boletim climático para o paraná – outono 2015

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BOLETIM CLIMÁTICO PARA O PARANÁ – OUTONO 2015
1. Características da estação
O outono tem início em 20 de março às 19 h e 45 min e término em 21 de junho às 13 h e 38 min. Esta
estação é marcada por forte variabilidade espacial e temporal da precipitação e da temperatura. Na
primavera também há esta variabilidade. Entretanto, a diferença principal é que, na segunda quinzena do
mês de março, a atmosfera está bastante aquecida e os fluxos de umidade - tanto do sul (frentes frias) ou
de noroeste, provenientes da Amazônia ou da região do Chaco (Bolívia e centro/norte do Paraguai) - estão
bem ativos. No final do outono, em junho, as massas de ar de origem continental e que ingressam ao sul
do continente promovem maior estabilidade à atmosfera. Esta transição entre a trajetória e as
propriedades das massas de ar confere ao Paraná características marcantes entre os valores médios da
precipitação e das temperaturas.
A seguir apresentamos os mapas e valores médios de chuva e temperatura no Paraná, registrados na rede
de estações meteorológicas automáticas do Simepar.
2. Precipitação
Os volumes médios mensais no mês de abril são os mais elevados do outono. No sudoeste e no leste do
Paraná estes volumes são mais significativos. No início da estação, as frentes frias que conseguem evoluir
sobre a região reforçam a instabilidade do ar, pois a massa de ar que predomina sobre o Paraná é quente
e úmida. Por isso são frequentes as pancadas de chuvas ao longo do dia sobre todas as regiões. Como as
frentes frias ainda não são intensas, o “sinal” do aumento das chuvas acaba sendo mais marcante sobre
os setores sudoeste e sul. No leste, além dos sistemas citados, há o padrão de circulação marítima que
possibilita o transporte de umidade do oceano para o continente. No mês de maio o volume de chuvas já
diminui sensivelmente comparado a abril. A principal fonte de chuvas são as frentes frias. Contudo ainda
há, em menor frequência, eventos localizados ou de menor amplitude espacial - pequenas linhas de
instabilidade e sistemas convectivos de menor porte que podem ser intensos. No mês de junho ocorre uma
sensível redução dos eventos localizados. A massa de ar predominante passa a ser paulatinamente mais
estável e, assim, as frentes frias são os “veículos” mais eficientes na produção de chuvas.
Figura 1 – Precipitação média no Paraná em abril, maio e junho (mm)
2.1. Monitoramento da precipitação
No mês de fevereiro de 2015 a distribuição das chuvas não foi homogênea. Houve volumes que
excederam em muito a média. Em contrapartida em algumas regiões a média não foi alcançada, conforme
mostrado na Figura 2.
Figura 2 – Anomalia de chuva no mês de fevereiro de 2015. Valores positivos (tons de azul) indicam chuvas acima da
média e negativos (amarelo e laranja) abaixo da média
Nos primeiros quinze dias do mês de março de 2015 o padrão irregular da distribuição das chuvas persistiu
para as diferentes regiões paranaenses. Na Figura 3 estão indicados os valores acumulados de chuvas na
rede de estações meteorológicas automáticas do Simepar. Destacam-se os altos valores acumulados no
Litoral e no Norte.
Figura 3 – Precipitação acumulada (mm) de 01 a 15 de março de 2015
3. Temperaturas
Foi organizado um conjunto de mapas de temperaturas para os meses de abril a junho. Primeiramente o
conjunto das temperaturas médias mensais está mostrado na Figura 4. Neste primeiro conjunto o padrão
médio da distribuição espacial indica, sobretudo, a influência relevante da contribuição do relevo e da
posição geográfica do Paraná. Quanto aos valores, nota-se que a diferença entre os registrados nos dois
primeiros meses da estação, abril a maio, é mais significativa do que os de maio a junho.
Em relação aos valores médios das temperaturas máximas e mínimas, as diferenças são ainda mais
marcadas. O mês de abril, pela proximidade da estação passada, ainda registra boa parte dos dias como
típicos de verão. Assim não são raros os valores superiores aos 30º C, especialmente no noroeste e no
litoral; salientando que o oceano, devido à capacidade térmica da água, se mantém aquecido por mais
tempo do que o continente. A partir da segunda quinzena de maio já começam a ser registradas
temperaturas baixas e, na média, surgem as primeiras geadas.
Figura 4 – Temperaturas Médias Mensais
Figura 5 – Temperaturas Máximas Médias
Figura 6 – Temperaturas Mínimas Médias
4. Tendência para a estação de Outono/2015 – Temperaturas médias levemente acima da normal e
precipitações dentro da média
O padrão da temperatura da superfície do mar (TSM) no Oceano Pacífico Equatorial mostra que
os valores estão muito próximos da normal climatológica. Contudo, a exemplo dos meses
anteriores, as águas superficiais se mantiveram aquecidas em relação à média histórica.
Nas projeções anteriores, os modelos numéricos utilizados na previsão climatológica indicavam a
formação do El Niño fraco para os meses de outono/inverno. Nas últimas atualizações existe esta
tendência. No entanto, aumenta também a quantidade de simulações que aproximam a
temperatura em diferentes setores do Oceano Pacífico à condição normal, ou seja, dos valores
próximos à média histórica.
Desse modo, a previsão climática para a estação do outono de 2014 indica que:
(1) as chuvas devem acompanhar a média da região no Estado do Paraná (valores
mostrados na Tabela 1). A característica principal desta estação é a forte variação temporal e
espacial desta variável. Os índices atmosféricos ainda deverão se manter bastante variáveis e
não há predomínio de massas de ar homogêneas sobre o Paraná. D essa forma os índices
médios previstos ficam ligeiramente mais altos devido, especialmente, às chuvas do início da
estação. Já para o mês de junho, historicamente as chuvas diminuem, embora nos três últimos
anos este mês tenha apresentado volumes significativos em relação à média mensal.
(2) As temperaturas no outono de 2015 no Paraná estarão um pouco acima dos valores
médios esperados. Esta estação é marcada por fortes amplitudes térmicas. Como não há, no
horizonte dos próximos meses, padrões atmosféricos que indiquem a predominância ou
persistência de uma massa de ar, esta característica deverá ser observada.
REGIÃO
ABRIL
MAIO
JUNHO
CAPITAL
87
75
104
LITORAL
173
108
161
CENTRAL
117
110
140
NORTE
95
104
93
SUL/SUDOESTE
154
132
174
OESTE
142
142
122
Tabela 1 – Chuva média mensal (mm)
Fonte: Simepar
5. Previsão climática da probabilidade de chuvas
A previsão da probabilidade de chuvas em nível nacional foi divulgada em conjunto pelos órgãos
nacionais de meteorologia. A Figura 7 exibe um mapa síntese destas previsões. Para o Estado
do Paraná as análises sugerem uma distribuição das chuvas normal a acima da média para o
sudoeste e parte do oeste. Para as demais regiões há igual probabilidade.
Figura 7 – Previsão probabilística de consenso
6. CLIMA E AGRICULTURA
A seguir são apresentados mapas quinzenais do período de setembro de 2014 a fevereiro de
2015, mostrando a porcentagem de água disponível no solo à esquerda e o déficit ou excesso no
período correspondente à direita.
Esses mapas são resultantes do balanço hídrico diário e são interpretados da seguinte maneira:
Água disponível no solo
É calculada em relação ao percentual máximo de umidade que o solo consegue reter,
denominado Capacidade de Campo. Quando o solo está plenamente abastecido na camada
explorada pelas raízes das culturas, ele está na Capacidade de Campo e a água disponível é
100%. As culturas têm diferentes níveis de tolerância à baixa umidade do solo. De acordo com as
faixas de água disponível no solo podem-se interpretar os resultados como segue:
0 - 25%
Crítico para o desenvolvimento das culturas
25 - 50%
Baixo, podendo ocorrer prejuízos para culturas anuais
50 - 75%
Satisfatório para a maioria das culturas
75 - 100%
Satisfatório para todas as culturas
Déficit/excesso hídrico
Valores negativos representam déficit hídrico no solo e indicam a quantidade de água necessária
para repor a umidade do solo na Capacidade de Campo.
Valores positivos representam excesso hídrico e indicam a quantidade de água a ser drenada
para que a umidade do solo volte à Capacidade de Campo.
Em um mesmo mapa podem ocorrer déficit e excesso hídrico, dependendo da distribuição das
chuvas no período analisado.
SETEMBRO 2014
OUTUBRO 2014
NOVEMBRO 2014
DEZEMBRO 2014
JANEIRO 2015
FEVEREIRO 2015
Verifica-se que houve irregularidade na umidade do solo durante o plantio de setembro a
novembro de 2014. Na primeira quinzena de setembro a situação era de déficit hídrico em
praticamente todo o Estado, devido à falta de chuvas nos meses anteriores. Com as
precipitações ocorridas na segunda quinzena desse mês, a água disponível no solo se
regularizou e possibilitou o início de plantio da safra de primavera-verão e a brotação das
pastagens e cultivos perenes. No entanto a irregularidade e a escassez das chuvas, aliadas a
temperaturas elevadas, principalmente no mês de outubro e parte de novembro, causaram
dificuldades aos agricultores nas culturas anuais. A Região Norte foi a mais afetada pelo déficit
hídrico, permanecendo o mês de outubro e a primeira quinzena de novembro com água
disponível para as plantas em níveis críticos. Este quadro provocou o retardamento da
semeadura da soja principalmente na região Norte do Estado. Com a melhoria da disponibilidade
hídrica a partir de meados de novembro, a situação se regularizou.
As perspectivas em geral são de grande produtividade de milho e soja, com exceção de alguns
agricultores que fizeram a semeadura muito precoce e tiveram prejuízos com o veranico de
outubro e novembro. Para as culturas perenes e pastagens a situação é excelente, antevendo
boas condições de produção e renovação do vigor vegetativo das lavoura s de café e suprimento
alimentar aos animais. Para as frutíferas em geral também as condições são totalmente
favoráveis. As hortaliças tiveram perdas devido ao excesso de calor e chuvas intensas em
algumas regiões.
As condições de semeadura e desenvolvimento inicial para o milho segunda safra (safrinha) são
excelentes. A perspectiva de chuvas próximas à média e temperaturas dentro da média ou um
pouco acima desta possibilita uma boa produtividade nessa lavoura. A dificuldade maior poderá
ser o atraso na semeadura em áreas de soja cuja colheita será retardada devido à semeadura
tardia.
Os cuidados com as práticas de conservação dos solos devem ser mantidos e aprimorados, pois
não está descartada a ocorrência de precipitações irregulares no período outono-inverno.
Em maio tem início o programa Alerta Geada com emissão de boletins diários sobre a previs ão
de geadas para a agricultura disponíveis nas páginas do Simepar e do Iapar na Internet:
www.simepar.br e www.iapar.br.
SIMEPAR/IAPAR
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