VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG UNIDADES CLIMÁTICAS NO DOMÍNIO DO CERRADO: ESTUDOS PRELIMINARES DE UMA NOVA CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA GIULIANO TOSTES NOVAIS1 Resumo: As classificações climáticas são métodos empregados na identificação e caracterização de tipos climáticos, apresentando aplicação em várias áreas que dependem direta ou indiretamente das condições ambientais. O presente trabalho lança uma nova abordagem a respeito do clima no domínio do cerrado, mostrando as suas subdivisões, caracterizadas pela variação de precipitação, temperatura, quantidade de meses secos, passagem de frentes frias e formação de geadas; promovendo o aperfeiçoamento dos sistemas de classificação climática. Palavras-chave: Climatologia regional, subtipos climáticos, sistemas meteorológicos, temperatura, precipitação Abstract: The climate ratings are used methods in the identification and characterization of climatic types, with application in various areas that directly or indirectly depend on the environmental conditions. This paper launches a new approach regarding the domain cerrado climate, showing its subdivisions, characterized by variation of rainfall, temperature, amount of dry months and passage of cold fronts and frost formation, promoting the improvement of climatic classification systems. Keywords: Regional weather, climatic subtypes, weather systems, temperature, precipitation 1- Introdução A possibilidade de analisar e definir os climas de diferentes regiões levando em consideração elementos climáticos diferentes é a grande importância dos sistemas de classificações climáticas. Os pesquisadores no domínio do mesoclima sempre se preocuparam com a questão de classificar os macroclimas. Segundo Nóbrega (2010), a complexidade das dificuldades envolvidas exigiu a adoção de várias abordagens e técnicas distintas e, portanto, resultou na presença de vários sistemas de classificações climáticas. De modo geral, tem-se observado que os critérios utilizados nos principais sistemas variam entre a precipitação, temperatura, vegetação e massas de ar, sejam como variáveis independentes ou como diferentes combinações. Considerando-se que o clima é um fenômeno dinâmico, o conhecimento dos fatores geográficos ou estáticos, por mais completos que sejam não é suficiente para a compreensão do clima. Este não pode ser compreendido e analisado sem o concurso dos fatores dinâmicos (mecanismo atmosférico), seu principal fator genético, objeto de estudo da Meteorologia 1 Acadêmico do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. Email de contato: [email protected] 2278 VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Sinótica. Todos os fatores climáticos estáticos tais como o relevo, agem sobre o clima de determinada região em interação com os sistemas regionais de circulação atmosférica (NIMER, 1989). Área “core” do domínio morfoclimático do cerrado (Ab’Saber, 2003), paisagem transicional entre aquelas florestadas ao norte e ao leste-sul, a região central do Brasil manifesta também uma expressiva condição de transição climática. Através do setor oriental da região sopram, durante todo o ano, ventos geralmente de nordeste a leste do anticiclone subtropical semifixo do Atlântico Sul, responsáveis por tempo estável, em virtude de sua subsidência superior e consequente inversão de temperatura. De acordo com Nimer (1989) esta situação de estabilidade, com tempo ensolarado, está frequentemente sujeita a bruscas mudanças, acarretadas por diferentes sistemas de circulação ou correntes perturbadas, dentre os quais destacam-se três: a) Sistema de correntes perturbadas de oeste – de linhas de instabilidade tropicais (IT); b) Sistema de correntes perturbadas de norte – da convergência intertropical (CIT); e c) Sistema de correntes perturbadas de sul – do anticiclone polar e frente polar (FP). Essas características refletem diretamente em uma multiplicidade de tipos de tempo durante o ano, os quentes e úmidos concentrados no verão e os quentes e secos, no inverno, embora com quedas pontuais e médias de temperatura nesta última estação. Este tipo climático é o tropical semiúmido, ou conforme Mendonça (2007), tropical do Brasil Central, onde se encontram os subtipos climáticos de grande parte das Regiões Sudeste e Nordeste, e parte da Região Norte do país. Conforme Assad (2004) em seu estudo sobre a cultura do café, a região sudoeste de Minas Gerais, e norte dos estados de São Paulo e Paraná possuem riscos climáticos para a agricultura, com probabilidade de ocorrência de geadas. Já Fuentes (2009), em sua tese de doutorado sobre precipitação nival no sul do Brasil, apresentou dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) em que alguns municípios na divisa de Santa Catarina e Paraná registraram neve em algum momento em 30 anos de observação, levando a crer que municípios do cerrado paranaense também possa registrar tal ocorrência. O objetivo deste artigo é lançar uma nova abordagem a respeito das unidades climáticas que afetam o domínio do cerrado, mostrando as suas subdivisões, caracterizadas pela variação de precipitação, temperatura, quantidade de meses secos, passagem de frentes frias e formação de geadas; promovendo o aperfeiçoamento dos sistemas de classificação climática com o uso de tecnologias atuais e novas fontes de dados históricos. 2- Material e métodos 2279 VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG O procedimento cartográfico para elaboração do mapa de passagem de frentes frias e ocorrência de geada e neve no território brasileiro (Figura 1) teve como base as informações de Assad (2004), Cavalcanti (2009) e Fuentes (2009). O primeiro autor destaca regiões de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná que tem a probabilidade de ocorrência de geadas, problema muito comum a regiões de plantio de café. As informações foram muito úteis para determinar o limite meridional dos subtipos climáticos do cerrado brasileiro. Já Cavalcanti (2009), publicou em seu livro “Tempo e clima no Brasil” a frequência de passagem de frentes frias pelo território brasileiro a partir de dados de análise rítmica. Esses dados serviram para marcar as isolinhas de mesma frequência de frentes frias no país. Fuentes (2009), em sua tese de doutorado destaca região do sul do Brasil onde a precipitação de neve é frequente. Um desses locais é o planalto arenítico-basáltico localizado no centro-nordeste do Paraná, região onde o cerrado atinge seu ponto mais meridional. A partir da delimitação do domínio do cerrado feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dados de temperatura média e precipitação de Mendonça (2009) e Novais (2011), temperaturas máximas e mínimas de Alvares (2013), passagem de frentes frias, formação de geadas e precipitação de neve; foi elaborado o mapa de tipos e subtipos climáticos presentes na área do domínio do cerrado (Figura 2). 2280 VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG FIGURA 1: Passagem de frentes frias e ocorrência de geada e neve no território brasileiro. Autor: NOVAIS, 2015 3- Resultados 3.1 O clima tropical semiúmido no domínio dos cerrados Considerada uma grande área de transição entre os climas predominantemente quentes e úmidos, ao norte, e subtropical úmido, ao sul, a área de domínio do clima tropical semiúmido apresenta características próprias, todavia, diferenciadas em sua extensa área de 2281 VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG domínio. A mais explícita característica comum a todos os subtipos desse macrotipo é a associação sazonal entre temperatura e a umidade. Nos momentos mais quentes do ano, observa-se a concentração das chuvas, enquanto, nos menos quentes, nota-se a redução da pluviosidade; a sazonalidade térmica e pluviométrica desse domínio climático é bastante evidente. Embora nenhum dos meses do ano apresente pluviosidade média de zero milímetro, as médias mensais de junho a agosto aproximam-se bastante desse valor em muitas localidades (particularmente nas porções mais elevadas do planalto Central, com destaque para a região do Distrito Federal). No verão, ao contrário, a pluviosidade média mensal pode ultrapassar os 300 mm em Paranaíba (MS), Machado (MG), Goiânia (GO) e Paracatu (MG), por exemplo (MENDONÇA, 2007). Ainda segundo Mendonça (2007) os processos frontogenéticos são mais presentes na porção sul e sudeste dessa grande área, onde respondem pelas mais expressivas quedas sazonais das condições térmicas, enquanto no norte, devido à continentalidade e à atuação dos sistemas tropicais-equatoriais, os índices térmicos são mais elevados. O domínio climático tropical semiúmido é o segundo maior do território brasileiro, abrangendo no sentido leste-oeste desde o Rio Grande do Norte ao Pantanal mato grossense, e no sentido sul-norte da região dos Lagos (Rio de Janeiro) até o litoral maranhense. Separada pela floresta amazônica, a porção oriental de Roraima, também possui um clima tropical semiúmido. O regime de precipitação deste domínio climático possui uma variação sazonal, há duas estações bem definidas: uma seca de inverno (junho-julho-agosto), em sua grande parte; e outra chuvosa no verão (dezembro-janeiro-fevereiro). De acordo com Cavalcanti (2009), do total de chuva acumulada por estação, mais de 70% ocorre durante o verão e o outono, enquanto os meses de inverno são excessivamente secos, contribuindo com apenas 5%, em média. O comportamento das temperaturas no domínio climático tropical semiúmido é determinado principalmente pela posição geográfica e pelo relevo, variando desde regiões com baixa altitude, que registram temperaturas altas, até regiões altas, como as chapadas dos estados de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, que registram temperaturas baixas. A continentalidade impede a interferência das influências marítimas na maior parte do domínio climático, permitindo que a variação da latitude seja responsável por diferenças na temperatura que chegam a 5°C em média, desde o extremo sul ao extremo norte da região (NIMER, 1989). 2282 VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Os Sistemas de Circulação Atmosférica que mais atuam nesse domínio climático são as linhas de instabilidade, a convergência intertropical, e o anticiclone polar juntamente com a frente polar. As linhas de instabilidade aparecem entre o final da primavera e o início do outono, quando a região central do país é constantemente invadida por ventos de oeste e noroeste vindos da região amazônica. Conforme NIMER (1989) trata-se de alongadas depressões barométricas, induzidas por pequenas dorsais. No interior de uma linha de instabilidade o ar em convergência acarreta, geralmente, chuvas e trovoadas. A convergência intertropical traz chuvas convectivas, chegando no verão e no outono ao norte de Goiás e interior do Mato Grosso, com máximo de penetração no continente sulamericano no outono. A penetração do anticiclone polar possui um comportamento bem distinto conforme se trata do verão ou do inverno. Durante o verão, o aprofundamento e expansão do centro de baixa do interior do continente (depressão do Chaco), dificulta ou impede a invasão do anticiclone polar (provocador de chuvas frontais) ao norte do planalto Central. No inverno, o anticiclone polar invade com mais frequência a região do domínio climático tropical semiúmido, uma vez, que nessa estação, sendo este anticiclone mais poderoso. Nessas condições a depressão do Chaco se refugia no Acre e Bolívia e a frente polar atinge o Mato Grosso provocando chuvas frontais e pós-frontais em toda a região central do Brasil. Após a sua passagem a região fica sob a ação do anticiclone polar, com céu limpo, pouca umidade específica e forte declínio da temperatura com a radiação noturna, durante, geralmente, dois dias (NIMER, 1989). Devido à complexidade deste tipo climático, faz-se necessário abordá-lo a partir de três subtipos, sugeridos por esse trabalho: Tropical Semiúmido Setentrional, Tropical Semiúmido Central e Tropical Semiúmido Meridional. 3.1.1 Clima tropical semiúmido setentrional Este subtipo climático está presente em todo o centro-norte maranhense, desde a serra das Alparcatas, cabeceira do rio Mearim, até o litoral de Barreirinhas, nos Lençóis Maranhenses. Por todo o vale do rio Mearim, e seus afluentes, o relevo decresce em direção norte (de 750 metros ao nível do mar). As temperaturas médias anuais variam de 25,1° a 27°C (MENDONÇA, 2007), com máximas de 37°C em outubro, e mínimas de 18°C em julho (ALVARES, 2013). A precipitação média anual também tem grande variabilidade, 1.000 mm 2283 VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG na cabeceira do rio Mearim, a 2.300 mm no litoral de Alcântara, a noroeste da capital São Luís. As chuvas são concentradas nos meses de verão e outono, com estação seca de primavera (4 meses). Não há passagem de frentes frias e ocorrência de geadas em nenhuma área desse subtipo climático (CAVALCANTI, 2009). 3.1.2 Clima tropical semiúmido central Subtipo climático que predomina no Brasil Central, dominado pela vegetação do cerrado, do Pantanal mato-grossense ao sul do Maranhão, e do centro de Minas Gerias ao sul de Rondônia. É a maior região climática desse clima no país. O clima quente domina quase toda a região do Brasil Central. Neste a frequência de temperaturas elevadas constitui a característica dominante, mormente no nordeste de Mato Grosso e estado do Tocantins e no Pantanal, onde, no verão, são comuns as temperaturas acima dos 38°C, tendo já alcançado valores superiores a 42°C no Tocantins e no Pantanal (NIMER, 1989). O relevo do Planalto Central forma um limite quanto as temperaturas durante o inverno, quando a ação do anticiclone polar força as mínimas diárias a descerem a níveis muito baixos em altitudes superiores a 1.000 metros; portanto o clima dessas elevações será descrito mais adiante como sendo um tropical de temperaturas amenas. As temperaturas médias anuais variam de 22,1° a 26°C (MENDONÇA, 2007), com máximas de 37°C em setembro, e mínimas de 12°C em julho (ALVARES, 2013). De acordo com Mendonça (2007), a precipitação média anual varia de 1.000 mm nas escarpas do planalto do Gurguéia no sul piauiense, a 1.750 mm na região de Vilhena (RO). As chuvas são concentradas nos meses de verão, com estação seca de inverno (4 a 5 meses), característica típica do clima tropical. Constantemente as frentes frias atingem esse subtipo climático, chegando a ter uma frequência de 20 passagens por ano na região pantaneira e no centro de Minas Gerais (CAVALCANTI, 2009). Conforme Assad (2004), não há ocorrência de geadas na porção norte do clima tropical semiúmido central, mas pode acontecer, um evento a cada 30 anos na porção sul, especialmente na borda setentrional do planalto Central e também no Pantanal. 3.1.3 Clima tropical semiúmido meridional Localizado ao sul do Planalto Central Brasileiro, é nesse subtipo climático onde as temperaturas médias anuais são as mais baixas do clima tropical semiúmido. Bem parecido com o subtipo semiúmido central, mas com ocorrência de geada em alguns pontos, mesmo que seja em raras ocasiões. O Planalto Central por situar-se a barlavento, de frente, para a 2284 VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG entrada da massa polar vinda da bacia hidrográfica do rio Paraná, é uma região em que este subtipo climático apresenta temperaturas mais baixas se comparadas a região a sotavento do citado planalto. Abrange desde a região da chapada dos Guimarães (MT), passando pelas escarpas meridionais das serras Dourada e dos Pirineus e por todo o Sul Goiano, Triângulo Mineiro e norte do estado de São Paulo. As temperaturas médias anuais variam de 20,1° a 24°C (MENDONÇA, 2007), com máximas de 35°C em outubro, e mínimas de 9°C em junho (ALVARES, 2013). A precipitação média anual varia de 1.250 a 1.500 mm (MENDONÇA, 2007). As chuvas são concentradas nos meses de verão, e a estação seca é de inverno (4 a 5 meses secos). As frentes frias atingem a região 15 vezes por ano em média (CAVALCANTI, 2009), podendo ocorrer 2 a 3 eventos de geadas a cada 30 anos (ASSAD, 2004). 3.2. Outras unidades climáticas presentes no domínio dos cerrados 3.2.1 Clima tropical semiárido O clima semiárido no cerrado brasileiro abrange o norte de Minas Gerais, borda ocidental da bacia do São Francisco na Bahia e grande parte da bacia do rio Parnaíba na divisa dos estados do Piauí e Maranhão, até chegar ao litoral dos Lençóis Maranhenses. As temperaturas médias anuais variam de 23,1° a 26°C (MENDONÇA, 2007), com máximas de 38°C em outubro, e mínimas de 12°C em junho (ALVARES, 2013). A precipitação média anual varia de 750 a 1.000 mm (MENDONÇA, 2007). As chuvas são irregulares concentradas nos meses de verão, e com estação seca é de inverno e primavera (6 a 7 meses secos). As frentes frias atingem a região de 5 a 10 vezes por ano em média (CAVALCANTI, 2009), e não ocorrem geadas (ASSAD, 2004). 3.2.2 Clima tropical ameno O domínio climático tropical ameno seria uma transição do clima tropical com o subtropical. A temperatura do mês mais frio é inferior a 18° (como no clima Cwa de Köppen). Abrange três regiões específicas no cerrado. A primeira engloba as serras da Bodoquena, Maracaju e o chapadão de Campo Grande a Coxim no Mato Grosso do Sul. A segunda região vai desde Botucatu (SP) passando pelo relevo de “cuestas” do centro paulista, entorno da serra da Canastra e Alto Paranaíba em Minas Gerais, chegando ao planalto Central e chapada 2285 VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG dos Veadeiros em Goiás. O clima tropical ameno também aparece nas encostas da serra do Espinhaço no centro norte de Minas Gerais. As temperaturas médias anuais variam de 20,1° a 24°C (MENDONÇA, 2007), com máximas de 30°C em outubro, e mínimas de 6°C em junho (ALVARES, 2013). A precipitação média anual varia de 1.250 a 1.750 mm (MENDONÇA, 2007). As chuvas são concentradas nos meses de verão, e a estação seca é de inverno (1 a 5 meses secos). As frentes frias atingem a região de 15 a 25 vezes por ano em média (CAVALCANTI, 2009), podendo ocorrer de 3 a 6 eventos de geadas a cada 30 anos (ASSAD, 2004). 3.2.3 Tropical úmido São duas regiões distintas de influência do clima tropical úmido no domínio do cerrado. A primeira fica no contato entre o cerrado e a floresta amazônica, desde o oeste maranhense até o norte de Mato Grosso; com temperaturas elevadas e chuvas abundantes, o clima tropical úmido amazônico. Já a segunda região, que vai do sul do Pantanal, passando pela calha do rio Paraná e chegando até o norte paulista, tem temperaturas menos elevadas e a precipitação não ultrapassa 1500 mm, é o clima tropical úmido meridional. 3.2.3.1 Tropical úmido amazônico As temperaturas médias anuais variam de 25,1° a 28°C (MENDONÇA, 2007), com máximas acima de 36°C em outubro, e mínimas de 18°C em junho (ALVARES, 2013). A precipitação média anual varia de 1.500 a 2.000 mm (MENDONÇA, 2007). As chuvas são concentradas nos meses de verão e outono, com subseca de inverno (1 a 3 meses secos). As frentes frias atingem a região de 1 a 10 vezes por ano em média (CAVALCANTI, 2009), sem ocorrência de geadas (ASSAD, 2004). 3.2.3.1 Tropical úmido meridional As temperaturas médias anuais variam de 21,1° a 24°C (MENDONÇA, 2007), com máximas de 33°C em outubro, e mínimas de 9°C em junho (ALVARES, 2013). A precipitação média anual varia de 1.250 a 1.500 mm (MENDONÇA, 2007). As chuvas são concentradas nos meses de verão, e com subseca de inverno (1 a 3 meses secos). As frentes frias atingem a região de 15 a 25 vezes por ano em média (CAVALCANTI, 2009), podendo ocorrer 5 eventos de geadas a cada 30 anos (ASSAD, 2004). 2286 VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG 3.2.4 Clima Subtropical O clima subtropical, aqui descrito nesse trabalho, é caracterizado por pequena estação seca (sendo o restante do ano com chuvas distribuídas) e temperatura do mês mais frio abaixo de 15°C. Influenciado pelas massas de ar tropical atlântica e continental, e polar atlântica. Abrange três regiões específicas no cerrado: duas úmidas (Ponta Porã no Mato Grosso do Sul e os planaltos meridionais paulistas) e uma semiúmida (os topos das serras da Canastra e do Espinhaço em Minas Gerais). As temperaturas médias anuais variam de 16,1°C a 20°C (MENDONÇA, 2007), com máximas de 30°C em outubro, e mínimas de 3°C em junho (ALVARES, 2013). A precipitação média anual varia de 1.500 a 1.750 mm (MENDONÇA, 2007). As chuvas são concentradas nos meses de verão, variando de subseca a estação seca é de inverno (1 a 4 meses secos). As frentes frias atingem a região de 20 a 25 vezes por ano em média (CAVALCANTI, 2009), com ocorrência anual de geadas (ASSAD, 2004). 3.2.5 Clima Temperado O temperado aparece em uma pequena área do estado do Paraná, nas serras próximas a Jaguariaíva. É caracterizado por temperaturas médias anuais variando de 12,1°C a 16°C (MENDONÇA, 2007), com máximas de 24°C em outubro, e mínimas de 1°C em julho (ALVARES, 2013). A precipitação média anual varia de 1.500 a 1.750 mm (MENDONÇA, 2007). As chuvas são bem distribuídas durante o ano, com pequena estação seca ( 1 a 2 meses). As frentes frias passam 30 vezes por ano em média (CAVALCANTI, 2009), com ocorrência anual de geadas (ASSAD, 2004) e precipitação nival muito rara (de 1 a 6 eventos a cada 30 anos). 2287 VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG FIGURA 2: Tipos e subtipos climáticos presentes na área do domínio dos cerrados. Autor: NOVAIS, 2015 4- Considerações finais A característica marcante da maioria do domínio do cerrado é a presença do clima tropical semiúmido, com uma estação chuvosa de verão e uma estação seca de inverno. Com algumas exceções (climas subtropical e temperado), em todo o cerrado domina as temperaturas elevadas. Por isso, em sua maioria, a diferença entre as condições térmicas da 2288 VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG primavera (sua estação mais quente) e do inverno (sua estação mais fria) é de pouca significância, tratando de condições médias. Entretanto, conforme Nimer (1989), se observarmos a ocorrência das mínimas e máximas diárias, verificamos que entre essas duas estações existe uma profunda diferença: enquanto na primavera as máximas e mínimas diárias mantém-se quase sempre elevadas, no inverno as mínimas diárias mantem-se muito baixas, tratando-se de regiões tropicais, e as máximas sofrem uma acentuada queda, mormente na porção centro-sul. A precipitação pluviométrica também segue o regime tropical, com dois períodos anuais, chuvas concentradas em uma época do ano, e uma estação seca em outra época. As chuvas ocorrem principalmente no verão. A estação seca ocorre no inverno, mas também pode acontecer na primavera (porção semiárida do cerrado). Já nos climas subtropical e temperado, as chuvas são mais bem distribuídas durante o ano, com pequena estação seca (1 a 3 meses) no inverno. 5- Referências AB’SABER, A.N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. ALVARES, C.A.; STAPE, J.L. Modeling monthly mean air temperature for Brazil. Hamburgo: Theoretical and Applied Climatology 113 (2013) 407-427. ASSAD, E.D. [et al]. Impacto das mudanças climáticas no zoneamento agroclimático do café no Brasil. Brasília: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), 2004. CAVALCANTI, I.F.A. [et al]. Tempo e clima no Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2009. FUENTES, M.V. Dinâmica e Padrões da precipitação de neve no sul do Brasil. Tese de doutorado apresentada ao Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2009. MENDONÇA, F. [et al]. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. NIMER, E. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. 1989. NÓBREGA, R.S. Um pensamento crítico sobre as classificações climáticas de Köppen até Strahler. Recife: Revista Brasileira de Geografia Física 03 (2010) 18-22. NOVAIS, G.T. Caracterização climática da mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba e do entorno da Serra da Canastra (MG). Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. 2011. 2289