Enviado por Do utilizador8788

A nova ordem europeia no seculo XIX os efeitos da

Propaganda
See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/267802158
A nova ordem europeia no século XIX: os efeitos da dupla revolução na história
contemporânea
Article
CITATION
READS
1
1,819
2 authors, including:
André Luiz Reis da Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
32 PUBLICATIONS 79 CITATIONS
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
The transformations in Brazilian foreign policy during the Dilma Rousseff government: Identifying regional and global constraints and priorities View project
All content following this page was uploaded by André Luiz Reis da Silva on 05 June 2015.
The user has requested enhancement of the downloaded file.
A nova ordem europeia
no século XIX:
os efeitos da dupla revolução
na história contemporânea
André Luiz Reis da Silva*
Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar a construção da nova ordem europeia no século XIX,
buscando perceber como o desenvolvimento econômico e as transformações políticas impactaram o continente, tanto do ponto de vista interno das sociedades, como do sistema de
relações internacionais. Discute os efeitos da dupla revolução (Francesa e Industrial) na
formação da época contemporânea.
Palavras-chave: Revolução Francesa. Revolução Industrial. Europa. Relações Internacionais.
1 Introdução
A passagem do século XVIII para o século XIX inaugura o que,
convencionalmente, se denomina de história contemporânea. Depois de
quase quatro séculos de acumulação de capital, de comércio colonial, de
sucessivas guerras hegemônicas e contra-hegemônicas, da desestruturação do feudalismo, da expansão da linguagem escrita e do ensino, da
lenta conquista e subjugação de outras civilizações, a Europa teve de
enfrentar uma profunda transformação de seu processo histórico, que
reafirmava tendências anteriores. Assim, o desenvolvimento da burguesia desencadeou as duas grandes revoluções, a Francesa e a Industrial,
que marcaram o início de uma nova era.
Entretanto, a vitória da burguesia trazia consigo também diversas
contradições. A ideologia libertadora, impulsionada pelo iluminismo
liberal, impulsionou a radicalização do pensamento e da prática social.
Assim, o século XIX conviveu com novas e velhas tendências, que dispu* Doutor em Ciência Política e Mestre em História (UFRGS). Professor Adjunto de Relações
Internacionais do Departamento de Ciências Econômicas da UFRGS. Pesquisador do Núcleo de Estratégia e Relações Internacionais (NERINT/UFRGS).
(E-mail: [email protected]).
Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
11
tavam a hegemonia da Europa, como chave para a hegemonia do mundo.
Liberalismo, feudalismo, socialismo, comunismo, anarquismo, racionalismo, positivismo e romantismo foram algumas das expressões da Europa em transformação.
Este artigo tem como objetivo analisar a construção da nova ordem
europeia no século XIX, buscando perceber como o desenvolvimento econômico e as transformações políticas impactaram o continente, do ponto de
vista tanto interno, das sociedades, como do sistema de relações internacionais estruturado. Conclui que o domínio político e militar do mundo
pela Europa viria a ser o produto da era da dupla revolução (política e
econômica).
2 A Europa no final do século XVIII
A Europa, no final do século XVIII, era, ao mesmo tempo, menor e
muito maior que no nosso século. Era menor porque se conheciam apenas
pequenos pedaços do mundo habitado. Com o desenvolvimento da cartografia e impulsionados pela expansão e comércio colonial, os principais contornos dos continentes e da maioria das ilhas eram conhecidos, embora não
muito corretamente. Não só o mundo conhecido era menor, mas também o
mundo real, pelo menos em termos humanos, dado que a população mundial ainda era pequena, concentrando o maior peso demográfico na Ásia.
A Europa tinha 187 milhões de habitantes em 1800 (HOBSBAWM, 1989).
Por outro lado, o mundo era maior pelas dificuldades de transporte
e comunicação. A correspondência poderia demorar dias para alcançar seu
destino. O transporte terrestre era lento. A maior parte das pessoas não
viajava ou enviava cartas (eram analfabetos). O mundo de 1789 era, portanto, para a maioria de seus habitantes, incalculavelmente grande.
A maioria deles, a não ser que fossem arrancados de suas regiões por um
acontecimento desestabilizador, viviam e morriam no distrito ou mesmo
na paróquia onde nasceram. Mas a abertura da conquista e do comércio
mundial e colonial havia projetado a população europeia para o Atlântico,
em busca de novas oportunidades.
O mundo do início do século XIX, a despeito da Revolução Industrial, ainda era predominantemente rural. Na Inglaterra, pioneira da Revolução Industrial, a população urbana só veio a ultrapassar a população
rural pela primeira vez em meados do século XIX. Mas o termo “urbano”
também inclui pequenas cidades de província. A cidade provinciana ainda
pertencia essencialmente à sociedade e à economia do campo. O problema
agrário era, portanto, o fundamental no ano de 1789. Hobsbawm (1989,
p.29) afirma – é fácil compreender porque a primeira escola sistematizada
de economistas do continente, os fisiocratas franceses, tomara como verdade esse fato – que a terra, sobretudo o seu aluguel, era a única fonte de
renda líquida.
12
Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
É possível dividir, do ponto de vista das relações de propriedade
agrária, o complexo econômico cujo centro era a Europa Ocidental, em
três grandes segmentos. No além-mar (colônias americanas), utilizava-se
o trabalho escravo ou obrigatório. Na Europa Oriental, a base ainda era a
servidão (com algumas faixas de camponeses livres). Na Europa Ocidental, o camponês típico tinha perdido muito de sua condição de servo no
final da Idade Média. Mas havia ainda uma série de obrigações conferidas aos camponeses. A agricultura europeia era ainda tradicional e ineficiente, fora em algumas regiões adiantadas. Em poucas áreas havia uma
agricultura puramente capitalista. Mas lentamente esse modelo ia se impondo, com o surgimento de uma classe de empresários agrícolas, os
fazendeiros, e um enorme proletariado rural.
Enquanto o mundo agrícola ainda estava pouco desenvolvido, o
comércio e as manufaturas mostravam seu dinamismo. Nessa época, um
sistema de vias comerciais marítimas circundava a terra, trazendo seus
lucros às comunidades mercantis europeias do Atlântico Norte. O crescimento desse comércio criou condições rudimentares para um precoce
capitalismo industrial. A rápida e sempre crescente expansão maciça do
comércio e do empreendimento capitalista europeu minava a ordem social dessas civilizações afroasiáticas.
As ciências, ainda não divididas pelo academicismo do século XIX
em pura e superior, e “aplicada” e inferior, dedicavam-se aos avanços
produtivos. A educação ia desenvolvendo-se, embora a burguesia desejasse uma escola mais prática, empirista e mais descolada do sistema
educacional escolástico-medieval.
Nesse sentido, o Iluminismo passou a ganhar terreno. O Iluminismo foi o movimento cultural e intelectual europeu do século XVIII,
influenciado pelo Humanismo do Renascimento e pelo Racionalismo e
Empirismo do século XVII. Assim, fundava-se no uso e na exaltação da
razão, vista como o atributo pelo qual o homem apreende o universo e
aperfeiçoa sua própria condição. Considerava que os objetivos do homem
eram o conhecimento, a liberdade e a felicidade, base para um projeto
emancipatório.
O Iluminismo avaliou com otimismo o poder e as realizações da
razão humana, e a crença na possibilidade de reorganizar a sociedade
segundo princípios racionais. Destruiu a concepção cíclica de história e
introduziu uma visão evolutiva da humanidade. A visão iluminista tinha
por base a possibilidade, aberta a cada ser humano, de ter consciência de
si mesmo e de seus erros e acertos, e de ser dono de seu destino, através
da racionalização. A crítica iluminista dirigiu-se contra a tradição e a
autoridade daqueles que se arrogavam a tarefa de guiar o pensamento,
como o monopólio da religião sobre o sagrado. A ideia de autonomia
política e intelectual completava esse quadro.
Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
13
Mas o tema central do Iluminismo era a emancipação, uma noção
que tem sido por séculos parte de nosso imaginário político (e cuja desintegração estamos assistindo atualmente, com a emergência do pensamento pós-moderno), organizada em torno de distintas dimensões.
A emancipação tinha uma dimensão dicotômica, com uma descontinuidade radical entre a ordem que precedeu e a nova ordem a ser construída. Deveria afetar todas as áreas da vida social; eliminaria o poder,
com a abolição do Estado. Com a eliminação da opressão dos sujeitos,
defendia a ideia de refundação completa do social e, principalmente,
continha uma dimensão racionalista. Se, até o século XVIII, a sociedade
europeia formada com a cristandade reconhecia em Deus a possibilidade de emancipação da dor e do sofrimento, a partir do Iluminismo
ocorreria uma descentralização de Deus. É o que separa os discursos
emancipatórios das escatologias secularizadas e das escatologias religiosas. Nas religiosas, Deus cumpre o papel de absorção do real dentro
de um sistema total de representação. Nas escatologias seculares, como
a absoluta representação do real não se pode apelar para nada externo
ao real, isso só pode ser feito pela absoluta racionalidade. A razão, dessa forma, cumpriria o papel de Deus. Não que os iluministas pregassem
o ateísmo, mas a descentração provocada indicava outra possibilidade
para a humanidade, que era a recuperação da autonomia decisória, e
a possibilidade de construir um futuro que não estava inteiramente
pré-determinado. Isso não ocorreria sem ter uma forma profundamente
perturbadora na ordem social e cultural do Ocidente (LACLAU, 1996,
p. 12-16). O Romantismo surgiu, então, em profundo contato com essa
sociedade que se transformava, valorizando o nacionalismo, mas ao
mesmo tempo criticando os efeitos da modernização, recuperando de
alguma forma a subjetividade dominada e buscando resgatar o passado
idílico. Se o futuro era incerto, o passado daria a chave para a estabilidade.
Em 1848, Marx e Engels (1997, p. 13-14) já observavam o caráter
revolucionário e desestabilizador da sociedade, por parte das transformações ocorridas na ordem econômica e social:
A revolução constante da produção, os distúrbios ininterruptos de todas a condições sociais, as incertezas e agitações permanentes distinguiram a época burguesa de todas
as anteriores. Todas as relações firmes, sólidas, com sua
série de preconceitos e opiniões antigas e veneráveis, foram varridas, todas as novas tornaram-se antiquadas antes
que pudessem ossificar. Tudo que é sólido desmancha no
ar, tudo que é sagrado é profanado, e o homem é, finalmente, compelido a enfrentar de modo sensato suas reais
condições de vida e suas relações com seus semelhantes.
14
Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
3 Revolução industrial: capitalismo e mudança social
Como afirma Hobsbawm (1989), a Revolução Industrial era a contrapartida econômica da dupla revolução que estava ocorrendo no final do
século XVIII e que marcaria a política e a economia mundial até o tempo
presente, inaugurando a História contemporânea. Difícil de precisar, o
termo “revolução industrial” reflete seu impacto relativamente tardio sobre
a Europa, pois começou a tornar-se corrente apenas por volta de 1820. Do
ponto de vista da periodização, embora muitos historiadores considerem
1760 a partida para a revolução industrial, a guinada repentina aconteceu
por volta de 1780, embora sua repercussão possa ser precisada mais para as
duas últimas décadas do século XVIII. A Revolução Industrial é contemporânea da Revolução Francesa, embora um pouco anterior a ela.
Uma das questões centrais quando se analisa a Revolução Industrial, é compreender as causas do pioneirismo inglês. De fato, embora
outros países e regiões reunissem algumas condições para a produção
industrial, nenhum reunia de forma integrada todas as suas condições.
Entre elas, podemos citar a existência anterior de infraestrutura para a
manufatura. A Inglaterra já havia feito a sua “revolução agrícola”: conjunto de transformações, entre os séculos XV e XVIII, que consistiu em
cercamento dos campos; fornecimento de mão de obra para as indústrias
em transformação e modernização da agricultura (rotatividade, utilização
de adubo e maquinaria). Por outro lado, a Inglaterra gozava de um
enorme mercado de consumo (o próprio país e seu enorme império colonial). Além disso, a participação no grande comércio marítimo propiciou
um forte processo de acumulação de capitais, tanto nos fretes marítimos
como no comércio de escravos e na pirataria. A aliança entre a burguesia
e alguns setores da nobreza, após a Revolução Inglesa (1640-1689), também contribuiu. Resumidamente, pode-se afirmar que as condições para
a Revolução Industrial na Inglaterra são a existência de capital, mão de
obra, máquinas, mercados, comércio internacional, frota mercante e matérias-primas.
Entre as consequências da Revolução Industrial, figura a formação
de um mercado de massa. Sob qualquer aspecto, foi esse, provavelmente,
o mais importante acontecimento na história do mundo, pelo menos desde a invenção da agricultura e das cidades (HOBSBAWM, 1989, p. 45).
A revolução industrial também criou uma indústria de carvão, o desenvolvimento das ferrovias e a expansão do capital. As ferrovias seriam o
principal ponto de investimento capitalista nos outros continentes. De
acordo com Antonio Carlos Lessa (2005, p.89),
As relações internacionais na primeira metade do século
XIX tiveram um grande ator (a Grã-Bretanha), que se tornou preponderante sobre as demais potências europeias
porque teve condições de, pioneiramente, colocar em funCiências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
15
cionamento do dínamo da modernização econômica proporcionado pela Revolução Industrial e foi capaz de obter
ganhos de produtividade em grande escala provocados
pela facilidade de internalizar as revoluções tecnológicas.
A Inglaterra atingiu o auge de seu poder com o fortalecimento do
mercado exportador. A maior parte dos tecidos era exportada. Os mercados colonial e semicolonial eram os mais importantes. O comércio colonial tinha criado a indústria algodoeira, e continuava a alimentá-la, baseado ainda no trabalho escravo. Começava a sobrar capital, que seria
investido em outros continentes, e a América Latina tornou-se um dos
grandes receptores de capital, dependendo das exportações britânicas. Já
a Índia foi desindustrializada neste período. A Europa finalmente exportava para o Oriente (HOBSBAWM, 1989, p. 52). Mas a revolução industrial também provocou falhas e descontentamentos sociais. A exploração
da mão de obra a mantinha no nível da subsistência. As crises periódicas
da economia levavam ao desemprego, quedas na produção e bancarrotas.
As leis do Trigo tentavam proteger a economia agrícola das regras do
capitalismo, mas foram abolidas em 1846, gerando descontentamento por
parte dos trabalhadores e proprietários agrícolas.
Desse modo bastante empírico, não planificado e acidental, construiu-se a primeira economia industrial de vulto. Sob qualquer aspecto,
foi este provavelmente o mais importante acontecimento na história do
mundo, pelo menos desde a invenção da agricultura e das cidades. Até a
década de 1830, o algodão era a única indústria britânica em que predominava a fábrica ou o engenho (HOBSBAWM, 1989).
Entre os resultados da Revolução Industrial, pode-se verificar
também a subordinação das diferentes formações sociais à dinâmica capitalista, aumento da produção, estímulo comercial, urbanização, aumento
populacional, divisão técnica do trabalho, proletarização e assalariamento da força de trabalho, maquinização da produção, concentração industrial, nova configuração social, acirramento da luta de classes, mundialização da economia, surgimento dos monopólios e a corrida imperialista.
De acordo com Paul Kennedy (1989, p. 149),
A causa básica dessas transformações está, é claro, nos espantosos aumentos de produtividade provocados pela
Revolução industrial. Entre, digamos, a década de 1750 e a
de 1830, a mecanização da fiação na Grã-Bretanha tinha
aumentado a produtividade, só naquele setor, de um fator
de 300 a 400, não sendo portanto de surpreender que a
parcela britânica da produção mundial se tenha elevado
dramaticamente. (...)Mas a história da Índia e China foi
bem diferente”, não só suas parcelas da manufatura total
mundial , apenas porque a produção do ocidente estava
crescendo depressa, como em certos casos suas economias
declinaram de maneira absoluta, isto é, se desindustrializaram, devido à penetração em seus mercados tradicionais pelos produtos muito mais baratos e melhores.
16
Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
4 A Revolução Francesa: a stasis coletiva
Com exceção da Grã-Bretanha, que fizera sua revolução no século
XVI, e alguns Estados menores, as monarquias absolutistas reinavam em
todos os Estados em funcionamento no continente europeu. A religião ia
lentamente sendo confinada na esfera privada, mas ainda provocava a
stasis (sedição e rebelião) em vários países. Mas a stasis religiosa foi sendo
substituída pela stasis social e nacionalista. O despotismo esclarecido surgiu como resposta à possibilidade de modernização dos Estados, e atingiu
as áreas mais atrasadas, como Espanha, Portugal, Rússia e Áustria, conseguindo conter temporariamente o impulso pela transformação social e
política. Na França, a falta de flexibilidade dos governantes diante das
novas exigências sociais condicionou a revolução (HOBSBAWM, 1989).
A Revolução Francesa foi o momento em que o pensamento político
iluminista da Europa foi colocado em prática, com a ascensão ao poder da
burguesia. Ao menos parte da burguesia, que não se acomodou na mera
compra de títulos de nobreza, buscou alcançar o poder para si, alterando a
ordem vigente. Era um projeto total, de refundação da sociedade. O mundo contemporâneo foi moldado nas duras batalhas revolucionárias francesas do século XVIII. A sociedade francesa, até as vésperas da Revolução,
era dividida em três estados, os chamados Estado Gerais: um primeiro, que
compreendia a nobreza; o segundo, de que faziam parte os clérigos e o
terceiro e último, composto de todos aqueles excluídos dos dois primeiros:
a pequena burguesia, o campesinato e a população urbana.
Com as contas nacionais comprometidas, o Rei Luis XVI convocou
ministros para implantar um plano de saneamento das finanças. A solução encontrada era o aumento de impostos, mas como onerar ainda mais
o Terceiro Estado? O Rei resolveu convocar a Assembleia dos Estados
Gerais, depois de 173 anos de inatividade. Entre os motivos da crise fiscal
estava o financiamento da guerra para apoiar a independência dos EUA,
ao mesmo tempo que uma má colheita ampliou a fome do povo.
A revolução iniciou em 1789. Mas os revolucionários franceses separam-se em três alas: os girondinos, que representavam os interesses da
grande burguesia, conhecidos também pela planície, porque sentavam à
direita da mesa diretora da Assembleia e ficavam em uma disposição
mais baixa; os jacobinos, que faziam parte do grupo mais radical dentro
da Assembleia, sentavam-se à esquerda e no alto à mesa diretora; e por
último os sanscullotes, principalmente pequenos proprietários que queriam aprofundar a revolução, representando, de certo modo, a grande
maioria da população que participou da revolta. As lutas internas da
revolução aprofundaram-se de tal forma que, em um momento, as três
alas revolucionárias tornaram-se inimigas. Com essa divisão, em breve o
vocabulário direita e esquerda marcaria a política ocidental para representar progressistas e conservadores.
Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
17
A Revolução Francesa consiste em quatro fases: o período que vai
de 1789 até 1792, denominado de Assembleia; o segundo, de 1792 até
1794, que se denomina Convenção, o terceiro – quando Napoleão e mais
dois líderes assumem o poder, em 1799 –, denominado Diretório, e um
quarto momento, o Império, que vai da aclamação de Napoleão pelo
Papa até 1815, quando se forma o sistema napoleônico.
Marx saúda essa nova classe de forma contundente, porque entende que foram os primeiros homens que provaram a capacidade de
produzir de forma racional e eficiente para subjugar as forças da natureza
com o objetivo da geração de riqueza. No Manifesto do Partido Comunista, vemos Marx e Engels (1997 [1848], p 12-13) saudarem a chegada da
burguesia ao poder:
A burguesia, historicamente, teve um papel extremamente
revolucionário. A burguesia, sempre que obteve o domínio, pôs termo a todas as relações feudais, patriarcais e idílicas. Desapiedosamente, rompeu com os laços feudais heterogêneos que ligavam o homem aos seus ‘superiores naturais’ e não deixou restar vínculo algum entre um homem e outro além do interesse pessoal estéril, além do pagamento em dinheiro insensível. [...] A burguesia não pode existir sem revolucionar, constantemente, os instrumentos de produção e, desse modo, as relações de produção e, com elas, todas as relações da sociedade.
De acordo com Adam Watson, a Revolução Francesa foi o ato mais
dramático de autoafirmação da classe média (burguesia) na história europeia. O Terceiro Estado derrubou o antigo regime com uma força explosiva que modificou profundamente as relações entre as várias comunidades europeias, que, desde Vestfália (1648), tinham sido organizadas
numa sociedade de Estados semelhantes, num certo tipo de equilíbrio.
O grande aumento de poder que a Revolução liberou no Estado mais
importante do sistema foi reforçado pelas ideias, colocadas em termos
universais, que ela desenvolvia e disseminava e que eram atraentes aos
equivalentes insatisfeitos do Terceiro Estado em outros Estados do continente europeu. “Em outras palavras, a Revolução produziu e seus lideres
ativamente estimularam, uma stasis geral na Europa a Leste da França.”
(WATSON, 2004, p. 322).
Por outro lado, a ordem imperial promovida por Napoleão foi o
ponto mais avançado do balanço do pêndulo para longe da ortodoxia e
da legitimidade das independências múltiplas da Europa. Assim, a ideia,
bastante difundida e parcialmente acatada durante dois séculos, de respeito à soberania e ordem interna dos Estados, e do equilíbrio de poder
entre esses Estados, evitando o surgimento de uma potencia hegemônica
no sistema, entrou colapso. Mas, depois da queda de Napoleão, o pendulo só balançou parte do caminho de volta na direção da extremidade do
espectro em que se situam as independências múltiplas, ou seja, perce18
Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
beu-se que a ordem colocada por Napoleão trazia alguma estabilidade no
relacionamento entre os Estados, embora fosse desestabilizadora na ordem interna dos Estados. Dessa forma, as principais potências europeias
passaram a negociar alguma forma de governo coletivo, que fosse conservador o suficiente para evitar as crises políticas e sociais (WATSON,
2004, p. 320).
De acordo com Giovanni Arrighi (1996), a Revolução Francesa e
as guerras napoleônicas violaram os princípios, normas e regras do sistema de Vestfália (principalmente soberania); fomentou revoltas vindas
de baixo, desrespeitou a liberdade de comércio e a propriedade. Dessa
forma, a expansão da Revolução Francesa desestabilizava o sistema,
oferecia risco para as elites, e era necessária uma restauração. Entretanto, os vencedores não puderam, ou quiseram, restaurar o padrão do
século XVIII. Embora o sistema de Napoleão tenha sido demasiado
breve para adquirir aceitação geral, após a sua derrubada, as suas vantagens ainda eram suficientemente impressionantes para fazer que os
europeus liberados desejassem ver quais de seus méritos podiam ser
negociados por meio da cooperação entre as grandes potencias e implementados por meio de uma ação concertada, em vez de impostos
pela força unilateral (WATSON, 2004, p. 331).
Dessa forma, conforme Adam Watson, o império de Napoleão
mudou as estruturas sociais da Europa Ocidental e de muitas das da
Europa Central, e alterou permanentemente as ideias dos homens sobre
o que era desejável ou atingível (WATSON, 2004, p. 333). Da Declaração
de Aquisgrana (1818) até o ano das revoluções (1848), as cinco grandes
potências chegaram perto de funcionar como uma diretoria. Tinham
uma solidariedade de fins: temiam os riscos que ameaçavam seu mundo. A reconstrução da Europa partiu dos entendimentos entre Rússia e
Inglaterra, e convinha aos dois Estados restabelecer a Áustria e a Prússia como grandes potências independentes, nominalmente iguais a eles
próprios. Eles haviam entendido as vantagens da ordem e da tranquilidade que o império de Napoleão havia trazido às grandes áreas da Europa que ele havia controlado. A contradoutrina da legitimidade dinástica e o desejo prático de administrar o sistema pareceram aos estadistas, em Viena, justificar igualmente as intervenções ideológicas para
reprimir tentativas revolucionárias de tomar o poder em qualquer Estado (WATSON, 2004, p. 335).
Durante o século XIX, a nação começou a ser aceita como unidade política básica, e outras formas de identidade e lealdade tiveram de
acomodar-se. A própria definição da democracia procurava legitimar a
nação. A guerra não seria mais feita por mercenários contratados pelas
unidades dinásticas, mas pelo recrutamento do cidadão.
Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
19
5 Novos atores e forças sociais:
o liberalismo e seus críticos
A formação do proletariado ocorreria neste contexto. O trabalho artesanal, uma forma de produção simples em que não ocorre grande divisão
e especialização do trabalho (geralmente uma pessoa controla todas as
etapas do processo produtivo), foi cedendo espaço para a produção manufatureira, na qual o artesão foi transformado em assalariado. Paralelamente, ocorreu o processo de transformação pela força de trabalho no mesmo
local e sob a direção de um chefe. A produção passou a ser feita em série e
com especialização do trabalho. Nesta fase, o trabalhador foi separado dos
meios de produção, ocorrendo a subordinação da força de trabalho à máquina, bem como a substituição da energia humana pela energia natural.
Tamanha reorientação do processo produtivo gerou suas reações. Os trabalhadores queixavam-se das condições de trabalho e baixa remuneração. Na
esteira desse processo, na Inglaterra, surgia o movimento ludista (dos quebradores de máquinas), em 1811, bem como, em 1830, os movimentos cartista (do proletariado urbano) e Swing (do proletariado rural). Também foi
ocorrendo o surgimento dos novos sindicatos (trade-unions).
A nova situação do trabalhador gerava novos níveis de relação e
consciência. Com referência ao livro Utopia (de Thomas Morus, publicado
no século XVI), os primeiros socialistas começaram a surgir no final do
século XVIII e na primeira metade do século XIX: Fourier, Saint-Simon,
Louis Blanc e Proudon. Eles desejavam uma sociedade mais justa com a
extinção da propriedade privada. Além dos anarquistas, que, como Proudhon e Bakunin, pregavam a destruição do Estado e a extinção da propriedade privada, surgiram os chamados socialistas científicos, com Karl Marx
(1818-1883) e Friederich Engels, conferindo uma nova teoria para intervenção coletiva do proletariado. Marx e Engels publicaram, em 1848, às vésperas da Revolução, o Manifesto Comunista. Para eles, a luta de classes é o
motor da História, e, se a burguesia havia revolucionado os meios de produção e as relações sociais até meados do século XIX, então era a vez do
proletariado. O primeiro partido socialista surgiu na Alemanha em 1860.
Em 1864 surgiu a Primeira Internacional dos Trabalhadores.
Mas liberais burgueses também acenavam com manifestações e críticas às tentativas de restauração do velho regime absolutista. Com a Restauração na França, Luís XVIII reinou de 1815 a 1824, quando foi substituído por
Carlos X, que tentou uma série de reformas absolutistas. Entre elas, restabeleceu o direito de primogenitura, a abolição do direito de voto, a restrição à
liberdade de imprensa e a indenização dos nobres emigrados com a Revolução Francesa. Após as eleições de 1830, que deram vitória à oposição, Carlos
X dissolveu a Câmara e convocou novas eleições. Em julho de 1830, os jornais desrespeitaram a interdição e foram atacados pelas tropas do Rei.
Os revoltosos, então, tomaram Paris e obrigaram Carlos X a fugir. A revolução de 1830 colocou então no trono francês Luis Filipe de Órleans.
20
Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
A revolução de 1830 repercutiu na Europa. A Bélgica libertou-se
da Holanda. Houve revolta nacionalista na Polônia contra a Rússia.
A Itália foi sacudida pelas agitações da sociedade carbonária. Também
ocorreram agitações na Espanha, na Alemanha e em Portugal.
Em 1848, influenciada pelo liberalismo, pelo nacionalismo, pelo
socialismo e em meio a uma conjuntura de crise econômica (na agricultura e na superprodução capitalista), eclodiu uma revolta e o Rei Luís Filipe
de Órleans abdicou do trono. Era a “primavera dos povos”. No dia 23 de
abril, ocorreu a primeira eleição na Europa com sufrágio universal masculino, que elegeu Luís Napoleão. Assim, os trabalhadores foram afirmando seu protagonismo político, que vivenciou ainda a Comuna de
Paris. Em 1870, a Guarda Nacional (formada por populares) marchou
sobre Paris, e, em março de 1871, iniciava a Comuna de Paris. Entretanto,
o comitê revolucionário, dominado por elementos pequeno-burgueses,
não quis radicalizar a revolução. Em 2 de abril, Louis Adolphe Thiers,
chefe provisório do Executivo francês, em virtude da prisão de Napoleão
III, atacou Paris, vindo a conquistá-la em 27 de maio. Trinta mil communards foram mortos na luta.
O desenvolvimento do capitalismo e a Revolução Industrial na
Europa também ocasionaram crises periódicas e diversos efeitos colaterais. O aumento da oferta de produtos manufaturados, em descompasso
com a demanda, levou à queda dos preços e ao acirramento da competição em torno dos mercados consumidores, que não cresciam na mesma
proporção. Por outro lado, conforme Antônio Lessa (2005, p. 126),
[...] as novas tecnologias foram responsáveis pelo processo
crescente de concentração industrial que se verificou então, uma vez que o negócio industrial de pequeno porte
perdeu condições de competição diante da crise de superprodução que estava nas origens da depressão econômica
que caracteriza o período em análise.
O resultado foi a concentração e centralização de capital, com a
formação dos grandes conglomerados econômicos, pois a crise econômica obrigou as empresas buscar alternativas para acelerar o ritmo de crescimento e competir com as maiores, levando-as a integração vertical, das
incorporações e da racionalização da produção. De acordo com Lessa
(2005, p. 127),
Algo semelhante aconteceu no setor financeiro, especialmente nas primeiras praças do mercado. A partir de 1880,
o setor bancário passou por uma espetacular concentração,
o que fez desaparecer os bancos de província e as tradicionais casas bancárias familiares, absorvidos por grandes
conglomerados financeiros [...] o resultado dessas transformações foi a criação de grandes monopólios e oligopólios.
Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
21
6 Considerações finais
Até 1815, a luta pela supremacia mundial entre duas grandes potências, França e Inglaterra, dominou o sistema interestatal europeu.
O grande conflito culminou com a vitória da Inglaterra, já que a proposta hegemônica francesa alterou o cenário europeu e era potencialmente
desestabilizadora, ao incentivar a participação popular e a mobilização.
Assim, a Inglaterra liderou a aliança de forças primordialmente dinásticas e conservadoras; contudo, como uma potencia liberal do ponto de
vista econômico, tentou moldar o mundo a sua imagem. Mas a Inglaterra fez mais, criando o imperialismo de livre comércio, um sistema
mundial de governo que se expandiu e suplantou ou sistema construído nos tratados de Vestfália.
As duas maiores potências, Inglaterra e França, fizeram dois modelos diferenciados de reformas de classe: a primeira, baseada na grande acomodação entre a nobreza e a burguesia, que levou à Revolução
Industrial, na qual as forças produtivas atingiram um nível elevado de
lucratividade e expansão. A segunda, com reformas políticas que complementarão a revolução industrial, oferecendo modelos políticos diversos para a burguesia em expansão.
Após o grande ciclo de guerras e conflitos, o sistema europeu
construído no congresso de Viena era basicamente conservador, mas
tinha a flexibilidade suficiente para tentar acomodar as novas forças
políticas e sociais que surgiam, dentro e fora dos Estados nacionais.
Formou-se uma sociedade europeia, com regras, valores e princípios
comuns, como a legitimidade, a restauração, o nacionalismo, a soberania, que regularia as relações entre os países. A Europa aparecia, assim,
em relação ao resto do mundo, como uma unidade, e assim se apresentariam para colonizar a África e a Ásia, numa tentativa de recuperar o
espaço perdido na América Latina, agora formalmente independente.
O século XIX foi o século da hegemonia inglesa, tanto quanto foi
o século do concerto europeu, da formação da sociedade europeia. Os
ideais de progresso e desenvolvimento fortaleceram a crença de que o
mundo estava em rápida transformação e que a Europa do século XIX
estava no ápice do processo civilizatório. A dupla revolução significou
dois movimentos da revolução burguesa, que se alimentavam mutuamente, ao conquistar o Estado e dominar os meios de produção. Entretanto, a modernização constituiu novas forças sociais, que seriam os
novos atores políticos nas próximas décadas.
A cultura não ficaria inerte. Diante das grandes transformações
na forma de produzir, pensar e interagir, escritores, músicos e pintores
tentavam decifrar a nova sociedade que surgia diante de si. Saudosistas
22
Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
do passado ou ufanistas do futuro, a arte não ficou indiferente ao novo
mundo que surgia, e contribuiu para tornar a sociedade que nascia mais
complexa do que seu passado imediato.
Recebido em maio de 2010.
Aprovado em maio de 2010.
The New European Order in the Nineteenth Century: the Effects of Dual Revolution in Modern History
Abstract
This article aims to analyze the construction of the new European order in the nineteenth
century, seeking to understand how the economic and political changes impacted the continent both from internal point of view of societies and from the system of international
relations. It discusses the effects on dual revolution (the French and Industrial) in the shaping of the contemporary era.
Keywords: French Revolution. Industrial Revolution. Europe. International relations.
Referências
AMIN, Samir. O desenvolvimento desigual: ensaio sobre as formações sociais do capitalismo periférico. Rio de Janeiro: Forense, 1976.
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 2004.
ARON, Raymond. Paz e Guerra entre as nações. Brasília: Ed. da UnB, 1979.
ARRIGHI, Giovanni. O Longo século XX. Rio de Janeiro: Contraponto; São
Paulo: Ed. Unesp, 1996.
DUROSELLE, J. A Europa de 1815 aos nossos dias. São Paulo: Pioneira/
Edusp, 1976.
DUROSELLE, Jean-Baptiste. Todo o Império perecerá. Brasília: Ed. da UnB;
São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000.
FOSSAERT, Robert. El mundo en el siglo XXI: una teoria de los sistemas
mundiales. México: Siglo XXI, 1994.
HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções. 7. ed. São Paulo: Paz e Terra,
1989.
________. A era do capital. 7. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1989.
Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
23
KENNEDY, Paul. Ascensão e queda das grandes potências. Rio de Janeiro:
Campus, 1991.
KRIPPENDORF, Ekkehart. História das relações internacionais. Lisboa: Antídoto, 1979.
LACLAU, Ernesto. Emancipación y diferencia. Buenos Aires: Ariel, 1996.
LESSA, Antonio. Historia das relações internacionais: a Pax britânica e o
mundo no século XIX. Petrópolis: Vozes, 2005.
LESSA, Mônica; GONÇALVES, Williams. História das Relações Internacionais: teoria e processos. Rio de Janeiro: EdUerj, 2007.
MANDEL, E. O Capitalismo tardio. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
MARX, Karl; ENGELS, Friederich. Manifesto do Partido Comunista. São
Paulo: Paz e Terra, 1997 [1848].
MERLE, Marcel. Sociologia das Relações Internacionais. Brasília: Ed. da Unb,
1981.
MILZA, Pierre. As relações Internacionais de 1971 a 1914. Lisboa: Edições
70, 1999.
MOMMSEN, Wolfgang. La época del imperialismo. Madrid: Siglo XXI, 1984.
PALMADE, Guy. La época de la burguesia. Madrid: Siglo XXI, 1985.
PANIKKAR, K.M. A dominação ocidental na Ásia. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1977.
PECEQUILO, Cristina. A política externa dos Estados Unidos. Porto Alegre:
Ed. UFRGS, 2003.
SARAIVA, José Flávio. (Org.). Relações Internacionais contemporâneas: da
construção do mundo liberal à globalização - de 1815 aos nossos dias.
Brasília: Paralelo 15, 1997.
_______. Relações Internacionais: dois séculos de História. Brasília: IBRI,
2002.
WATSON, Adam. A evolução da sociedade internacional: uma análise histórica comparativa. Brasília: Ed. UnB, 2004.
24
View publication stats
Ciências & Letras, Porto Alegre, n. 47, p. 11-24, jan./jun. 2010
Disponível em: <http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos>
Download