II - Fotossíntese A fotossíntese é o mecanismo pelo qual as plantas clorofiladas produzem compostos orgânicos a partir de gás carbônico, água e energia luminosa. Esse fenômeno fotobiológico pode ser considerado o mais importante dentre os que ocorrem no mundo vivo, uma vez que os compostos orgânicos sintetizados tornam-se aproveitáveis como fonte de energia tanto para as próprias plantas como para os animais. As plantas clorofiladas constituem, portanto, as fábricas de alimento do mundo. Além disso, é graças ao mecanismo de fotossíntese que a taxa de gás carbônico e oxigênio na atmosfera se mantém praticamente constante. As folhas são os órgãos-sede da fotossíntese; esse processo pode ser resumido pela seguinte equação geral: Vários são os fatores que podem influenciar na velocidade da fotossíntese. Esses fatores podem ser externos (disponibilidade de gás carbônico, luz, etc.) ou internos ( grau de abertura dos estômatos, teor de clorofila, etc.). A concentração de gás carbônico A atmosfera contém cerca de 0,03% de gás carbônico. Considera-se que essa taxa constitui um fator limitante da fotossíntese, principalmente em plantas terrestres, uma vez que se encontra muito aquém do requerido por elas. Mantendo-se como único fator variável a taxa de CO2 , verifica-se experimentalmente que a velocidade da fotossíntese é baixa quando a disponibilidade de CO2 também baixa. Isso acontece , uma vez que o CO2 é fonte de carbono para a produção de matéria orgânica. À medida que aumenta a concentração de CO2, aumenta a taxa de fotossíntese - mas apenas até certo ponto. Dizemos, então, que a planta se encontra saturada de CO2, e um aumento na quantidade desse gás não afetará a velocidade do processo. A influência da luz Na Fotossíntese a luz é fonte de energia para a formação de ATP e NADPH2, substâncias que participam ativamente da converção do CO2 em compostos orgânicos. Por isso, quando a disponibilidade de luz é baixa, a taxa de fotossíntese é muito pequena; aumentando a intensidade da luz, observa-se um aumento da velocidade fotossíntetizante, até a planta encontrar-se luminicamente saturada. A influência da temperatura A temperatura é especialmente importante na fotossíntese , pela influência que exerce na atividade do equipamente enzimático que atua nesse fenômeno bioquímico. Assim, a velocidade de fotossíntese é máxima numa faixa térmica entre 30C e 40C. Em temperaturas muito baixas , a taxa de fotossíntese é pequena porque as enzimas acham-se pouco ativas; e , em temperaturas muito altas, a fotossíntese pode ser anulada devido à desnaturação enzimática. O ponto de compensação O ponto de compensação luminoso corresponde à taxa de luz em que a atividade fotossintetizante é igual à atividade respiratória. Isso significa que nesse ponto, a planta consome na respiração um quantidade de O2 equivalente à produzida na fotossíntese; ou que consome na fotossíntetizante uma quantidade de CO2 equivalente à liberada pela respiração. Uma fonte se encontra-se acima do ponto de compensação quando a intensidade luminosa é tal que a fotossintese supera a respiração; por outro lado, a planta está abaixo do ponto de compensação quando a atividade respiratória supera a atividade fotosssintetizante , devido a carência de luz. Uma planta não sobreviverá se for mantida infinitamente no ponto de compensação ou abaixo dele. Nessas circuntâncias, a planta não disporá de alimentos para garantir a manutenção de sua atividade nos momentos em que somente respira (ausência de luz ) : a planta portanto, irá definhando até a morte. Quanto ao ponto de compensação, as plantas se dividem em: heliófitas ou plantas de sol : apresentam elevado ponto de compensação; umbrófitas ou plantas de sombra: a presentam baixo ponto de compensação . III - Hormônios vegetais Os fitormônios ou hormônios vegetais são substâncias orgânicas estruturalmente mais simples que os hormônios animais, embora sejam capazes de determinar um considerável efeito no metabolismo do órgão receptor; são produzidos em pequenas quantidades em determinadas regiões da planta e transportados para outros locais, onde atuam. As auxinas As auxinas são fitormônios de crescimento e, entre elas , o ácido indolilacético (AIA) é o exemplo mais conhecido e estudado. Esse hormônio é produzido pelas células meristemáticas dos ápices dos caules e raízes, das folhas jovens e dos embriões de sementes, a partir do aminoácido triptofano. Uma importante característica do AIA é seu deslocamento polarizado. De fato. esse hormônio circula sempre no sentido ápice-base de um determinado órgão, ou seja, das regiões onde é produzido para as regiões onde promoverá o alongamento celular e, consequentemente, o crescimento vegetal. Aliás. o alongamento celular é possível graças à capacidade do AIA em promover um aumento da elasticidade da parede da célula. Outra característica marcante do AIA está no fato de poder ser inativado pela luz, mediante a ação de substâncias fluorescentees ( como a riboflavina), que absorvem energia luminosa e , devidamente ativadas, tornam-se capazes de oxidar o AIA, transformando-o num composto funcionalmente inativo. A influência das auxinas no crescimento das plantas foi demonstrada por várias experiências desenvolvidas por pequisadores diversos, que utilizaram plantas jovens de aveia ( Avena sativa) como material biológico. O esquema acima mostra uma semente de aveia no início da germinação, tendo o acule jovem envolvido por uma bainha denominada caleóptilo. A função dessa estrutura á proteger as delicadas células da planta contra o atrito com as partículas do solo. Ação do AIA no crescimento de raízes e caules Sabe-se que as auxinas podem agir como indutores ou inibidores do crescimento, dependendo de sua concentração num determinado órgão. Órgãos como as raízes e os caules bapresentam uma faixa de concentração do AIA dentro da qual o crescimento se verifica. Concentrações abaixo de um determinado ponto mínimo são insuficientes para promover o crescimento; concentrações acima de um determinado ponto máximo inibem totalmente o crescimento; entre o ponto mínimo e o ponto máximo existe sempre uma concentração ótim. com o qual o crescimento é mais rápido. As raízes são, geralmente, muito mais sensíveis à ação das auxinas do que os caules. Isso quer dizer que a faixa de AIA exigida pelas raízes está aquém da faixa exigida pelos caules. Por isso, concentrações ótimas para as raízes não provocam o crescimento dos caules, por falta de AIA. Em contrapartida , concentrações ótimas de AIA para o caule inibem fortemente o crescimento nas raízes. Para que uma folha se mantenha inserida na planta é preciso que apresente um teor de auxinas maior que o do ramo em que ela se encontra. Folhas senescentes, nas quais a produção de auxinas de reduz significativamente, passam a apresentar uma concentração de AIA menor que a do ramo. forma-se então, na base do pecíolo, uma camada de abscisão, por onde a folha se deprende e cai. Fato semelhante ocorre em frutos em estado adiantado de maturação. Outros efeitos do AIA Desenvolvimento dos frutos - Normalmente as sementes em desenvolvimento são grandes fontes produtoras de auxinas; o hormônio produzido pelas sementes passa a estimular o desenvolvimento do ovário, promovendo a sua conversão em fruto: em determinados casos, porém, os próprios ovários produzem auxinas em quantidade suficiente para provocar o seu desenvolvimento, o que acarreta a formação dos chamados frutos partenocárpicos, desprovidos de sementes ( exemplos: banana e laranja-da-baía). Dominância apical - É o fenômeno em que o excesso de AIA produzido no ápice inibe o desenvolvimento de gemas laterais; mais isso pode ser revertido; retirando-se o ápice da planta (poda), cessa a produção de AIA e as gemas, agora sem o excesso inibidor, despertam e brotam, formando ramos, folhas ou flores. Enraizamento de estacas - Pulverizando-se estacas com AIA, estimula-se, nas regiões cortadas, a formação de meristemas capazes de promover o aparecimento de raízes, que fazem a estaca 'pegar'. Outros hormônios vegetais Além das auxinas, outros hormônios interferem no metabolismo dos vegetais: Etileno: regula a abcisão de folhas e provoca a maturação de frutos. Citocininas: estimulam as divisões celulares; exemplo: zeatina (hormônio natural isolado do milho) Ácido 2,4 diclorofenoxiacético ( 2,4 D): auxina sintética usada como herbicida seletivo; provoca a morte de dicotiledôneas herbáceas. Giberelinas: provocam o crescimento do caule e das folhas, aceleram a germinação de sementes e induzem a partenocarpia; atuam em presença de auxinas. Os vegetais apresentam movimentos próprios, como os tropismos, os tactismos e os nastismos. Em alguns deles, os agentes e o mecanismo são bem conhecidos. Outros, porém, permanecem objeto de investigação científica. IV - Movimentos Vegetais Os vegetais apresentam movimentos próprios, como os tropismos,os tactismos e os nastismos. Em alguns deles, os agentes e o mecanismo são bem conhecidos. Outros porrém permanecem objetos de investigação científica. Os Tropismos Tropismos são movimentos de curvatura orientados em relação a um excitante externo, podendo ser negativos ou positivos. São considerados positivos quando a curvatura ocorre na direção do excitante; são negativos quando a curvatura afasta a planta do excitante. Como os tropismos se acham na dependência da ação das auxinas, torna-se necessário um comentário preliminar: As raízes geralmente apresentam uma concentração de auxinas acima da concentração ótima; por isso; aumentas na concentração normal inibem o crescimento; em contrapartida, ligeiras diminuições aproximam a concentração do ponto ótimo, favorecendo o crescimento. Os caules, por suas vez, geralmente exibem concentrações de auxinas abaixo do ponto ótimo; por isso, ligeiros aumentos na concentração normal favorecem o crescimento, e qualquer diminuição o reduz. Os principais tipos de tropismos são o fototropismo, o geotropismo, o tigmotropismo e o quimiotropismo. Fototropismo - Tropismo cujo agente excitante é a luz. Os caules aproximam-se da fonte luminosa e, portanto, têm fototropismo positivo; já as raízes curvam-se em direção oposta a fonte luminosa: tem fototropismo negativo. Quando se ilumina um caule de maneira unilateral, na face iluminada ocorre fotodestruição de parte do AIA ai existente, o que inibe o crescimento dessa região. Com isso, o lado que permanece no escuro cresce mais, determinando a curvatura do caule em direção à fonte luminosa. Nas raízes, ao contrário, a inativação de parte do AIA, presente na face iluminada favorece o seu crescimento; daí a curvatura desses órgãos em direção oposta à fonte de luz. Geotropismo - Tropismo provocado pela ação da gravidade. Colocando-se uma planta na posição horizontal, verifica-se que parte do AIA existente na face superior migra para a face inferior, tanto no caule como na raiz. Nos caules, o aumento da concentração de auxinas na face inferior provoca aí uma aceleração do crescimento. Então, crescendo mais pela face inferior, o caule curva-se para cima, em direção contrária a gravidade; daí dizer-se que esse órgão tem geotropismo negativo. As raízes, por sua vez, têm o crescimento inibido pela face inferior e, crescendo mais pela face superior, curvan-se para baixo, na mesma direção da gravidade, tendo portanto, geotropismo positivo. Tigmotropismo - É o caso das gavinhas, que se enrolam em torno de um suporte. As gavinhas são folhas( ex: chuchu) ou ramos (ex: videira) modificados, que promovem a fixação da planta num suporte qualquer. Admite-se que o enrolamento verificado deva-se ao contato do órgão com o suporte. Quimiotropismo - É o caso do crescimento do tubo polínico em direção ao óvulo. Os tactismos São movimentos de deslocamento, orientados em relação a um excitante externo; podem ser positivos ou negativos. Como exemplos podemos citar: Fototactismo positivo: deslocamento de euglenas em direção a uma fonte de luz. Quimiotactismo positivo: deslocamento de anterozóides em direção à oosfera, como ocorre nas briófitas e pteridófitas. Aerotactismo positivo: deslocamento de bactérias aeróbicas em direção a uma fonte de oxigênio. Os nastismos São movimentos não-orientados, isto é, que independem da direção ou origem do estímulo, e que se desenvolvem de acordo com a simetria do órgão reagente. Como exemplos podemos citar: Fotonastismo: verifica-se em flores como a dama-da-noite, cujas pétalas voltam para cima durante o dia e para baixo durante a noite, posição que promove a abertura da corola. Tigmonastismo: movimento dos tentáculos das folhas de drósera devido ao contato de um inseto. A drósera é uma planta insetívora cujo limbo carnoso é dotado de um líquido pegajoso. Também possui tentáculos, em cujo ápice existem bolsas portadoras de suco digestivo. Quando um inseto pousa sobre o limbo fica preso, e ao debater-se, o que parece provocar o movimento dos tentáculos, que entrando em contato com o corpo do animal, liberam o suco digestivo, que provoca a sua morte. Nas mimosas (também conhecidas como sensitivas ou dormideiras) existe um movimento chamado seismonastismo. Quando a planta é tocada, seus folíolos perdem rapidamente água do lado superior - se desloca para os ramos - e dobram-se para cima. Fotoperiodismo Entende-se por fotoperiodismo o controle exercido pelo período de luz incidente (comprimento do dia e da noite) sobre certos fenômenos fisiológicos da planta, como a queda de folhas e a floração. Quanto a floração e ao fotoperíodo, as plantas podem ser classificadas em: Plantas de dia curto: só florescem em um fotoperíodos menores do que um determinado fotoperíodo crítico. Esse valor crítico é variável de uma planta para outra; se uma planta de dia curto tem valor crítico correspondente a onze horas de luminosidade, significa que só floresce quando submetida a períodos de luz abaixo de onze horas. Plantas de dia longo: só florescem em fotoperíodos superiores a um determinado fotoperíodo crítico; se uma planta de dia longo tem valor crítico correspondente a doze horas de iluminação, só floresce quando submetida a períodos de luz acima de doze horas Plantas indiferentes: Florescem em quaisquer fotoperíodos. Sabe-se que o período de luz a que uma planta é submetida pode ser interrompido sem comprometimento da planta. O período escuro, no entanto, não deve ser fragmentado, pois isso pode comprometer a síntese do hormônio florígeno , que desencadeia a floração. Por essa razão, talvez seja mais correto falar-se de plantas de noite longa ou de noite curta, ao invés de plantas de dia curto e dia longo.