Heredogramas O heredograma é uma representação, feita utilizando uma simbologia convencionada, das relações de parentesco entre indivíduos. É também chamado de genealogia, pedigree ou árvore genealógica e pode ser utilizado para determinarmos a ocorrência de um padrão de transmissão de uma característica. A partir de algumas normas bastante simples e do conhecimento do sistema de representação dos indivíduos podemos elaborar um heredograma. Construindo Heredogramas: No caso da espécie humana, em que não se pode realizar experiências com cruzamentos dirigidos, a determinação do padrão de herança das características depende de um levantamento do histórico das famílias em que certas características aparecem. Isso permite ao geneticista saber se uma dada característica é ou não hereditária e de que modo ela é herdada. Construir um heredograma consiste em representar, usando símbolos, as relações de parentesco entre os indivíduos de uma família. Cada indivíduo é representado por um símbolo que indica as suas características particulares e sua relação de parentesco com os demais. Indivíduos do sexo masculino são representados por um quadrado, e os do sexo feminino, por um círculo. O casamento, no sentido biológico de procriação, é indicado por um traço horizontal que une os dois membros do casal. Os filhos de um casamento são representados por traços verticais unidos ao traço horizontal do casal. Genes : Homozigotos Os indivíduos homozigotos são chamados de “puros”, visto que são caracterizados por pares de genes alelos idênticos, ou seja, os alelos análogos produzirão apenas um tipo de gameta representado pelas letras iguais (AA, aa, BB, bb, VV, vv), sendo que as maiúsculas são chamadas de dominantes, enquanto que as minúsculas são as possuidoras do caráter recessivo. Em outras palavras, os homozigotos são compostos de alelos iguais, porém, podem ser recessivos ou dominantes Heterozigotos Os chamados heterozigotos ou "híbridos", correspondem aos indivíduos que possuem pares de alelos distintos que determinam tal característica. Na medida que nos heterozigotos, os pares de alelos são diferentes, eles são representados pela união das letras maiúsculas e minúsculas, por exemplo, Aa, Bb, Vv. Dominantes O caráter dominante é aquele que se segue por toda a genética da família, presente em cada uma das suas gerações. Isso ocorre pelo fato de que alelo dominante é caracterizado como a manifestação de um fenótipo já pré-estabelecido. Dominante Homozigoto (puro), representado pelas letras maiúsculas, AA, BB, VV. Dominante Heterozigoto (híbrido) expresso por uma letra maiúscula e uma minúscula Aa, Bb, Vv. Recessivos Um caráter recessivo, por sua vez, pode pular uma ou mais gerações para aparecer novamente, já que a presença de um alelo de caráter recessivo pode acabar passando de maneira despercebida em algumas delas quando é mascarado por um alelo de caráter dominante. São representados por letras minúsculas, aa, bb e vv e diferentemente dos dominantes, expressam seu caráter somente em dose dupla, ou seja, recessivo homozigoto (puro). Os principais símbolos são os seguintes: A montagem de um heredograma obedece a algumas regras: 1ª) Em cada casal, o homem deve ser colocado à esquerda, e a mulher à direita, sempre que for possível. 2ª) Os filhos devem ser colocados em ordem de nascimento, da esquerda para a direita. 3ª) Cada geração que se sucede é indicada por algarismos romanos (I, II, III, etc.). Dentro de cada geração, os indivíduos são indicados por algarismos arábicos, da esquerda para a direita. Outra possibilidade é se indicar todos os indivíduos de um heredograma por algarismos arábicos, começando-se pelo primeiro da esquerda, da primeira geração. Coleta de Dados: A coleta dos dados que serão usados para a construção do heredograma não é uma atividade fácil. Várias precauções e cuidados devem ser tomados, por exemplo: - Nunca tomar como base para a história familiar o relato de um único indivíduo (pode resultar em informações erradas ou incompletas); - Fazer mais de uma pergunta sobre o mesmo tema (datas, número de filhos, descrições de características, etc.) para obter confirmações dentro da mesma entrevista e entre entrevistados diferentes; - Lembrar que conceitos relativamente fáceis como grau de parentesco podem causar grandes confusões (uma situação relativamente comum é um casal responder de modo afirmativo sobre parentesco remoto entre suas famílias pelo fato de terem a mesma origem étnica ou das famílias serem vizinhas a mais de uma geração). - Em casos de informações discordantes usar como "provavelmente" corretas as informações fornecidas pelas mulheres mais velhas (têm melhor registro da história familiar como um todo de se sues detalhes). Vale lembrar que para tentar estabelecer o padrão de transmissão de um determinado fenótipo não basta estudar uma única família, mesmo que essa família seja informativa. É necessário que dados concordantes sobre a transmissão do fenótipo sejam observados em outros grupos familiares para que se estabeleça um padrão de herança. Interpretação dos Heredogramas: A análise dos heredogramas pode permitir se determinar o padrão de herança de uma certa característica (se é autossômica, se é dominante ou recessiva, etc.). Permite, ainda, descobrir o genótipo das pessoas envolvidas, se não de todas, pelo menos de parte delas. Quando um dos membros de uma genealogia manifesta um fenótipo dominante, e não conseguimos determinar se ele é homozigoto dominante ou heterozigoto, habitualmente o seu genótipo é indicado como A_, B_ou C_, por exemplo. A primeira informação que se procura obter, na análise de um heredograma, é se o caráter em questão é condicionado por um gene dominante ou recessivo. Para isso, devemos procurar, no heredograma, casais que são fenotipicamente iguais e tiveram um ou mais filhos diferentes deles. Se a característica permaneceu oculta no casal, e se manifestou no filho, só pode ser determinada por um gene recessivo. Pais fenotipicamente iguais, com um filho diferente deles, indicam que o caráter presente no filho é recessivo. Uma vez que se descobriu qual é o gene dominante e qual é o recessivo, vamos agora localizar os homozigotos recessivos, porque todos eles manifestam o caráter recessivo. Depois disso, podemos começar a descobrir os genótipos das outras pessoas. Devemos nos lembrar de duas coisas: 1ª) Em um par de genes alelos, um veio do pai e o outro veio da mãe. Se um indivíduo é homozigoto recessivo, ele deve ter recebido um gene recessivo de cada ancestral. 2ª) Se um indivíduo é homozigoto recessivo, ele envia o gene recessivo para todos os seus filhos. Dessa forma, como em um “quebra-cabeças”, os outros genótipos vão sendo descobertos. Todos os genótipos devem ser indicados, mesmo que na sua forma parcial (A_, por exemplo). Transmissão de um alelo autossômico dominante: Os machos e as fêmeas apresentam igualmente o fenótipo afetado. A anomalia aparece em quase todas as gerações Do cruzamento de dois indivíduos afetados (II-6 e II-7) nasce pelo menos um indivíduo normal (III-9) – é este resultado que nos permite determinar que a natureza dominante do alelo responsável pela anomalia (no caso dos genótipos não serem conhecidos). O fenótipo em causa é determinado por um alelo dominante (A): dois indivíduos (II-6 e II-7) têm filhos normais; se tratasse de um alelo recessivo os descendentes de pais com o fenótipo anômalo teriam o mesmo fenótipo. Todos indivíduos normais são, assim, homozigóticos recessivos (aa). Os indivíduos III-8 e III-10 manifestam a anomalia, podendo ser homozigóticos dominantes (AA) ou heterozigóticos (Aa): não se podendo concluir o genótipo a partir dos dados fornecidos. Transmissão de um alelo autossômico recessivo: Os machos, as fêmeas apresentam a anomalia. Se dois progenitores tiverem a anomalia (IV-1 e IV-2) toda a descendência também apresentará o fenótipo anômalo (V-1, V-2 e V-3) Do cruzamento de dois indivíduos normais (casal I-3 e I-4) nascem filhos que apresentam a anomalia (II-7). Sendo este o resultado que permite determinar a característica deste alelo – recessivo. Transmissão de um alelo dominante ligado ao cromossomo X: Os machos e as fêmeas não apresentam igual incidência do fenótipo anômalo Do cruzamento de um macho com a anomalia com uma fêmea sã toda a descendência feminina é afetada e nenhum macho o é. Sendo este o resultado que permite determinar a característica deste alelo – ligado ao cromossomo X, dominante. Um macho afetado nunca poderá ter filhas com fenótipo normal. Transmissão de um alelo recessivo ligado ao cromossomo X: Os machos e as fêmeas não apresentam igual incidência do fenótipo anômalo. Do cruzamento de uma fêmea anômala com um macho saudável todos os descendentes machos serão afetados, mas nenhuma fêmea será. Do cruzamento entre indivíduos normais só podem resultar descendentes masculinos com a anomalia. Raramente aparecem fêmeas afetadas, visto terem que ter ambos os alelos da doença. Os machos só têm um alelo, que se exprime sempre no fenótipo. As filhas de um macho afetado são sempre portadoras, não exprimem a doença no fenótipo mas podem ter filhos machos afetados. A doença transmite-se de avô para neto através da filha, portadora do alelo. Transmissão de um alelo recessivo ou dominante ligado ao cromossomo Y: A detecção de um caso destes é sempre mais fácil dado que apenas os machos podem ser afetados. Assim, todos os descendentes masculinos de um macho afetado serão igualmente afetados pela anomalia. Doenças genéticas: Podem ser definidas como alterações na sequência de nucleotídeos em uma parte do DNA que alteram a estrutura de uma proteína e, consequentemente, causam anomalias anatômicas e fisiológicas. Essas doenças são relativamente raras, atingindo normalmente poucos indivíduos da população. Essas doenças podem ser definidas em dois grupos principais: aquelas que afetam apenas um gene e aquelas que afetam vários. Quando apenas um gene apresenta alteração, dizemos que é uma doença monogenética; quando mais de um gene foi afetado, dizemos que são doenças multifatoriais, também chamadas de poligênicas. A descoberta de genes alterados permite que medidas sejam tomadas para evitar o agravamento da doença e até mesmo a transmissão para os descendentes do portador. Como as doenças genéticas atingem a sequência de nucleotídeos, todas são incuráveis. O que temos atualmente são apenas técnicas que retardam o avanço da doença e reduzem os sintomas, melhorando a qualidade de vida. Hemofilia: Essa doença caracteriza-se pela desordem no mecanismo da coagulação do sangue. Os sintomas dessa doença são o aparecimento de hematomas, hemartroses (sangramentos nas articulações), sangramentos intracranianos. As mulheres são as portadoras do gene causador da doença, mas geralmente não a desenvolvem. Ela poderá se manifestará no filho (do sexo masculino). Fibrose cística: É uma doença genética transmitida pelo pai e pela mãe (apesar de a doença não se manifestar em nenhum dos dois), que afeta, na mesma proporção, homens e mulheres. Ela compromete o funcionamento do aparelho digestivo, do respiratório e das glândulas sudoríparas. Em torno de 20% da população são portadores do gene da fibrose cística, porém não apresentam sintomas. Ela pode ser diagnosticada precocemente através do teste do pezinho. Daltonismo: É um distúrbio visual cujo portador é incapaz de diferenciar todas as cores ou algumas delas. Sua transmissão ocorre, em suma, da seguinte forma: se a mãe ou o pai for daltônico, 50% dos filhos herdarão o distúrbio. Se ambos tiverem a doença, todos os filhos também terão. Diabetes: Segundo a Associação Americana de Diabetes, as chances de uma criança herdar a diabetes do tipo 1 do pai é de 5,9%. A criança cuja mãe deu-lhe à luz até os 25 anos terá 4% de chance de herdar a diabetes tipo 1, ou 1% se nasceu quando a mãe tinha mais de 25 anos. As chances de uma criança herdar diabetes tipo 2 dos pais são de 14,3%. Alguns médicos acreditam que as chances aumentam, caso a mãe tenha a doença. Quando o casal tem diabetes tipo 2, as chances de herdar a doença são de 50%. Doença de Huntington: A Doença de Huntington (DH) provoca a degeneração das células nervosas do cérebro e do sistema nervoso central. Esta condição hereditária é doença genética autossômica dominante, o que significa que as crianças têm uma chance de 50 por cento de desenvolvê-la e passá-la aos seus filhos, se um dos pais tem.