Vida inteligente no Universo: Lugar comum ou raridade?

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V Simpósio Catarinense de Astronomia
Chapecó, 22 e 23 de julho de 2016
VIDA INTELIGENTE NO UNIVERSO: LUGAR COMUM OU RARIDADE?
Adolfo Stotz Neto1
Palavras-chave: vida, desenvolvimento, habitabilidade, estrelas, estatísticas, Drake.
Introdução
A análise proposta no trabalho visa especular estatística e realisticamente a probabilidade
de termos vida inteligente em outros lugares que a Terra, pelo Universo afora.
O trabalho se propõe a descrever os ambientes conhecidos do Cosmos e adaptando-os à
equação de Drake, verificar que números podem prever dentro do rigor científico a abundância
ou não do fenômeno vida inteligente.
Tudo se desenvolverá tomando como base a vida inteligente como conhecemos na Terra,
pois não se pode especular, como de praxe o descompromisso do argumento leigo faz, existirem
em outros ambientes diferentes condições para surgirem a vida e a inteligência.
Mesmo que seja difícil definir inteligência, tomou-se o cuidado de utilizar o conceito
atualmente aceito de “civilização tecnológica” como resultado direto da aplicação do acúmulo de
conhecimento adquirido nos duzentos mil anos do “homo sapiens sapiens”, como a melhor
definição para criatura considerada inteligente.
Outrora se argumentava inteligência como a capacidade da confecção de ferramentas e
após a primatologista britânica Jane Goodall ter estudado durante 40 anos os chimpanzés, nossos
parentes mais próximos, ficou claro que não apenas os humanos utilizavam ferramentas para
obter sucesso em suas empreitadas, mesmo que os dos símios fossem rudes artefatos se
comparadas aos nossos.
Então se passou para a comunicação como sinal de inteligência, porém outros animais
revelaram-se capazes de emitir diferentes sinais e sons para estabelecer contato com seus pares.
Hoje se conclui que para serem considerados portadores de inteligência, tais sinais
(linguagem) devem conter algo mais que apenas curtos recados tais como aviso de perigo ou de
alimento, funções mais comuns entre os animais. A linguagem humana é capaz de transmitir
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Grupo de Estudos de Astronomia UFSC, E-mail: [email protected].
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ideias abstratas e criar novos entendimentos a partir de seus pensamentos, possibilitando
raciocínios como o matemático e a confecção das ciências que dominamos.
Busca-se no Universo este tipo de vida inteligente, comparável à nossa, não que seja
imperativo a paridade física, mas sim a intelectual.
Desenvolvimento
O trabalho inicia com o posicionamento do Sistema Solar na Galáxia, os seus planetas e
demais corpos e a estrutura que habitamos, mostrando quão diferentes são os corpos que orbitam
o Sol e porque a Terra tem a característica favorável ao surgimento da vida e seu
desenvolvimento até chegar ao “sapiens”.
A condição da zona habitável e suas características favoráveis à vida são destacadas como
princípio básico para o surgimento da vida e sua progressão até a inteligência.
A casual existência da Lua, estabilizando o eixo terrestre e proporcionando as 4 estações
do ano além da presença importante da água líquida e de uma atmosfera contendo oxigênio, são
fatores que não podem ser desconsiderados quando se analisa o desenvolvimento da vida até
atingir o patamar da inteligência. É de se esperar que a vida inteligente para surgir necessite dos
mesmos fatores, pois especular outros tipos de ambientes favoráveis, mesmo que não seja
proibitivo, é a luz do que se propõe o trabalho, uma incongruência.
O tempo de existência do Sistema Solar, o tipo de estrela que é a nossa são fatores
preponderantes para que a vida pudesse evoluir, das primeiras moléculas aos primitivos
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organismos e além deste fator que exige longevidade ao ambiente propício, certas coincidências
não podem ser descartadas, tais como as extinções em massa que possibilitaram o reinado dos
mamíferos, de onde surgiram, muito tempo após o nascimento do planeta, os seres que agora se
intitulam inteligentes.
Para a aplicação da fórmula proposta por Drake, temos que levar em conta que o Universo
obedece ao princípio cosmológico copernicano que reza não existir lugar privilegiado no
Universo, sendo o mesmo homogêneo, igual em toda parte que se olhar, e isotrópico, com as leis
físicas se repetindo aonde quer que se esteja, dadas as mesmas condições de contorno.
A presença confirmada de aminoácidos em outros corpos do Sistema Solar e mesmo em
nebulosas interestelares, demonstra que a química da vida está disponível, e ainda mais, a
proporção dos elementos H, C, O e N obedece a mesma ordem quantitativa no Universo e nos
seres vivos como nós.
Para que apliquemos a equação proposta, ainda nos resta analisar a quantidade de estrelas
semelhantes ao Sol no Universo e mesmo as de menor massa, passíveis de longa existência e de
abrigar zonas de conforto e tempos favoráveis ao surgimento e desenvolvimento da vida.
Para sermos rígidos adotaremos um fator de 50% das estrelas neste patamar segundo o
diagrama HR, apesar dos recentes estudos apontarem até 70% dos astros de luz própria como
semelhantes ou inferiores ao nosso.
50%
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Por fim o recente número de exoplanetas semelhantes ao nosso balizará o fator de
possibilidade ecológica para a vida como realidade em outros mundos. Os quatro restantes
parâmetros da fórmula, por absoluta falta de dados e certezas, foram adotados com 1%, o que é
razoavelmente modesto para o rigor pretendido.
A fórmula aplicada então se faz da maneira abaixo:
Ncivtec = nest x fpla x neco x fliv x fint x ftec x ftem
Ncivtec = 200.000.000.000 X 0,5 X 0,005 X 0,01 X 0,01 X 0,01 X 0,01 = 5
Considerações finais
Apesar do número obtido ser de 5 civilizações tecnológicas (vida inteligente) por Galáxia
(do mesmo tamanho da nossa), consideraremos N real como 1, pois apenas conhecemos a nós
mesmos como exemplo do procurado. Porém considerando o atual número que representa a
possibilidade de existência de bilhões e bilhões de galáxias e levando em conta o princípio da
temporalidade, concluímos que só nos resta espreitar os céus esperando um contato pelos
métodos possíveis, como o programa SETI que no entretanto desde os anos 90 nada nos trouxe
ainda de concreto.
Referências Bibliográficas
HARARI, Y.N. Uma Breve História da Humanidade – Sapiens. Porto Alegre: Editora L&PM,
2016.
LEAKEY, R.E. Origens. São Paulo: Editora Melhoramentos, 1981.
SAGAN, C. Bilhões e Bilhões. São Paulo: Editora Companhia das Letras 1997.
STOTZ NETO, A. Curso Estrelas, Galáxias e Cosmologia – GEA UFSC. 2016.
TYUSON, N.G. Origens: catorze bilhões de anos de evolução cósmica. Editora Planeta de
Livros do Brasil, 2015.
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