Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Tecnologia
Engenharia Sanitária e Ambiental
Obras de Terra
Solos Tropicais, Colapsíveis,
Expansivos e Dispersivos
Prof. Eng. Rinaldo Pinheiro
Setembro / 2013
Designação genética geral de camadas de solos,
nas regiões tropicais
Solos Tropicais – 2 grandes classes
SOLOS LATERÍTICOS
Camada mais superficial em áreas bem drenadas.
Caracterizada pela cor (matizes vermelho e amarelo), com
espessura em geral >2m e <10m.
Mineralogia: Fração areia e pedregulho - grãos resistentes
mecanicamente e quimicamente
Fração argila – elevada % de hidróxidos e óxidos de Fe e Al, o
argilo-mineral é a caolinita
Grãos mais finos estão agregados (massa de aspecto
esponjoso)
Presença de torrões
Grande % de vazios (preenchidos com ar)
Baixo peso específico () e elevada permeabilidade (k)
Solo laterítico
Solo saprolítico
Ocorência de solos lateríticos no Brasil (Nogami et al, 2000)
Solos lateríticos
Fração areia e argila de solos
lateríticos
SOLOS SAPROLÍTICOS
Camadas subjacentes às lateríticas ou outros solos
(pedogenéticos, sedimentares ou transportados).
Suas cores variam muito (várias cores em uma mesma
camada). Espessura muito variável, chegando a dezenas de
metros.
Mineralogia: É comum a presença de um grande número de
minerais (parte devido ao processo de intemperismo e parte
herdados da rocha matriz).
Fração argila: pode ocorrer uma grande variedade de argilominerais.
Fração silte: pode ter mineralogia muito variada e peculiar –
macro-cristais de caolinitas e micas mudando o comportamento
destes solos.
Caracterizando por camadas, manchas, xistosidades, vazios,
etc. herdadas da rocha matriz – Verdadeiramente Solos
Residuais.
Solo saprolítico – alteração de
rocha granítica
Solo saprolítico
Fração argila de solos saproliticos
METODOLOGIA MCT
(MINIATURA, COMPACTADO, TROPICAL)
Objetivo
utilizar solos arenosos finos lateríticos como base de
pavimentos, considerados inapropriados pelas classificações
tradicionais.
Ensaios mecânicos e hídricos simplificados porém correlacionáveis
com o comportamento dos solos tropicais.
Mini-CBR
Infiltrabilidade
Permeabilidade
Contração
Penetração da pintura betuminosa
Mini-CBR de campo
Sub-produto: Classificação Geotécnica MCT
2 Grandes Classes :
L = solos de comportamento laterítico
N = solos de comportamento não laterítico
7 Grupos
NA, NA’, NS’ e NG’ (areia, arenoso, siltoso e argiloso)
LA, LA’ e LG’
Gráfico de classificação MCT
e´ = {(20 / d´ ) + (Pi / 100)}^1/3
Solos Colapsíveis
Solos colapsíveis são solos porosos, não saturados que sofrem
uma redução brusca do volume de vazios quando saturado e sob
uma tensão constante.
A estrutura porosa é geralmente atribuída a um intenso processo
de lixiviação.
Ocorrem principalmente nas regiões sudeste, nordeste e centrooeste.
Estes solos estão associados a problemas em diversos tipos de
obra, tais como: edificações de pequeno porte, canais de irrigação
revestidos em placas de concreto, cidades ou loteamentos após
terem o lençol freático sofrido alteração por interferência de um
reservatório de água, adutoras e pavimentos rodoviários.
Recalques por colapso - Colapsividade
Recalques por colapso
Enchimento do
reservatório elevou o
nível de água
(saturação do solo
poroso) provocando
colapsos.
Recalques por colapso
Recalque por colapso devido a saturação do solo abaixo da fundação Carazinho - RS
Recalques por colapso – Colapsividade
Ensaio de adensamento = compressão confinada
e
i
1 e0
Recalques por colapso – Colapsividade
Ensaio de adensamento = compressão confinada – solo laterítico – campus da
URI – Santo Angelo-RS
Tensão vertical (kPa)
10
100
1000
10000
0
e
i
1 e0
Natural
Inundado
Deformação específica (%)
5
10
15
20
25
Principais Técnicas para solucionar problemas em solos colapsíveis
Conviver com o problema, preparando as estruturas para absorver
as deformações
Controle das infiltrações no solo mediante drenagem e ou
impermeabilização
Substituição parcial ou total do solo colapsível por aterro
compactado
Escavação e recompactação com utilização ou não de aditivos (cal
ou cimento)
Pré-inundação por tanqueamento
Vibroflotação, para solos drenantes
Injeções de cal, cimento ou outros produtos químicos, tais como
silicatos e carbonatos
Tratamento térmico que modifique irreversivelmente as
características resistentes do solo
Utilização de fundações profundas, abaixo da camada porosa e
lençol freático
Reforço estrutural em pequenas edificações
Solos Expansivos
Solos expansivos apresentam inchamento e expansão na presença
de agua, com aumento de volume.
Problemas em obras de engenharia (expansão – contração)
Trincas e fissuras
Levantamentos diferenciais e desalinhamentos de construções
Rupturas e escorregamentos nos aterros e taludes de cortes
Tombamento e ruptura de estruturas de contenção
Movimentação em adutoras e linhas de transmissão
Desagregação em enrocamentos e lastros
Danos causados em pavimentos rodoviários e edificações de pequeno porte
O fenômeno de expansão deve-se à hidratação de argilominerais,
ou seja, adsorção de moléculas de água nas superfícies internas e
externas das camadas estruturais dos argilominerais
Solos Expansivos
As causas externas que podem levar a expansão de um solo são: (a) variação da
umidade devido a variações climáticas sazonais (chuvas), (b) modificação do
nível freático ou das condições hidrogeológicas e (c) redução da tensão total do
solo, proveniente de escavações ou corte de taludes, sendo que nesse caso as
variações são mais lentas.
Tendência a migração da umidade do solo a migrar das zonas mais quentes para as zonas
mais frias. Em regiões de climas quentes, a sombra produzida na superfície do solo por um
edifício resfria as camadas abaixo desta, resultando migração da água
Solos Expansivos
O fenômeno de expansão deve-se à hidratação de argilominerais, ou seja,
adsorção de moléculas de água nas superfícies internas e externas das
camadas estruturais dos argilominerais
Moradias em Santa Maria – Patologias
devido à expansão
Viga de concreto rompido por
expansão do solo - Biblioteca
da UFSM
Solos expansivos
Solos expansivos : Métodos Indiretos
- Difração
de raio – X
- Análise Térmica Diferencial (ATD)
- Análise Térmica Gravimétrica (ATG)
- Capacidade Troca Cátions (CTC)
- Caulinita – CTC = 3 a 15 meq/100g
- Ilita – CTC = 10 a 40 meq/100g
- Montmorilonita – CTC = 60 a 150 meq/100g
- Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
- Limites de Consistência – correlações
-Potencial de expansão:
-Muito alto – LL > 60% e IP > 35%
-Alto – LL = 40 a 60% e IP = 20 a 55%
-Médio – LL = 30 a 40% e IP = 10 a 35%
- Baixo – LL < 30% e IP = 0 a 15%
Solos expansivos : Expansão Livre e Pressão de expansão
Ensaio de expansão livre
Ensaio de contração
Pressão de expansão – ensaio de
compressão confinada (adensamento)
Técnicas utilizadas para solução de problemas de solos
expansivos
Estabilização química
Mistura com materiais não expansivos ou substituição
Zoneamento do maciço
Soluções de vedação e ou drenagem
Soluções estruturais edificações (estacas, reforços com vigas, etc.)
Compactação do aterro no ramo úmido, com redução da densidade
Solos Dispersivos
Solos dispersivos são solos argilosos que apresentam
potencialidade a dispersibilidade, quando submetidos a um fluxo
subsuperficial, rompem rapidamente com a formação de túneis ou
tubos que caracteriza a erosão subterrânea (piping)
A chamada erosão coloidal, gerada pela dispersão e transporte de
argilas na água de percolação, é registrada em muitos casos
históricos de obras de barragens, aterros e solos naturais,
particularmente, na forma de túneis e ravinas profundas
A dispersibilidade depende de fatores ambientais que podem ser
controlados pela química da água percolante e umidade de
compactação, que vão reger a estrutura dos solos argilosos
compactados.
http://blog.espol.edu.ec/
guillermoblog/2011/08/
Principais ensaios empregados na avaliação da dispersão coloidal
Ensaios químicos com fluído intersticial – NBR 13603 (1996)
Critérios de dispersibilidade baseados na determinação de Sais
Total de Sais Dissolvidos (TSD) = Ca + Mg + Na + K
Porcentagem de Na (%Na) = Na / TSD
Razão de Absorção de NA (RAS) = Na / [(Ca + Mg)/2]1/2
A grande maioria dos solos são
considerados dispersivos se situados na
Zona A e não dispersivos na Zona B.
Para os solos da Zona C, é recomendado
o ensaio de pinhole
Critério de dispersibilidade baseado na relação TSD x % Na
Principais ensaios empregados na avaliação da dispersão coloidal
Ensaio de dispersão SCS (duplo hidrométrico) – NBR 13602 (1996)
Ensaios granulométricos com e sem defloculante
Grau de dispersão, que corresponde a razão entre os teores de argila (<
0,005mm) com e sem defloculante
Crumb test – NBR 13601 (1996)
Ensaio qualitativo onde é avaliado o comportamento de um agregado na
umidade natural submerso em água destilada.
É considerado um útil indicador da dispersão
http://blog.espol.edu.ec/guillermoblog/2011/08/
Principais ensaios empregados na avaliação da dispersão coloidal
Ensaio Pinhole (ou ensaio de furo de agulha) – NBR 14114 (1998)
Ensaio mais utilizado para identificar solos dispersivos
Avaliação qualitativa da dispersão de uma amostra de solo submetida um fluxo
concentrado em um fino orifício (furo), em estágios de carga hidráulica
crescente.
A dispersão é identificada pela turbidez da água percolada recolhida
Ensaio de pinhole (Bastos, 1999)
Comportamento de uma amostra erodível e não erodível