08 Prémio Nacional de Reabilitação Urbana IMOBILIÁRIO 26 FEVEREIRO 2014 Prémio Nacional de Reabilitação Urbana: Escritórios ganham espaço Os projetos de escritórios e serviços estão a ganhar cada vez mais espaço na reabilitação urbana. No Prémio da Reabilitação Urbana, esta categoria representa mais de 18% do total dos projetos candidatos. Conheça-os de seguida Susana Correia Apesar do peso dominante da habitação na reabilitação urbana, reabilitar edifícios para o uso de escritórios e para serviços é uma tendência crescente, como prova a distribuição dos projetos candidatos ao Prémio Nacional da Reabilitação Urbana 2014. De um total de 49 projetos submetidos a concurso, cerca de 18% (9 no total) são referentes a projetos de reabilitação de edifícios para o uso de escritórios ou de outros serviços. Esta semana, apresentamos-lhe as intervenções candidatas à melhor reabilitação urbana de serviços & comercial, nas quais Lisboa e Porto, pelas razões óbvias de localização do tecido empresarial, voltam a ganhar protagonismo. Adicionalmente e na sequência da edição anterior, damoslhe ainda a conhecer os restantes projetos habitacionais que completam a lista de 16 reabilitações residenciais candidatas a este Prémio, organizado pela Vida Imobiliária e pela Promevi, com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, entidade de referência na reabilitação urbana. Associam-se ainda a Schmitt+Sohn, a Adene e a Aguirre Newman, além da Sika e da Revigres. Quarteirão das Cardosas Habitação | Porto | Concluído em 2013 Promovida pela Fundbox através do fundo First Oporto Urban Regeneration Fund, esta intervenção abarca 19 edifícios entre as ruas das Flores e Trindade Coelho e a Praça de Almeida Garrett, no Porto, numa área de construção de 6.450 m². No total, são 52 fogos com tipologias T1 e T2, além de 19 lojas. A construção está a cargo da Lucios, incluindo ainda um parque de estacionamento público subterrâneo com 327 lugares. O projeto é assinado pela arquiteta Rosário Rodrigues Almeida, e integra também uma praça pública com 1.600 m². Este quarteirão tem vindo a consolidar-se como zona de atração turística. Moradia Unifamiliar em Cabeda Habitação| Alijó | Concluída em 2013 Esta moradia está implantada numa pequena localidade rural perto de Vilar de Maçada, no Altp Douro Vinhateiro, sendo reabilitada para Serafim Alves, com projeto da arquiteta Olga Feio e construção da ARF – António Rangel Ferraz. A estrutura original tem mais de meio século, e foi, ao longo do tempo, descaracterizado. A reabilitação atual procurou manter e restaurar, sempre que possível, elementos da construção original, articulando-se com as preocupações de adaptar a construção às exigências atuais de conforto, salubridade e eficiência energética. A habitação desenvolve-se no piso superior, como era habitual nesta tipo de edifício, e no piso térreo mantém-se o lagar e o espaço de arrecadação de alfaias agrícolas. Edifício Rua das Mercês 67-69 Habitação | Lisboa | Concluído em 2012 Integrado na zona de intervenção da SRU Lisboa Ocidental, este edifício de uso habitacional localizase na freguesia da Ajuda, em Lisboa, mais concretamente na Rua das Mercês. Contempla três fogos, sendo no número 67 o piso 0 e no número 69 os pisos 1 e 2, com uma habitação cada. A intervenção permitiu preservar elementos originais da fachada, e salvaguardou também a tipologia existente que se apresentava nos três pisos, além de manter a natural configuração do lote. A promoção é da SRU Lisboa Ocidental e a construção da Ecociaf, sendo o projeto assinado por Humberto Conde, da Realizações de Arquitetura. apoio administrativo, estas duas implantadas no edifício que existia no local. O arquiteto Rui Jorge Branco Cavaleiro assinou este projeto, que foi construído pela Lucios. Vila D’Este – Vila de Andorinho (fase I) Habitação | Gaia | Concluída em 2012 Trata-se da reabilitação de uma das mais importantes urbanizações de habitação a custos controlados em Portugal, a qual integra 109 edifícios num total de 2085 fogos e 76 espaços comerciais. Foram realizadas diversas intervenções de recuperação das fachadas, coberturas e zonas de entradas dos edifícios, entre outras. Além de introduzir melhorias físicas nos edifícios, esta reabilitação liderada pela empresa municipal Gaiurb permitiu ainda renovar a imagem urbana do conjunto, reforçando os laços dos habitantes com o meio onde vivem. Projeto do arquiteto Nuno Abrantes, com obra da Engenheiros Associados. Centro Náutico de Viana do Castelo Edifício de Acolhimento (Eixo da Rua da Vitória) Serviços & Comercial | Lisboa | Concluído em 2013 A requalificação urbana da Rua da Vitória é um dos eixos estruturantes para dinamização do percurso pedonal que liga a Baixa de Lisboa ao Castelo de S.Jorge. O Edifício de Acolhimento, com frente para Rua dos Franqueiros (170-178) é uma das peças chave nesse plano, tendo sido reabilitado para integrar os elevadores públicos que fazem a ligação ao Largo Adelino Amaro da Costa através do piso térreo do edifício adjacente, na Rua da Madalena (147-155). O projeto é promovido pela Câmara Serviços & Comercial | Viana do Castelo | Concluído em 2013 Promovida pela autarquia de Viana do Castelo, esta reabilitação recuperou e ampliou as instalações da antiga “fábrica das boinas”. Numa área de implantação de 2.574 m², o projeto pretendeu dar resposta às necessidades de dois clubes de remo da cidade, para 75 utilizadores, prevendo três áreas distintas, nomeadamente o armazenamento de 60 embarcações – que ocupa a área ampliada -; uma zona para manutenção dos atletas e uma terceira de PUBLICIDADE Santa Casa da Misericórdia de Lisboa apoia: PATROCÍNIO PLATINA: ver candidatos em: www.vidaimobiliaria.com/premio APOIO: PATROCÍNIO OURO: JORNAL OFICIAL: IMOBILIÁRIO 26 FEVEREIRO 2014 Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 09 A reabilitação de edifícios exige a todos os intervenientes qualificação Municipal de Lisboa, com arquitetura de João Pedro Falcão de Campos, sendo a construção entregue à Udra e à Fitonovo. Escritórios A400 Serviços & Comercial | Porto | Concluído em 2012 uma intervenção que passou pela completa reinvenção dos seus interiores. Promovido pela Largetoile, o edifício, com 1.800 m², integra agora espaços de escritórios distribuídos por cinco pisos, acolhendo ainda uma loja da Cartier no piso térreo. Alexandre Burmester assinou o projeto de arquitetura, sendo a construção entregue à San José. teta Joana Manta Botelho, previa a integração de uma clínica com área para prestação de serviços de cirurgia de ambulatório (mais de 50% da área disponível), além de duas frações de habitação, e um espaço de garagem. Manteve-se a fachada principal, a qual foi ainda ampliada em dois pisos. O edifício totaliza agora cinco pisos, um dos quais enterrado. O promotor foi a Sociedade Médica 14 de Maio, lda. Liberdade 225 Serviços & Comercial | Lisboa | Concluído em 2013 Sede da empresa A400, o projeto resultou na reabilitação de 4 naves industriais na zona oriental da cidade do Porto, numa área de intervenção de 1.015 m². A intervenção permitiu dignificar o conjunto, que se encontrava bastante degradado, resultando a coexistência de ambientes de trabalho diversificados, embora criando-se um eixo transversal de distribuição. A promoção é da Simporto –Sociedade Imobiliária do Porto, com arquitetura assinada por António Leitão Barbosa e construção a cargo da BEC – Braga –Equipamentos de Construção. Descendente de um projeto original de 1961, o edifício foi exemplo de modernidade e uma referência na Avenida da Liberdade na década de 70, importando manter a sua singularidade. A intervenção, promovida pela Luril e com construção realizada pela San José, pretendeu revitalizar todo o edifício, atualizando-o às exigências contemporâneas. Com 9 pisos acima do solo e estacionamento em cave com capacidade para 44 viaturas, o imóvel acolhe escritórios (4.988 m²) e espaços comerciais (808 m²), estes últimos situados nos pisos 0 e 1 e um dos quais ocupados pela Torres Joalheiros. O projeto de arquitetura é da 3G Office. Edifício Rua Alexandre Braga, 94 Serviços & Comercial | Porto | Concluída em 2012 Promovida pela Fundação Instituto Marques da Silva (FIMS), esta reabilitação do edifício localizado no nº 94 da Rua Alexandre Braga, no Porto, intervém no imóvel projetado em 1923 pelo arquiteto José Marques da Silva. Distribuído por seis pisos, manteve-se a organização original: o r/c acolhe um espaço comercial, no 1º andar situam-se três escritórios, sendo o 2º, 3º e 4º andares destinados a habitação. O trio de arquitetos da CE-FAUP, Francisco Barata, Nuno Valentim e José Luís Gomes, assina o projeto, construído pela AOF – Conservação e Restauro do Património Arquitetura. Étoile 240 Serviços & Comercial | Lisboa | Concluída em 2013 Edifício Sede do Banco de Portugal Serviços & Comercial | Lisboa | Concluída em 2012 O projeto reflete bem o conceito de edifício –quarteirão que marca a arquitetura da Baixa Pombalina, integrando ainda a igreja de S.Julião. A abertura à cidade do edifício, salvaguardando as questões de privacidade e de segurança do edifício esteve na base do projeto de arquitetura, assinado pelos arquitetos Gonçalo Sousa Byrne e João Pedro Falcão de Campos. A construção esteve a cargo da HCI Construções, sendo o promotor o ocupante do edifício. Oficina Comum Serviços & Comercial | Porto | Concluída em 2013 Datado do início do século XX, este edifício localiza-se na Avenida da Liberdade, sendo marcado por uma arquitetura romântica eclética típica dessa época. O imóvel possuía apenas os alçados exteriores, exigindo De uma antiga casa de família localizada na Rua Fernandes Tomés nasce um projeto que pretende responder à necessidade de conseguir ter acesso a espaços de trabalho de baixo custo no centro do Porto. Promovida pela Vimardomus, esta intervenção manteve as divisões interiores e outros elementos construtivos, reforçando a estrutura e a cobertura, além de terem sido introduzidas novas infraestruturas hidráulicas e elétricas. Catarina Ribeiro e Vitório Leite do atelier Mero Oficina são os arquitetos responsáveis por este projeto, que foi executado pela Orvaldo Fernandes Construções. Edifício Rua Luís Camões 28-32 Serviços & Comercial | Santarém | Concluído em 2013 Localizado na Rua Luís de Camões, em pleno centro histórico de Santarém, este edifício é uma construção de 1879. A intervenção, executada pela Ecociaf com projeto da arqui- Para conhecer estes projetos em maior detalhe, utilize este QR Code. Opinião Vasco Peixoto de Freitas A nuncia-se uma flexibilização da regulamentação aplicada à reabilitação de edifícios. Muita da regulamentação atual foi concebida para a construção nova sendo desadequada à reabilitação. Admito que num período transitório possam ser criadas condições excecionais de “desregulamentação”, que gerem a necessária dinâmica do setor da construção, até que haja uma regulamentação específica e convenientemente compatibilizada, desde que se responsabilizem os técnicos envolvidos nesses processos. Sem a imprescindível qualificação dos atores (engenheiros, arquitetos, empresas de construção, etc.) não teremos intervenções com soluções técnicas e economicamente otimizadas nem suficientemente duráveis. Justifica-se sensibilizar a sociedade que sem conhecimento nunca haverá qualidade, inovação ou sustentabilidade. Aos engenheiros e arquitetos pede-se conhecimento técnico e capacidade de gestão financeira, nunca dissociada de uma visão multidisciplinar, embora especializada, para os quais poderão não estar totalmente habilitados. Por outro lado, às empresas de construção exige-se que disponham de competências e experiência para executar os trabalhos com sabedoria. Estou certo que a atribuição do Prémio Nacional de Reabilitação Urbana constitui um forte incentivo à qualificação dos intervenientes e à qualidade das intervenções. Quem não agir segundo estes princípios muito provavelmente não terá espaço de atuação nesta conjuntura ou muito rapidamente será excluído pelas próprias exigências do mercado. Professor Catedrático, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto | [email protected]| Júri do Prémio Nacional da Reabilitação Urbana