BANCO DE DADOS FISOGRÁFICO GEO

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VI Seminário Latino Americano de Geografia Física
II Seminário Ibero Americano de Geografia Física
Universidade de Coimbra, Maio de 2010
ANÁLISE FISOGRÁFICA DO VALE DO RIO ACARAÚ-CE.
Simone Ferreira Diniz
[email protected]
Jairo Roberto Jiménez-Rueda
[email protected]
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp – Rio Claro
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
Resumo: Os sucessivos eventos geológicos, tectônicos e ambientais estão
representados na evolução da paisagem por meio de unidades fisiográficas e através
de registros com interações de fatores e processos intensos. Deste modo, a
caracterização e análise fisiográfica é ferramenta essencial no conhecimento e
caracterização desses eventos. Este trabalho visou o cruzamento de diversas
informações espaciais (geomorfologia, solo, geologia, uso do solo, elevação e
declividade) em ambiente SIG, para caracterização evolutiva e fisiográfica do baixo
curso do rio Acaraú-CE. Os resultados permitem avaliar a aplicação desta ferramenta
no planejamento e gestão do meio físico.
Palavras-chave: Morfometria, Bacia Hidrográfica, Rio Acaraú
Introdução
A devastação de paisagens naturais com uso de técnicas de manejo da terra tem
resultado em perdas crescentes de produtividade e, muitas vezes em desertificação. A
aplicação de técnicas e projetos de cultivos trazidas de áreas de clima semelhante, de
início aplicáveis em áreas alvo, muitas vezes resultam em danosas conseqüências ao
ambiente. A caracterização detalhada e suas relações intrínsecas de estudo da
paisagem são ferramentas que definem a potencialidade, uso e ocupação.
Este trabalho teve como objetivo caracterizar a evolução fisiográfica do baixo curso
do rio Acaraú-CE e construir um modelo digital de elevação (MDE) . Numa tentativa de
reconstruir geologicamente parte da paisagem pretérita (Pleistoceno-Holoceno ±
10.000 Ka), com elaboração de mapa de isobases e fisiográfico tomando como base a
análise regional estrutural básica da área de estudo.
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Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais
Caracterização da área de trabalho
A bacia hidrografia do rio Acaraú-CE, fica localizada na região centro-norte e ocupa
cerca de 20% do território cearense. A região tem uma área drenada total de 14.427
km², com 315 km de extensão no sentido Sul-Norte. A área de estudo tem
aproximadamente 3.100 km2 abrangendo áreas do semi-árido e litoral.
Os seguintes municípios estão inseridos nesta bacia: Monsenhor Tabosa, Catunda,
Tamboril, Hidrolândia, Pires Ferreira, Santa Quitéria, Ipueiras, Ipú, Nova Russas, Pacujá,
Graça, Mucambo, Reriutaba, Varjota, Cariré, Groaíras, Sobral, Meruoca, Alcântaras,
Massapé, Forquilha, Santana do Acaraú, Morrinhos, Marco, Cruz, Bela Cruz e Acaraú.
Destacam-se como principais afluentes os rios Groaíras e Jucurutu, pela margem
direita; e o Jaibaras, pela margem esquerda. Nesta bacia foram construídos inúmeros
açudes os quais desempenham importante papel na irrigação e abastecimento.
Em relação aos aspectos morfoestruturais, o relevo da bacia do Rio Acaraú,
apresenta características dependentes do conjunto de interferências de ordem
geológica, paleoclimáticas e de processos morfoclimáticos passados e atuais. Na bacia
apresentam-se, ao norte, sedimentos Cenozóicos do período Quaternário (recentes) e
do período Terciário da Formação Barreiras (Grupo Barreiras), que são agricultáveis,
porém com a utilização de fertilizantes e a correção da acidez. Ocorre, também, a
presença do Aluvião (solos Aluviais) marginal ao Rio Acaraú, no médio e baixo curso. A
geologia regional apresenta uma estrutura predominantemente cristalina e possui
como principais aqüíferos o Aluvionar, Jaibaras e Barreiras, sendo o primeiro
responsável por cerca de 50% da reserva explorável em um ano normal. Na região do
médio curso e alto curso, a litologia compõe-se de rochas do embasamento cristalino
Pré-Cambriano, onde predominam os solos medianamente profundos e
moderadamente ácidos, porém pedregosos e susceptíveis à erosão (IPECE, 2002).
As bacias hidrográficas adjacentes (Coreaú e Litoral) do rio Acaraú são áreas
similares de fundamental importância para o estudo da caracterização fisiográfica e
evolutiva do baixo curso do rio Acaraú - CE (Figura 1). Por serem áreas limites e por
fazerem parte do processo evolutivo do vale que recebe carga detrítica e recarga
fluvial originária das mesmas.
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Figura 1: Mapa das bacias hidrográficas dos rios Coreaú, Acaraú e Litoral com destaque da
área de estudo.
Material e Métodos
No desenvolvimento do presente trabalho, foram utilizadas técnicas de
fotointerpretação em sensores remotos de imagens de satélite, imagens de radar
SRTM - Shuttle Radar Topography Mission (NASA), Geocover (2000), Landsat TM órbita/ponto 218/62 e bancos de dados pré-existentes.
Na imagem Landsat TM, órbita/ponto 218/62, de maio de 2007, foi corrigida a
interferência atmosférica com base na técnica de valor do pixel escuro, a imagem
Geocover(2000) e SRTM foi processada em ambiente SIG. A acurácia do produto final
foi conferida em campo com auxílio de GPS.
O SIG (ArcGIS 9.2) foi utilizado para dar suporte às análises e ao geoprocessamento
dos dados existentes, bem como gerados nesta pesquisa, permitiu a elaboração de um
banco de dados geográfico, onde estão armazenadas todas a informações temáticas
usadas.
A análise da drenagem foi usada para gerar os mapas de Isobases e o mapa
fisiográfico, contudo as unidades identificadas neste mapa foram interpretadas e
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Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais
classificadas de acordo com a formação geológica; grau de dissecação; forma e posição
altimétrica relativa do relevo, forma dos vales e influência estrutural sobre as rochas
do embasamento cristalino e áreas de deposição.
Após a interpretação preliminar dos mapas pré existentes foi realizado o
levantamento e reconhecimento da área para escolha dos locais onde foram feitas as
descrições morfogenéticas dos perfis e as coletas de amostras, aproveitando os cortes
de estradas e exposições existentes, visando à identificação das paisagens, tipos e
formas de relevo ao longo do vale do rio Acaraú e regiões representativas (Mattos,
1986; Jiménez-Rueda & Mattos, 1992). O estudo fisiográfico foi realizado de acordo
com critérios estabelecidos por Goosen (1968), Botero (1977), Zinck (1987), Villota
(1991) e Jiménez-Rueda et al. (1993), o que permite identificar as formas do relevo e
suas implicações na evolução da paisagem em diferentes ambientes naturais. As
características geológicas, pedológicas, geomorfológicas e vegetacionais foram obtidas
do RADAMBRASIL (1982), IPECE (2000, 2002, 2007), Nakasu (2008), Pessotti &
Jiménez-Rueda (1988, 2008).
Diagnóstico Zero
Inicialmente, foi realizado o Diagnóstico Zero (DZ) que consiste em um
levantamento bibliográfico, cartográfico que permite a fundamentação e
embasamento com o reconhecimento da área de estudo, através da reinterpretação e
homogeneização das informações existentes sobre o meio e/ou geração de novas e
mais adequadas informações e cartas temáticas o que facilita posterior detecção dos
problemas apresentados nos levantamentos anteriores para estabelecer as respostas e
objetivos de maior importância.
Análise fisiográfica
A análise fisiográfica da área de estudo foi realizada a partir de levantamento
bibliográfico sobre a compartimentação do relevo regional e a busca por um sistema
de classificação hierárquico que atendesse às peculiaridades da região. Tomamos
como base os trabalhos desenvolvidos por Shimbo & Jimenez-Rueda (2006), Morais e
Jimenez-Rueda (2008), Nascimento (2003), Souza (2001), Ross (1998).
Para estabelecer e determinar a organização taxonômica da evolução das paisagens
atuais, subatuais e paleo foram de suma importância à interpretação das imagens
Geocover (1999-2000) como ferramenta essencial na compartimentação da paisagem,
e na elaboração da legenda fisiográfica, para definir melhor as variações e diferenciar
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os domínios e/ou interdigitações das unidades fisiográficas que constituem as
paisagens que deram origem as formas de relevo da área em estudo.
Resultados e discussão
Análise Fisiográfica e Mapa Fisiográfico
A área em estudo é bem drenada, com predomínio de rios de 2a e 3a ordens. Os rios
não apresentam grande magnitude e os padrões de drenagem variam, podendo ser
retilíneos, meandrantes ou multicanais, com predomínio de canais dentríticos
subangulares.
A reconstrução estratigráfica aos diferentes níveis de equilíbrio da evolução da
paisagem do vale do Acaraú demonstrou que a região fisiográfica apresenta-se em
diferentes altitudes mostrando, portanto o soerguimento e abatimento por efeito
tanto da tectônica eustático ou por efeitos erosivos da própria evolução da bacia.
Assim quando analisados os indicativos de 8a ordem (Figura X) nos remontam a
situações em que os limites continentais encontravam-se mais ao norte do que o
presente e que coincidem com os estudos de Meireles (1998) no qual caracterizam
elementos de laterização miopliocênica da Formação Barreiras. Evidências essas que
se encontram presentes na serra da Ibiapaba as primeiras a nível quase marinho
(Camocim, Icapuí) e as segundas entre 800 a 1000m sobre o nível do mar.
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Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais
Figura 2: Isobases de 5_7_8 ordem de drenagem.
As isobases de 7a, 6a e 5a ordem se mostraram como a 8a ordem na região sudeste
com elevações em torno de 1000m, hoje representada pela serra de Monsenhor
Tabosa as quais para época deviam ser testemunhos dos processos de
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latossolização/laterizações e plintificação profunda dos maciços cristalinos e
metasedimentares os quais vão sofrendo erosões e truncamentos totais ou parciais
desses registros durante o quaternário, pleistoceno inferior à médio fornecendo
sedimentos e amplas pedimentações com materiais oxídicos que geralmente vem
sendo classificados ou denominados como Latossolos. Tal sedimento encontra-se em
toda região chegando a muitos momentos com suplementação as planícies flúvio
marinhas onde pode construir recobrimentos bastante notórios sobre materiais
residuais da formação barreiras já latossolizados que para o momento se encontravam
em muitas áreas também truncadas, soterrada e/ou sofrendo neoprocessos de
inundações flúvio marinha ou fluvial, assim como a geração de abandono de canais e
ambientes estuarinos entre as isobases de 5a ordem a qual se encontram
possivelmente entre o pleistoceno médio e pleistoceno superior dando origem a
ambientes palustre os que se encontram hoje manifestos na serra da Ibipiaba e
Meruoca, na isobase de 4a ordem aparentemente correlacionável essa ascensão de
parte NE da serra da Ibiapaba da área de emersão da serra da Meruoca provavelmente
por efeitos de reativação entre o lineamento Sobral Pedro II o qual é responsável pela
emersão da Meruoca (Figura 2).
Entre a ZC Tangente e ZC Aracas o levantamento da serra da Ibiapaba noroeste da
área com direção NE 30 dominante, nas quais se encontram vestígios das lagoas
geradas nas planícies flúvio marinhas durante a evolução das isobases de ordem 5, 6 e
7 podendo-se correlacionar essa ascensão em especial a Meruoca com a superfície de
Cananeia (Suguio e Martin (1985) aproximadamente ≥ 123Ka.
A isobase de 3a ordem (Figura 3) permite observar a evolução da orla marítima
durante uma transgressão marinha que acusa profundidades de 25m o que
possivelmente continuará e se acentuará durante a isobase de 2 a ordem onde a
profundidade se torna muito maior (± - 42m) o que proporciona a geração de um
amplo vale e que possivelmente trouxe como evolução a erosão marcante dos
pedimentos oxídicos gerados anteriormente deixando em muitas áreas aflorando os
constituintes basais cristalinos e metasedimentares, ocasionado ou promovendo neles
uma neogênese super imposta ou uma retrogênese em ambiente subaquáticos
submarinos mais alcalinos tornando os materiais que inicialmente (terciário inferior a
terciário médio e terciário superior que passaram por uma latossolização profunda e
conseqüente caulinização e/ou aluminização e uma bissitilização/neobissialização
presente no comportamento vertico de muitos dos substratos gnáissicos e/ou
migmatiticos assim como uma desagregação por corrosão CO=3 dos mantos lateriticos.
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Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais
MAPA DE ISOBASE DE 3_ORDEM DE DRENAGEM
Figura 3: Isobase de 3_ordem.
Assim como a presença de formas deltaicas aparentemente originadas dos
levantamentos da serra da Meruoca e aporte dos materiais do lineamento SobralPedro II, ZC Groaíras e rio Groaíras manifestam hoje nas imagens atuais.
A isobase de 2a ordem também é importante porque durante a evolução deste nível
de base apresenta-se a ascensão e surgimento da serra de Uruburetama a qual pode
correlaciona-se com a Flandreana (marinha) o qual possivelmente ocorreu há 10000
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anos (Suguio et. al., 1985). Já durante os 10000 anos observam-se na evolução da
paisagem os efeitos de uma regressão sucessiva na qual vêm deixando registros de
abandono das planícies marinhas e diferentes tabuleiros, falésias e paleodunas as
quais muitas vezes em seu médio curso da Bacia do Acaraú, apresenta dunas barcanas,
parabólicas, longitudinais e barras com direção leste/oeste dominando e lagoas
interdunares elementos estes que se repetem como testemunhos ao norte, nordeste e
noroeste a 240 km do mar. Além de uma ascensão muito marcante do Planalto da
Ibiapaba NE10 (Figura 4).
Figura 4: Isobase de 2_ordem
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Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais
Unidades fisiográficas:
A figura 5 representa a fisiografia da área mapeada com representação do limite do
vale do Acaraú, esta caracterização foi dividida em unidades fisiográficas representada
e definida a seguir:
Figura 5: Mapa fisiográfico da área estudada com os pontos amostrados.
Unidades Fisiográficas
Planalto_Alto
Esta unidade fisiográfica é composta pelo planalto da Ibiapaba, Serra da
Meruoca/Rosário, serra de Monsenhor Tabosa, serra de Ipú e serra de Uruburetama.
O Planalto da Ibiapaba é uma unidade formada por rochas sedimentares do
paleozóico constituídas de metasedimentos da Formação Serra Grande. A litologia do
Planalto da Ibiapapa é constituída por rochas metaconglomeráticas na base e arenitos,
por vezes feldspáticos e com intercalações de siltito da Formação Barreiras,
intercalado também por calcário, presente nas feições cársticas e edifícios runeiformes
da região de Ubajara-CE (Parque Nacional de Ubajara), originadas da drenagem
endórreica do rio Coreaú e afluentes do Acaraú.
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Nesta serra e em sua porção SE a qual teve sua ascensão mais tardia possivelmente
durante o holoceno encontram-se coberturas arenosas (quartzosas e/ou psamicas)
associadas a relíquias, originárias das últimas transgressões marinhas, sendo estas
últimas as relíquias geralmente soterradas ou exumadas substituindo de forma geral
alguns solos sálicos, nátricos e/ou associados aos carbonálticos de cores escuras e/ou
com nódulos carboníticos, paisagens estas que estão caracterizadas e denominadas
em muitas como planossolos ou Bc nodular e/ou Bx (duripan/fragipan), tanto aqui
como no vale do Acaraú nas duas paisagens inclusive do médio Acaraú apresenta-se
associado a esta ocorrência de solos aflorando e/ou soterrados por palmas de
carnaúbas que acompanham o leito do rio.
Também estão presentes nos diferentes níveis de ascensão tectônica desta serra os
espraiamentos flúvio marinhos dos materiais desagregados das espessas lateríticas
que se desenvolveram durante o terciário inferior médio sobre os metassedimentos
em especial os metaconglomerados plinticos e que passam a ser denominados
pavimentos do deserto e formas em sua grande maioria apresentam cutículas de ferro
hematans associados a areias psamiticas (arcosianas) carbonalticas e/ou peliticas em
superfície contituindo os Neossolos Regolíticos cascalhentos, Neossolos Flúvicos
Gleicos que por sua vez soterram restos do evento de latossolização tanto do terciário
inferior/ médio como do terciário superior como os plintossolos, petroplintitos
(lateríticos) e/ou diretamente recobrindo os horizontes Cr de gnaisse/granitos,
migmatitos e/ou xistos, já caulinizados e que também mostram os registros de
superimposição de uma gênese em ambiente anaeróbico constante ou sazonal dando
origem aos antigamente denominados solos Bruno não cálcicos vérticos pela geração
ou neogênesis bissialítica dando origem às argilas esmectiticas (2:1) e a presença dos
intergrade esmectitas caulinitica.
É também importante a presença de Neossolos líticos típicos das litologias que
ocorrem na área.
As amostras coletadas em pontos representativos desta unidade fisográfica
demonstram ambientes que evidênciam de uma planície de inundação passada. É
comum a presença de materiais concrecionários, argilas vermelhas, lateritas e material
praial como areias com bastante quartzo de variados tamanhos e mineralogias.
Planalto_baixo
O planalto_baixo está inserido na região do médio e baixo curso do rio Acaraú e em
parte do planalto da Ibiapaba, dentro desta unidade podem aparecer as cristas como a
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Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais
serra da barriga, próximo a Sobral constituída por intrusões pegmatiticas, já em parte
caulinizadas.
Planalto_muito baixo
Está localizada na região do médio Acaraú, Coreaú e Litoral, com declividade em
torno de 80 – 100 metros. Com predominância de relevo muito metamorfizado,
rebaixado, solos pedregosos impermeáveis e aridez acentuada.
Planalto/Tabuleiro costeiro
Esta unidade fisiográfica é representada pela formação Barreira (Grupo Barreira) e
pela ocorrência de dunas e aluviões. A Formação Barreira encerra uma complexidade
das fáceis sedimentares, distribui-se de maneira continua paralelamente à faixa
litorânea. Sua largura é bastante variável, alargando-se próximo ao baixo curso do rio
Acaraú.
Os sedimentos da Formação Barreiras analisados foram os dos tipos arenoargilosos, não litificados ou pouco litificados, com coloração avermelhada, creme ou
amarelada, certas vezes mosqueados (plintificados). Apresenta material argiloso
caulinítico ou cimento ferruginoso. A granulometria varia de fina a média, contendo
intercepções de níveis conglomeráticos constituídos de seixos de quartzo, quartzitos,
lateritas, arredondados a subarredondados e de rochas diversas, com estratificação
plano paralela, tangencial de baixo porte e ondulada.
Mancha dispersa e isolada ocorre na área do embasamento, possivelmente como
forma de indicativo de que sua dimensão espacial era maior que a atual. São
verificadas na margem esquerda do Acaraú entre as cidades de Morrinhos, Marco e
Reriutaba.
A Unidade fisiográfica Tabuleiro Costeiro/Terraços é a unidade muito representativa
no baixo curso do rio Acaraú, variando entre 50 e 123 m com algumas localidades com
declividade 9%. O relevo mostra-se relativamente plano a plano-ondulado com
grandes taxas de erosão por processos denudacionais e uso da terra.
Planície_aluvionar
A unidade mapeada apresenta topografia aplainada, favorecendo a inundação nos
períodos de grandes precipitações como a ocorrida em abril de 2009 em Sobral, cidade
localização no médio curso do rio Acaraú. Esta unidade é considerada a maior área
mapeada e com declividade menor de 2% e com altitude para este trecho de 38 m a
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sul e 3 m até ao início do estuário. O rio Acaraú como principal curso fluvial e de difícil
caracterização do tipo de canal conforme o DZ desta pesquisa. Ao longo do seu curso
apresenta vários padrões, ora características de rios de meandros com formação de
barras longitudinais e ora com características de multicanal dividindo o leito principal
em diversas hierarquias formando bancos de areias contornados pela drenagem. A
planície fluvial funciona como área de escape nas grandes cheias com alargamento do
canal de escoamento.
As largura do vale, presente nesta unidade, varia de 10 m a 50 m, sendo alargado
nos principais tributários do Acaraú-CE. Os vales têm forma abertas com material de
alteração em suas bordas, com talvegues retilíneos, meandrantes e sinuosos nas áreas
estuarinas. Apresentam entalhe mais expressivo a montante, com ações fluviais
(corrosão, transporte e acumulação), produzindo material pouco trabalhado, portanto
de maior calibre. Do médio para o baixo curso do Acaraú, o material fino arenoargiloso indica a presença de sedimentos da Formação Barreiras, como porção mais
característica de acumulação dos rios com ampliação significativa das planícies, nos
Municípios de Bela Cruz, Cruz e Acaraú. Neste último, com faixas aluvionares em
contato com o estuário, a drenagem sinuosa recebe influência das marés. É nesse local
onde a dinâmica costeira inicia seus processos com as marés (fluxo e refluxo)
executando deposições rio acima.
Estuário
Esta unidade apresenta um sistema de funcionamento complexo, caracterizando
outros sub-ambientes. Como ocorre a formação de manguezais com diferentes graus
de conectividade com as marés e com os tributários do rio Acaraú. A cobertura vegetal
desta unidade instala-se em substratos de formação recente sob solo salino e de
deficiência de oxigênio, predominando vegetais do tipo halófitas.
Apesar da topografia suave entre a planície flúvio marinha e a planície litorânea, as
diferenças altimétricas, os diferentes usos para agricultura e o tipo de solo podem
representar o desequilíbrio desta paisagem, aumentando sua susceptibilidade à
erosão.
Possui um sistema funcional complexo devido à existência de outros subambientes
associados a ela. Um deles corresponde aos manguezais (Marismas), que apresenta
diferentes graus de conectividade com as marés e com os tributários do rio Acaraú.
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Tema 3- Geodinâmicas: entre os processos naturais e socio-ambientais
Mantos_eólicos
Esta unidade tem altitudes entre 0 e 40 m e declividade inferior a 3%, caracteriza-se
pela presença de sedimentos inconsolidados de textura variando de areia média a
grossa. O retrabalhamento pela ação do vento associado às marés de sizígia condiciona
a modelagem do relevo em plano ondulado. A vegetação rasteira (gramíneas) presente
nesta unidade define os limites da oscilação das marés, permitindo um maior controle
sobre sua área de atuação.
A formação de dunas por deflação eólica corresponde à feição mais marcante nesta
unidade. Estas apresentam morfologia alongada, acompanhando a linha de costa.
Nesta área formam-se também extensos paredões descontínuos, onde predominam
processos deposicionais pela ação das marés.
Conclusões
Os estudos aplicados neste trabalho integrando técnicas de fotointerpretação em
conjunto com trabalhos de campo e laboratoriais são de grande importância para
entendimento dos processos dinâmicos das paisagens e de suas unidades fisiográficas
ao longo do rio Acaraú-CE .
O estudo representativo das diversas paisagens e de suas unidades fisiográficas
amostrados demonstra processos policíclicos de transgressão e regressão marinha,
associados às ações superimpostas dos ecossistemas fluviais e eólicos atuais e/ou
recentes, estes processos e fatores atuantes na modelagem da paisagem, que foram
caracterizados com a geração dos mapas de Isobases e mapa Fisiográfico.
A identificação das áreas de origem e deposição de sedimentos caracteriza os
processos relativos erosão, transporte e deposição dos mesmos. O processo de erosão
e assoreamento permite o planejamento de ações corretivas de médio em longo
prazo, com o objetivo de minimizar os impactos resultantes da atividade humana na
área, atividades verificadas na região de Morrinho, Marco, Bela Cruz e Cruz regiões
ocupadas por perímetros irrigados, projetos de carcinicultura e usinas eólicas. Prática
geradora de renda mais modificadoras da paisagem local.
Tais conclusões devem-se a trabalhos de escritório, levantamento de campo,
análises de laboratório, geração de mapas de isobases representativos das
paleopaisagens e paisagens atuais e mapa fisiográfico. Permitindo identificar as
modificações morfológicas, pedológicas e potencialidade natural do ambiente
estudado nesta pesquisa.
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Esta pesquisa pode ser aplicada em benefício das comunidades e usuários regionais,
pois contribuirão para o conhecimento e para o manejo adequado dos recursos
naturais e de sua exploração racional, visando uma maior produção e/ou adequação
das culturas, quanto o requerimento de suplementação de água por /e ou fertilizantes
quando necessário às características de natrificação e carbonatação. Com isso, será
possível para tais usuários evitar a desertificação destas áreas e ter produtividade
adequada a estas condições.
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