PARÓQUIA NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS. ANO 2.006. ORIENTAÇÕES PARA O RETIRO ESPIRITUAL. ser chamados de retiros, mas podem ter outras características e outra metodologia. Podem ser perfeitamente válidos também, com certeza. PRIMEIRA PARTE: MOTIVAÇÃO E OBJETIVOS DO RETIRO. 2. Processo do retiro espiritual. Protagonista: o Espírito Santo. - Parte da realidade, da vida de cada um. Cada um tem uma história própria, alegrias e tristezas, momentos de esperança ou desilusão, felicidade ou dor, etc. Existem também situações e cenários comuns a todos: a nível do bairro, da cidade, do país, etc. Tudo isto influencia nossa mente e o nosso coração. As coisas de Deus passam pelas realidades humanas. É assim que Deus quer nos salvar, pelo mistério da ENCARNAÇÃO do seu Filho que é Jesus. Encarnar significa partir da carne, da história, da vida das pessoas. 1. O que é um retiro espiritual. É importante esclarecer o conteúdo das palavras que usamos na igreja para que as pessoas que nós convidamos saibam qual é o significado e o conteúdo do convite. - Existem diferenças entre o que é: Encontro, Convivência e Retiro. Encontro. Trata-se de reunir as pessoas para refletir sobre um determinado assunto: família, fé, política, pastoral, evangelização, liturgia, relações humanas, etc. Sendo um encontro de Igreja existem momentos de oração bem preparados. Podem participar também várias pessoas como palestrantes, testemunhas, etc. A dinâmica pode ser variada: plenário, grupos ou círculos de reflexão, palestras, etc. Convivência. Prevalece a dimensão de descontração, de lazer, de conversa amigável. Pode ter momentos de oração e de celebração litúrgica. Pode ter também uma reflexão ou aprofundamento de algum tema de interesse. Mas predomina o ambiente de passar um tempo juntos cultivando a amizade, curtindo o fato de estar juntos. Retiro. Faz referência a deserto: silêncio e solidão para escutar a voz do Espírito. Prevalece a oração pessoal. Espírito de recolhimento, concentração na escuta da voz de Deus. Favorece o ambiente de mergulhar no mistério divino. Procura sintonizar os corações com a vontade de Deus. São poucas pessoas que orientam ou trabalham num retiro; na realidade, o número dos que trabalham num retiro é o mínimo necessário, para preservar o espírito de recolhimento, silêncio e harmonia interior. - Um retiro espiritual procura transformar o coração (purificar, acender, animar atitudes cristãs). É um momento de conversão, com dinâmica pascal: morte, renúncia, superação de coisas que atrapalham a graça divina em nós. Ressurreição e vida nova no Espírito, sinais de vida, compromisso em favor da causa do Evangelho, alegria de viver a fé, paz interior e desejo de amar melhor a todos, do jeito que Jesus nos ama. - Orienta para o compromisso cristão. + Reaviva a chama da fé pessoal, produz novo ardor no coração, alimenta a mística. Faz surgir a consciência da presença divina no mais íntimo do coração humano. + Desperta para o engajamento na comunidade. Abre os olhos para perceber a Igreja como presença de Jesus no Espírito Santo. Anima a participar na comunidade como presença de Cristo que nos chama. + Fortalece o engajamento existente ou, se não existe tal, gera o desejo de trabalhar em favor do Reino de Deus pelo testemunho e pelo serviço. O retiro que nós preparamos neste material se corresponde a este significado de deserto e silêncio, de escuta e acolhida da Palavra. É nossa opção, a partir da necessidade do nosso povo de igreja e do pedido feito no Conselho Pastoral. Não quer dizer que outro tipo de encontros não possam O protagonista é o Espírito Santo, não somos nós... daí que é bom evitar protagonismos individualistas do orientador, de quem canta, etc. Todos somos servidores de Deus para que a obra divina aconteça no coração das pessoas que vieram fazer o retiro. O Espírito Santo age a partir do coração de cada um, respeitando a situação psicológica e espiritual de cada pessoa. 1 3. Diálogo com Deus: Pai – Filho – Espírito Santo. Encontro com a Trindade Santa. Deus é comunhão perfeita no amor que se abre a nós para que possamos participar da vida plena divina. Jesus é o Caminho, a paisagem é o Deus Trindade: Deus Pai e Deus Filho e Deus Espírito Santo. Deus se abre a nós, se revela, se comunica conosco, antes que nós existíssemos Ele nos conhecia e nos amava... a sua Palavra de Amor já nos era dirigida. Um retiro consiste em preparar o coração para acolher a Palavra, sintonizar nossa mente para receber a mensagem divina com maior nitidez... e preparar o coração para corresponder positivamente às propostas divinas. Acolher a Proposta de Deus para oferecer nossa Resposta que envolve a vida toda da gente. No retiro podemos aprender a cultivar a fé pelo alimento da Palavra: a fé se inicia pelo ouvido (escutando com amor a Palavra de Deus), transforma nossa cabeça e o nosso coração (conversão dos pensamentos e sentimentos para pensar e sentir em sintonia com o plano e o coração de Deus), e se projeta pela boca (louvor agradecido a Deus e anúncio da Boa Nova para proclamar as maravilhas do Senhor) e pelas mãos (acolher o próximo e praticar obras de misericórdia na construção de uma sociedade mais justa e solidária). A exemplo de Maria que acolhia a Palavra e a meditava no coração. Ela partiu pelas montanhas para servir a Isabel que dela precisava... E louva a Deus porque a Boa Nova já está acontecendo na história do povo e na sua própria história pessoal. Presente nas Bodas de Cana e ao pé da Cruz, participa conosco das nossas alegrias e tristezas, angústias e esperanças intercedendo sempre ao nosso favor perante seu filho Jesus. - Escuta da Palavra de Deus. O que Deus me fala hoje, neste lugar, na situação que eu me encontro. Vou descobrir qual é a proposta de vida que Deus me faz. A ambientação, apresentação inicial, colocações, orações do grupo... ajudam para o momento principal: oração pessoal no silêncio de cada um. É importante saber iniciar e finalizar cada momento de oração, tanto pessoal como comunitária. Para iniciar: acolhida das pessoas, a motivação para a oração, o sinal da Cruz, invocar o Espírito Santo, pedir a luz divina para acolher o dom de Deus que nos vem por meio da oração. Para finalizar: agradecer a Deus, pedir a força do Espírito Santo para realizar a vontade divina que na oração foi-nos revelada. Pedir a intercessão de Maria ou de algum santo ou santa para nos ajudar a sermos fiéis em nossa vocação cristã. - Resposta a Deus. Superando a dinâmica daquela prática na qual a oração é só pedir para a gente, não de acordo com o projeto de Deus mas com o projeto de cada um. Assim, a oração amadurece e se faz adulta, cristã, priorizando o projeto divino sobre o projeto humano. Nosso falar é mais uma resposta à Palavra de Deus. - Jesus é o Caminho que nos conduz até o Pai. O Evangelho é a mensagem que ilumina nossa caminhada de fé. O centro do retiro é Jesus Cristo e o seu Evangelho. 5. O ministério do orientador espiritual. Pessoa de fé firme, profunda e vida pessoal fecunda de oração. Bom testemunho de vida cristã, participação comunitária e amor pelo Reino de Deus que se materializa em compromissos práticos de cada dia. 4. O retiro é também escola de oração. A cada dia todos podemos aprender a orar melhor, com maior autenticidade e amor a Deus. É importante destacar elementos da espiritualidade cristã: como orar melhor individualmente, melhorar a oração nos grupos de fé, cuidar melhor da liturgia comunitária, preparar os momentos especiais ao longo do ano (quaresma, páscoa, advento, natal, novenas, romarias, etc.). Quando pensamos na palavra “retiro” imaginamos aquelas grandes personagens bíblicas se afastando da sociedade por um tempo para ir no deserto ou na montanha para realizar uma experiência mais forte de Deus. Como Moisés, Elias, João Batista e, principalmente, Jesus de Nazaré. Também pensamos nos grandes santos e santas como Santa Teresa e Santa Teresinha, São Francisco e Santa Clara, São Bento e Santa Escolástica, 2 Santo Inácio de Loiola, etc. Eles tiveram experiência profunda de encontro com o Mistério Sagrado de Deus, deixaram-se impregnar pela mística divina e contagiaram a muitos desta sede de amor de Deus. Dedicavam muitos dias seguidos à oração retirados do mundo. O próprio Jesus, que orava todos os dias, retirava-se sozinho para orar a sós por vários dias em momentos especiais da sua missão: antes do batismo, para escolher os apóstolos, caminho de Jerusalém, etc. O ideal seria poder oferecer vários dias de retiro por ano para quem quisesse ou necessitasse. Não está, nestes momentos, ao nosso alcance por falta de tempo e dinheiro. O povo precisa e pede. Vamos nos adaptar às nossas possibilidades e oferecer, com carinho e seriedade, o melhor que podemos. Deus fará acontecer a sua graça se nós fizermos a nossa parte. SEGUNDA PARTE: UM ESQUEMA PARA RETIRO. Momentos do retiro espiritual. Observação: as palavras de quem orienta devem ser poucas, só as necessárias, com atitude de alegria e de fé, animando a orar. 08:00 - Acolhida e oração inicial. Não muito demorado. Só para ambientar e preparar. É importante acolher bem os participantes, gerar um ambiente de confiança e amizade, sem descuidar o objetivo do retiro. Começar com um canto do hinário. Recitar um salmo (por exemplo 63/62). Fazer um momento de silêncio para cada um pedir ao Senhor a graça que Ele quer nos conceder por meio deste retiro. (Nós temos a mania de pedir a Deus a graça que nós queremos, que nós achamos que é o melhor para nós. É bom aprender a pedir a Deus a graça que Ele prepara para nós, aquela que Ele quer nos dar, porque Deus nos ama e sabe melhor de nós daquele dom que mais estamos precisando a cada momento). A apresentação dos participantes seja a mais breve possível. Existem também leigos e leigas que podem receber do Espírito o dom de orientar um retiro espiritual de um grupo. A orientação pessoal já é assunto mais delicado que precisa de aptidões naturais especiais e uma preparação específica (espiritual, psicológica, etc.). A realização destes breves retiros espirituais, de um dia, pode ser oportunidade para despertar e cultivar entre leigos e leigas este dom tão importante para a Igreja nos dias de hoje. 08:30 - Primeira Orientação: Apresentação do retiro. Convite a orar, a se deixar envolver pelo amor de Deus. Acentua-se a situação pessoal de cada um. A realidade individual. Pedir aos participantes de fazerem o esforço de se concentrar na escuta da Palavra. Sugerir usar anotações pessoais para escrever algum sentimento, reflexão ou atitude de fé que o Espírito suscitou no decorrer da oração individual. Preparar o primeiro momento de oração pessoal. Como orar com a Bíblia. Breve descrição do que é a leitura orante da bíblia: invocação ao Espírito Santo, leitura do texto, meditação, contemplação, compromisso e agradecimento a Deus. Se alguém tem dificuldades de leitura, buscar uma alternativa (por meio de imagens, ou com a companhia de outra pessoa que aceite essa fórmula). 09:00 - Oração pessoal. Importante: procure um lugar isolado para ter um encontro a sós com o Senhor. Quem participa do retiro recebe uma folha com a orientação para este momento de oração. Texto bíblico: João 4, 1-42. Encontro de Jesus com a Samaritana. 3 Para o retiro se pede a cada um que leve a bíblia e algum caderno ou folha para anotar. Mas como sempre alguém esquece, é bom que o orientador leve alguma a mais para emprestar. que sejam fruto de uma escolha espontânea. Este texto bíblico se orienta para a missão. 10:00 - Cafezinho Texto bíblico: Lucas 24, 13-35. Encontro de Jesus com os discípulos de Emaús. Precisa de bíblia e algum caderno ou folha para anotar. 10:15 - Partilha. Não de teorias... mas da vivência espiritual que cada um teve no momento de oração individual. O que Deus me falou, como, por que, para que; como eu me senti, quais atitudes experimentei, etc. Partilha livre. Fecha com uma breve oração de grupo. Neste momento é muito importante o trabalho do orientador para evitar que se desvie do assunto, que alguém fale demais, que se fale de teorias ou dos outros e não da própria experiência de oração. É bom pedir ao grupo que cada um fale livremente do que ele sentiu, pedir para escutar os outros com respeito, sem interromper. Saber discernir o que é mais positivo do que aconteceu. Evitar comparações entre as diferentes experiências. Animar aquelas pessoas que sentiram dificuldades, etc. 14:30 – Plenário: partilha da oração em duplas. Oração do grupo. Orientada e com momentos de silêncio pessoal, para suscitar atitudes de diálogo interior com Deus, de respostas positivas aos apelos do Senhor. Quem fala nesta hora da partilha não vai falar do que ele sentiu mas do que o companheiro de oração sentiu. No final pode também pedir para alguém expressar como vivenciou este momento a dois. Vantagens e desvantagens. No final é bom fazer um momento de silêncio para agradecer a Deus por esta oportunidade. Alguém fecha com uma oração espontânea. É bom também encerrar com algum cântico apropriado. 15:15 - Terceira orientação: Como melhorar minha oração pessoal de cada dia. Atitudes para orar. Como fazer oração com a Bíblia. No final, no mesmo lugar, se faz um pequeno momento de silêncio onde cada um pede a graça de orar melhor. “Senhor, ensina-nos a orar”. Depois se faz a entrega da oração do Pai Nosso a cada um. 11:15 – Celebração da Reconciliação. Consigo mesmo, com Deus, com os outros e com a natureza. 12:00 – Almoço e descanso: Dinâmica que ajude a concentrar no objetivo do retiro, que não disperse. 16:00 - Celebração final. Pequena liturgia, pois o dia todo já foi também uma liturgia. Se tiver padre, melhor. Celebra-se uma eucaristia breve, do domingo próprio, para fortalecer a comunhão eclesial. 13:00 - Segunda Orientação: Apresentar a leitura orante dois a dois. Acentua-se a situação da humanidade na qual estamos inseridos e que nos envolve com suas alegrias e sofrimentos. Da experiência pessoal passamos para a experiência comunitária da fé. Não é para conversar de qualquer coisa mas para escutar juntos a Deus e juntos fazerem a oração. Pedir para ajudar um o outro a orar. O importante deste momento não é a minha conversa com o outro mas ajudar o outro a se encontrar com Jesus. 13:30 - Refletir um texto bíblico dois a dois. Pensar bem como escolher as duplas; os orientadores levam a escolha já pronta para evitar interferências 4 HINOS: (8 / 19-18 / 67-66 / 100-99 / 103-102 / 122-121 / 150). São Salmos de louvor e de glória a Deus. É uma das orações mais puras porque não pede nada, não pensa em si mesmo. Oração que se orienta a Deus. O fiel ou o povo de Deus louva a Deus pelo dom da criação, pela beleza da vida, por uma libertação na própria história, etc. Alguns destes hinos eram cantados quando o povo peregrinava a Jerusalém, como se fosse em procissão. SÚPLICA: (22-21 / 51-50 / 130-129). Perante uma situação de desespero, angústia, dor, doença, incompreensão, opressão... o ser humano suplica a Deus uma ajuda. Reconhece a sua incapacidade para superar essa dificuldade e clama ao Senhor procurando auxílio. Estes salmos terminam, normalmente, com uma declaração de confiança em Deus. Época de enchente ou seca, de guerra, de injustiças, de epidemia, de fogo ou calamidades, morte de um ser querido, grave pecado cometido, perseguição, humilhação, fome, mentiras e calúnias. O povo chora a Deus nos dias de aflição. AÇÃO DE GRAÇAS: (18-17 / 66-65 / 118-117). Agradece a Deus por uma ajuda recebida. Deus se manifesta na história do povo, das pessoas, como Salvador, Libertador, trazendo vida mais feliz. Estes salmos cantam a alegria pela atuação de Deus. São cantos de esperança no futuro: se Deus está a favor do povo, tanto no passado como no presente, também esperamos que estará sempre perto de nós. CANTOS DO MESSIAS REI DO POVO: (72-71 / 20-19 / 47-46 / 97-96 / 110-109). O povo, depois das promessas dos profetas que anunciam a vinda de um Messias, ungido por Deus para trazer a justiça e a paz para os pobres, canta ao Senhor sonhando e esperando esse dia em que o Messias instaurará o seu Reino nesta terra. Este anseio dos fiéis de Israel pela vinda do Messias se faz oração em forma de cântico. Às vezes, estes salmos meditam o destino desse enviado por Deus: não será tão fácil assim para Ele, não! Passará por dificuldades e perseguições, porque o pecado é poderoso e se enfrentará ao seu trabalho. Como aconteceu com os profetas de Deus também acontecerá com o seu Messias. Ele, porém, sairá vitorioso, porque o braço poderoso de Deus está com Ele. Junto com Ele, o povo também vencerá, sairá vitorioso. TERCEIRA PARTE: BÍBLIA E ORAÇÃO. 1. A ORAÇÃO QUE NASCE DA VIDA (ANTIGO TESTAMENTO). Nas diferentes culturas, povos e religiões, de formas bem diferentes, nos encontramos com este fato: o ser humano dialoga com Deus (com o ser supremo, com a fonte da vida...). Também o Povo de Deus orava, comunitária e individualmente. Mas é uma oração diferente, não só na forma mas no conteúdo. Na maioria das vezes o ser humano costuma rezar para pedir uma ajuda ou um favor a Deus. O Povo de Deus aprendeu a orar também com outro sentido: orar para se engajar melhor no plano de Deus, no seu projeto de vida. É isto que encontramos constantemente na Bíblia que é para nós crentes o melhor instrumento de oração. Dentro da Bíblia merece destaque especial o livro dos Salmos. É uma coleção de cânticos que acompanha toda a História da Salvação: Páscoa do Egito, Criação do homem, glórias e vitórias do povo, fracassos e perseguições, dificuldades individuais e coletivas. Recolhe o plano pessoal e o comunitário. Os Salmos são a oração do Povo de Deus, nascida da vida das pessoas. O próprio Deus nos ensina a orar por meio dos Salmos, porque nós não sabemos como falar com Deus. A oração é DIÁLOGO do ser humano com Deus. No diálogo falam duas partes. Na oração, a fala principal é de Deus. Nós também falamos para Deus, é lógico. Mais do que falar, porém, necessitamos de escutar a Palavra de Deus. Os Salmos nos ensinam a orar, o próprio Deus coloca a sua palavra em nossos lábios. Os Salmos nascem da própria história da gente e se dirigem a Deus. Na oração nós conversamos com Deus sobre a nossa própria vida. Com simplicidade de coração, com o coração aberto, com muita humildade e confiança. Os Salmos recolhem a mensagem da Bíblia em forma de oração e são para nós uma escola de oração. Nós também vivemos as experiências daquele povo: alegria e tristeza, louvor e súplica, agradecimento e esperança, oração de pedir e de se doar. Os Salmos foram escritos principalmente para serem cantados. Às vezes são pessoais, outras são comunitárias, sempre são cheias de afeto e de amor de Deus para nós e de nós para Deus. Os salmos são também uma escola de oração. Seguindo a tradição da Igreja, desde os primeiros cristãos, nós oramos os salmos desde a perspectiva de Jesus e do Evangelho. Existem diferentes classes de salmos que recolhem as diversas situações da história humana. 5 CONFIANÇA: (23-22 / 16-15 / 27-26 / 63-62 / 91-90 / 121-120 / 123-122 / 126-125 / 131-130). A pessoa de fé descobre que em todo momento e situação, tanto de bem como de perigo, a presença do Senhor é constante e cuida de nós. Não de uma forma mágica, infantil... mas presença que experimentamos na fé e nos faz adultos. ORAÇÃO DE SILÊNCIO: O ser humano se sente pequeno perante Deus, não sabe o que dizer. É melhor escutar. Deus fala no silêncio do coração quando procuramos sinceramente os seus caminhos, quando nos colocamos com ternura, confiança e humildade na sua presença. oração Deus entra em nossa vida e nós entramos na vida de Deus (Romanos 8, 26-38). A celebração da Eucaristia é participar deste mistério. CONFIANÇA NO SENHOR Nós sabemos que nossa vida está nas mãos de Deus. Na oração colocamos o nosso ser nas mãos de Deus, acontecer o que acontecer (Lucas 12, 2234). Por isso nos diz São Paulo que a oração significa, normalmente, alegria no Senhor. É claro que tem oração de súplica e de dor, de acordo com as circunstâncias. A fé, porém, da presença de Jesus ressuscitado entre nós e em nós, produz esse jeito especial carregado de esperança e de paz. Isto transparece no momento de oração (Filipenses 4, 4-9). Experimentamos a Deus como um Bom Pastor (Salmo 23) que, mesmo que atravessando por vales tenebrosos, caminha conosco e nos guia com segurança. A sua presença nos conforta e anima a sermos uns para os outros fortaleza e ajuda nas caminhadas da história. Pela nossa fé em Jesus Cristo sabemos que viemos de Deus, com Ele caminhamos na vida e para Ele nos dirigimos. Ele nos espera, nele esperamos, e o nosso destino é viver eternamente em comunhão de amor e felicidade plena com os irmãos e com Deus. HUMILDADE Ninguém de nós é digno de alcançar uma graça divina. Todos somos pecadores e Deus, na sua infinita ternura por cada ser humano, nos concede o dom da vida, da fé e tudo quanto somos e temos. Tudo quanto sou e tenho recebi do Pai para colocar ao serviço dos irmãos, não para me achar superior nem melhor aos outros. O próprio Cristo, não tendo pecados, nos dá esse exemplo: Ele nada exigiu do Pai, nem privilégios nem graças especiais. Maria, também, nos ensina a obediência à vontade divina como caminho de oração e de vida. Deus não gosta nada do orgulho humano. Para os profetas o orgulho era o pecado pior que mais ofende a Deus. O orgulho e a auto-suficiência desviam o homem do caminho verdadeiro e fica perdido. Deus nada pode fazer com o orgulhoso que se fecha em si mesmo se achando justo. Com a pessoa que reconhece o seu pecado Deus pode fazer o seu trabalho de evangelização, tem jeito (Lucas 18, 9-14) PERSEVERANÇA Jesus nos aconselha que oremos sem cessar, a oração é a força dos cristãos (Lucas 11, 5-13). É o que Pedro e Paulo recomendam aos primeiros 2. JESUS NOS ENSINA A ORAR: ORAÇÃO DO(A) DISCÍPULO(A). (NOVO TESTAMENTO). Jesus não nos ensina métodos nem dinâmicas para orar. Ele nos ensina as atitudes básicas para orar. As mesmas atitudes que Ele praticou na sua própria oração. Os primeiros cristãos aprenderam muito bem de Jesus como é que devemos orar e nos transmitiram esta prática espiritual nos livros do Novo Testamento. PAIXÃO POR JESUS E PELO REINO DE DEUS Assim como na vida de Jesus ele ligava a sua oração à sua missão de Evangelizar, de anunciar o Reino de Deus com obras e palavras, também na vida do cristão a oração deve estar integrada no seguimento de Jesus e no compromisso pelo Reino de Deus, quer dizer, no trabalho de construir um mundo melhor, em conformidade com os Planos de Deus para a humanidade. Quem descobre Jesus como o valor primeiro da sua vida faz tudo, e também a oração, desde Jesus e para fazer progredir no mundo o seu Evangelho (Mt. 13,44-46). É por isso que a verdadeira oração cristã aparece inserida no compromisso evangelizador de cada dia (Mateus 7, 2123). Fé significa obediência a Deus, a obediência quer dizer ESCUTAR para PRATICAR. Jesus fez assim e nos convida a provar este seu caminho de obediência ao Pai praticando a vontade divina. A oração que não quer praticar a Palavra de Deus não faz sentido, fica fora de lugar. O protagonista da oração cristã é o Espírito Santo que nos une a Jesus para orar ao Pai. Quer dizer, é uma oração que nos situa dentro do Deus Trindade, comunhão de amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Na 6 tentação de fazer a própria vontade: “Faça-se a tua vontade e não a minha”. No momento da cruz Jesus, humanamente fracassado na sua missão, no meio do sofrimento, se sentindo totalmente abandonado por Deus, suplica ao Pai: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste” (Mc. 15, 34). Pronuncia, também a oração do perdão total: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc. 23,34). Mesmo naquelas circunstâncias, confia em Deus e se entrega a Ele: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc. 23, 46); “Tudo está consumado” (Jo. 19, 30). O PAI NOSSO (Mateus 6, 7-15; Lucas 11, 1-4) A oração do Pai Nosso é comunitária, invocamos a Deus como grupo de fé. Na realidade é o modelo de toda oração cristã. Na primeira parte, nos situamos juntos na ótica de Deus (Venha o teu Reino, faça-se a tua vontade, santificado seja o teu nome). Quer dizer, em toda oração, antes que querer que Deus se coloque em nosso lugar, procuramos nós entender o projeto de Deus. Isto é muito importante. A oração que só busca que Deus me ajude nos meus projetos individuais... é mais própria do paganismo. A oração de Jesus nos coloca dentro do projeto do Pai, pedimos que, por cima de tudo, se cumpra a sua vontade. Na segunda parte pedimos aquilo que é essencial à nossa existência humana: o pão, representa tudo quanto materialmente precisamos (alimento, saúde, emprego, dignidade...). O pão representa também a Eucaristia, a Evangelização. O perdão fraterno significa a harmonia nas relações humanas, a paz entre as pessoas. Sem perdão fraterno não tem convivência humana. Quando pedimos que nos livre do mal e que não nos deixe cair na tentação estamos dizendo para Deus que queremos viver ligados nele, em comunhão com Ele. cristãos e a nós todos (Efésios 6, 18-20). A gente não pode desanimar na caminhada, no compromisso pelo Reino, porque é muito importante dar continuidade ao trabalho iniciado por Jesus. A oração contínua nos dá esse alimento espiritual. Jesus procurava na oração, no diálogo confiante com o Pai, a motivação principal para seguir anunciando o Reino da Vida. Obstáculos irão aparecer sempre, dentro e fora de nós. As maiores dificuldades nascem quase sempre dentro de nós. É a oração a arma principal das mulheres e homens que seguem o caminho de Cristo. É por isso importante cada um criar hábito de oração diária. Temos que ser fiéis à oração. Sem oração a vida de fé vai murchando, apagando. A fé é um dom que Deus nos dá e que nós devemos cuidar com carinho e responsabilidade. É a oração como a água que vai alimentando a flor da nossa fé em Jesus Cristo. SOLIDARIEDADE A oração do cristão não pode ficar desligada da vida dos outros. Jesus nos revelou que a vida de cada um de nós tem uma ligação com a vida dos outros e com Deus. Todos somos chamados por Jesus a viver em comunhão de amor com Deus e com os outros, que são para mim irmãs e irmãos. Este mistério de comunhão se faz presente também, e de forma ainda mais especial, na oração de cada cristão (1 João 3, 16-18). Quando a oração é autêntica ela nos anima a sermos solidários com todos, principalmente com os mais pobres. Esta solidariedade da oração acontece também a nível da própria Igreja: uns oramos pelos outros (Romanos 15, 30-33). O próprio Jesus ora por nós sem cessar ao Pai para que o nosso compromisso fique de pé (Lucas 22, 3134). É na Eucaristia, oração principal dos cristãos, que melhor se exprimem todas estas atitudes da verdadeira oração . ORAÇÃO DE JESUS E A SUA PAIXÃO A prova decisiva da necessidade de orar nós encontramos no monte das Oliveiras. (Lucas 22, 39-46). Jesus orou com intensidade especial e pediu aos discípulos que orassem com Ele. Este instante contém todo o conteúdo da oração cristã. É uma oração filial: “Abba” (Papai). De confiança: “Tudo te é possível”. De humildade: “Dobrando os joelhos, orava”. De súplica perante o perigo: “Afasta de mim este cálice”. De coração aberto: “Cheio de angústia, orava com maior insistência”. Prova de obediência, repelindo a 7 A minha alma será saciada, como em grande banquete de festa: cantará a alegria em meus lábios, ao cantar para vós meu louvor! QUARTA PARTE: FAZENDO ACONTECER O RETIRO. PARÓQUIA Nª Sª DAS GRAÇAS- RETIRO DE ORAÇÃO Bom dia, meu Deus! Eu estava esperando este momento com amor. Aqui estou, Senhor, para conversar contigo. Todos me falam que é bom fazer um retiro, mas eu sinto um pouco de medo. Na realidade nem sei por que! Eu sei que tu me amas e eu também te amo. Às vezes acho que tu exiges muito e eu sou pobre, me sinto frágil e limitado. Mesmo assim, aqui estou para te escutar. Obrigado por me trazer até aqui. Amém! Penso em vós no meu leito, de noite, nas vigílias suspiro por vós! Para mim fostes sempre um socorro, de vossas asas à sombra eu exalto! Minha alma se agarra em vós; com poder vossa mão me sustenta. ORAÇÃO PESSOAL (DE MANHÃ) Texto bíblico: João 4, 1-42. Encontro de Jesus com a Samaritana. Procurar um lugar apropriado para fazer recolhimento interior (silêncio e solidão). Este momento é PESSOAL. Respeitar o silêncio para si mesmo e para os outros. ORAÇÃO DA MANHÃ Salmo 63 (62) . O amor de Deus vale mais do que a própria vida. Refrão: O vosso amor vale mais do que a vida! Sois vós, ó Senhor, o meu Deus! Desde a aurora ansioso vos busco! A minha alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja, como terra sedenta e sem água! - Venho, assim, contemplar-vos no templo, para ver vossa glória e poder. Vosso amor vale mais do que a vida: e por isso meus lábios vos louvam. Quero, pois, vos louvar pela vida, e elevar para vós minhas mãos! 8 Invocar a presença do Espírito Santo para iluminar este momento de oração. Pedir a Deus Pai a graça que Ele quer me dar por meio desta oração. Nós costumamos pedir a Deus aquilo que nós queremos e esquecemos de pensar que Deus é bom e quer o melhor para mim. Esquecemos de pensar que Deus já tem um presente, um dom para me dar. Será que eu estou preparado para receber o dom que Deus quer me dar? Qual será esse dom? Primeiro momento: leitura do texto. O que diz o texto? Vou procurar entender o que aconteceu, o que sentiu aquela mulher samaritana depois do encontro com Jesus. Vou imaginar que eu estava lá, testemunhando esse diálogo entre Jesus e a Samaritana. Aquela mulher se sentia distante de Jesus porque ele era judeu e os judeus desprezavam os samaritanos. A mulher naquela época sofria também terrível discriminação da parte dos homens por causa do machismo cultural. Assim, quando Jesus pediu água à Samaritana, esta quis aproveitar a situação para jogar na cara de Jesus o por que de tantas humilhações. - Só que Jesus é uma pessoa bem diferente do que ela pensava e vai lhe revelando um dom maior que a água e que está escondido em cada coração: o dom do amor de Deus, da salvação. Ela, no início, desconfia mas depois vai percebendo a riqueza humana dele e aceita dialogar estabelecendo uma amizade profunda com Jesus. Será Ele um profeta? Os cinco maridos se entendem no sentido religioso da idolatria, porque os judeus jogavam na cara dos samaritanos que tinham perdido a fé verdadeira para misturar com outras crenças. Jesus traz a água pura e verdadeira do amor de Deus Pai: quem bebe desta água não volta a ter sede, não precisa de ídolos. O lugar do culto autêntico é o coração de cada um. A mulher aceita a mensagem de Jesus e vai anunciar o evangelho ao seu povoado. Os samaritanos acreditam inicialmente por causa do testemunho da mulher, mas depois cada um acredita pela própria experiência de fé em Jesus. A fé inicial se fez permanente, adulta. Segundo momento: meditação do texto. O que me diz o texto? Vou procurar entender o que Deus quer me dizer, hoje, por meio deste texto. Vou imaginar que eu sou como aquela mulher samaritana. A mulher samaritana estava magoada e ferida por causa de tantas humilhações e preconceitos. E eu, por quais situações sinto mágoa, raiva ou me sinto esquecido(a) de Deus? Quantas vezes Jesus passa perto de mim e eu não quero nem ligar para Ele pensando que não vale a pena? Quais situações da minha vida atual me fazem sofrer mais? Por que? Quais fatos da minha história pessoal ou familiar atrapalham minha relação com Deus e com as pessoas? E Jesus, à beira do poço, me pede água! O que será que Deus está querendo de mim? Qual é essa água que eu posso lhe oferecer? Quem precisa mais de quem: Deus de mim ou eu de Deus? E qual é a água viva que Jesus traz para mim neste momento? Estou preparado(a) para acolher este dom de Deus? Jesus revelou a verdade da vida da Samaritana. E agora, qual é a verdade que Jesus quer me revelar? “Qual é a água que o mundo me oferece prometendo que eu vou ser feliz? A felicidade do mundo é verdadeira? Qual é a água de Deus? Será que o Evangelho de Jesus Cristo faz a gente feliz? Por que? O que me falta para adorar a Deus em espírito e verdade neste momento? O que posso fazer para isso? Aquela mulher - - - 9 anunciou ao povo que Jesus era um profeta. E eu, estou anunciando que Jesus é o Cristo para todos? Como eu posso ser um evangelizador nas circunstâncias da minha vida? A minha fé é adulta ou dependente? Fica pequena dependendo das circunstâncias ou é forte apesar das dificuldades? Terceiro momento: contemplação do texto. O que eu respondo à mensagem deste texto? Quais sentimentos, atitudes, pensamentos suscita em mim este texto? Pensa que Jesus está te pedindo água para beber. O que você sente? Qual é o teu pensamento? Qual é a tua resposta? Qual é a água que Jesus está te pedindo? É fácil ou difícil fazer o que Ele te pede? Jesus é a água viva que sacia a sede de amor e de paz da humanidade. Você já provou da água de Cristo? Você sente paz sabendo que Ele está ao teu lado te oferendo sua amizade e carinho? Procura fazer esta oração: “Jesus, dá-me de beber da tua água, do teu amor, minha alma tem sede de ti, Senhor, meu coração precisa de ti, da tua palavra, da tua luz”. Não existe alegria maior do que ser amigo(a) verdadeiro de Jesus. Pensa nesta alegria de viver a fé, tão maravilhosa, de graça e que Deus te derrama abundantemente no teu coração. Quarto momento. Compromisso: como eu posso cumprir melhor a vontade de Deus na minha vida. O que eu faço com o texto. Praticar a mensagem do texto. (“Hoje se cumpre esta palavra”). Senhor: eu vou fazer a tua vontade por meio deste compromisso...Muito obrigado por contar comigo na causa do teu Reino, me ajuda a ser fiel! A Samaritana deixou o balde e foi anunciar aos seus concidadãos que tinha encontrado o Messias. E você, quais baldes precisa deixar e assim ficar mais livre para evangelizar? Jesus fez e continua fazendo tanto por você. O que você pode fazer para Jesus? Quais atitudes e pequenos compromissos você precisa reforçar para seguir mais de perto a Cristo? Agradece ao Senhor por este momento de graça e pede a força do Espírito Santo para colocar na prática o seu projeto de amor. Pede a intercessão de Maria, Mãe de Jesus, para descobrir e alcançar a graça que Deus preparou para você neste momento de oração. Dirigente. Cada um, olhando para a caminhada de sua vida, procure descobrir as situações em que se excluiu da vivência comunitária e se fechou no seu mundo egoísta. Momento de silêncio. Exame de consciência. Súplica de perdão. Salmo 51/50. Refrão: Ó Deus, cria em mim um coração puro. CELEBRAÇÃO DO PERDÃO (Do livro “O Pai-Nosso oração do Novo Milênio”; Henrique Cristiano José Matos; Ed. O Lutador). 1. Acolhida. Animador: Sejam todos bem vindos! Deus, rico em misericórdia, justo e compassivo, nos reúne aqui para que celebremos o amor que nos reconcilia e nos devolve a dignidade de filhos e irmãos. Refletiremos sobre o pecado da exclusão, fenômeno amplamente presente entre nós e no mundo em que vivemos, e pediremos perdão pela nossa falta de solidariedade e de acolhida fraterna. Canto: Eis o tempo de conversão. (Pode ser outro semelhante). Dirigente: Saudação. O Deus rico em misericórdia, que acolhe o pecador arrependido com ternura e amor, pela ação do Espírito Santo, esteja convosco! Todos: Bendito seja Deus que nos tornou filhos e irmãos pela morte e ressurreição de Jesus Cristo! Dirigente (convida todos a orarem em silêncio pedindo a graça da conversão). Todos: Deus, fonte de toda bondade e clemência, concedei a vossos filhos, reunidos em vosso nome, espírito de penitência e confiança, para que, pedindo vosso perdão e o dos irmãos, confessemos sinceramente nossos pecados. Renovai, Senhor, nesta celebração, nossa comunhão convosco e com o próximo, para que vos possamos servir melhor pela vida nova. Por Cristo Senhor nosso. Amém! 2. Palavra de Deus. Canto de aclamação. Proclamação do Evangelho: Lucas 15, 11-32. 3. A experiência da exclusão. Animador. Nós, aqui reunidos, podemos lembrar de alguma situação mais ou menos dolorosa onde fomos rejeitados e rotulados por outras pessoas. Mas a fonte de toda exclusão está em nosso coração. A exemplo do filho mais moço da parábola do “filho pródigo”, em diferentes situações nos excluímos da comunhão para viver do nosso egoísmo. Tem piedade de mim, ó Deus, por teu amor! Apaga minhas culpas, por tua grande compaixão! Lava-me inteiro da minha iniqüidade e purifica-me do meu pecado! Pois reconheço minhas culpas e diante de mim está sempre o meu pecado; pequei contra ti, contra ti somente, pratiquei o que é mau aos teus olhos. Ó Deus, cria em mim um coração puro, renova um espírito firme em meu peito; não me rejeites para longe de tua face, não retires de mim teu santo espírito. Devolve-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito generoso. Ó Senhor, abre os meus lábios, e minha língua anunciará o teu louvor. Animador. Excluir e ser excluído são experiências pelas quais todos nós passamos. contudo, é comum sermos também excludentes. E quem vai percebendo que não tem importância acaba, aos poucos, destruindo sua auto-estima. Quem não é tratado de maneira condizente com sua dignidade facilmente cai na marginalidade e, para sobreviver, recorre à violência. Dirigente. Nossa sociedade lança mão de muitas formas para excluir homens e mulheres, crianças e jovens, adultos e idosos. Porque são pobres, não têm saúde, são ignorantes, inspiram medo, sujam a cidade, não têm 10 moral, são um peso, bebem demais... Vejamos a que estado o egoísmo humano pode reduzir uma pessoa. Leitor. “Vi ontem um bicho na imundície do pátio catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, não examinava nem cheirava: engolia com voracidade. O bicho não era um cão, não era um gato, não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem” (poema de Manuel Bandeira). Momento de silêncio. Animador. Deus é misericordioso e justo. A justiça de Deus se realiza mais como amor misericordioso do que como exigência dos seus direitos. Mais ainda, qualquer injustiça contra o irmão será cobrada por Deus. Qualquer insensibilidade ou falta de misericórdia vai contra Deus. Leitor. O agir misericordioso será o critério do julgamento final. Jesus promete o gozo e a felicidade a quem usar de misericórdia. Jesus identificase com os excluídos. Os necessitados são, portanto, sacramentos vivos de Jesus. Quem se sensibiliza e vê, quem ouve o pedido e atende, será bendito. Quem não vê, não ouve, não age, oculta, aproveita e explora, será maldito. Dirigente. «Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado de todos os anjos, então sentar-Se-á no seu trono glorioso. Todos os povos da Terra se reunirão diante d’Ele, e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Vinde vós, os abençoados por meu Pai. Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo” (Mt. 25, 31-34). Leitor. Nos rostos angustiados de mendigos e sofredores de rua forçados à marginalidade e à violência. Todos. Eras Tu, Senhor! Leitor. No rosto dos idosos tidos como sobra e peso, caducos e alienados da realidade. Todos. Eras Tu, Senhor! Leitor. Nas feições dos encarcerados que superlotam as prisões em condições desumanas. Todos. Eras Tu, Senhor! Leitor. Nos rostos de mulheres desrespeitadas e forçadas à prostituição para sobreviverem. Todos. Eras Tu, Senhor! Leitor. No rosto de milhões de pessoas doentes excluídas de condições dignas de vida e à espera de assistência. Todos. Eras Tu, Senhor! Leitor. Nas feições desfiguradas pela fome, desiludidas pelas promessas não cumpridas, e humilhadas por terem sua cultura desprezada. Todos. Eras Tu, Senhor! Leitor. Nos rostos cansados de migrantes sem acolhida digna e sem perspectivas de futuro. Todos. Eras Tu, Senhor! Momento de silêncio. 4. Ato penitencial. Dirigente. Nosso Deus é um Deus misericordioso, terno e paciente, sempre pronto para acolher com amor o filho arrependido. Vamos nos dirigir a Ele cheios de confiança. Canto penitencial. Dirigente. Deus não quer a morte do pecador mas que se converta e viva. Que Ele receba com bondade o nosso arrependimento e seja misericordioso conosco. Recorramos a Ele como Jesus nos ensinou. Todos. Pai nosso... 5. Momento de ação de graças. Animador. A tomada de consciência da situação de pecado e o arrependimento abrem à possibilidade de vida nova. A experiência de exclusão pode despertar para a prática da misericórdia, gerar a busca de soluções, sensibilizar para o acolhimento, a valorização das pessoas, a organização de serviços de atendimento aos sofredores de rua, à mulher 11 humilhada, aos idosos e aos doentes. O contato com os sofrimento humano pode fazer reconhecer o Ressuscitado. Todos. Canto de ação de graças. Dirigente. A misericórdia de Deus acolheu nosso arrependimento e nos impulsiona a gestos concretos de fraternidade. Que nosso abraço de paz expresse nossa mútua reconciliação e o compromisso fraterno de tornar o irmão participante do banquete da vida. Saudai-vos na paz do Senhor. Todos. Abraço da paz. Dirigente. Deus e Pai nosso, que perdoastes os nossos pecados e nos destes a vossa paz, fazei que, perdoando sempre uns aos outros, mereçamos participar do banquete da vida, e sejamos na sociedade instrumentos de misericórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Todos. Amém! 6. Bênção final. ORAÇÃO PESSOAL (DE TARDE). Texto bíblico: Lucas 24, 13-35. Encontro de Jesus com os discípulos de Emaús. Este momento será semelhante à oração com o texto da Samaritana. Porém será realizado dois a dois. É muito importante que um ajude o outro a orar, não a se dispersar. - Invocar juntos a presença do Espírito Santo. Um momento de silêncio para pedir um pelo outro. Depois um coloca as mãos na cabeça do outro e ora: “Senhor, abre o coração do meu irmão(ã) para a aceitação da tua mensagem e possa experimentar, assim, a alegria do teu amor”. A segunda pessoa faz a mesma oração com a primeira. - Primeiro momento: leitura do texto. O que o texto diz. Por que estavam tristes os discípulos de Emaús? Eles acreditavam que Jesus fosse o libertador de Israel... como era o Messias que eles estavam esperando? Por que ficaram frustrados? Não se tratava, talvez, de uma imagem de Messias infantil? Jesus caminha com eles mas não - 12 conseguem reconhecê-lo. Quais eram os motivos que os impediam de reconhecer Jesus? Como Jesus conseguiu transformar aos poucos o coração dos discípulos? Por que Jesus fez de conta que continuaria o caminho se despedindo deles dois? Por que os discípulos pediram a Jesus que permanecesse com eles? Que significou para os dois o gesto de partir o pão? Jesus desapareceu fisicamente da vista deles... mas eles sentiram que a presença do Ressuscitado jamais iria se afastar da sua vida: é a convicção da fé! A fé é profundamente pessoal. Que sentimentos e atitudes experimentaram os discípulos a partir da certeza da fé em Jesus ressuscitado? A fé é também experiência profundamente comunitária. Por que eles dois voltaram para se reunir com os outros discípulos e discípulas? A fé é também essencialmente missionária. Como São Paulo (“Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho”), também os discípulos de Emaús sentem a necessidade de anunciar a Boa Nova. Por que será que o verdadeiro cristão sente a necessidade de evangelizar? Segundo momento: meditar o texto. O que o texto me diz? Existem momentos da minha vida que eu tenho sentido dúvidas na minha fé? Quando eu senti a Deus distante da minha vida? Quais sentimentos experimentei quando achei que Deus não ligava para mim? Não será que eu também tenho uma imagem infantil do Messias: glorioso, triunfalista, milagreiro, intimista (só para mim, para resolver meus problemas)? Como é que hoje Jesus revela as Escrituras para mim? Eu presto atenção? O que eu sinto quando experimento que Jesus caminha ao meu lado? Tenho fé de que Ele é meu Bom Pastor? O que eu faço para “convidar” a Jesus a ficar comigo? (O que faço para procurar a proximidade dele na minha vida). A eucaristia é experiência forte de fé na minha vida? É Jesus quem fala para mim na Liturgia da Palavra... será que eu presto atenção à proclamação das Escrituras? É Jesus quem parte o pão para mim, é Ele quem se entrega por todos e por cada um (também por mim) na Eucaristia atualizando a sua doação na Cruz e a sua Ressurreição. Sou consciente desta grande verdade da nossa fé cristã? Que representa para mim a sagrada comunhão eucarística? Terceiro momento: contemplação do texto. Qual é a minha resposta ao texto. O que eu digo ao texto com palavras e com obras. A eucaristia é um grande dom que Deus me concede. Como eu vou participar das celebrações da minha comunidade? Às vezes eu me preocupava com aspectos superficiais da liturgia: quem era o padre, quem cantava ou tocava os cantos, quais pessoas estavam perto de mim no banco, etc. Agora eu sei do valor de participar na minha própria comunidade cristã. Como eu posso passar de assistir a celebração litúrgica a participar da celebração? Em quais momentos da minha vida eu posso atualizar a experiência dos discípulos de Emaús? Minha fé, além de ser pessoal, é comunitária? O que eu faço para que a minha fé seja comunitária? Minha fé é missionária? Como? Participo nas atividades de evangelização da Igreja? Qual é o meu compromisso de evangelização? O que eu posso fazer para Jesus na construção do Reino de Deus? - Quarto momento: compromisso com a Palavra de Deus. Os discípulos de Emaús voltaram a Jerusalém com o coração renovado e cheio de fé. Como eu vou voltar hoje para a minha casa, para o meu trabalho, para a minha comunidade, para o meu bairro? Com a graça de Deus vou procurar ser diferente. Quais convicções, atitudes, pensamentos, gestos... podem ser a expressão de que sou um(a) discípulo(a) de Jesus Cristo? - Agradece ao Senhor por este momento de graça e pede a força do Espírito Santo para colocar na prática o seu projeto de amor. Pede a intercessão de Maria, Mãe de Jesus, para descobrir e alcançar a graça que Deus preparou para você neste momento de oração. - Oração de intercessão, um pelo outro. (Colocando as mãos nas mãos do outro). Senhor Jesus, Bom Pastor que caminhas sempre conosco, ilumina nossa mente com a tua Palavra que é Vida Nova, aquece o nosso coração com o teu amor perfeito e puro, fortalece as nossas mãos para que sejamos discípulos dignos de ti, derrama teu Espírito Santo para que testemunhemos o teu amor e o mundo possa louvar a Deus Pai com alegria e gratidão. Amém! Pai Nosso Pai meu e de todos os meus irmãos, Pai de todas as crianças e de todos os que se fizeram pequenos; Pai dos pobres, dos órfãos, de quem é estrangeiro, de quem está só; Pai de quem acaba de nascer e ainda não te conhece e do ancião que te procura; Pai de todos os pais. Que estás nos céus. E na terra e no mar, na luz e nas trevas, no orvalho da manhã e na brisa da tardinha, na voz do trovão e no murmúrio de um leve ar, nas chamas do fogo e no ruído de um vento impetuoso; Tu estás em Jesus e em todo coração que lhe é caro. Santificado seja o teu Nome. Santo é o Nome do Pai, o Nome mais alto que qualquer outro nome, mais terno que o nome mãe, mais afetuoso que o nome irmão, mais querido que o nome esposo, mais solícito que o nome amigo, mais benévolo que o nome Criador, mais próximo que o nome Deus, mais amoroso que qualquer nome de amor. Venha o teu reino. Venha o senhorio de tua justiça nos pensamentos de nossa mente para nela proclamar a hora do silêncio; venha a autoridade de tua graça sobre os sentimentos de nosso coração para anunciar o dia da paz; venha o teu reino nas prisões do mundo, nos esconderijos da terra, nas celas da morte, nas masmorras dos povos, nos segredos de toda alma longe da aurora. Seja feita a tua vontade. A vontade pela qual todas as coisas são, as aves do céu e os lírios dos campos, as águas das chuvas e as fontes dos poços, a luz dos astros e as tochas dos homens, dos homens bons e dos homens que não sabem mais tua oração. MEDITAÇÃO DO PAI NOSSO. (Do livro “O Pai-Nosso oração do Novo Milênio”; Henrique Cristiano José Matos; Ed. O Lutador). Assim no céu como na terra. 13 Como entre os anjos assim entre os homens, entre os corações dos pais e os corações dos filhos, entre a esposa e o esposo, entre o lobo e o cordeiro. Seja feita a tua vontade e haja paz entre o céu e a terra. 3. COMO ORAR COM A BÍBLIA (LEITURA ORANTE DA BÍBLIA). Buscar um lugar apropriado. Invocar o Espírito Santo para iluminar a vontade do Pai no meu coração. QUATRO MOMENTOS DESTA ORAÇÃO 1. Leitura: compreender o significado do texto. O que diz o texto. Escutar e respeitar o texto. Senhor: qual era tua vontade para o teu povo naquela situação histórica? 2. Meditação: o que o texto quer me dizer hoje, na realidade que eu vivo. O que me diz o texto. Acolher o texto. Senhor: qual é a tua vontade para mim, na situação que eu estou vivendo? Proposta de Deus. 3. Contemplação (e adoração): quais sentimentos, pensamentos, atitudes de vida suscita o texto em mim. O que eu digo ao texto. Responder ao texto. Resposta humana. Senhor: como eu posso fazer tua vontade? Como posso te ser mais útil? 4. Compromisso: como eu posso cumprir melhor a vontade de Deus na minha vida. O que eu faço com o texto. Praticar a mensagem do texto. (“Hoje se cumpre esta palavra”). Senhor: eu vou fazer a tua vontade por meio deste compromisso...Muito obrigado por contar comigo na causa do teu Reino, me ajuda a ser fiel! Agradecer ao Senhor por este momento de graça e pedir a força do Espírito Santo para colocar na prática o seu projeto de amor. Dá-nos hoje nosso pão do dia. Que cada dia possamos ter um pão de vida, o pão que desce do céu; que cada dia o Espírito de tua Palavra o possa transformar em verdadeira comida e verdadeira bebida. Sim, ó Pai, que nunca aconteça esquecermos de levar conosco os ázimos que tu multiplicaste para cada um! E solta-nos de nossas dívidas. Da dívida de tua vida, porque a vivemos na morte; da dívida de teu amor, porque o matamos com nosso ódio; da dívida de teu corpo, porque dele fizemos o que bem entendemos. Perdoa-nos, Pai, porque sobremaneira grande é o que fizemos ao teu Jesus. Como também nós soltamos os nossos devedores. Porque tu pagaste por toda dívida e mais ninguém me deve nada; eis que todo homem é meu irmão e tudo o que me devia era seu direito, e o que ainda não me foi pedido, que eu o venda e doe tudo a quem nunca teve nada. E não nos leves até a provação. Mas livra-nos do maligno. Mas, se a provação chegar até nós, faze com que encontre Cristo em nós para fazer-lhe frente. Livra-nos de tudo o que nos impede de dizer-te de todo o coração, com toda a mente e com toda a nossa alma. 14