico havia dito, quis
fazê-la sair do quarto. Nesse momento, minha avó abriu os olhos.
Precipitei-me sobre Françoise para lhe ocultar o pranto, enquanto
meus pais falassem à enferma. O ruído do oxigênio calara-se, o
médico afastou-se do leito. Minha avó estava morta.
A vida, retirando-se, acabava de carregar as desilusões da
vida. Um sorriso parecia pousado nos lábios de minha avó. Sobre
aquele leito fúnebre, a morte, como o escultor da Idade Média, tinhaa deitado sob a aparência de menina e moça.
Marcel Proust. Em busca do tempo perdido: o caminho de Guermantes. vol. 3, 3ª ed.
rev. Trad. Mario Quintana. São Paulo: Globo, 2006, p. 376-7 (com adaptações).
13. (Unb 2010) Para Sartre, os seres dividem-se em seres-em-si e
seres-parasi. Os seres-em-si não possuem, segundo esse filósofo,
consciência, ao passo que os seres-para-si são dotados de uma
consciência que lhes possibilita constituírem-se sempre como
projeto, pelo qual dirigem seu presente a partir de sua liberdade.
Com base na divisão sartreana entre seres-em-si e seres-para-si e
suas relações com a temporalidade, a vida e a morte, verifica-se, na
passagem do texto de Proust apresentada, que
a) a personagem acamada, a despeito de ser, quando ainda viva,
biologicamente um ser humano, não é mais um ser-para-si na
situação narrada.
b) a transição do ser-para-si ao ser-em-si só ocorre, efetivamente,
com a morte biológica da personagem acamada, uma vez que a
temporalidade do ser-em-si é a de um eterno presente.
c) a noção de vida e a de morte que perpassam a descrição do
estado da personagem acamada ocupam, respectivamente, os
lugares semânticos de ser-para-si e ser-em-si.
d) a proposição de Sartre de que “o ser humano não pode não ser
livre” estabelece uma relação de subordinação entre sua
concepção do que é um ser humano e a concepção biológica
desse conceito.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A sala estava ladrilhada, polida, desinfetada, perfeitamente
vedada. Mais do que uma cela, tratava-se de um laboratório. Um
homem, jovem, estava sentado, preso em uma cadeira. Uma grande
abertura envidraçada permitia ver tudo. Ao meio-dia e doze,
pequenas bolas de cianeto de potássio (KCN) caíram em um
recipiente sob o assento, onde havia uma mistura de ácido sulfúrico
e água. Imediatamente, o gás envenenado (HCN) começou a
espalhar-se pelo ambiente. O homem começou a tossir, a sufocar.
Em poucos minutos, sua cabeça pendeu.
Tossiu, novamente, mais forte, ergueu a cabeça pela
última vez e desabou. Ao meio-dia e trinta, os médicos que
supervisionavam os instrumentos de controle declararam que o
condenado Walter LaGrands estava clinicamente morto. Ele tinha
trinta e sete anos.
Nascera em Augsbourg, na Alemanha, como seu irmão
Karl. A mãe deles casara-se com um soldado americano, destacado
para servir na Alemanha, e depois partiu para os EUA com seus dois
filhos. Em 1982, em uma tentativa de roubo a mão armada a um
banco no Arizona, os irmãos LaGrands mataram um funcionário e
feriram outro. Eles tinham, à época, vinte e dezoito anos.
Ambos foram condenados à pena capital. Passaram
dezesseis anos no corredor da morte. Depois de ter o último recurso
negado, Karl solicitou ser executado com uma injeção letal.
Walter recusou. Era sua última cartada: já que a justiça
americana decidira que ele deveria morrer, que ela, então, matasse
esse cidadão alemão na câmara de gás. Talvez Walter pensasse
que a governadora do Arizona, Jane Hall, ante a dimensão simbólica
desse ato, pudesse recuar. Enganou-se. No dia 3 de março, Walter
foi levado à câmara de gás.
Robert Badinter. Contre la peine de mort. Écrits 1970-2006. Paris: Fayard, 2006, p.
249-50 (tradução com adaptações).
14. (Unb 2010) A partir do texto e considerando os diferentes
aspectos que ele suscita, julgue o item a seguir.
Os países que adotam a pena de morte como solução para o
problema da violência se baseiam não em uma ética de princípios
que considere a vida humana como valor supremo, mas, sim, em
uma ética de cunho utilitarista, fundamentada na noção de maior
bem comum possível. Na perspectiva utilitarista, mas não, na da
ética de princípios, a solução adotada por tais países está sujeita a
críticas quanto à sua efetividade.
Gabarito comentado - Lista Especial UNB:
Resposta da questão 1: [D]
Somente a [D] é correta. Em consonância com a proposta artística de
Boal, a estética do oprimido amplia a noção de democratização da
produção teatral, constituindo-se em uma forma de atuação política,
estimulando os participantes a expandirem sua capacidade de
compreensão e de atuação política no mundo.
Resposta da questão 2: [B]
A alternativa [B] é a mais correta. O mito pode ser caracterizado pela
sua narrativa fantástica e que serve de modelo explicativo sobre a
origem das coisas e do porquê delas serem como são. A filosofia, em
contrapartida, ainda que faça indagações similares a essas, rejeita as
explicações fantásticas, considerando a razão como critério de
veracidade de suas análises e explicações.
Resposta da questão 3: [C]
Caso devamos fazer uma correlação entre Brás Cubas e Édipo, então
precisamos considerar que a esfinge é o Emplasto. Segundo a narração
de Machado de Assis é da ideia do medicamento que surge a seguinte
5
perplexidade moral: realizo a feitura deste remédio porque desejo o meu
nome no rótulo ou porque desejo salvar a todos de sua melancólica
humanidade? Qual a resposta para este enigma? O conhecimento do
cônego diz que a glória precisa ser eterna e não se deveria buscar a
fama do nome, já o conhecimento do militar afirma o contrário.
Diferentemente daquele enigma grego, este enigma brasileiro não
parece possuir resposta. Apesar de o próprio Brás Cubas dar a pista de
que ele tendia para o lado do tio oficial de infantaria, ao final a questão
é, simplesmente, reposta.
Resposta da questão 4:
A questão propõe ao aluno uma reflexão apurada a respeito da
realidade da fotografia. Podendo assumir duas posições, o aluno pode
argumentar que sim, que é real um rosto na foto-retrato (afinal, há
instrumentos objetivos e científicos que produzem essa imagem); ou
que não, que o rosto ali presente é uma ficção, uma imagem resultante
de uma objetivação sempre parcial e incompleta de um sujeito que não
existe na fotografia, mas somente além dela.
Resposta da questão 5:
a) Incorreto. A formulação dessa alternativa é um pouco confusa.
Independentemente, o que se pode dizer é que a ciência é evocada
nesse texto para sustentar a ideia de que conhecer as propriedades
ópticas de um espelho em nada serve para dizer o que se é na
realidade.
b) Correto. A Literatura não tem como função criar uma imagem
fidedigna do real, mas criar e muitas vezes convulsionar a imagem que
se tem de realidade.
c) Incorreto. O interlocutor pode mirar-se no espelho dessa narrativa,
que põe em questão a pretensa fidedignidade de sua imagem.
d) Correto. A experiência proposta pelo espelho está relacionada com
essa relação de alteridade que serve como forma de conhecer-se a si
mesmo. O conceito de polissemia da imagem é bastante profícuo para
essa reflexão.
e) Correto. A relação entre Narciso enamorado de seu reflexo e o
indivíduo que toma consciência de si é procedente.
Resposta da questão 6:
a) Correta. O Deus evocado por Descartes é um Deus de matriz cristã,
sendo, por isso, um deus criador, onisciente, onipotente e onipresente.
A mitologia grega, em contrapartida, é politeísta e seus deuses
apresentam de fato características humanas, tais como a raiva e a
inveja.
b) Incorreta. Ambos os filósofos possuem a mesma concepção acerca
das leis na natureza, como sendo princípios gerais e universalmente
necessários.
c) Incorreta. Descartes argumenta de forma inversa. Ainda que exista
um sistema originado de uma situação caótica diferente do nosso,
devido às suas leis gerais e necessárias, ele se constituirá
necessariamente como o nosso. Vale ressaltar que isso em nada diz
respeito às crises econômicas de 1929 e de 2009.
Resposta da questão 7: [C]
O enunciado deixa entrever que a noção estética de Boal é mais
abrangente que a de Platão. Boal pensa a cultura como uma forma
criativa, a partir das experiências sensoriais, materiais e plurais dos
homens. Platão, em contrapartida, concebia a estética em função da
verdade do mundo das ideias, sendo estas imutáveis e eternas e,
consequentemente, mais delimitadas.
Resposta da questão 8:
a) Incorreto. No mundo ocidental, a técnica é muito valorizada. O
Ocidente herda do positivismo e do cientificismo o entusiasmo pela
técnica, que passa a funcionar de maneira ambígua na sociedade
contemporânea. Ainda que tenha sido o avanço da técnica a possibilitar
esse cenário de degradação ambiental, espera-se que essa mesma
técnica possa trazer as soluções para os males gerados ou agravados
pela ação antrópica.
b) Incorreto. O teatro contemporâneo, da forma como é apresentado no
texto, visa ao engajamento político e não à pureza estética.
Resposta da questão 9:
a) Incorreto. Ao relacionar o perdão com a ética kantiana, o texto não
faz uma exaltação das “conquistas ocidentais de natureza ética”. Pelo
contrário, ele insere essa visão em um contexto de pluralidade cultural a
respeito do perdão, sem valorar qual seria a melhor ou o pior concepção
cultural.
b) Correto. Essa afirmação está de acordo com as duas primeiras frases
do texto do enunciado.
Resposta da questão 10:
A filosofia de Schopenhauer se caracteriza por uma visão pessimista do
homem e da vida. Para ele, o ser humano é essencialmente vontade, o
que levaria a desejar sempre mais, produzindo uma insatisfação
constante. Essa vontade, que se expressa nas ações humanas, seria
parte de uma vontade que anima todas as coisas da natureza. E, se a
essência do homem e do mundo é essa vontade insaciável, o filósofo
identifica aí a origem das lutas entre os homens, da dor e do sofrimento.
Schopenhauer crê que apenas a arte e a ascese – vontade cósmica - ,
ou seja, o abandono de si, pode fazer com o homem se liberte da dor.
Resposta da questão 11:
a) Incorreto: é o elemento religioso, denominado pelo autor, como
“contrabando” que sabota o ser humano no sentido de o fazer esquecer
os elementos profundamente trágicos que cercam sua vida.
b) Incorreto: para Nietzsche, a conduta humana, orientada pelo ideal
ascético, torna-se marcada pelo ressentimento e pela má consciência. O
homem ressentido, ao contrário do homem nobre, não sabe “digerir”
suas experiências, portanto, não esquecendo-as não se mantém
saudável. Este ideal de Cabrera é, para o filósofo, a negação da alegria
de viver, por isso, a dimensão da vontade de potência é fundamental.
Resposta da questão 12: [C]
O pessimismo de Cabrera não deve ser entendido como uma doença
psíquica que pode desencadear depressão ou baixa-estima por
considerar que os seres humanos sensíveis se dão conta de que não é
nada agradável a situação de viver, ao contrário, ser pessimista é poder
fazer tudo o que fazemos (amar, trabalhar, crer e estudar) com um
sentido, com um verdadeiro motivo particular que nos leve a
compreender porque fazemos o que fazemos.
Resposta da questão 13: [A]
A diferença entre o homem e as coisas é a liberdade. Somente o ser
humano é livre. O homem, para Sartre, nada mais é do que seu projeto,
ora, o homem existe, porque o existir do homem é um “para-si”, ou seja,
sendo consciente, o homem é um “ser-para-si”, pois a consciência é
autorreflexiva, pensa sobre si mesma, é capaz de pôr-se para “fora” de
si. Assim, a consciência do homem distingue das coisas e dos animais
que são “em-si”, ou seja, como não são capazes de se colocar “do lado
de fora” para autoexaminarem. Agora, o que ocorre ao homem quando
se percebe “para-si”, aberto à possibilidade de construir ele próprio sua
própria existência? Ele descobre que seu futuro se encontra disponível e
aberto, estando, portanto, irremediavelmente, segundo Sartre,
“condenado a ser livre”.
Resposta da questão 14:
Correto. Na Filosofia, o utilitarismo é uma doutrina ética que prescreve a
ação ou inação de forma a otimizar o bem-estar do conjunto de seres
conscientes, ou seja, é uma forma de consequencialismo, em que ele
avalia uma ação ou uma regra em detrimento de suas consequências.
No caso da pena de morte, executar um condenado, seja por qual crime
for, é insistir no fato de que devemos considerar o bem-estar de uma
maioria – no caso os que podem a execução (família do que foi
assassinado e o Estado) – e não de uma única pessoa – o sujeito
condenado. A melhor maneira de entender isso é com a frase: “Agir
sempre de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar”.
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