WWW.ALUNONOTA10.COM.BR Civilização Romana “Roma foi o último grande império do mundo antigo. Com exércitos poderosos, dominou terras que antes pertenciam a gregos, egípcios, mesopotâmicos, persas e muitos outros povos. Com quase 1 milhão de habitantes, Roma transformou-se na maior cidade da Antiguidade. Para lá se dirigiam pessoas dos lugares mais distantes, levando suas culturas”. (Piletti, 2002). Em Roma como na Grécia predominou o trabalho escravo, no entanto a cultura romana foi bastante influenciada pela cultura da hélade, “costuma-se dizer que Roma conquistou a Grécia pela força de suas armas, e a Grécia conquistou Roma pela força de sua cultura”. Por meio de conquistas militares, os romanos conseguiram dominar um vasto império que englobava os mais diversos povos, dos quais assimilaram vários elementos que influenciaram sua cultura.No entanto a cultura dos romanos foi bastante original nos deixando um grande legado. Um exemplo disso é justamente o Direito Romano, utilizado como referência para o sistema judiciário de todas as sociedades ocidentais. Temos também vários idiomas que são derivados do latim, como por exemplo, o italiano, o francês, o romeno e o português. Quadro Geográfico A península Itálica possui relevo montanhoso que dificultava as comunicações terrestres e isolava os grupos humanos. É cortada de norte a sul pelos montes Apeninos que isolam o litoral ocidental do oriental. Ao norte, a cadeia dos Alpes separa a península do resto da Europa.Ao contrário da Grécia, as condições naturais das costas da península Itálica não incentivaram a navegação, pois essa região é desprovida de baías e portos naturais, exceção feita ao litoral do Mar Tirreno, onde foi possível a construção de portos. O solo da península Itálica é bastante fértil e a ocupação humana se deu nas quatro grandes planícies: do vale do Pó, o vale do Arno, da Campânia e por último do Tibre, ou seja, o Lácio. “O Rio Pó, ao norte, irriga uma vasta planície onde (...), fixaram-se os prováveis primeiros povoadores da Itália – os ligúrios -, e mais tarde, no século V a.C., os gauleses. (...) na fértil planície da Etrúria, provalvemente no século IX a.C., estabeleceram-se os etruscos, de origem controvertida, cuja expansão para o sul, no século seguinte, resultou no domínio sobre Roma”. (AQUINO, 1984) Os principais povos que se fixaram na Itália foram: os italiotas (úmbrios, latinos, sabinos, volscos e samnitas), os gregos e os etruscos. vez dividiam-se em pequenos grupos, como latinos, úmbrios, volscos e sabinos. Por volta do século VIII a.C., a região foi invadida e dominada pelos etruscos, que impuseram sua cultura mais avançada sobre os grupos de pastores e agricultores que a habitavam. No século VII a.C., o sul da península e a Sicília foram invadidas pelos gregos, que aí fundaram as colônias que dariam origem à Magna Grécia. A versão lendária, por sua vez, está centrada nos relatos à cerca da fundação do povoado de Alba Longa, pelos latinos. Um de seus primeiros governantes, Numitor, foi destronado por Amúlio, seu irmão. Uma filha de Numitor, Réia Sílvia, no entanto, uniu-se ao deus Marte e, dele, teve dois filhos gêmeos, Rômulo e Remo. Amúlio, ciente da ameaça que os gêmeos representavam ao seu poder, mandou colocá-los em um cesto de vime, que foi abandonado à deriva no rio Tigre. O cesto teria encalhado nas cercanias do monte Palatino, onde as crianças foram salvas e alimentadas por uma loba. Mais tarde, foram recolhidos por um pastor que os criou. Crescidos, Rômulo e Remo voltaramse contra Amúlio, vencendo-o e devolvendo o trono de Alba Longa a seu avô, Numitor, que lhes deu permissão para fundar uma cidade, Roma, no ano de 753 a.C. Conta ainda a lenda, que os gêmeos passaram a disputar o poder, daí ocorrendo a morte de Remo pelas mãos de Rômulo. É certo também que Roma só se desenvolveu depois de ser conquistada pelos etruscos, no século VII a.C., povos de quem os romanos assimilaram as técnicas de construção, a metalurgia e a cerâmica. Origem de Roma A respeito das origens de Roma, é possível estabelecer duas análises: a histórica, propriamente dita, derivada de pesquisas arqueológicas, e a lendária, que foi preservada por via oral até que nos foi preservada na forma escrita, principalmente na obra intitulada “História de Roma”, escrita provavelmente entre os anos 27 e 25 a.C., por Tito Lívio. De acordo com a versão histórica, povos de origem indo-européia ocuparam a península Itálica por volta do século XX a.C. Eram denominados italiotas, que por sua Localização dos primitivos ocupantes da Península Itálica, entre o século X e VI a.C. Evolução Política de Roma A evolução política dos romanos conheceu três fases distintas: 1 HISTÓRIA A Roma WWW.ALUNONOTA10.COM.BR Roma Ä Monarquia (753 - 509 a.C.): O período monárquico teve início com a fundação da cidade de Roma e terminou em 509 a.C., quando uma revolta da aristocracia depôs o último rei - Tarquínio, o Soberbo; Ä República (509 - 27 a.C.): Fase marcada pelas lutas sociais, pelo processo expansionista e pela condição do senado como a mais poderosa instituição política do mundo romano. Ä Império (27 a.C. - 476 d.C.): Fase iniciada com o governo de Otávio Augusto, com a chamada Pax Romana e que se estendeu até a queda de Roma nas mãos dos bárbaros germânicos. Monarquia ou Realeza (753 - 509 a.C.) O período da Monarquia dos romanos foi reconstituído por meio de um conjunto de lendas, muitas delas criadas no final do período republicano e início do período imperial, com o objetivo de demonstrar a grandiosidade e a força de Roma. Essas lendas foram interpretadas à luz das pesquisas arqueológicas. Durante o período da Monarquia, a cidade foi governada por sete reis, sendo os quatro primeiros de origem latina ou sabina e os três últimos, etruscos, que desempenhavam as funções políticas, militares e religiosas assistidos pela Assembléia de Anciãos (Senado) e por um agrupamento de famílias dos três povos que habitavam a península Itálica: sabinos, latinos e etruscos (Assembléia Curiata). Os etruscos viviam em cidades-Estado que não possuíam unidade política ou governo centralizado. No século VI a.C., os etruscos formaram uma liga política que agrupava as maiores cidades da Etrúria. As cidades etruscas eram bem planejadas e fortificadas. A Organização social de Roma neste período era a gens, as comunidades dos descendentes (reais ou socialmente aceitos) de um ancestral comum real ou mítico. Essas famílias patriarcais tinham em comum um território, possuía autonomia jurídica, e havia uma tendência a auto-suficiência econômica. No entanto, a gens não era desprovida de desigualdades e contradições internas. Os laços familiares escondiam verdadeira exploração econômica. O pater famílias tinha direito de vida e de morte sobre sua família e todos aqueles que vivessem sob seu teto. Essa autoridade se estendia aos membros não consangüíneos, ligados ao seu poder como clientes. Durante o domínio etrusco, a aristocracia se fortaleceu, o comércio e o artesanato desenvolveram-se enquanto a situação dos plebeus se agravou. Os pequenos proprietários de terras, endividados, eram transformados em escravos dos patrícios. A medida em que aconteciam essas transformações econômicas, a organização social também passava por mudanças significativas. A gens foi desaparecendo, surgindo famílias restritas que passaram a possuir os melhores lotes de terra. A sociedade romana no período monárquico estava assim dividida: • Patrícios (“filhos do pai da cidade”): eram cidadãos romanos da classe aristocrática: nobre, rica, poderosa e rigorosamente fechada. Consideravam-se descendentes dos fundadores e primeiros povoadores de Roma. O seu poder estava baseado na propriedade privada da terra. Eram os únicos que possuíam organização gentílica e que tinham acesso aos órgãos de poder; 2 • Clientes: Homens livres que nada ou pouco possuíam. Uniam-se a família patrícia em troca de proteção e subordinavamse ao seu patrono (patrício), devendo segui-lo na política e na guerra. O patrono deveria ampará-los. Assumiam algumas obrigações econômicas como o obsequim (submissão) e ópera (trabalho). O cliente era como membro da família, mas de categoria inferior; • Plebeus (“Os filhos da terra, sem linhagem”): Representavam a maioria da população romana, eram homens livres. Alguns eram camponeses ou artesãos e os mais ricos comerciantes. Não possuíam organização gentílica, por isso encontravam-se afastados do poder político, monopolizados pelo patriciado; • Escravos: Recrutados entre os derrotados da guerra, eram considerados instrumentos, sem nenhum direito político. Neste período o número de escravos era bem pequeno. O escravismo não desempenhou papel significativo durante a monarquia. O Estado romano era uma extensão do princípio da família patriarcal: o rei dominava os súditos, da forma em que o chefe de família mandava no lar. Mas, assim como a autoridade patriarcal era limitada pelos costumes, a soberania do rei era restringida pela antiga constituição, que não podia ser alterada sem a aprovação dos principais do reino. O rei era um dos senadores, a quem o Senado delegava o exercício da sua autoridade. Embora sua escolha tivesse de ser confirmada pela Assembléia, o rei não podia ser deposto. E era tal seu poder que ninguém ousava enfrentá-lo. As prerrogativas do rei (que tinha o título de rex sacrorum) eram judiciais e executivas. Julgava as questões civis e criminais. Decidia as punições (desde os açoites até a pena de morte). Quando vagava o trono, a autoridade passava imediatamente ao Senado, até a confirmação, pela Assembléia, do novo rei. O Senado, ou Conselho dos Anciãos era constituído pelos chefes dos diversos clãs. De acordo com a tradição, inicialmente eram 100, depois passaram a 300. O Senado discutia as propostas do rei, quando validadas pela Assembléia, e podia vetá-las se achasse que iam de encontro aos costumes tradicionais. Daí o grande poder do Senado e o seu espírito conservador. A Assembléia do povo (comício) era formada pelos cidadãos em idade militar. Tratava-se de um órgão essencialmente ratificador: não podia tomar iniciativa legislativa ou política, mas possuía o direito de veto a qualquer proposta do rei sobre mudanças das leis. Tinha ainda duas atribuições especiais: a concessão de perdões e a declaração de guerra agressiva. A plebe no final do período lutava contra a instituição da escravidão por dívida, e por outros direitos como o de propriedade e de cidadania. Em 509 a.C., uma revolta do patriciado, apoiada pelos plebeus, depôs o último rei etrusco de Roma. Os revoltosos aboliram a Monarquia e implantaram uma República Aristocrática.