constelações espaciais e

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CONSTELAÇÕES ESPACIAIS E (IN)VISIBILIDADES
LÉSBICAS EM LISBOA
Paulo Jorge Vieira
Centro de Estudos Geográficos, IGOT, Universidade de Lisboa
[email protected]
Palavras Chave: Lésbicas; Cidade; Lisboa, Visibilidade; Constelação
As espacialidades e sociabilidades urbanas de mulheres lésbicas têm sido um elemento
presente na investigação na geografia humana sobre a inter-relação entre espaço e
sexualidade. Este texto nasce da investigação levada a cabo na tese de mestrado em
Geografia, na Universidade de Lisboa, e que pretendeu estudar as praticas sócioespaciais de lésbicas e gay residente na área metropolitana de Lisboa. Partindo assim da
observação participante etnográfica e de um conjunto de entrevistas este texto pretende
dar a conhecer os modos de construção de visibilidades e invisibilidades sócio-espaciais
lésbicas com o objectivo de caracterizar os usos e apropriações da cidade de Lisboa por
parte de mulheres lésbicas. Neste sentido partimos do conceito de constelação, tal como
proposto por Walter Benjamin, afirmamos na nossa hipótese de trabalho que o modo de
apropriação distinto de lésbicas plasma-se numa constelações de pontos com
significados sociais diversos, promotores de sociabilidades não (hetero)normativas. O
conceito de constelação que usamos torna-se central como elemento da construção e
explicação do pensamento de Walter Benjamin, particularmente nos seus escritos sobre
cidade e urbanismoao resignificar este conceito, pois, para este “constelação” não é
apenas um conjunto de estrelas, ou uma imagem proveniente de qualquer imagética,
mas sim, algo que se constrói num imaginário de significados que lhe podem ser
atribuídos. Assim, as diferentes narrativas traçadas sobre os agrupamentos de estrelas
correspondem a construções linguísticas e culturais, mas também materiais, de espaços
de significado particular ou único para um ou mais grupos sociais. Numa perspectiva
que pretende ir além do dominante heteronormativo, redefinimos o espaço urbano a
partir das relações culturais e sociais existentes; e através da entidade do flâneur como
uma entidade única no espaço da cidade, potenciamos assim o limiar de observação
destes como “escrita da cidade”, introduzindo assim a noção de constelação como uma
representação não-realista do espaço, por isso metafórica, mas que plasma as relações e
materialidades reais no espaço urbano sendo que deste modo, o conceito de constelação
potencia uma representação não heteronormativa dos espaços e das espacialidades ao
reafirmar a existência ao mesmo tempo de imaginários singulares e múltiplos da cidade
e das sociabilidades urbanas.
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