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O Deus desconhecido – At. 17.16 – 34.

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O Deus desconhecido – At. 17.16 – 34.
Introdução:
Em sua segunda viagem missionária Paulo ministrou em várias cidades da Macedônia, entre elas
Filipos, Tessalônica e Bereia, de onde foi praticamente, expulso da cidade.Dali segue para Atenas,
onde permaneceu sozinho, aguardando a chegada de seus colegas de trabalho Silas e Timóteo.
O discurso de Paulo em Atenas (Atos 17,16-34) é importantíssimo para nossa reflexão atual, porque
trata diretamente da relação entre gregos e cristãos, entre a cosmovisão cristã com a sociedade
secularizada e pagã. Este é, sem dúvida, o grande desafio na obra missionaria, evangelística e para os
pregadores contemporâneos. Como comunicar, de forma relevante, a mensagem do evangelho a uma
geração que desconhece Deus? Ou que se cerca de outros deuses e discursos religiosos? O discurso de
Paulo reflete o primeiro encontro entre filosofia grega e fé cristã.
O livro de Atos dos Apóstolos, narra inúmeras situações em que a mensagem de Cristo é pregada aos
judeus nas sinagogas, mas o discurso de Paulo em Atenas que se dá por volta do ano 50-52 d.C., no
Areópago, tem uma abordagem completamente distinta. Paulo sequer cita o Antigo Testamento. Os
atenienses desconheciam e não se importavam com um livro que era sagrado para um povo
específico: os judeus.O mesmo acontece hoje quando, no meio secularizado, citamos a Bíblia como
autoridade.
Percebendo a forma como se construía o pensamento dos atenienses, bem como seu temor
supersticioso (deisidaimonia, religiosidade vs. 22) já que havia imagens para todas as divindades,
incluindo uma dedicada ao ‘Deus desconhecido’ (agnôstô Theô), Paulo parte da reflexão filosófica,
citando poetas; e da religiosidade, para pregar com relevância a mensagem de Jesus. Seus
interlocutores são os filósofos epicuristas e estóicos, escolas filosóficas muito influentes naqueles dia.
Este texto serve de paradigma para compreender melhor a relação entre fé cristã e filosofia no mundo
antigo e como pregar o evangelho a uma geração que não possui qualquer vinculo intelectual com o
pensamento judaico cristão.
Atos 17.16-34 é, sem discussão, uma das passagens mais relevantes em toda as Escrituras para a igreja
em nossos dias. Como John Stott escreveu esta passagem responde o tipo de pergunta que que a
igreja pós-moderna enfrenta.
Perguntas como:
“Qual deve ser a reação de um cristão que visita uma cidade que é dominada por ideologias ou
religiões não cristãs, uma cidade que pode ser esteticamente magnífica e culturalmente sofisticada,
mas moralmente decadente e espiritualmente morta?
Como lidar com uma cultura religiosa, mas dominada por um pensamento pagão?
Como reagir e responder a ideologia não-cristã? Ao ceticismo?
Como responder à questão: “o importante é ter fé” não importa qual é o seu Deus? As pessoas de
Atenas eram religiosas. Paulo afirma: “Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos” (At 20.22), mas ainda
assim estavam perdidos na superstição e idolatria.
Stott afirma que temos aqui quatro estágios da reação de Paulo em Atenas: O que ele viu, sentiu, fez e
pregou.
Primeiro: O que Paulo viu?
Paulo estava à espera Silas e Timóteo que ficaram em Bereia de onde fora expulso pela perseguição.
Enquanto esperava andou e observou cuidadosamente a religiosidade do povo: “Porque, passando e
observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está escrito: AO DEUS
DESCONHECIDO” (AT 17.23). Seu olhar era intencional e atento. E algo lhe chamou a atenção: “a
idolatria dominante na cidade” (At 17.16).
Atenas, em seu auge (Séc V a.C) foi a maior cidade do mundo. A arte, literatura, a arquitetura e as
filosofias que existiam influenciavam a cultura grega e ainda são o ponto de partida para a reflexão
filosófica até hoje, no pensamento ocidental. Atenas era o lar de alguns dos filósofos mais influentes
da história, como Péricles, Sócrates, Platão e Aristóteles. Corinto era a capital da província, mas
Atenas era a maior cidade. Os romanos dominavam pela força, mas os gregos pela mente. A cidade
que era o berço da cultura mundial estava imersa numa profunda cegueira espiritual, encharcada de
um maligno obscurantismo espiritual.
Petrônio, um escritor contemporâneo de Paulo, afirmou que era mais fácil um deus em Atenas do que
um homem. Estima-se que a população de Atenas fosse de 10.000 habitantes, mas havia cerca de
30.000 estátuas públicas associadas à idolatria. Havia mais estátuas dos deuses em Atenas do que em
toda a Grécia.
Lá se encontrava ainda o maravilhoso templo na colina da cidade, o Partenon, dedicado à deusa
Atena, com suas magníficas colunas. O templo feito de ouro e mármore possuía 17 colunas laterais e 8
colunas de largura. A estátua da deusa podia ser vista a sessenta quilômetros de distância. Paulo
sentiu uma forte tristeza e indignação, ao ver como a cidade estava entregue ao obscurantismo
religioso.
Não faltava religião. O povo estava farto de religião. O que faltava era o conhecimento do Evangelho
do Senhor Jesus Cristo; daquele que morreu na cruz e ressuscitou dentre os mortos, única esperança
para a humanidade.
Segundo: O que Paulo sentiu?
“Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade”
(At 17.16).
A expressão “se revoltava” (paroxuno) tem a raiz da palavra “paroxismo”, em português, que significa
“estimular, irritar, provocar, causar ira”. Era utilizada em referência a um ataque epilético ou
convulsão. Paulo experimentou uma reação visceral de indignação. Ele teve uma “epilepsia
espiritual”.
Certamente ele ficou impressionado com a arquitetura de Atenas, com obras de arte espalhada por
todos os lados sendo que a maioria era de ídolos. Mas sua possível reação de encantamento
transformou-se em tristeza, porque todos aqueles nichos refletiam a tendência à idolatria e o
afastamento de Deus. Isto causou-lhe uma reação profunda e visceral . A cidade de Atenas estava
sufocada pelos ídolos.
Terceiro: O que Paulo fez?
É interessante pensar sobre isto, porque Paulo não ficou lamentando a situação caótica da sociedade,
mas decidiu confrontar aquela situação. Paulo procurou locais onde poderia, de alguma forma, falar
da verdade de Jesus.
O texto descreve pelo menos três ambientes em que Paulo ensinou:
a. Sinagoga – “Por isso, dissertava na sinagoga entre judeus e gentios piedosos” (At 17.17). É Importante
enfatizar a expressão “por isso”. Ao observar toda condição espiritual daquela cidade, Paulo decidiu
pregar àqueles que imediatamente poderiam estar ligados à Lei e às profecias. Ele se dirigiu
estrategicamente aos judeus.
b. Praça – “...também, na praça, todos os dias, entre os que se encontravam ali”(At 17.17). Estando numa
cidade pagã e pluralista, ele sabia que os atenienses não ficariam à vontade de entrar numa sinagoga
judaica, por isto ele sai da sua zona de conforto, deixa as paredes e se dirige aos locais públicos, onde
os debates de ideias aconteciam. Naquele ambiente “universitário”, os filósofos e estóicos passaram a
discutir com ele, a ponto de ter sido chamado de “tagarela”, e receber o desprezo e zombaria ao ser
considerado “pregador de estranhos deuses; pois pregava a Jesus e a ressurreição” (At 17.18). Com razão,
sua mensagem era “bizarra”, como ele mesmo definiu: A mensagem da cruz é “escândalo par os
judeus e loucura para os gentios”.
A palavra “tagarela” (spermologos) estava relacionada a várias espécies de pássaros que se alimentam
de grãos e era usada para descrever mestres que, não tendo ideias próprias, acabavam plagiando os
outros, aderindo às opiniões de vários autores. É um termo de escárnio equivalente a “papagaio”,
como declarou Eugene Peterson.
c. Areópago – “Então, tomando-o consigo, o levaram ao Areópago dizendo, Poderemos saber que nova doutrina é
essa que ensinas?” (At 17.19). O areópago já era um lugar mais elitizado, em forma de teatro. O
ambiente ali era de muita discussão filosófica, e os atenienses apreciavam a multiplicidade de ideias:
“Pois todos os de Atenas e os estrangeiros residentes de outra coisa não cuidavam senão dizer ou ouvir as
ultimas novidades”(At 17.21).
Ao observarmos que ele foi levado ao Areópago, devemos entender que sua mensagem causou tanta
agitação entre os filósofos que estes o levaram perante o principal conselho legislativo e judicial de
Atenas. O areópago se referia a um tribunal de juízes que consistia de trinta atenienses aristocráticos,
e era um dos tribunais mais respeitáveis do mundo gentio.
Paulo nasceu em Tarso, uma das três grandes cidades universitárias do mundo romano, as outras
duas era Atenas e Alexandria (Egito). Tarso foi profundamente influenciada pela cultura grega. Paulo
era um judeu helenista. O diálogo começou com uma pergunta: “Posto que nos trazes aos ouvidos coisas
estranhas, queremos saber o que vem a ser isso?” (At 17.20). Eles não tinham interesse genuíno no
Evangelho, mas a novidade da mensagem lhes atraiu e valeu a Paulo o convite para o Areópago.
.
Quarto: O que Paulo pregou?
O texto afirma que Paulo teve que enfrentar dois conhecidos grupos filosóficos que “contendiam com
ele”: Os epicureus e os estóicos (At 17.18).
Que linha de pensamento estes dois grupos defendiam?
Duas correntes filosóficas
Epicureus
Os epicureus eram seguidores de um filósofo grego chamado Epicuro (342- 270 a.C). De acordo com
Epicuro, o objetivo principal da vida era atingir o máximo de prazer e a quantidade mínima de
dor. Pregavam e acreditavam que o sentido e o propósito da vida era a satisfação do desejo, já que a
vida é só o aqui e o agora. Não acreditavam na vida após a morte, no juízo final, nem no céu e muito
menos no inferno. Para eles, ou os deuses não existiam, ou não exerciam influência alguma nos seus
negócios. Viviam apenas para testar os deleites da carne e desfrutarem todos os prazeres. Eles eram
hedonistas. Se você pensa desta maneira, certamente você está muito distanciado da visão cristã. Na
verdade, a visão epicurista não difere da realidade da nossa cultura atual.
A filosofia epicurista é a sementeira a partir do qual o hedonismo moderno cresceu. Considere seus
colegas de trabalho que não conhecem a Jesus, a sociedade brasileira, os artistas do cinema e da TV.
Não agem exatamente assim? Trata-se de uma sociedade dominada pelo prazer, que não pensa no
destino de alma e que um dia terá que prestar contas a Deus. A síntese desta filosofia é “comamos e
bebamos porque amanhã morreremos”, não tem preocupação com o amanhã; talvez você pense
assim: A vida passa e tenho que aproveitar a vida, procurando satisfazer os desejos e paixões. Paulo
confronta essa linha de pensamento.
Estóicos
Os estoicos eram discípulos do pensador Zenão (332-260 a.C.). Eram panteístas e fatalistas e
acreditavam que forças impessoais controlavam todas as circunstâncias da vida. Eles se orgulhavam
de sua capacidade de aceitar o que viesse. Ou seja, os estoicos ensinavam que a vida é cheia de
momentos bons e ruins, e que ninguém é capaz de evitar o mau, então, é preciso manter-se sereno em
qualquer circunstância. Na filosofia estóica não havia esperança. Não havia para onde correr, já que
a vida era determinada pelo fatalismo, pelo destino cego e implacável; as pessoas viviam à mercê do
acaso e do destino. Não há como mudar, a vida vai para onde tem que ir, não adianta crer em nada,
nem manter a esperança. Estamos fadados às coincidências e acasos.
Mas
o
evangelho
ensina
outra
coisa:
É possível mudar. Sair da escravidão do pecado, ser liberto. Há uma nova vida em Jesus. Ele se
manifestou para libertar, perdoar, transformar e fazer novas todas as coisas. Ele pode mudar sua
vida, e transformar sua história. Jesus continua libertando os cativos e transformando vidas, por isso
a filosofia estóica está equivocada. É possível mudar, quando Deus opera no coração do homem.
Aquelas pessoas eram cultas, mas cegas espiritualmente.
O conteúdo da mensagem
Paulo começou sabiamente com um ponto de referência na cultura. Esta é, certamente, o mais
adequado quando se procura comunicar a um mundo secularizado. É preciso descobrir os pontos de
contato. Paulo não abriu um pergaminho como fazia ao pregar em uma sinagoga; no entanto, o que
ele disse foi completamente bíblico.
Em seguida, começou a falar sobre o Deus vivo e verdadeiro aos atenienses. Paulo compartilhou
cinco verdades sobre Deus.
1.
Ele é o criador dos céus e da terra – “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do
céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas” (At 17.24).
A primeira declaração das Escrituras é: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Precisamos
afirmar o lugar de Deus em relação à criação. O mundo não é produto de uma explosão cósmica ou
de um processo evolutivo. Como diz Adauto Lourenco: “Precisamos ter mais fé para crer na
evolução, do que crer que Deus criou todas as coisas”. É mais fácil você acreditar que pegando um
milhão de letras e jogando no ar, elas formariam um dicionário do que acreditar que uma explosão
deu fruto a este Cosmos com suas leis e ordem.
O Dr. Marshall Niremberg, Prêmio Nobel de biologia descobriu que o ser humano adulto tem 60
trilhões de células vivas, e, em cada uma dessas células há um 1,70m de fita DNA, onde são gravados
e computadorizados todos seus dados genéticos, a cor dos seus olhos, a cor da sua pele, etc. Se você
pegar a fita DNA do seu corpo e “espichá-la”, você terá 102 trilhões de metros de fita DNA, você tem
102 bilhões de quilômetros de vida DNA. Daria para dar diversas voltas no sistema planetário.
Códigos de vida não se originam do nada e do acaso, foi preciso uma mente inteligência sábia e
onipotente para criar essas coisas. A vida não é produto do acaso; a vida é feita pela mão de um Deus
Todo-Poderoso.
A biologia moderna, com sua ênfase no evolucionismo, e de forma mais complexa na “geração
espontânea”, faz de tudo para descartar a ideia de Deus por detrás da criação, mas o Deus que adoramos é
o Deus criador dos céus e da terra, e “pela fé entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus,
de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem” (Hb 11.3).
Ele é o Deus criador, “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe...” (At 17.24). Paulo começa
declarando que existe um Deus que criou todas as coisas. Este é o ponto de partida para a
evangelização: Deus, pessoal e propositadamente, criou todas as coisas. É também o ponto final
lógico do culto cristão. Romanos 11.36 nos lembra que a criação leva à doxologia: “Por que dele e por
meio dele e para ele são todas as coisas”. A mensagem de Paulo contrariava a visão dos estóicos,
panteístas que acreditavam que tudo fazia parte de Deus. Eles não tinham a cosmovisão de um Deus
criador.
A afirmação ousada do apóstolo de que Deus criou o mundo e todas as coisas era poderosa e
perturbadora para os atenienses ouvirem. Este era um dos problemas fundamentais em Atenas. Eles
realmente não acreditavam que Deus criou os céus e a terra. E que por isto era “... Senhor do céu e da
terra...” (At 17.24).
Por meio da natureza podemos perceber a ação de um Deus Todo-Poderoso.
Conta-se que na revolução francesa decidiram fechar templos, queimar bíblias e impor uma
sociedade ateia, e um mensageiro chegou a uma cidade interiorana e disse a um camponês cristão:
– Eu vim aqui pra fechar o templo da sua igreja, queimar a sua Bíblia e banir a tola ideia de Deus.
E aquele camponês respondeu bravamente:
– O senhor pode queimar o templo da minha igreja, pode queimar a Bíblia, mas antes do senhor banir
da minha mente a ideia de Deus, o senhor vai ter que, primeiro, apagar as estrelas do céu, porque
enquanto elas brilharem eu saberei que Deus existe e que Ele é o criador de todas as coisas!
O Deus a quem servimos é o criador dos céus e da terra, essa é a primeira verdade que Paulo anuncia
na capital da cultura, a cidade de Atenas.
2. Ele é o Deus da providência – “Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois
ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais” (At 17.25)
Ele é Poderoso e soberano. Não precisa de nada, não se submete a nenhuma vontade, regra ou
convenção humana, que ele mesmo não tenha criado. Alguém afirmou: “não gosto deste negócio de
um Deus sobre o qual não temos controle”. Pois a verdade é que não temos qualquer controle sobre o
Todo-Poderoso. Este é o Deus da bíblia.
A grande tentação da idolatria é que Deus fez o homem a sua imagem e semelhança, mas o homem
resolver fazer deuses à sua imagem e semelhança. O fascínio da idolatria é exatamente este.
Queremos deuses que pudessem manipular, controlar e domesticar, não um Deus Todo-Poderoso.
Deus não precisa de coisa alguma. Nem do nosso louvor, nem do nosso dízimo, nem que a gente
venha à igreja. Ele não é um Deus nem maior nem menor porque eu o ignoro ou porque eu o adoro.
Ele é Ele! (Jo 23.13). Se afirmo que ele não existe, ele não vai deixar de existir. Se afirmo que ele existe,
não é isto que o faz existir, já que sua existência não depende de nós.
“Pois, Ele mesmo é quem dá vida, respiração e tudo mais”. Mais adiante lemos: “pois nele vivemos, e nos
movemos, e existimos” (At 17.28). É Ele que nos dá a vida, preserva a saúde, dá o fôlego da vida, envia o
sol e a chuva para o ímpio e para o cristão, dá o pão de cada dia. É Deus quem dá a benção de ter
paladar e coloca sabores, os mais diversos, nos frutos que estão à mesa; Deus nos tem cercado de
bondade, Ele preserva a vida. Ele é o dono de tudo. Senhor e sustentador do céu e da terra. Ele
governa tudo.
Por esta razão, Deus não cabe dentro de estruturas ou construções. “... não habita em santuários feitos
por mãos humanas” (At 17.24). Não se limita a templos construídos por mãos humanas: “Assim diz o
SENHOR: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E qual é o lugar
do meu repouso? Porque a minha mão fez todas estas coisas, e todas vieram a existir, diz o SENHOR, mas o
homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra” (Is 66.1–2). Ele é o
Deus provedor “Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem
a todos dá vida, respiração e tudo mais” (At 17.25).
3. Deus controla os eventos da história – “...de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face
da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação”(At 17.26) –
Não apenas criou, mas sustenta a natureza.
Ele “fixou os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação”(At 17.26). e “não se deixou
ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-nos chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso
coração de fartura e alegria” (At 14.17).
O profeta Jeremias descreve assim a relação de Deus com sua criação: “Assim diz o Senhor, que dá o sol
para a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas
ondas” (Jr 31.35). A natureza é controlada por Deus.
Impressiona-me a previsibilidade das estações:
No Centro Oeste do Brasil, todos os anos, as coisas acontecem do mesmo jeito: Durante 4 meses
raramente chove (Maio a Agosto). Quando a chuva cai, a natureza brota por toda parte. No calor de
agosto, o lavrador prepara a terra, a chuva é ansiosamente esperada, e mais uma vez a semente será
colocada na terra trazendo fartura e abundância de cereais. A previsibilidade aponta para um Deus
harmônico.
Assim é o nosso Deus
Esta compreensão destrói o falso conceito deísta que afirma que Deus criou a natureza, mas não se
importa com ela. O Deus que adoramos está presente na natureza, nos seus ciclos e estações, e em todas
as coisas vivas. Ele é o sustentador de todas as coisas. Deus não apenas criou, mas cuida da criação.
Deus sustenta a criação.
4. Deus é Senhor de todos os homens – “Sendo ele Senhor do céu e da terra” (At 17.24).
Um dos ensinamentos mais claros na Bíblia é de Jesus como Senhor. O Novo Testamento chama Jesus de
salvador 22 e duas vezes e 665 de Senhor. Precisamos crer em Jesus como Senhor, diante do qual todo
joelho um dia se dobrará. Todos os poderosos um dia terão que se curvar diante de Deus.
Ele é o Deus soberano “de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo
fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação” (At 17.26). Ele controla a vida e o
destino dos homens e das nações. Na verdade, Deus determinou tudo! A ascensão e a queda de
nações e impérios estão em Suas mãos (Dn 2.36; Lc 21.24). Deus estabeleceu os limites de sua
habitação, determinando suas conquistas. Esta mensagem era contrária aos estóicos que achavam que
tudo acontecia por acaso e destino. Ele é o Deus que se revela “para buscarem a Deus se, porventura,
tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós” (At 17.27).
Mesmo sendo soberano Ele não é tão distante que não pode ser encontrado. Trata-se da revelação
natural de Deus na consciência humana (Rm 2.14-15). Mesmo aqueles que nunca ouviram o
evangelho ainda são responsáveis perante Deus por falhar em viver de acordo com a revelação
natural. Paulo cita um dos poetas gregos e isto demonstra que os gregos não podiam alegar
ignorância. Até mesmo seus poetas reconheciam a revelação de Deus na natureza. O poeta
Epimênides observou que “pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos”, Embora Paulo pudesse
citar tais verdades partindo do Antigo Testamento, ele escolheu, ambientar sua palavra à audiência
pagã, que não estava familiarizada com as Escrituras. Ele usa citações dos poetas gregos para refutar
a visão ateniense da natureza de Deus.
5. Deus é o autor da salvação – “Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém,
notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que ha de
julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o
dentre os mortos” (At 17.27).
Paulo pregou Jesus e a ressurreição.
Por que é importante falar deste tema?
Porque a morte de Jesus é o ponto central das Escrituras, é o remédio que Deus providenciou para
resolver o problema central da raça humana que é o pecado. O pecado entrou na história e causou um
terrível estrago. O pecado nos tornou escravos dos desejos e paixões, e nos distanciou de Deus. Fomos
criados para sua glória, mas lamentavelmente vivemos apenas para nossa glória pessoal e nos rebelamos
contra o criador. Nenhum mérito humano pode reparar este dano causado pelo pecado, nem nos tornar
suficientes para ganhar a salvação. Não há ninguém que consiga agradar a Deus. O pecado causou um
grande abismo, separando-nos de Deus. Jesus pagou nossas dívidas e nos perdoou, por meio do seu
sangue. Por isto Paulo prega a Jesus, porque nenhuma mensagem cristã é completa se não falarmos de
Cristo.
A Bíblia afirma que Deus vai julgar o segredo do coração dos homens. Por isto, sem Jesus estamos todos
perdidos. O homem não pode salvar-se a si mesmo. Deus enviou seu único filho, Jesus e fez cair sobre ele a
iniquidade de todos nós. Em Jesus somos libertos e perdoados, nenhuma condenação para aqueles que
estão em Cristo Jesus. Ele sofreu a penalidade do nosso pecado, e todo aquele que nele crer e nele confiar,
tem a vida eterna. Esta é a grande mensagem da salvação.
É bom refletir no fato de que muitos confessarão a Jesus como Senhor obrigatoriamente no dia do juízo,
mas não serão salvos. Jesus afirma que “Aquele que me confessar diante dos homens, também eu o
confessarei diante do Pai”. É necessário confessar hoje, no tempo presente, a Cristo como Senhor. Alguns
pressupõem que não estão fazendo nada errado, e não precisam se arrepender de coisa alguma, mas a
situação do ser humano é pior: precisamos nos arrepender não apenas daquilo que fazemos, mas daquilo
que somos. Por mais religioso ou moralista que você seja, você é pecador. Nosso problema nas igrejas de
hoje é que muitos estão crendo, sem se arrependerem. É preciso arrependimento para a salvação.
Precisamos nos arrepender de nossa justiça própria, de viver uma vida achando que somos bons e não
precisamos de um salvador.
A verdade é que, pelas obras, méritos e religiosidade, ninguém será salvo. Nossa salvação é obra exclusiva
de Jesus Cristo, e por isto precisamos confessá-lo e depositar toda nossa confiança no seu sacrifício do
calvário, para sermos salvos.
Os atenienses deveriam se arrepender. Paulo utiliza a palavra “arrependimento” em seu sentido
etimológico, “mudar a mente”. Eles deveriam mudar a forma de pensar sobre Deus. Ele não é um
ídolo feito por mãos humanas, mas o Criador, Sustentador e Senhor de tudo. Os atenienses deveriam
se arrepender porque o julgamento estava próximo. Deus julgará o mundo “por meio de um homem que
destinou”. O Senhor Jesus Cristo é o juiz de todos os homens. Crer em Cristo leva à salvação; não crer
em Cristo leva à destruição. Não há salvação fora de Jesus. Embora tenha sido morto pelos judeus,
Deus “o ressuscitou dentre os mortos”. Sua ressurreição mostrou a aprovação de Deus e o qualificou
como juiz.
Conclusão:
Como responder ao evangelho?
Diante do discurso de Paulo, três respostas foram dadas:
A. O grupo dos zombadores (At 17.34) – Quando o evangelho é pregado esta é uma resposta comum:
oposição e escárnio. As pessoas não costumam ser diferentes dos intelectuais atenienses.
“Quando ouviram falar de ressurreição de mortos, uns escarneceram, e outros disseram: A respeito disso te
ouviremos noutra ocasião” (At 17.32). A resposta à mensagem era previsível, considerando o desprezo
que seus ouvintes expressaram anteriormente ao chamá-lo de “tagarela” (cf. At 17.18). Quando
ouviram falar da ressurreição de mortos, alguns zombaram. Os epicureus não acreditavam na
ressurreição, achavam que a morte era o fim da vida.
B. O grupo dos indiferentes – (At 17.34) – Outro grupo tem uma atitude de desprezo: “A respeito disto te
ouviremos em outra ocasião”. O que eles afirmam é que não é importante refletir sobre isto nos dias
atuais. Tais pessoas adiam suas decisões. São muitos os que pensam e agem assim.
Há uma estória que diz que houve uma assembleia no inferno e os demônios estavam preocupados, porque
pessoas estavam sendo libertas e saindo das suas garras, e então, decidiram criar um plano, um projeto para
impedir as pessoas de crerem em Jesus. Um demônio se levantou e disse:
– Eu tenho uma solução, vamos dizer que a Bíblia é uma mentira, uma bobagem, que papel aceita tudo e esse
livro já tem mais de dois mil anos e não merece mais crédito no século da ciência. Então levantou um demônio
mais experiente e disse:
– Essa não vai colar, porque esse livro tem enfrentado as fogueiras, a intolerância, os críticos, e este livro é uma
bigorna que tem quebrado todos os martelos dos céticos.
Então, levantou-se outro demônio e disse:
– Bom, então vamos dizer que o homem é bom, que ele não precisa de Deus, que ele pode chegar até ao céu
pelos seus esforços, pelos seus méritos.
Então outro demônio, ainda mais experiente, pediu a palavra e disse:
– Isso não vai funcionar porque quando o homem reconhece que é pecador e põe sua confiança no Filho de
Deus, ele vai ser salvo, não tem jeito. E muitas outras propostas foram sendo levantadas. Nenhuma satisfez até
que o maioral do inferno se levantou e disse:
– Eu tenho uma solução. Vamos dizer para o homem que a Bíblia é verdade, vamos dizer para o homem que ele
é pecador, vamos dizer para o homem que só Jesus Cristo salva, mas vamos falar um pouco mais. Vamos levar
o homem a tomar essa decisão mais tarde, agora não, agora é cedo, depois quem sabe…
Este é o perigo fatal, porque seu amanhã pode não existir. E a Bíblia diz: “Se hoje ouvirdes a minha voz, não
endureçais o vosso coração”. Hoje é o dia, agora é o tempo, não amanhã. O amanhã pode não existir.
C. Confiança e entrega (At 17.34) – O último grupo é marcado por aqueles que creram e se agregaram à
igreja de Cristo.
Alguns entenderam a mensagem e foram convencidos de sua verdade. É preciso tomar esta decisão
na vida. É preciso se render a Cristo, nascer de novo, receber a Jesus como Salvador e Senhor. Entre
nós e Deus há um grande abismo e só através de Cristo poderemos ser resgatados. Muitos disseram a
Paulo: “A respeito disso te ouviremos noutra ocasião” (At 17.32). Entretanto, Paulo saiu do meio deles
logo em seguida e nunca mais voltou (At 17.33). O ministério de Paulo em Atenas foi um fracasso?
Apesar de não haver registro de uma igreja fundada em Atenas, alguns homens acreditaram na
pregação, entre eles, Dionísio, membro do Areópago, um homem de muita influência em Atenas.
Lucas também menciona uma mulher chamada Damaris (At 17.34).
Conclusão:
No dia 31 de outubro de 1989, aconteceu um fatídico crime na agência do Banco Itaú em São Bernardo do
Campo, quando sete assaltantes entraram e uma criança começou a chorar no colo da sua mãe. Então, um
daqueles assaltantes dirigiu-se à mãe e disse: Faça calar essa criança, senão eu a mato. A criança, mais
perturbada ainda, não conseguiu calar a sua voz, e aquele assaltante, friamente, covardemente, impiedosamente
matou aquela criança e a sua mãe.
Naquele dia do crime, a polícia matou cinco daqueles sete criminosos, mas aquele que tinha assassinado a
criança escapou. Tratava-se de “Paulinho Bang-Bang”, um moço de classe média da cidade de Piracicaba, que,
brigado com o pai, saiu de casa, mergulhou nas drogas e no crime. Para espanto da nação brasileira, o pai
daquela menina assassinada, que também ficou viúvo, era um crente no Senhor Jesus Cristo; e ele disse no
Jornal Nacional, para o Brasil inteiro ouvir: Aquele homem matou minha mulher e minha filha barbaramente,
porque não conhecia o Deus que eu conheço; eu o perdoo porque ele não conhecia o meu Jesus”. E não apenas o
perdoou, mas enviou à cadeia um missionário e evangelista, para levar uma Bíblia e falar-lhe do amor de Deus,
e quando aquele evangelista foi à prisão, “Paulinho Bang-Bang”, em vez de acolher a palavra, pegou um punhal,
feito por ele na prisão, objetivando enterrá-lo no peito do evangelista. Quando ele ergueu a mão para sacrificar
aquele que trazia a boa notícia do Evangelho foi quebrado pelo poder de Deus, perdeu a articulação do braço e
do corpo e ali mesmo caiu sem nenhuma força para prosseguir com seu intento. Quando ele se levantou, era
uma nova criatura. À semelhança de Saulo de Tarso era um homem convertido. Aquele homem era “Paulinho
Bang-Bang”, agora um pastor evangélico, transformado pelo poder de Deus.
Platão relata uma história sobre um filósofo chamado Tales, que viveu cerca de um século e meio
antes dele. O filósofo estava andando por uma estrada olhando para o alto, estudando as estrelas,
quando tropeçou em um poço. Após ouvir seus gritos de socorro, uma criada puxou-o para fora.
Tales disse que estava tão ansioso para saber sobre as coisas do céu, que não conseguiu ver o que
estava debaixo dos seus próprios pés.
Muitos são assim. Eles se preocupam com perguntas elevadas, mas não querem enfrentar o seu
próprio pecado e a necessidade de um Salvador antes de morrer.
Que decisão você vai tomar?
Qual é a sua escolha?
Você já confiou nEle como Salvador e Senhor?
Você já abriu seu coração para Ele?
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