ANEXO I Metodologia Vigente para o Cálculo das Perdas na Distribuição O procedimento de cálculo é baseado no diagrama unifilar simplificado, e realiza um procedimento de cálculo de perdas top down por nível de tensão, iniciando-se pelo sistema de alta tensão. À exceção das redes do sistema de distribuição de alta tensão, o cálculo das perdas é inicialmente realizado para as perdas de potência, obtendo-se as perdas de energia por um parâmetro denominado “fator de perdas”, conforme equação a seguir. ΔE = ΔPMAX × Fpe × ΔT . (1) Onde ΔE são as perdas de energia para o intervalo de tempo ΔT; ΔPMAX é a perda de potência para a demanda máxima e Fpe é o fator de perdas. O fator de perdas estabelece a relação entre a perda média de potência e a perda de potência para a condição de carga máxima. Ele é calculado da seguinte forma: Fpe = ΔP . ΔP (2) Onde Δ P é a perda média de potência, obtida pela divisão das perdas de energia pelo intervalo de tempo correspondente. A metodologia de cálculo das perdas vigente avalia de forma segmentada o sistema de distribuição em redes, transformadores, ramais de ligação e medidores. Desta forma, existem procedimentos de cálculo e modelos diferentes para cada um desses segmentos. A figura a seguir ilustra essa segmentação Figura 1: Representação dos modelos de cálculo das perdas nos segmentos. AI.1 Perdas nas redes do SDAT As perdas nas redes do SDAT são informadas pelas distribuidoras, e devem ser apuradas preferencialmente por medição. Quando a medição não está disponível, as perdas devem ser apuradas por fluxo de carga. Esses dados são encaminhados para a ANEEL para verificação, juntamente com os diagramas do sistema da distribuidora. AI.2 Perdas nas redes do SDMT As perdas nas redes do SDMT são calculadas pelo “modelo arborescente”. Esse modelo pressupõe que as redes se desenvolvem de forma arborescente, formando um setor circular a partir da subestação. A partir desta premissa, a formulação do cálculo das perdas neste segmento, foi obtida simulando diversas tipologia de rede para a obtenção dos parâmetros do modelo, representado pela equação a seguir. ∆ . . . . (3) Sendo ∆ as perdas de potência da rede do SDMT, em kW; a potência máxima da rede, em MW; o comprimento total da rede, em km; o momento de perdas da rede MT, em . / ; a tensão de referência ou de base, adotada como 13,8 kV; v a tensão de operação da rede, em kV; cosΦb o ângulo de referência ou de base, correspondendo ao fator de potência 0,92, em graus; e cosΦ o ângulo do fator de potência da rede MT. A lei geral do momento de perdas é definida como: . . (4) . Sendo nd obtido por 360/θ, onde θ é o ângulo do setor circular da rede, em graus; np é o número de transformadores conectados à rede MT; α = a · (rt + rr)b; β = c + (d · ln(rt/rr)); γ = e; rt e rr são, respectivamente, a resistência do condutor tronco e do condutor ramal da rede MT, em ohm/km. Os coeficientes a, b, c, d e e são definidos de acordo com as resistências dos condutores tronco e ramal, além do parâmetro σ, que é obtido através da distância de carga equivalente (lb). lb representa a densidade de carga da rede MT, calculada de acordo com a seguinte equação: ∑ ∑ . (4) . De posse da distância da carga equivalente do alimentador, o valor do coeficiente de densidade de carga do alimentador σ pode ser obtido de acordo com a Tabela I desta Seção, onde R é o raio de atuação do alimentador. Tabela I: Avaliação do expoente σ em função de lb/R. Intervalo de lb/R Expoente σ 0,00≤ lb/R <0,55 -1,0 0,55≤ lb/R < 0,67 -0,5 0,67≤ lb/R <0,80 0,0 0,80≤ lb/R < 0,87 2,0 0,87≤ lb/R ≤1,00 4,0 De posse do coeficiente de densidade de carga do alimentador, σ, os coeficientes a, b, c, d e e são obtidos através das Tabelas II, III e IV: Tabela II – Condição dada por rt ≤ 0,6910 [Ω] e rr ≤ 0,6910 [Ω]. Lei Geral Expoente da função de distribuição de densidades Coeficiente -1,0 -0,5 0,0 2,0 4,0 A 1.9727 1.5650 1.4323 1.1255 0.9811 B -0.9031 -0.8611 -0.7889 -0.7692 -0.8362 C -0.5377 -0.5255 -0.5127 -0.4877 -0.4626 D -0.1464 -0.1425 -0.1362 -0.1231 -0.0993 E 0.4877 0.4815 0.4687 0.4457 0.4315 Tabela III – Condição dada por rt ≥ 0,6910[Ω] e rr > 0,6910 [Ω] Lei Geral Expoente da função de distribuição de densidades Coeficiente -1,0 -0,5 0,0 2,0 4,0 a 1.7445 1.4565 1.1739 0.8673 0.8512 b -0.9310 -0.9796 -0.9020 -0.8297 -0.9085 c -0.5278 -0.5208 -0.5108 -0.4751 -0.4688 d -0.1366 -0.1351 -0.1348 -0.1061 -0.1011 e 0.4873 0.4768 0.4723 0.4481 0.4281 Tabela IV – Condição dada por rt < 0,6910 [Ω] e rr > 0,6910 [Ω]. Lei Geral Expoente da função de distribuição de densidades Coeficiente -1,0 -0,5 0,0 2,0 4,0 a 2.0766 1.6995 1.5101 1.2353 1.1345 b -0.8332 -0.7886 -0.7597 -0.7490 -0.6975 c -0.5896 -0.5661 -0.5613 -0.5342 -0.5118 d -0.1961 -0.1786 -0.1735 -0.1558 -0.1412 e 0.4890 0.4787 0.4711 0.4468 0.4286 As constantes apresentadas nas tabelas anteriores foram definidas de acordo com o seguinte procedimento: • • • • • • inicialmente foram gerados alimentadores arborescentes tomando como base um determinado conjunto de variáveis de entrada, a saber: rr, rt, σ, np, θ e R, conforme definidos anteriormente; são sorteados pontos de carga, considerando a densidade de carga σ, dentro de um setor circular definido por θ e R; à medida que vão sendo sorteados, os pontos são conectados a rede existente por meio do segmento de menor comprimento; ao final de cada sessão se dispõe de uma matriz topológica, a partir da qual se pode montar uma rede modelo; a partir da rede modelo são calculadas a perdas na condição de carga máxima; as constantes a, b, c, d e e são ajustadas pelo método dos mínimos quadrados. Maiores detalhes podem ser encontrados no Módulo 7 do PRODIST. AI.3 Perdas nas redes do SDBT As perdas nas redes do SDBT são calculadas de acordo com cinco tipologias de rede pré-definidas, conforme ilustra a figura a seguir. As tipologias representam os formatos geométricos que as redes BT podem apresentar. Figura 2: Tipologias pré-definidas para as redes BT. As tipologias são compostas por “trechos elementares”, onde se pressupõe distribuição uniforme de carga, conforme mostra a Figura 3. São consideradas perdas adicionais de 15% sobre o montante de perdas devido ao desequilíbrio da carga e o posicionamento assimétrico do transformador em relação às tipologias de rede. l (m) x r (ohm/km) Ij (A) i (A/km) Figura 3: Trecho de rede elementar. Para cada tipologia, obtêm-se as perdas de potência de acordo com a quantidade de trechos elementares correspondentes. Para um trecho elementar, as perdas de potência correspondem à seguinte expressão: ∆ , , , . 3 (5) . . 10 . Sendo ∆ as perdas de potência da rede BT, em kW; l o comprimento do trecho elementar, dado pelo comprimento total da rede dividido pelo número de trechos elementares referentes à respectiva tipologia, em km; r a resistência por unidade de comprimento, em ohm/km; Ij a corrente total a jusante do trecho elementar, em A; e i a densidade de corrente, dada pela corrente máxima da rede dividida por seu comprimento total, em A/km. Para cada circuito do SDBT classificado como Tipologia 1, as perdas de demanda são calculadas a partir de 2 trechos elementares: 10 . 2. , , , . (6) Onde: : número de fases; : perda de potência por elemento, conforme Equação (5). : resistência do condutor tronco [Ω/m]; : comprimento do trecho elementar [m]; : corrente média de linha [A/m]; : 0 [A]. O comprimento elementar é obtido pela equação: 2 (7) . Onde: : comprimento total do circuito em [m]. A corrente de linha para circuitos trifásicos a quatro fios e bifásicos a três fios é obtida da equação: 10 . √3. / . . (8) Para circuitos monofásicos a três fios a corrente é obtida da equação: 10 . 0,5. . / . (9) Para circuitos monofásicos a dois fios a corrente é obtida da equação: 10 . . Onde: : potência máxima do circuito [kW]; : tensão nominal de linha do alimentador [V]. / . (10) O índice 0 nos parâmetros r0, l0, i0 e Ij0 indica a presença de 0 trechos elementares a montante. Para cada circuito do SDBT classificado como Tipologia 2, as perdas de demanda são calculadas a partir de 4 trechos elementares: 10 . 2. , , , 2. , , , . (11) Onde: : número de fases; : perda de potência por elemento, conforme Equação (5). : resistência do cabo ramal [Ω/m]; : resistência do cabo tronco [Ω/m]; : comprimento do trecho elementar [m]; : comprimento do trecho elementar [m]; : corrente de linha [A/m]; : corrente de linha [A/m]; 0 ; . . O comprimento elementar é obtido pela equação: 4 (12) . Onde: : comprimento total do circuito em [m]. A corrente de linha para circuitos trifásicos a quatro fios e bifásicos a três fios é obtida da equação: 10 . √3. / . . (13) Para circuitos monofásicos a três fios a corrente é obtida da equação: 10 . 0,5. . / . (14) Para circuitos monofásicos a dois fios a corrente é obtida da equação: 10 . . : potência máxima do circuito [kW]; : tensão nominal de linha do alimentador [V]. / . (15) O índice 1 nos parâmetros r1, l1, i1 e Ij1 indica a presença de 1 trecho elementar a montante. Para cada circuito do SDBT classificado como Tipologia 3, as perdas de demanda são calculadas a partir de 8 trechos elementares: 10 . 6. , , , 2. , , , . (16) Onde: : número de fases; : perda de potência por elemento, conforme Equação 5. : resistência do cabo ramal [Ω/m]; : resistência do cabo tronco [Ω/m]; : comprimento do trecho elementar [m]; : comprimento do trecho elementar [m]; : corrente média de linha [A/m]; : corrente média de linha [A/m]; 0 ; 3. . . O comprimento elementar é obtido pela equação: 8 (17) . Onde: : comprimento total do circuito em [m]. A corrente de linha para circuitos trifásicos a quatro fios e bifásicos a três fios é obtida da equação: 10 . √3. / . . (18) Para circuitos monofásicos a três fios a corrente é obtida da equação: 10 . 0,5. . / . (19) Para circuitos monofásicos a dois fios a corrente é obtida da equação: 10 . . : potência máxima do circuito [kW]; : tensão nominal de linha do alimentador [V]. / . (20) O índice 3 nos parâmetros r3, l3, i3 e Ij3 indica a presença de 3 trechos elementares a montante. Para cada circuito do SDBT classificado como Tipologia 4, as perdas de demanda são calculadas a partir de 16 trechos elementares: 10 2. . 10. , , , , , , 2. , , , 2. , , , (21) . Onde: : número de fases; : perda de potência por elemento, conforme Equação 5. : resistência do cabo ramal [Ω/m]; : resistência do cabo ramal [Ω/m]; : resistência do cabo ramal [Ω/m]; : resistência do cabo tronco [Ω/m]; : comprimento do trecho elementar [m]; : comprimento do trecho elementar [m]; : comprimento do trecho elementar [m]; : comprimento do trecho elementar [m]; : corrente média de linha [A/m]; : corrente média de linha [A/m]; : corrente média de linha [A/m]; : corrente média de linha [A/m]; 0 ; 3. . . 4. . . 7. . . O comprimento elementar é obtido pela equação: 8 (22) . Onde: : comprimento total do circuito em [m]. A corrente de linha para circuitos trifásicos a quatro fios e bifásicos a três fios é obtida da equação: 10 . √3. . / . / . (23) Para circuitos monofásicos a três fios a corrente é obtida da equação: 10 . 0,5. . (24) Para circuitos monofásicos a dois fios a corrente é obtida da equação: 10 . / . (25) . : potência máxima do circuito [kW]; : tensão nominal de linha do alimentador [V]. O índice 4 nos parâmetros r4, l4, i4 e Ij4 indica a presença de 4 trechos elementares a montante, e o índice 7 nos parâmetros r7, l7, i7 e Ij7 indica a presença de 7 trechos elementares a montante. Para cada circuito do SDBT classificado como Tipologia 5, as perdas de demanda são calculadas a partir de 24 trechos elementares: 10 2. . 14. , , , , , , 4. , , , 4. , , , (26) . Onde: : número de fases; : perda de potência média por elemento, conforme Equação 5. : resistência do cabo ramal [Ω/m]; : resistência do cabo ramal [Ω/m]; : resistência do cabo ramal [Ω/m]; : resistência do cabo tronco [Ω/m]; : comprimento do trecho elementar [m]; : comprimento do trecho elementar [m]; : comprimento do trecho elementar [m]; : comprimento do trecho elementar [m]; : corrente média de linha [A/m]; : corrente média de linha [A/m]; : corrente média de linha [A/m]; : corrente média de linha [A/m]; 0 ; 3. . . 4. . . 11. . . O comprimento elementar é obtido pela equação: 8 Onde: : comprimento total do circuito em [m]. . (27) A corrente de linha para circuitos trifásicos a quatro fios e bifásicos a três fios é obtida da equação: 10 . √3. . / . / . (28) Para circuitos monofásicos a três fios a corrente é obtida da equação: 10 . 0,5. . (29) Para circuitos monofásicos a dois fios a corrente é obtida da equação: 10 . / . (30) . : potência máxima do circuito [kW]; : tensão nominal de linha do alimentador [V]. O índice 11 nos parâmetros r11, l11, i11 e Ij11 indica a presença de 11 trechos elementares a montante. Maiores detalhes podem ser encontrados no Módulo 7 do PRODIST. AI.4 Perdas nos transformadores Com relação aos transformadores, a ANEEL adota o modelo clássico de divisão das perdas entre ferro (ou núcleo) e cobre, conforme a equação a seguir. ∆ .∆ . 10 . (31) as perdas de potência do transformador, em MW; ∆ as perdas no ferro ou a vazio do Sendo ∆ transformador t, em kW; ∆ as perdas no cobre do transformador t, em kW; Nt o número de transformadores; e o fator de utilização do transformador t. Para os transformadores de potência, as perdas no ferro e no cobre são informadas pelas distribuidoras de acordo com os dados de placa dos mesmos. Os transformadores de distribuição possuem esses parâmetros obtidos da NBR 5440. AI.5 Perdas nos ramais de ligação Para o cálculo das perdas nos ramais de ligação, a demanda total é repartida entre os diversos tipos de ligação ponderando-se o número de fases e a tensão de fase, conforme ilustram as figuras a seguir. Figura 4: UC com 3 fases a 4 fios (esquerda) e UC com 2 fases e 3 fios (direita). Figura 5: UC com 3 fases a 4 fios (esquerda) e UC com 2 fases e 3 fios (direita). O cálculo de perdas de potência em ramais de ligação é realizado de acordo com a equação a seguir: ∆ . 3. 3. 2. 2. . 10 (32) . Onde ∆ é a perda de potência no medidor, em kW; é a resistência média dos condutores dos ramais de ligação, em Ω/km; é o fator de diversidade, cujo valor é 0,7; é a corrente de fase (A), dada pela equação a seguir: . 10 . 3. . 2. . 2. . . . 8760 . (33) Onde é o total de energia consumida pelas unidades consumidoras do grupo B (kWh); é o fator de potência de referência; é o número de unidades consumidoras alimentadas em 3 fases e 4 fios; é o número de unidades consumidoras alimentadas em 2 fases e 3 fios; é o número de unidades consumidoras alimentadas em 1 fase e 3 fios; é o número de unidades consumidoras alimentadas em 1 fases e 2 fios; é a tensão de fase das unidades consumidoras alimentadas em 3 fases e 4 fios; é a tensão de fase das unidades consumidoras alimentadas em 2 fases e 3 fios; é a tensão de fase das unidades consumidoras alimentadas em 1 fase e 3 fios; é a tensão de fase das unidades consumidoras alimentadas em 1 fases e 2 fios; é o de carga típico para consumidores do SDBT. AI.6 Perdas nos medidores de energia Por fim, o cálculo das perdas nos medidores é realizado usando a equação a seguir: ∆ . 3. 2. 2. . 10 . (34) Onde, ∆ é a perda de potência no medidor, em kW; é a perda por circuito de tensão do medidor em é o número de unidades consumidoras alimentadas em 3 fases e 4 fios; é o número de [W]; unidades consumidoras alimentadas em 2 fases e 3 fios; é o número de unidades consumidoras alimentadas em 1 fase e 3 fios; é o número de unidades consumidoras alimentadas em 1 fase e 2 fios.