Briófitas Introdução Já aprendemos como os vegetais ganharam o meio terrestre e todas as dificuldades que tiveram de enfrentar para tornar viável a ocupação de novas fontes de recursos. Nesse capitulo, veremos os mais simples indivíduos vegetais a ocuparem o meio terrestre, suas características, ciclo de vida e diversidade. Características Gerais Existem três divisões de indivíduos aos quais chamamos de Briófitas, separadas dos demais vegetais por serem avasculares, ou seja, não possuírem vasos condutores e fazerem a troca de nutrientes e gases célula-célula num processo de difusão e osmose. As Briófitas, no geral, são pequenas devido a ausência de vasos, variando de micrometros a poucos centímetros, normalmente vivem em ambientes húmidos devido a necessidade de agua para reprodução. Chamamos a primeira divisão de Briófitas de Hepatophyta, que agrupa as hepáticas. A segunda de Anthocerotophyta, que agrupa os antoceros. E a terceira de Bryophyta, que compreende os musgos. Um exemplo de Marcanthia, uma hepática da divisão Hepatophyta. Não apresentam estômatos, o que indica que sejam as mais próximas das algas verdes ancestrais. Um exemplo de Antoceros, (Anthocerotophyta). Possuem estômatos. Um exemplo de musgo, da divisão Bryophyta. Possuem estômatos e células especializadas na condução de agua, não formando ainda vasos condutores, mas formando o que chamamos de filamentos condutores. Em Briófitas, os gametófitos são nutricionalmente independentes dos esporófitos, mas estes são sempre permanentemente ligados ao gametófito. Podemos dizer, então, que a fase duradoura ou dominante é a fase gametofítica. O grupo como um todo compartilha características importantes: Todos os gametófitos são ligados ao substrato por uma rede de filamentos simples, chamados rizoides, cuja função é apenas aderência ao substrato, uma vez que a absorção de agua e íons são feitas diretamente pelo gametófito. Imagem de rizoides, apontados pela seta em um musgo. A absorção de agua e íons, então, são realizados por outras duas estruturas, também simples e de tecido pouco diferenciado, os filoides e cauloides. Os primeiros de função análoga às folhas e o segundo de função análoga aos caules. Ambos são dotados de cloroplastos e estão relacionados ao processo fotossintético. As estruturas sexuais são basicamente as mesmas nas três divisões. Nas plantas femininas, a oosfera fica localizada dentro de um arquegônio, que tem a forma de garrafa (base alargada (ventre) e pescoço longo). No pescoço, é repleto de células que preenchem todo o canal. Quando o arquegônio amadurece sexualmente, essas células se desintegram, formando um tubo que recebe o anterozoide. Nas plantas masculinas, o anterídio é comumente alargado ou esférico, ligado ao gametófito por um pedúnculo ou haste revestido externamente por células androgenias, que darão origem, cada uma, a um anterozoide biflagelado. Imagem de um arquegônio de Marcanthia. Imagem de anterídios de briófita. Depois de fecundado, o zigoto fica retido dentro do arquegônio e desenvolve um embrião. As células do ventre se dividem e aumentam, formando uma estrutura chamada caliptra, que protegera o jovem esporófito e será elevado por uma haste ou seta. Os detalhes a partir daqui, serão vistos no ciclo reprodutivo. Imagem do esporófito de briófita. Mais um exemplo dos gametângios femininos (a) e masculinos (b) de Bryophyta. Ciclo reprodutivo No geral, o ciclo reprodutivo das briófitas é haplodiplobionte, passando por uma fase gametofítica haploide, gerada pela germinação de um esporo haploide. O gametófito jovem possui duas fases, a primeira talosa, chamada protonema (Ausente em antoceros), e a segunda folhosa, quando maduro. O gametófito maduro produzira gametas (n) por mitose, sendo os masculinos anterozoides e os femininos as oosferas. O Anterídio nada ate a oosfera e a fecunda, formando um zigoto diploide, de esporófito (2n), dependente do gametófito. Inicia-se a fase diploide esporofítica. O esporófito sofre meiose e produz esporos (n) dentro da estrutura chamada caliptra. A caliptra se rompe, quando madura, e libera os esporos no ambiente, que gerarão novos gametófitos. Capsulas de esporófito elevadas por uma seta, repletas de esporos. Diversidade e Importância Ecológica As briófitas são vegetais muito importantes evolutivamente. De maneira geral, são a base de todas as sucessões ecológicas que ocorreram no planeta primitivo, sendo então as responsáveis pelo ganho do ambiente terrestre, e, dessa forma, pela diversidade dos vegetais atuais. Ocorrem em diversos ambientes húmidos do planeta, revestem solos de matas mantendo a humidade dos micro-habitats e, fornecendo assim, recursos para diversos grupos de animais e vegetais. Briófitas sobre rocha antes estéril, um inicio de sucessão ecológica. Musgos sobre rocha em floresta, mantendo a humidade próximo ao solo. Musgos servindo de habitat para vertebrados, no caso, uma salamandra (Anfíbio). Thafarel Pitton- Professor de Ecologia e Botânica no Cursinho Metamorfose, UNESP- SÃO JOSE DO RIO PRETO [email protected]