Problemas Atuais e Desafios na Nomenclatura Botânica Jefferson Prado E-mail: [email protected] Instituto de Botânica Antes de tudo um pouco de história ... As definições e métodos de tipificação em algas, fungos, plantas e organismos fósseis são determinados pelo Código Internacional de Nomenclatura, que possui 17 edições. A primeira foi publicada em 1906. A edição atual é: International Code Nomenclature for Algae, Fungi, and Plants (Melbourne Code, 2012) McNeill et al. (2012) As edições carregam o nome da cidade onde foi realizada a Sessão de Nomenclatura, que modifica as regras – Melbourne. Próximo Código – Shenzhen, China (2017). Tipificações governadas por este Código Parte do Capítulo II (Status, tipificação e prioridade de nomes): • Sessão 2. Tipificação • Artigo 7 – Definições de tipos nomenclaturais • Artigo 8 – O que é um espécime • Artigo 9 – “Como fazer” • Artigo 10 – Tipos de gêneros e subdivisões de gêneros Tipificações governadas por este Código Sessão 2. Tipificação • Artigo 7 – definições de tipos de tipos nomenclaturais Qual é o propósito do TIPO: - O TIPO é um espécime ou uma ilustração; - O TIPO é um elemento ao qual o nome está atrelado, de acordo com as regras; - É um elemento físico, que pode ser pego, tocado, e examinado; - Pode ser comparado a outros espécimens, detalhe por detalhe; - A tipificação é o método usado pelos botânicos para rotular um táxon. Tipificações governadas por este Código Sessão 2. Tipificação • Artigo 7 – definições de tipos de tipos nomenclaturais Qual é o propósito do TIPO: • A única função de um TIPO é anexar um nome a um táxon, e o nome não é nada mais que um rótulo. • Um TIPO não contém a circunscrição ou relações de um táxon. Esses aspectos devem ser explicitados através da aplicação de análises teóricas e técnicas usadas em sistemática vegetal. Tipificações governadas por este Código Sessão 2. Tipificação • Artigo 7 – definições de tipos de tipos nomenclaturais Qual é o propósito do TIPO: • Muitos táxons, que possuem nomes, são representados por TIPOS que são incomuns, por exemplo: tendo apenas algumas partes, como folhas, flores ou frutos, que são maiores ou menores do que o normal, ou que podem estar doentes (apresentando deformações) ou mesmo incompletos. Em outras palavras: o tipo PODE NÃO ser o elemento mais típico do táxon. Tipificações governadas por este Código Sessão 2. Tipificação • Artigo 7 – definições de tipos de tipos nomenclaturais Qual é o propósito do TIPO: • Não é a função do TIPO estabelecer conceitos taxonômicos, e ele não pode ser desprezado simplesmente porque é atípico. • A circunscrição de um dado táxon pode ser alterada várias vezes, uma vez que mais espécimens são coletados e novos métodos analíticos são aplicados. Tipo é um conceito relativamente novo • A partir de 1958, tem sido solicitado aos autores indicar um TIPO, quando publicam um nome de um táxon novo. • Na maioria dos casos, um holótipo é indicado pelo autor – um espécime em um herbário. Tipo é um conceito relativamente novo • Muitos nomes publicados antes de 1958 não possuem tipos indicados ou podem possuir vários elementos explicitamente ou implicitamente citados como TIPOS. • Para esses nomes um segundo passo é necessário ser feito, por um autor subsequente, no sentido de selecionar um único elemento ao qual o nome deve ser permanentemente ligado (lectotipificação ou neotipificação). Tipificações governadas por este Código Sessão 2. Tipificação • Artigo 8 – o que é um espécime? Article 8.1. O TIPO de um nome de uma espécie ou um táxon infraespecífico é um único espécime conservado em um herbário ou outra coleção ou instituição, ou uma ilustração. Article 8.2. Um espécime é uma coleta ou parte de uma coleta, de uma única espécie ou táxon infraespecífico feita em uma data, não consideradas as misturas. Tipificações governadas por este Código Sessão 2. Tipificação • Artigo 8 – o que é um espécime? • ... Um espécime pode consistir de uma única planta, partes de uma planta ou várias plantas, ou múltiplas pequenas plantas. • ... Um espécime é geralmente montado em uma única exsicata de herbário ou em uma preparação equivalente, tais como uma caixa, um vidro ou uma lâmina de microscópio. Tipificações governadas por este Código Sessão 2. Tipificação • Artigo 8 – o que é um espécime? • ... Espécimes não são definidos como plantas individuais. • ... Espécimes são definidos pelo seu método de preparação. Tipo: várias plantas Tipo: montado em duas partes 1/2 2/2 Cephaelis acanthacea Standl. ex Steyerm. Cuatrecasas 16572 (F, 2 exsicatas, holótipo) Tipos devem ser permanentes • Article 8.4 TIPOS devem ser permanentemente preservados - Não podem ser organismos vivos. Exceção: Os TIPOS de algas e fungos podem ser preservados como culturas em estado metabolicamente inativo (e.g., liofilização ou congelamento). Artigo 9 – Os tipos de TIPOS nomenclaturais • Definições para vários tipos TIPOS (11). • Regras para designar lectótipos, neótipos e epítipos. Tipos – nomes de tipos que se aplicam após 1958: Holótipo espécime ou ilustração utilizado ou designado(a) pelo autor como o tipo nomenclatural. Isótipo qualquer duplicata do holótipo. Parátipo espécime citado no protólogo, que não seja o holótipo e nem um isótipo. Tipos – nomes de tipos que se aplicam após 1958: Epítipo espécime ou ilustração selecionado(a) para servir como tipo interpretativo quando todo material original associado com a publicação original válida do nome for comprovadamente ambíguo. Isoepítipo duplicata do epítipo (um espécime). Tipos – nomes de tipos que se aplicam antes de 1958 Síntipo qualquer espécime citado no protólogo quando não foi designado um holótipo ou qualquer um de 2 ou + espécimes designados como tipos. Isossíntipo duplicata do síntipo (um espécime). Nesses casos é necessário um passo a mais na tipificação: LECTOTIPIFICACÃO. Lectotipificação – nomes de tipos que se aplicam após 1958 Lectótipo tipo substituto quando o holótipo não foi designado, foi destruído ou se encontra desaparecido. Isolectótipo duplicata do lectótipo (um espécime). Em caso de não existir nenhum material original: NEOTIPIFICAÇÃO! Knapp (2013). Phytokeys 22: 154. Hedychium villlosum Wall. in W. Roxburgh var. villosum, Fl. Ind. (ed. Carey) 1: 12. 1820. Type. India. “Sylhet”, 1815, M. R. Smith s.n. pro parte (middle specimen) (lectotype, designated here: BM! [BM000574717, middle stem only]). Sanoj et al. (2013). PhytoKeys 25: 75–85 Neotipificação – nomes de tipos que se aplicam após 1958 Neótipo espécime ou ilustração selecionado(a) para servir de tipo nomenclatural quando todo o material sobre o qual o nome do tipo foi baseado se encontra desaparecido. Isoneótipo duplicata do neótipo (um espécime). Lectotipificação tem preferência sobre Neotipificação Lectotipificação isótipo, parátipo, síntipo, isossíntipo. Neotipificação se nenhum material existir. Em ou a partir de 1º de janeiro de 2001, só é efetiva se for indicada pelo uso dos termos “lectotypus” ou “neotypus” ou Repositórios importantes como fontes de dados para tipificação JStor: Imagens de TIPOS de várias coleções – online (alguns erros existem, cuidado redobrado!!!) Herbários: Com seus acervos online (TIPOS e não tipos). Ex.: Jabot (JBRJ), NYBG, Museu de P, MOBot (TROPICOSindex+imagens), US, etc. Conceitos recentes introduzidos em Botânica Nas descrições ou diagnoses de novos organismos: é possível utilizar uma parte da molécula de DNA ou RNA, revelada em um sequenciamento, no lugar do texto (morfologia), quando a morfologia não é diagnóstica para o organismo. Ex.: no próximo slide! Lücking & Monclada (2017). ... Lawreymyces gen. nov. (Corticiaceae) ... Fungal Diversity - DOI 10.1007/s13225-017-0382-4. Conceito recente em Botânica – proposto e ainda NÃO votado Proposta publicada na revista TAXON: Hawksworth et al. (2015): insert a new paragraph ... “8.6. – In fungi, when DNA sequence data correspond to a new taxon have been detected, but no physical specimen has been found to serve as type of the name of a new taxon (Art. 8.1-8.4), the type may be composed of DNA sequence data deposited in a public repository” NÃO FOI APROVADA PELO COMITÊ DE FUNGOS!!! • FIM July 23-29, 2017 Muito obrigado!!!!