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ARTIGUELHOS S BARRETO EBOOK

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S. BARRETO
ARTIGUELHOS
VirtualBooksEditora
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© Copyright 2014, S. Barreto.
1ª edição
1ª impressão
(2014)
Todos os direitos reservados, protegidos pela lei 9.610/98.
Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida,
em qualquer meio ou forma, nem apropriada e estocada sem a
expressa autorização do autor.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Barreto, S.
ARTIGUELHOS.
S.
Barreto.
Pará
de
Minas,
VirtualBooksEditora, Edição 2014.14x20 cm. 107p.
ISBN: 978-85-434-0321-2
1. Literatura brasileira. Crônicas. Brasil. Título.
CDD 869.812 14
CDU 821.134.3(812.1)-94
_______________
Livro editado pela
VIRTUALBOOKS EDITORA E LIVRARIA LTDA.
Rua Porciúncula,118 - São Francisco
Pará de Minas - MG - CEP 35661-177 Tel.: (37) 32316653 - e-mail: [email protected]
http://www.virtualbooks.com.br
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MG:
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En Hommage
JOSÉ CORIOLANO DE SOUZA LIMA
(29 de outubro de 1829 - 24 de agosto de 1869)
“Foi Deus, que às flores também deu aroma,
Macio e fresco ciciar às brisas,
Sibilos ao tufão, sussurro às folhas,
Brandura à fonte, correnteza ao rio;
Foi Deus que fez os mares procelosos,
Que lhes deu ondas, escarcéus e vagas,
Que às campinas deu relvas e matizes,
Ao sol fulgores, às estrelas brilho,
E à lua doce luz que a mente aplaca;
Foi Deus que deu um pugilo informe, inerte,
Fez o homem moral à imagem sua!”
(Trecho do poema Grandeza de Deus)
Também chamado de J. Coriolano. Nasceu na
Vila Príncipe Imperial, atual cidade de Crateús no
Ceará. Foi político, Presidente da Assembleia
Legislativa do Estado do Piauí, sendo Deputado
Provincial por duas legislaturas. Foi, também,
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Juiz de Direito em Pastos Bons/MA e jornalista
tendo suas produções veiculadas na imprensa
das capitais Recife/PE e Teresina/PI. É patrono
da cadeira Nº 8 da Academia Piauiense de Letras
(APL). Poeta, criador de mais de 250 poesias de
altíssimo valor estético, lírico e literário. Autor das
obras O Touro Fusco e Impressões e Gemidos.
Fundador-patrono da literatura piauiense, é
considerado “Príncipe dos Poetas” naquele estado.
Na Faculdade de Direito de Recife/PE, inspirou o
amigo baiano e poeta antiescravagista Castro
Alves. Seus restos mortais jazem juntamente com
os da sua amada Maria Cisalpina Correia Lima
em urna funerária da Igreja Matriz de Crateús.
Essa é a singela homenagem que faço àquele do
qual tenho a honra de pertencer à mesma e
frondosa Árvore Genealógica.
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Aos meus pares...
MEUS IRMÃOS DE ALMA, COM QUEM DIVIDO
AFINIDADE DE PENSAMENTO E ESTILO DE VIDA...
Dedico
este
livro
a
infinita
e
deslembrada
lista
de
Excluídos,
Marginalizados e Discriminados de toda sorte
e de ambos os sexos; das mais remotas partes
da terra, desde as mais longínquas eras (a.C e
d.C.), já passadas e vindouras, aos já
falecidos, aos vivos e aos que ainda nascerão.
Primeiramente, aos índios brasileiros de toda
etnia Tupi, Guarany, Tupinambá, Tremembé,
Krikati, Xavante, Cinta Larga e todas as demais
etnias latino americanas, pelos 514 anos de
opressão, massacre e extermínios sofridos. O
Brasil das Injustiças começou exatamente ali. Aos
submetidos a um passado de exploração pelos
Estados Dominantes. Aos Maias, Incas, e Astecas
por terem suas terras surrupiadas, sofrerem
genocídio, riquezas roubadas e cultura subjugada
por colonizadores ibero-espanhóis saqueadores
ambiciosos e oportunistas.
Aos negros africanos, integrantes ou não de
nobreza tribal, que antes gozavam de paz,
felicidade e da afetividade de seus familiares,
pelos mesmos 514 anos, que foram sequestrados
da África, para construir esse país com sangue e
suor, mas que ainda hoje, como recompensa, aqui
no Brasil, só sofrem genocídio, preconceitos e as
mais terríveis agruras do racismo institucional.
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Aos ditos fora dos padrões materiais,
estéticos, comportamentais e morais “toleráveis”
pela nossa ilustre sociedade excludente de
extrema direita, fisiologista, conservadora e burgocapitalista-“cristã”.
Dedico, esta humilde junção de folhas, aos
focos de Cristo. Aos anônimos, esquecidos e outros
infelicitados, herdeiros indefensáveis do pecado
original provocado por esse infeliz casal chamado:
Adão e Eva.
Aos estereotipados, unilateralmente, como
fracos e oprimidos. Aos não adaptados ao atual
modelo de “evolução”, baseado no Melhorismo, que
nos leva obrigatoriamente ao Competitismo, que
move a mola do mundo e que são as raízes de toda
nossa desgraça planetária.
As vítimas, diretas e indiretas, das nações
imperialistas. Aos mutilados, órfãos, cancerosos e
exterminados. Aos que experimentaram o gosto
amargo das bombas atômicas e das bestialidades
das guerras para manutenção das hegemonias
globais pelo uso da força.
Aos trabalhadores honestos, proletariados,
vítimas sem saber, da mais-valia marxista. As
vítimas do CAPITALISMO selvagem, dos Donos dos
Meios de Produção, do mundo material, do
patrimonialismo, da acumulação e do Materialismo
histórico, dominados pelos, que para deterem mais
poder e ganância, esquecem até em ser gente de
bem.
As exploradas sexualmente, as prostitutas,
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atrizes pornôs, não por venderem seu corpo, mas
por serem vítimas dessa alienação, exploração e
utilização do corpo como mercadoria. Pelo
preconceito que sofrem por cobrarem pelo sexo,
sendo que a maioria faz de graça. As devoradas
pelo capital e pela lascívia de indivíduos filhos do
mundo,
predadores
carnívoros,
hedonistas,
epicuristas, sodomitas, adoradores do deus Baco.
Aos detentos e presidiários, àqueles que
cometeram furtos famélicos, pequenos delitos e
contravenções. Aos moribundos, presos por engano
e aos que já cumpriram a pena, mas ainda
permanecem presos. ATENÇÃO! Aqui não se
incluem os sonegadores de pensão alimentícia,
estupradores, traficantes, psicopatas, pedófilos,
assassinos e corruptos engravatados (ratazanas
do erário). A ESTES, A DURA PENA DA LEI!
Aos emigrantes brasileiros - diante da eterna
falência múltipla e incapacidade do Estado
brasileiro e da corrupção generalizada - preferiram
seguir em direção a outros países, forjando
casamentos com estrangeiros (as). Tudo isso, para
gozar das doces benesses plena do Welfare State,
calcados
no
amontoamento
de
capital,
submetendo-se inclusive ao Big Stick do Tio Sam
Americano. Aos que preferiram - e com razão serem subcidadãos ricos em terras estrangeiras
estáveis socialmente, a serem Príncipes pobres em
seus países decadentes.
Aos campesinos e lavradores, cada vez
mais, com suas terras encolhidas, com o avanço do
agronegócio e das pastagens de gado, de
plantações de soja, eucalipto, seres, mais valiosos
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do que gente. Aos intimidados e exterminados
diariamente por jagunços, pistoleiros e milícias, a
mando
coronéis
sustentados
pelos
megaempreendimentos agropecuários estrangeiros.
Aos pacientes terminais, internados que
abarrotam os corredores e macas das UTI’s dos
nossos
hospitais,
verdadeiros
campos
de
concentração tolerados, matadouro humano e
purgatório final para o além. Aos usuários dos
SUS, que morrem e agonizam sem atendimento por
falta de equipamentos e sobrecarregamento dos
médicos. Aos que fenecem sem remédios. Aos que
já chegam ao mundo, no Brasil, sem direito a um
nascimento digno.
Aos analfabetos e semi-analfabetos, vítimas
de um sistema educacional estrategicamente e
intencionalmente falido pela elite dominante que
controla o Estado brasileiro. Pessoas escolhidas
para serem manipuladas e cegas diante das
investidas perniciosas de algumas pessoas bem
instruídas, mas muito mal intencionadas.
Aos piauienses, maranhenses e alagoanos,
que disputam anualmente, os piores índices de
IDH, por conta de seus honráveis governantes
mais suas corjas. Maior herança dos políticos
corruptos, maiores criminosos da terra, dignos de
serem julgados no Tribunal Penal Internacional.
Peças de um sistema que leva toda uma geração,
sonhos e aspirações à bancarrota.
Aos que moram em aluguel, sofrem
exploração imobiliária dos coronéis dos imóveis.
Aos que não tem garantia de vida vivendo nas
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ruas. Aos que adquirem as coisas pelo
financiamento, tornando-se escravos perpétuos de
dívidas
estatais
e
particulares.
Aos
superendividados, com seu nome incluído no SPC e
SERASA, expostos de forma vexatória e pública, a
pecha de mal pagador, sem levar em conta que,
também, geralmente, é um mal recebedor, pois
conta com um Salário Mínimo irrisório, bem mínimo
mesmo.
As mulheres, sobretudo as brasileiras,
indianas e mulçumanas subjugadas a uma cultura
machista e
exterminadora (o feminocídio),
resquícios
flagrantes
de
uma
sociedade
paternalista. As agredidas, espancadas e
humilhadas a cada segundo. As que não têm
direitos mínimos de civilidade e ainda são vistas
como subalternas. As que têm seus corpos violados
por monstrengos psicopatas.
Aos idosos abandonados pelos seus
queridos familiares, que mergulhados em fezes,
urinas, sangue e pus, entopem os asilos,
simplesmente por não oferecerem aos familiares
àquilo que mais os uniam (interesse pecuniário).
Traídos pelo Estado (apostaram que teriam uma
velhice com uma aposentadoria gorda) e pelos
familiares (sempre sonhando que a família
permaneceria unida e sempre por perto).
Aos ditos “loucos” os legitimados pela
sociedade que superlotam os manicômios. Aos
portadores de alguma deficiência física ou mental,
por não terem um mundo adequado a eles. Aos
drogados, toxicômanos e viciados, o maior produto
fomentado pelo Estado, para entorpecimento e
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extinção das massas, sem necessariamente ter de
utilizar de suas ações diretas.
Aos pobres, paupérrimos, desvalidos e
desafortunados, que sofrem, por conta dessa
condição, o não desligamento desse pesado
estigma, qual seja: ser pobre. E que mesmo sendo
detentores de valores superiores como caráter,
honradez, honestidade e benignidade, ainda sim,
são vistos como bobos, fracos e fracassados.
Afinal, o que é ser pobre?
Aos
individualistas,
que
ojerizam
o
fisiologismo social, não se dobrando as imposições
impostas pelas infindáveis facções tribais urbanas,
nem de redes de relacionamentos retroalimentadas
por trocas de benesses variadas. Estes
desgarrados pagarão um caro preço.
Aos cristãos, judeus, pelas perseguições que
passaram e ainda passam por preferirem seguir
Cristo, alimentar o espírito e não a carne dos
mundanos. Por professarem sua fé na Bíblia (a
palavra de Deus) e em Cristo.
Aos que caíram nas armadilhas dos
estereótipos. Aos feios (os fora dos padrões de
beleza). Aos maltrapilhos (os fora de moda). Aos
que não carregam em suas roupagens marcas
caras, penduricalhos, metais preciosos e outras
ostentações de toda sorte.
Aos “deprimidos”, “tímidos”, “autistas”
sociais, “esquizofrênicos”, “antissociais” num
mundo cada vez mais linguarudo, mal educado,
falante em quantidade, mas não em qualidade.
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Nesse
mundo
onde
você
tem
de
obrigatoriamente RPF (rico, perfeito e feliz).
ser,
Aos defuntos que abarrotam os cemitérios,
sua última morada, tendo suas sepulturas
violadas, seus crânios e dentes roubados,
perturbados em seus sonos eternos. Aos sem
memória, não reconhecidos pelos descendentes
(em seus ensinamentos), nem pelo Estado, por sua
contribuição desmesurada de impostos.
Aos cachorros, aos jumentos e gatos
abandonados pelas ruas, rodovias ou confinados
em casas por seus “donos”. A natureza por seus
elementos naturais: animais, flora, rios e mares
poluídos e destruídos a cada cidadão que vem ao
mundo.
Aqueles que acham, que pensando, filósofos
populares, debatendo assuntos incomuns em
grupelhos, irão encontrar o verdadeiro sentido da
vida e do universo. Queimarão bilhões e bilhões de
neurônios e não encontrarão. Conhecer esse
mistério, só um sabe, GOD.
Enfim, as crianças, filhos de pais
irresponsáveis. Aos integrantes de Movimentos
Sociais, Black Blocs, Anarquistas e Punks. Aos
Hippies, andarilhos, ciganos, mendigos, pedintes,
sem tetos e demais irmãos que não consegui
incluir. Aos viúvos, órfãos da violência, aos
usuários de transportes públicos, etc, etc, etc, e ∞.
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E por último...
AOS PECADORES, ao qual me incluo,
donos de uma natureza adâmica, que mesmo
não
sendo
merecedores
da
Graça
e
Misericórdia de DEUS, ainda sim fomos salvo
se remidos pelo Sagrado Sangue, derramado
na cruz, do NOSSO SENHOR JESUS CRISTOaquele que, por nossa causa, trocou a COROA
DE REI por uma COROA DE ESPINHOS.
Obrigado Senhor. Aleluias!
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Η
έχειτοζουμί."
"
γριάκότα
Tradução: É o velho galo que possui o
conhecimento.
Provérbio Grego
“É melhor escrever errado a
coisa certa do que escrever certo a
coisa errada...”
Patativa do Assaré
“Bateu de frente é só tiro,
porrada e bomba.”
Valesca Popozuda
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“PREFÁCIO”
LUTO!!!
Aqui jazem os Prefacistas
A partir do presente milésimo de segundo, declaro:
MORTE AOS PREFACISTAS!
ARTIGUELHOS terá, desse modo, caríssimo
(a) leitor (a), uma função dupla, pois, servirá
também, como CERTIDÃO DE ÓBITO. Um
assentamento mortífero dessa corja de ABUTRES,
que por tanto desprezar seus suplicantes,
merecem de igual forma, serem EXECRADOS por
toda a ETERNIDADE.
MORRAM PREFACISTAS, pois na terra, não
deixarão saudades.
CONHECI, da forma mais PERVERSA, os
mais ABOMINÁVEIS seres da face planetária.
Esses ENERGÚMENOS no sentido literal da
palavra, não merecem choro, nem velas, nem
orações, nem flores, nem lembranças, nem
rumores. Caso, seus parentes não tenham a
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fineza de CREMAREM seus desprezíveis RESTOS
MORTAIS, ainda sim serão incinerados no LAGO
DE ENXOFRE do inferno, por serem adoradores
da MENTIRA e nutrirem perspectiva falsa no
coração puro dos ESPERANÇOSOS.
P.s.: Se por ventura, estou desinformado e
eles (os nossos saudosos PREFACISTAS) só
confeccionam tais prefácios mediante PAGA, ou
só o fazem para quem detém PODER - devo dizer
e fazer a correção de que se relacionaram com a
PESSOA ERRADA - pois é sabido e real, que
desde o princípio do universo até o seu derradeiro
dia, o DINHEIRO sempre comprou, compra e
comprará tudo no mundo, com exceção de um
único HUMILDE CRISTÃO ANÔNIMO, residente
numa ilha tropical lá pras bandas da América do
Sul, chamado... (vide a capa deste livro).
Era só!
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EXPOSIÇÃO
N
DE
MOTIVOS
ão muito distante do meu “livro”
inaugural lançado, Artigo XVII: Um livro
de quase crônicas - essa pequena resma
encapada, que delirantemente sonha em
ser livro, doravante denominada “Artiguelhos” não passa de uma simples extensão anotada de
artigos do mesmo teor conteudista do seu
antecessor.
São
meros
e
humildes
registros,
embasados, notadamente, na argumentação
fulcral dos meus escritos, qual seja: “(...)
consequências
evidentes
de
uma
mente
conturbada pelas incertezas da vida”. A única e
imprescindível diferença entre ambos, é que, no
meu humilde e subjetivo ver, o segundo
resguarda artigos mais “maduros”, “recentes”,
“evoluídos” e mais “bem trabalhados”.
O que pude trazer como experiência e
inovação do primeiro lançado-além da amarga
verificação dos inúmeros “Nãos” coligido se das
críticas
não
recebidas
(definitivamente,
a
indiferença é a pior das críticas) - foi o seu
estranho efeito contrário, diante dessa repulsa
generalizada e injustificada. Apesar de ser
lançado em meio a essa atmosfera nada receptiva,
isso tudo acabou servindo para mim, como
motivação, impulso e mola propulsora para
querer escrever mais e mais, aleatoriamente, sem
motivos plausíveis e/ou convincentes que os
justifiquem.
Muitos se enganam pensando, que para ser
aceito por “grupos” e ter meus escritos
reconhecidos, bajularei intelectuais, beijando-lhes
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as mãos ou lambendo os solados dos seus pés.
Dando uma de “Escritor” não quer dizer que eu
queira desvencilhar de minha condição de
proletário, de plebeu, de inquilino e frequentador
de cortiços, guetos e quebradas. Dessa raiz,
jamais poderei me esquivar. Não significa, de
igual modo, que queira paramentar-me com
fardões ostentosos para perambular pelos tapetes
púrpuros de veludo dos corredores das academias
e agremiações literárias abarrotadas de seres
jurássicos e decrépitos, como os Medalhões já
consagrados.
Em face desse tentame contraproducente,
resguardei-me o direito de vivenciar um desafio,
um tanto quanto aventuroso. Consiste ele: a cada
“Não!” recebido, mais um livro confeccionado.
Num país em que pouco ou quase nada se lê, e
consequentemente, lhufas se escreve, nada mais
oportuno arvorar mais um combatente, com o fito
de contrariar ou pelo menos mitigar, essa lógica
nefasta que aniquila qualquer expectativa de
produção literária, subjugando a inesgotável
criatividade e capacidade do nosso querido Povo
Brasileiro. No melhor estilo do Velho Lobo Zagallo:
“Vocês vão ter que me engolir”, no meu caso, seria:
“Vocês vão ter de me ler” né?!
Ei-lo, o escritor Patinho Feio dos círculos
literários, o Gaiato do Navio dessa nau adstrita de
intelectóides com moral insuflada, o persona non
grata da burguesia intelectualizada, o que
incomoda e expõe as entranhas do sistema
imposto em andamento, o que não se verga aos
feitiços destilados pelos os que comandam a
Indústria Cultural corrompida pelo Poder. Aquele
que insiste em saber o que não lhe deve e ocupa
espaços do qual não foi, não é, nem nunca será
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convidado, pois estarão sempre com os “Lugares
Reservados” aos que só podem ser ocupados pelos
deles.
Outra novidade desse volume, fica por
conta do meu “batismo literário”. As capas dos
meus próximos “livros” terão, agora, como
inscrição autoral, o codinome S. Barreto. O
porquê desse epíteto, nem eu sei, deixemos pra lá.
Daqui em diante as capas, contarão também, com
alguma ilustração, que tanto pode ser uma linda
obra de arte ou uma simples provocação. Desse
atual, ilustra a nossa capa, uma bela gravura
universal “Mãos desenhando”, elaborada nosso
querido gênio Escher. Lendo as páginas que se
seguem, Vossa Excelência caro (a) leitor (a),
constatará 15 artigos, crônicas, ensaios, textos ou
coisa que o valha. O nome é que menos importa.
Parecem poucos, porém alguns são longos, um
grande defeito pessoal meu em querer esgotar
assuntos inesgotáveis.
Na dedicatória, uma outra inovação. Chega
de ficar rendendo homenagens aos Barões,
familiares e amigos. Barões que não pagam suas
contas, familiares que trucidam sua reputação
falando mal de você pelas costas e amigos que
torcem e operam para o seu fracasso. Dessa vez,
rendo homenagens aos seus opostos, a outra
ponta, aquela massa que legitima a superioridade
e sustenta todo o conforto social dessa tríade
citada. As razões de ser para a hegemonia
perpétua
destes
seres
mencionados
anteriormente, que ninguém ver e se relaciona.
Aos estereotipados, fora dos padrões dominantes,
classificados como: “fracos”, “loucos”, “calados”,
“feios”, “pobres”, “moribundos” e “prostitutas”.
Peço vênia, a Vossa Excelência, Sr.(a)
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Leitor(a), para incluir ao final, dessa peripécia
literária, um “bônus” que se personifica numa
bela crônica, de uma brilhante acadêmica do
curso de Letras que tive a honra de conhecer este
ano: minha amiga em Cristo e conselheira
Jovenilde Ribeiro ou Nilde, uma Benção de Deus
na minha vida. Há, também, visando locupletar
possíveis lacunas substanciais dessa presente
brochura,
nominada
Artiguelhos,
breves
gotículas de citações de versículos, máximas,
provérbios e adágios universais já conhecidos, é
verdade, mas que por sua historicidade, não
custa nada (re) salientar.
Na contracapa, pude ter o privilégio de
contar o lúcido comentário do primo e amigo
Gilton Barreto (um já tarimbado escritor e
memorialista cearense) retentor de uma mente
afiada, que em poucas palavras, tempo e espaço
que dispunha, disse o suficiente. Entretanto,
contudo, porém, todavia, o que mais me chamou
atenção em Gilton, foi o cumprimento espartano
de sua palavra. Disse que iria fazer e assim o fez,
diferentemente dos nossos saudosos Prefacistas.
Se Viçosa do Ceará tiver a honra algum dia - e
isso não é conjectura - de ainda ter o Sr. Gilton
como um defensor legitimado para proteger as
reivindicações de sua terra (algo que já faz) de
uma coisa o viçosense pode ter certeza. Tendo sua
palavra empenhada, ele assim, a cumprirá. Pois,
comprovadamente fiel a uma causa de somenos
relevância (comentar um reles livro), imagine
Gilton
prestando
juramento
e
rendendo
comprometimento
com
coisas
mais
condescendentes, como os anseios da sua
formidável terra.
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......
Enfim, Vossa Magnificência Sr.(a) Leitor (a),
apresento-lhes mais um livreto abjeto, um
devaneio de um tresloucado, um sopro mental de
um iludido, um desencargo de inconsciência, uma
alucinação literária... Sinceramente, não tenho
como mensurar se com esse livro, em suas mãos,
você se tornará um bem aventurado ou um
desventurado, pois isto, só você, o tempo ou
nenhum dos dois poderá, ou não, dizer.
Um objeto amorfo de conteúdo facilmente
contestável, com forma estética nada atrativa,
sem acabamentos refinados, sem texto de
Prefacistas (in memoriam), sem composição em
papel pólen e colchê, gráficos luxuosos, capa e
contracapa orelhudas. Desta feita, só me resta
contentar-me, então, com a classificação de um
“Clássico da Subliteratura” ou talvez, um ilustre
“Literato do Anonimato”. Entretanto, mesmo
sendo flagrante sua qualidade parca, caso este
livro, atinja seu objetivo mor e consiga
influenciar, formar um (a) leitor (a), ou quiçá, um
(a) escritor (a), estarei feliz e realizado, com minha
alma lavada e missão cumprida. Pois assim como
eu, você também pode, qualquer um pode.
ESCREVAIS IRMÃS BRASILEIRAS E IRMÃOS BRASILEIROS! POVOS
BRASILEIROS ESCREVAM. BOBAGEM É AQUILO QUE NÃO FOI
ESCRITO. VAMOS COLOCAR NOSSA NAÇÃO FORMAL (O BRASIL) E
A NAÇÃO INTERIOR (NOSSA ALMA) NO PAPEL.
Um momento para uma hipocrisia ambiental: Perdão Mãe
Natureza pelas milhares de árvores derrubadas para fazer
este livro!
O AUTOR
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......
SUMÁRIO
MORALIDADE NA POLÍTICA / 24
DO LIXO PRO MUNDO / 29
SEGUNDA PELE / 33
FENÔMENOS / 41
FALSOS, FALSETAS E FALSÁRIOS / 46
CONVIVENDO COM OS LIMITES / 51
O MACHADO DE ASSIS DA CAIXA / 57
AMAZÔNIA ATRAVÉS DE BELÉM / 60
A VIDA NO CENTRO / 64
TECNOCENTRISMO / 71
ILHA DA CULTURA / 76
PODER PARA O POVO PRETO / 79
REVIVENDO / 85
ENCONTRO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL / 90
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SEMESPAÇO / 96
Bônus
DIVAGAÇÕES
SOBRE
A
Jovenildes R. da Silva) / 79
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FELICIDADE
(de
......
MORALIDADE NA POLÍTICA
S
e o Projeto de Lei Ficha Limpa for
posto em prática na realidade, pode
se tornar um divisor de águas na
moralidade e na ética da política brasileira.
Aos
poucos
medidas
isoladas
de
instituições políticas, jurídicas e sociais ao
longo do tempo, estão conseguindo fazer
uma assepsia minuciosa no meio daqueles
que fazem e representam a vida pública
deste país.
Os políticos perderam, definitivamente, suas respeitabilidades, hoje são
vistos mais como protagonistas centrais
em programas de humor dos mais
variados tipos. São motivos de chacota e
não mais se importam com isso, agem
como se estivessem que ficar dando
risadas das presepadas orquestradas por
eles mesmos.
O
ambiente
vivido
por
esses
aloprados é um tanto quanto eivado de
hostilidade. Em meio a uma guerra de
vaidades,
conspirações
são
constantemente
armadas
por
esses
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......
figurões, que só pensam em aumentar
seus próprios patrimônios. E o pior de
tudo, é que ainda passam uma imagem
forjada de representantes do povo, quando
na verdade passam longe disso.
São muitos os motivos que levam
essas pessoas a enveredar pelo tortuoso e
disputado caminho da política. É uma
briga mesquinha para saber quem pode
mais, de quem se dá bem, sem medir
consequências, passando por cima de
tudo, de todos e da lei. Uma fogueira de
vaidades, para disputar quem tem maior
notoriedade, quem possui mais bens e
poder. Mas na realidade não passam de
uma corja de egoístas e mesquinhos que
só pensam em si, como se isso fizesse
alguma diferença no grande juízo final.
Esses atos além de demonstrarem um
indício de baixa-estima, demonstram
também o fato de como o povo brasileiro
está mal representado.
Retornando
a
mesquinharia
desacerbada que envolta esse mundo,
verifica-se
que
muitos
estão
mais
preocupados em se imortalizar. Alguns
colocam seus nomes em logradouros
públicos, estátuas caríssimas cunhadas de
bronze tentando se tornarem objetos de
- 25 -
......
adoração, meros pecadores, enquanto que
só Deus é digno de tal veneração. Outros
encabeçam
impérios
multifacetados,
controlando
setores
estratégicos
propositalmente tais como a mídia, uma
arma poderosa na era da informação.
Tentam distorcer e manipular, a qualquer
custo, mentes humanas, que muitas das
vezes são desprovidas de um bom
discernimento e educação. Eles detêm
estrategicamente jornais, concessões de
rádios e Tevês que acaba se tornando um
“urubu” dos ovos de ouro de muitos,
principalmente pelo retorno eleitoreiro.
Diversos desses “coronéis” já estão
com a corda no pescoço, respondendo
judicialmente por seus atos e alguns se
encontram até presos são, portanto, fichas
sujas. O nepotismo ainda existe, mas já
está sendo combatido como crime e
escândalos pelo mínimo que ocorram, já
estão ganhando a devida repercussão. A
transparência e a liberdade de imprensa
têm contribuído muito para estampar a
face de muitos que se escondem atrás
dessas máscaras da imoralidade.
O belo da política é poder fazer algo
pelo coletivo, ela é, acima de tudo, um
instrumento de paz e os detentores de
cargos eletivos deveriam ter a mínima
- 26 -
......
consciência disso. Ela é a melhor forma de
apascentar os anseios de uma sociedade
cada vez mais problemática e complexa.
Ela deve ser praticada só por quem
merece, por quem tem compromisso, por
quem anula a si para viver prol de algo
bem maior e mais nobre, que é a
coletividade.
E que bom seria, caso a justiça
conseguisse ser completamente imparcial
e não tendenciosa, com certeza esse país
já teria mudado muito. E como preservar a
autonomia de poderes, se muitas das vezes
o Executivo e o Legislativo, influenciam de
forma direta na formação do alto escalão
do Judiciário.
E se todo o direito tem que evoluir de
acordo com as mudanças sociedade, o
mesmo se aplica ao Direito Eleitoral. Esse
sim tem o papel fundamental em
modernizar suas leis rigorosamente, não
deixando
brechas
que
favoreçam
manobras judiciais das ratazanas do
erário público.
E por fim, retornando ao perfil ideal
dos homens que devem dirigir este país,
devem-se incluir não os perfeitos, mas sim
aqueles que repulsam o continuísmo e que
possuam passados isentos. Devem possuir
também, seriedade, que não sejam
omissos aos problemas implícitos e
- 27 -
......
gravosos da sociedade, que tenham a
bondade impregnada em seus DNA's, que
tenham como única ambição o poder de
ajudar o próximo, que sejam patriotas e
que tenham o bem-estar do povo como
única razão de viver do Estado. Devem
também, acima de tudo, devolverem a
riqueza da Nação ao dono indisponível
dela, o povo. Isso se dando lógico,
principalmente em forma de prestação de
serviços públicos de qualidade para servir
de plataforma para o desenvolvimento
humano satisfatório e produtivo, para
todos e todas indistintamente.
Ilha de São Luís/MA, 03/11/2010
- 28 -
......
DO LIXO PRO MUNDO
M
ais uma vez o Brasil tem as suas
chagas abertas para o mundo
todo ver através do cinema. A
produção Lixo Extraordinário, vai disputar
o Oscar em 2011, na categoria de melhor
documentário. Eu adoro documentários,
pra mim eles são altamente educativos.
Assim como o filme Cidade de Deus,
disputou o mesmo prêmio abordando a
temática da violência vividas nos morros
cariocas, mais uma produção surge no
intuito de estampar um outro grave
problema vivido em nosso país, que é a
famigerada miséria extrema.
Além do problema ambiental em
relação a destinação inadequada do lixo
urbano, o documento mostra uma
situação bem mais grave, que é a inércia
dos governantes ante os problemas sociais.
Muitas das vezes esses assuntos têm que
ser expostos a esse nível, só para ver se as
autoridades tomam algum tipo de atitude.
Algumas cenas do documentário chegam a
fazer inveja a qualquer filme de terror.
Num dado momento, uma senhora
- 29 -
......
prepara dentro de um panelão em meio a
um caldo escuro, um misturado de restos
de comida retirados do lixão. Alimentos
esses, disputados de forma acirrada por
insetos, urubus, vermes, ratos e pessoas.
Em meio a essa realidade, os
produtores do filme, numa ideia de
extrema genialidade, inserem em meio ao
caos social, uma nova perspectiva dessa
situação. Tentam no decorrer da trama, ou
drama, revelar o lado humano de toda
essa anomalia social, através da arte.
Primeiro eles fotografam personagens reais
do filme, para depois reproduzi-los em
escala maior numa tela, utilizando-se
como matéria-prima os dejetos retirados
do próprio lixo. O resultado final é
sublime, tanto que depois o trabalho vai a
leilão e acaba sendo arrematado por um
considerável lance, valor esse, sendo
revertido em prol da categoria dos
catadores.
Mas o que quero frisar é que se
explora somente os defeitos brasileiros.
Sonho um dia, que ao passo que fossem
mostrados nossos problemas, fossem
mostrados também, na mesma proporção,
os aspectos positivos, por mais que não
venha concorrer ao Oscar.
O que me chateia é que nós
- 30 -
......
mostramos mais coisas ruins que boas.
Assim sendo, eu proporia o seguinte:
primeiro que sejam mostrados, na mesma
quantidade, coisas boas e ruins. Depois,
para finalizar, que sejam mostrados
sempre mais coisas boas que ruins, pois a
intenção, não é esconder nossos defeitos,
mas, sobretudo exaltar o lado positivo das
coisas que possuímos, e não falo aqui
somente do futebol, carnaval e praias.
Imagino que sobre o solo dessa
pátria, existam uma série de outra coisas e
pessoas, que nos dão orgulho de sermos o
que somos. Existem aqui, pessoas
honestas praticantes do bem e dos bons
costumes, que trabalham fortemente para
tornar esse torrão um lugar melhor para
se viver. Além disso, existem uma série de
brasileiros criativos e notáveis que
produzem todo tipo de bem artístico e
intelectual, contudo esses detalhes, muitas
das vezes não recebem a devida atenção
que merecem.
Exploram-se muito as deficiências
sociais no país, mas o que deveria ser
atacado frontalmente não se ataca, que é
o nascedouro de todo esse mal, a
verdadeira raiz do problema. Além da
pouca idade e do aspecto histórico de
exploração e abandono, que sofremos em
nossa colonização temos que mencionar
- 31 -
......
outros pontos bem mais graves. A
concentração abissal de renda, o déficit
quantitativo e qualitativo dos serviços
públicos, a educação pública falida, a
corrupção crônica, o descaso político e a
não punição das ratazanas do erário
público são os verdadeiros pilares da
miséria instalada. Toda essa sujeira, que é
pior que aquela presente no documentário,
torna qualquer país num lixão nada
extraordinário.
Em vista disso um país detentor de
um enorme potencial e que teria tudo para
ser mais justo, acaba se tornando uma
espécie de patinho feio mundial. Mas as
coisas estão mudando, aos poucos, mas
tão. Enfim, acredito que esse país se
tornará um lugar mais justo e cheio de
cidadãos orgulhosos em dizer que são
brasileiros. Isso é o que queremos, é o que
esperamos e é essa, a nossa intenção.
Ilha de Upaon-Açu/MA, 06 de fevereiro de 2011
- 32 -
......
SEGUNDA PELE*
Q
uando, efetivamente, a humanidade
convencionou que todos teriam que
andar de roupas? Dificilmente
alguém terá uma resposta exata, pronta
ou cabal. Tudo dependeu de um longo e
moroso processo histórico. O fato é que
hoje andar coberto por um monte de
vestes faz parte da vida de todos, que
compõe a sociedade, seja ela em qualquer
lugar do mundo, com raras exceções. As
roupas nos acompanham desde que
nascemos, seja com o primeiro gorrinho de
crochê na cabeça, até a indesejável
mortalha, quando partimos. A endoderme,
derme e epiderme já não mais nos basta.
Biblicamente, depois que Adão e Eva
cometeram o maior dos pecados da
humanidade, desobedecendo a Deus, ao
comerem da fruta da árvore proibida, tudo
mudou, alterando todo o curso da história
de seus descendentes aqui na terra.
Depois da fatídica mordida da fruta, a
Bíblia assevera: “Então, foram abertos os
olhos de ambos, e conhecerem que estavam
- 33 -
......
nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram
para si aventais.” (Gênesis 3:7). Assim,
Deus percebe o erro perguntando a Adão:
“Quem te mostrou que estavas nu?”
(Gn3:11).
Nisso,
foi
quebrado
o
relacionamento deles com Deus, tornando
o pecado dali pra frente uma realidade
incômoda, para quem até então, levava
uma vida perfeita no paraíso, sem malícia
e preocupações.
Depois disso, outra ideia que se tem é
com relação de que no mundo existem
regiões habitadas com variações climáticas
muito intensas e extremas, além de outras
próximas aos pólos muito frias. Então para
o homem pré-histórico ou um esquimó da
Groelândia andarem mais protegidos, eles
tiveram que de alguma forma, criar um
mecanismo de defesa, com intuito
principal de não deixar dissipar o calor
natural de seu corpo, além também de
criar o fogo para amenizar essa
particularidade. Diferentemente dos povos
que vivem abaixo da linha do equador ou
de um índio nascido na Amazônia ou na
Mata Atlântica Sul-americana que por ter
clima tropical, não haveria motivos para se
adornar tais vestes. O processo de se
andar vestido foi se dando de forma
gradual e isso foi se tornando cada vez
mais presente e aceitável na sociedade,
- 34 -
......
existindo dessa forma um contingente
colossal a ser vestido. O algodão, o bicho
da seda e a lã das ovelhas se tornaram
então, culturas valorizadas e elementos
importantes para a economia mundial.
Hoje na contemporaneidade, além de
suprir a necessidade basilar que é a de
encobrir-se, a vestimenta acabou por
agregar as mais diversas simbologias e
representações, principalmente no âmbito
profissional. O Padre tem sua batina, o
médico seu jaleco, o juiz sua toga, o
mestre-cuca seu avental, o advogado seu
blazer, o militar sua farda, o esportista seu
uniforme, o mecânico seu macacão, o
palhaço sua fantasia, o vaqueiro seu gibão
de couro, etc. E aí nessa observação, é
preciso tomar muito cuidado. Todos
sabem, mas muitos acabam esquecendo.
Não devemos julgar os outros pelas
aparências até porque elas enganam, e
enganam mesmo.
É preciso saber discernir que a real
função das roupas não é sectarizar os
homens. Essa é só mais uma funesta
mania do homem em estar querendo se
distinguir de tudo e de todos para se
hegemonizar como melhor diante dos
demais. Ele inventa tudo, nos mais
diversos graus de qualidade, desde roupas
até moradia, para tentar perpassar a ideia
- 35 -
......
de que existem uns que podem mais que
outros, criando classes, castas e facções.
Existe também a falsa noção de
pluralidade de que: “Ah! Somos livres,
podemos ser como quisermos”, não se
atentado que isso nos torna mais
desiguais e intolerantes com relação a
diferença dos outros.
Uns enaltecem esse quesito em suas
vidas e mais parecem a representação de
um frustrado pavão postiço em busca de
sua
estonteante
calda,
gastam
excessivamente em lojas de shoppings,
valorizam demasiadamente tendências da
moda,
consomem
grandes
grifes
importadas fomentando a indústria de
luxo, supervalorizando a marca, uma
tremenda bobagem. O dono de um dos
mais cobiçados empregos do mundo, o
colunista social Amaury Jr. foi longe
dizendo que: “Você só é percebido numa
festa, somente se estiver no mínimo, bem
vestido”. Não vou entrar no mérito dessa
percepção, o mundo dele é totalmente
diferente do meu.
O
poeta
Carlos
Drummond de Andrade, em seu famoso
poema “Eu Etiqueta” já sinalizava a
respeito
dessa
alienação,
desse
consumismo desenfreado e ilógico. Logo
nos trechos exordiais percebemos bem a
crítica do poeta. Ele fala: “Em minha calça
- 36 -
......
está grudado um nome/Que não é meu de
batismo ou de cartório/Um nome...
estranho./Meu blusão traz lembrete de
bebida/Que jamais pus na boca, nessa
vida,/Em minha camiseta, a marca de
cigarro/Que não fumo, até hoje não fumei.
(...).”
Por outro lado, existem outros que se
descuidam tanto a ponto de ser colocada
em xeque até mesmo sua própria
autoestima. O mais sensato seria se vestir
adequadamente, com roupas específicas
para cada ocasião e bem asseadas. O
cuidado consigo mesmo. A ideia chave é
essa: “Eu sou importante, pelo menos pra
mim mesmo”. Então tratemos da nossa
saúde, da nossa higiene e, de certo modo,
da nossa aparência, se de forma razoada.
Meu alinhado e muito bem quisto avó
materno Antônio Amâncio já dizia: “O pau
se conhece é pela casca”.
Tempos atrás pude testemunhar uma
polêmica envolvendo o imprevisível e
brincalhão senador Eduardo Suplicy. Ele,
incentivado
por
humoristas
causou
polêmica quando se vestiu com uma cueca
vermelha em pleno expediente no Senado
Federal. Outro fato relacionado a um de
seus pares foi com relação a contenção de
energia. O então senador Gerson Camata
- 37 -
......
propôs que fosse facultado o uso do terno
no congresso, para que assim não
tivessem os membros e servidores da casa,
que utilizarem tanto os refrigeradores de
ar. A moda não pegou. Outro ambiente de
poder, as multinacionais até já abriram
mão de que seus executivos usem
obrigatoriamente as lacônicas e formais
gravatas.
Bem, essa é só mais uma opinião
minha, pessoal. Posso estar sendo
completamente reacionário e errado. Mas
isso é o que acho hoje. Atualmente é
comum os praticantes do naturismo
lutarem para se livrar dessa amarra e
chocam a sociedade ao buscar seus
direitos de andar nu. Desta feita, não mais
somente o rei tem o direito de estar nu,
mas também todos os seus súditos. Fica aí
então uma dica. No dia que lhe olharem
dos pés a cabeça, não vos perturbes,
mentalmente olhe pra dentro dela, e verás
que essa pessoa cultiva algo fútil,
supérfluo e sem nenhum valor humano.
Para encerrar deixo a máxima: “Para que
um homem mereça estar dentro de um
terno, este, antes de tudo,
deverá se
comportar como o mais terno dos homens.”
- 38 -
......
Atenas Brasileira/MA,15/07/2012
*Esse texto alcançou o 7º lugar mais Menção Honrosa
no 1° Concurso Internacional de Literatura da
ALACIB/Prêmio Lázaro Francisco da Silva –
Mariana/MG – 2013.
- 39 -
......
“Accipere quam facere praetat
injuriam.”
Tradução: Antes sofrer o mal que fazê-lo.
Brocardo Latino
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......
FENÔMENOS
S
egunda-Feira, 14 de fevereiro de
2011,
Ronaldinho,
também
apelidado de “Fenômeno” pendura as
chuteiras e se despede da sua carreira
como
jogador,
dando
uma
baixa
significativa no futebol mundial. O planeta
bola perde um de seus melhores jogadores.
Seu perfil, igual a de muitos outros,
impressiona. Um garoto pobre, que fez de
uma brincadeira de moleque, o pulo do
gato para se tornar vencedor na vida.
Viveu os dois extremos de não ter nada,
para depois ter todo o conforto material
que o dinheiro possa proporcionar.
Ronaldinho teve o que teve, de bom
ou ruim, porque mereceu. O que somos e o
que temos são meras consequências de
nossos atos. Em tempos em que emerge
uma nova modalidade de gênio, ele é um
dos que se destaca como tal, um gênio da
bola. No auge da carreira fazia jogadas
inimagináveis, aqui e lá fora. Eu, como
torcedor contumaz, tive o privilégio de
assistir a Seleção Brasileira jogar contra a
- 41 -
......
Seleção da Lituânia, no estádio Albertão
na capital Teresina no ano de 1996.
Naquele jogo, ainda com cara de
menino, o n° 9, gozava de sua melhor
forma, ajudando o Brasil a passear em
campo. A partida foi 3 a 1, sendo que ele
marcou todos os gols brasileiros. Um deles
foi uma pintura, tanto que até hoje está
gravado na minha mente. Depois de uma
bola mal recuada, ele e o goleiro a
disputam que resvala e vai para linha de
fundo; aí vem o zagueiro mais o goleiro pra
cima dele, mas não tem jeito, ele escapa,
deixando os dois marcadores abraçando a
trave. Sem dúvida foi um dos melhores
jogos e um dos melhores gols de sua
carreira.
Infelizmente, como o próprio afirmou,
perdeu a batalha para seu corpo por conta
dos problemas físicos que vinha passando,
sendo este o principal motivo de sua
aposentadoria
precoce.
Um
atleta
necessita 100% da capacidade de seu
corpo pra dá o máximo de si numa
competição. Apesar de se considerar
tímido, a mídia tratou em mostrar algumas
desventuras suas na vida pessoal, mas
nada que arranhasse sua reputação de
fenômeno. Ninguém vê que, pessoas
nessas condições, tiveram que, desde
- 42 -
......
muito
cedo,
lidar
com
grande
responsabilidade. Ronaldo não terminou a
carreira de forma magistral como Pelé,
nem muito menos de forma catastrófica
como Maradona. Saiu ao seu modo, como
tinha que ser. Um outro fenômeno, que
queria chamar atenção e que não tem
muito a ver com o primeiro citado, ocorreu
aqui em São Luís. Um dia depois do
anúncio da despedida aconteceu algo que
nunca tinha visto, ou nunca tinha
reparado. Uma chuva de 24 horas, de
verdade, não houve trégua. Aqui no
Maranhão, são seis meses de muito sol e
seis meses de muita água. Não dá pra
agourar o que vai acontecer, num mesmo
dia pode dá muito sol como também muita
chuva.
Nesse período de chuvas, a capital e
algumas cidades maranhenses ficam em
alerta. Não tanto por medo de catástrofes,
mas pelos transtornos que elas sempre
causam. Por exemplo, quando chove, as
ruas da capital ficam esburacadas, e
algumas até alagadas. O ludovicense
brinca dizendo que só aqui há esse tipo de
asfalto, o sorrizal, que é aquele que se
dissolve em água. Outro contraste diz
respeito a falta de água em alguns bairros
da periferia, lógico. Muitas deles nem se
- 43 -
......
quer contam com esse serviço básico todos
os dias. O Estado todo é cortado por
imensos rios caudalosos, sem contar o seu
abundante lençol freático e mesmo assim a
população sofre com esses tipos de
transtornos.
A chuva é maravilhosa e essencial
para a natureza. Aqui, no nordeste,
deveria chover todos os dias ao meio dia,
se isso acontecesse com certeza o nosso
povo se refrigerava melhor diante de um
clima tão torrencial. Nem me lembro mais
a última vez que tomei um refrescante
banho de chuva. Digo aquele banho de
chuva que você se prepara para tomá-lo e
não aquele banho de chuva que tomamos
quando estamos na rua ou fazendo outra
coisa. Não é a toa que essa cidade é
considerada a ilha da magia. Certos
fenômenos que têm a capacidade de nos
impressionar
acontecem
com
certa
facilidade.
Enfim, você deve está se perguntado
por que tratar de dois assuntos totalmente
diferentes? Antes de não responder, eu lhe
replico com uma outra pergunta. Os dois
são fenômenos, ou não? Interrogações a
parte, o que quero frisar é que ambos, por
serem o que são, vêm e vão de forma
- 44 -
......
efêmera, nos deixando uma enorme e
irremediável saudade.
Ilha do Amor/MA, 19 de fevereiro de 2010
- 45 -
......
FALSOS, FALSETAS E FALSÁRIOS
N
aturalmente, as pessoas têm e
devem estar sempre se relacionando
e interagindo com a sociedade em
geral, seja no trabalho, na escola ou no
seu bairro. Nessa cadeia interativa, muitas
correntes sociais e laços de amizade são
firmados, sendo a confiança, o principal
pilar de sustentação dessas relações.
Uma das primeiras certezas que um
indivíduo tem na vida, quando alcança a
maioridade, é que não se deve confiar em
ninguém. Em vista disso, alguns mais
radicais, chegam a dizer que não se deve
confiar nem na própria sombra, nem
muito menos nos próprios pais. Mesmo
sabendo disso, muitas das vezes somos
compelidos a confiar em alguém ou em
algo, em dado momento de nossas vidas.
Não há como fugir disso, calma, não fique
alarmado, isso está longe de ser o mesmo
que ser ingênuo. Contudo, a ordem básica
é o seguinte: em regra, não confie em
ninguém, porém tendo que confiar, exija
garantias, além lógico, de ter a real
consciência do risco que estás correndo.
- 46 -
......
Assim, não haverão tantas surpresas.
Platão foi um dos pioneiros ao tratar
desse assunto, ao alegorizar o famoso Mito
da Caverna, ele tentou ensinar a
humanidade, que não se deve ser só
observado aquilo que se apresenta de
forma superficial. O ser humano não deve
se contentar só com as sombras das
imagens embora, elas pareçam serem a
mesma coisa. O homem nessa condição,
deve ter coragem e ir além, sair da caverna
e partir para o encontro da realidade,
daquilo que gera a imagem e se distanciar
o mais rápido possível dos tentáculos das
ilusões.
São muitas as variações de falsidade,
mas, as que doem mais, com certeza dizem
respeito àquelas ocorridas em âmbito
interpessoal, seja numa amizade casual,
num relacionamento amoroso ou no seio
familiar. Descobrir que alguém, do qual
você depositou certa confiança, está sendo
injusto e muitas das vezes pelas costas, é
o mesmo que estar sendo apunhalado por
golpes de faca no fundo da alma.
Confiança é que nem cristal, uma vez
quebrado, jamais pode ser recuperado.
Numa amizade, a falsidade é causa
ativa para que haja imediata cisão nas
relações. Esse tipo de intriga, é mais
observado
quando
se
adentra
no
- 47 -
......
labirintoso
universo
feminino.
As
mulheres, são por natureza, mais
desconfiadas e sensíveis nas suas
relações. Em vista disso, assim como elas
podem ser as melhores amigas umas das
outras, um simples deslize, na melhor das
hipóteses, pode levar à cabo uma amizade
de décadas, isso se elas não se tornarem
arquirrivais para sempre.
E o que dizer então da infidelidade
conjugal,
hoje,
as
novelas
têm
popularizado essa prática, muitas pessoas
chegam a aceitar tal disparate e achar isso
absolutamente comum nos dias atuais.
Porém, ainda é muito comum observar que
muitos casamentos vão por água abaixo,
simplesmente por ter ocorrido uma
traição. Nesses casos, cabe somente ao
traído (a) decidir o que fazer, cada um sabe
onde seu sapato aperta mais.
Em matéria criminal, temos expostos
no título X do Código Penal, todos os
dispositivos que tratam dos crimes contra
a fé pública, incluindo os crimes de falso.
Nele, dentre vários outros, existem os
artigos 297 e 298, que tipificam os crimes
de falsidade de documento público e
particular, respectivamente. Há também, o
crime de falsa identidade (307, CP) que é
- 48 -
......
aquele do qual o indivíduo atribui para si
ou para outrem uma identidade forjada na
intenção obter vantagem, em proveito
próprio ou alheio.
Vistos essas três variações de
falsidade, imagine a seguinte situação.
Uma certa moça, descobre que sua nova
amiga, fingindo ser outra pessoa, está
tendo um caso com seu casado pai, no
intuito de aplicá-lo um golpe. Estaríamos
aí, diante de uma falsidade triplamente
qualificada.
Porém, ficções aparte, querendo ou
não, as falsetas, os falsos e falsários
sempre farão parte do nosso cotidiano,
seja
em
produtos
pirateados,
nas
promessas de governos, nas pessoas más
intencionadas ou em programas de TV. Até
mesmo, nós utilizamos estes artifícios
diariamente
quando,
por
exemplo,
mentimos para não enfrentarmos filas ou
quando
inventamos
desculpas
esfarrapadas para justificar uma falta no
trabalho. Porém, o ideal é que essas
exceções não se tornem regra e não
ultrapassem
os
limites
socialmente
tolerados. Assim, impediremos que toda
- 49 -
......
uma sociedade seja levada a falência,
moralmente falando.
Capital do Reggae/MA, 23 de janeiro de 2011
- 50 -
......
CONVIVENDO COM OS LIMITES
D
e um tempo pra cá, tenho buscado,
diante das necessidades que a vida
nos impõe, desafiar alguns limites.
Pelo fato de ser jovem, cultivo a ideia de
que a hora, é agora. Não devo e nem posso
deixar o tempo e as oportunidades
passarem. Nessa ânsia, venho tentando
extrair o máximo de mim, o fino sumo da
minha capacidade, a qualquer custo. De
forma incansável, tenho convocado a
minha pessoa inúmeras tarefas tais como:
acumulação de atribuições diversas,
dedicação
exclusiva
às
atividades
construtivas e atendimento rigoroso aos
bons costumes em geral.
Existem vários tipos de limites,
dentre eles os mais comuns são: o
intelectual, o físico, o da paciência, o
sacrifical, o emocional, etc. Porém, o limite
mais difícil de ser controlado e que de
certa forma, influencia os demais é o
psicológico. Esse sim, um intricado desafio
a qualquer mente, seja ela, comum ou
brilhante. Domando-o tudo fica mais fácil.
Se fosse comparado a uma máquina,
- 51 -
......
poderia considerar que disponho de peças
novas. Partindo dessa premissa, cabe a
mim exigir o máximo delas para o bom
funcionamento do conjunto. Nossa peça
principal é o cérebro, o centro das decisões
do corpo e propulsor de nossos atos.
Desenvolvê-lo, não é tarefa fácil, requer
muito treino e descanso na medida certa.
Vivemos em constante conflito diante
das dualidades, do que se deve ou não
deve ser feito. Estamos, constantemente,
inseridos nesse cenário de possuirmos
direitos e divertimentos, como também
obrigações e deveres. O problema é que às
vezes esses antagonismos não são dosados
de maneira correta por alguns. Por conta
disso, uma fresta é aberta, e por ela,
acabam cavalgando uma série de outros
problemas, em diversos graus, tomando e
invadindo a vida da pessoa. A meu ver,
para esse assunto, não há meio termo, ou
se trilha por um caminho, ou por outro.
Não dá pra torcer por dois times sendo que
eles são fanaticamente rivais.
Diante dessas cogitações, algumas
perguntas começam a erigirem na mesma
proporção. Será que desafiar os nossos
limites, a esse ponto, vale a pena? Que
tipo de sacrifício temos que fazer para
obter sucesso? Sabemos que a sua
- 52 -
......
conquista não é uma tarefa das mais
simples, ele requer inúmeros outros
ingredientes cumulativos e o que não
faltam são candidatos. Para tê-lo é como
se preparar uma receita, e o sacrifício é só
mais um dos ingredientes, sem contar que
os resultados só são percebidos depois de
expirado um longuíssimo prazo.
Conviver com o limite é por em
prática o sacrifício. Este, por sua vez, te
desgasta, mas te mantém como uma
rocha, além de trazer felicidade e sensação
dever cumprido. Ninguém deve se doar aos
prazeres e aos pecados, pois eles são
armadilhas repletas de grilhões prontos
para aprisionarem mais um escravo de
forma perpétua. Além disso, deles
decorrem outros males, como o sentimento
de culpa, frustrações, tristeza imotivada e
por fim, o pior deles, o fracasso. Vencer as
tentações não é fácil pra nenhum ser
vivente, ninguém vence esse obstáculo
sozinho. As tentações só satisfazem a
carne, não a paz da sua consciência.
Viver satisfazendo a carne é o mesmo
que agir como um animal de corte, onde
todas as regalias são concedidas para
depois ser levado ao matadouro e ser
abatido de forma impiedosa. Contudo,
anime-se você pode remar contra essa
- 53 -
......
maré de ilusão, ser forte e lutar contra
tudo e todos. Ademais, a lei da natureza de
que só os fortes sobrevivem, não se aplica
somente ao reino animal. Certa vez ouvi
uma ilustração curiosa de um professor,
ele disse que nossa sociedade não é muito
diferente do reino animal. Ele frisou que:
“Na sociedade humana o homem bem
sucedido (macho mais forte) se casa com a
mulher mais bonita (melhor fêmea). Juntos,
eles conseguem preservar suas espécies
dando o melhor conforto e principalmente a
melhor educação para sua descendência.”
Achei essa comparação um tanto quanto
atrasada e machista, mas fique a vontade
para tirar suas próprias conclusões.
Nada é construído com brincadeira
ou desleixo. Se ilude quem acha que pelo
fato de está fazendo o que é o certo já é o
bastante. Nunca se chega a um ponto
máximo achando que já se fez tudo. Não se
deve dá espaço para a passividade nem ao
erro por omissão. Quanto mais se quer,
maior o sacrifício e isso vale para todas as
áreas. Se você quer se dá bem na sua vida
familiar, você terá que abrir mão de sua
vontade própria. Se quiser ter um bom
salário terá que ser um profissional
diferenciado.
Todo sacrifício evolui de forma
gradual. Não faça nada que seu corpo e
- 54 -
......
sua mente não possam ou não estejam
moldados a suportar. Ás vezes a gente tem
que fazer o que ninguém faz, para ter o
que ninguém tem. Por fim, num futuro
bem distante, o senhor do tempo, nos
revelará numa reflexão oportuna, se tudo
foi, ou não, em vão.
Terra de Josué Montello/MA, 26/02/2010
- 55 -
......
“(...) Tente. Basta ser sincero e desejar
profundo / Você será capaz de
sacudir o mundo, vai... Tente outra
vez / Tente / E não diga que a vitória
está perdida / Se é de batalhas que
se vive a vida /Tenha fé em Deus,
tenha fé na vida /Tente outra vez (...)”
Raul Seixas
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......
O MACHADO DE ASSIS DA CAIXA
H
á pouco vi uma nota de que o
Banco Caixa Econômica Federal
(CEF) tirou do ar um dos seus
comerciais que fazia parte de uma
campanha sobre a história da instituição.
A determinação da remoção partiu depois
da sinalização atenta da SEPPIR. A
polêmica girou em torno da retratação
equivocada que os produtores do vídeo
fizeram quanto da inobservância da
verdadeira raça do admirável escritor
Machado de Assis, protagonista principal
do anúncio.
Como todos sabem que, além de ser
um dos festejados escritores já nascido,
Machado teve que ultrapassar diferentes
barreiras para se tornar o que foi. Era
humilde, epilético, gago e mulato, não que
esses predicados o fizessem menos
importante, mas todos sabem que esse
mundo preconceituoso que vivemos ainda
tenta sectarizar certas características.
Antes de tudo, vale ressaltar que, se
observado a etimologia da palavra mulato,
essa sim por si só já é uma afronta, senão
- 57 -
......
vejamos. O vocábulo advém do termo em
latim mulus que adaptado para o
português se torna mula, aquele animal
híbrido gerado do cruzamento do jumento
com égua. Além disso, o termo era
utilizando pelos escravocratas para tentar
estigmatizar e justificar toda a ideologia
opressiva que eles sustentavam contra os
negros, impondo a raça branca como
superior.
A superprodução tinha como enredo
a passagem que o gênio teve na época
como cliente do banco. Retrataram seus
depósitos na caderneta de poupança, bem
como a sua histórica carta testamentária.
A publicidade contava com um cenário de
época digno de uma novela das oito. O ator
era bem afeiçoado e se esforçou muito
para bem representar o nobre escritor.
Tudo ia bem se não fosse um detalhe
imprescindível. O ator era alvo, o Bruxo do
Cosme Velho era negro.
Todo esse desconforto não passou de
um mal entendido e foi prontamente
contornado pela Caixa, até porque se
percebe que não houve má-fé, no máximo
desleixo e mau preparo por conta da
agência de publicidade contratada. Porém,
esse fato não deve passar despercebido e
nem muito menos eximir os envolvidos
pelo erro grosseiro, devendo os mesmos se
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......
retratarem proporcionalmente ao enfado
gerado. Foram omissos, insinuaram uma
espécie de racismo velado, não afrontando
somente uma raça, bem como toda a
identidade de uma nação. No fim a
publicidade foi reformulada e veiculada de
forma contentável, antecipada por uma
breve e tímida nota de desculpas.
O que ficou como lição principal é
sentir que a cabeça do brasileiro está
mudando e deve se modificar rápido, tendo
o governo papel fundamental nisso. O
brasileiro mais consciente de seus direitos
está sabendo, em alguns casos, reclamar e
exigir, a palavra certa é exigir, mais
respeito por conta do Estado. Não está
deixando passar certas coisas, o que nos é
muito válido já que este País sonha em ser
forte.
Terra de Aluísio e Artur Azevedo/MA, 28/08/2011
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......
AMAZÔNIA ATRAVÉS DE BELÉM
H
á pouco tive o prazer de desfrutar
uma semana proveitosa de lazer e
passeio na cidade de Belém, capital
do estado do Pará, considerada o berço da
Amazônia. Não foi difícil perceber porque a
cidade condiz realmente com todos os
adjetivos e características a ela atribuídas.
O que pode ser percebido pela curta
estadia que passei, é que a cidade em si é
bem preenchida, quase sem espaços vazios
e de boa mobilidade. Assim como em
muitas cidades brasileiras centenárias, ela
mescla o antigo e o novo em sua
arquitetura. Existem ali, desde palacetes,
casarões e palácios a grandes arranhas
céus. E já fazendo justiça com o local,
tanto a arquitetura antiga como a nova,
salvo reservas, estão de parabéns.
Uma figura histórica que, mais me
chamou atenção, pela sua importância, foi
a figura do engenheiro Antonio Landi, ele
era uma espécie de arquiteto oficial do
império da época. Ele construiu os mais
importantes prédios, e contribuiu de
maneira
fenomenal
para
o
- 60 -
......
desenvolvimento da cidade na época da
colônia.
Entre as visitas obrigatórias, a que
mais me empolgou foi a longínqua e
imponente Praça de República. Ela abriga
anfiteatros, monumentos e estátuas de
bronze, e ao qual está inserido o Teatro da
Paz, um lindo monumento dedicado
exclusivamente às artes, erigido com os
ganhos voluptuosos da borracha. Sua
fachada impressiona com enormes bustos
feitos de mármore de algumas figuras de
relevância nacional.
O Museu do Estado do Pará, antiga
sede de governo, demonstra um nobre
conjunto mobiliário, com peças ricamente
adornadas, dos séculos XIX e XX. Isso leva
a ideia de que o material mais importante
de uma construção, naquela época, era a
arte. O lugar apresenta uma pinacoteca
impressionante
e
uma
riqueza
de
informações históricas. Só mesmo um
bloco de notas de grande capacidade seria
suficiente para absorver as inúmeras
informações fornecidas.
O
mercado
do
Ver-o-Peso
é
constituído por uma feira e dois mercados,
é um estratégico centro de abastecimento
da cidade. Contém também uma farmácia
natural das diversas plantas extraídas da
Amazônia. Degustar uma autêntica tigela
- 61 -
......
de açaí, antes de sair para o passeio, no
mercado é um combustível indispensável.
Outro atrativo forte da cidade é sem
dúvida sua culinária, pude provar pratos
dos mais variados sabores, o primeiro
deles foi a Maniçoba. Ela é preparada com
folhas de mandioca junto com carne
suínas com uma preparação bem peculiar
que demora dias até ficar pronta. Também
provei do prato mais caro, e com razão, o
delicioso Pato no Tucupi.
Em relação a fauna e a flora do lugar,
existem dois locais específicos para
visitação que são o Mangal das Garças e o
Museu Emílio Goeldi. O primeiro situado a
beira-rio é espetacular, possui uma
variedade de aves que é impressionante,
incluindo também um borboletário, com as
mais variadas espécies e um belo farol
panorâmico. Já o museu que é a mais
relevante instituição científica da região,
abriga um universo mesclado de animais
exóticos pouco vistos em outras regiões do
planeta.
A Estação das Docas, antigos galpões
do porto belenense, além de toda a sua
sofisticação e modernidade e lugares com
os mais diferentes atrativos. Lá ainda se
encontra um cardápio de sorvetes com os
- 62 -
......
mais variados sabores oriundos de frutas
típicas da região.
E por fim, a grande lição que Belém
deixou foi a interação entre o homem e a
natureza, a cidade rodeada e influenciada
pela grande floresta mãe. Sua soberania
deve ser respeitada, acabar com ela é
atestar, a posteriori, a destruição humana.
Temos a consciência que somos
hipócritas, e que nós fazemos é muito
pequeno em comparação ao que já foi
destruído. Fingimos que estamos fazendo
algo pela preservação, só para alienar a
grande massa. Porém existe outra opção,
podemos agir com inteligência e mudar o
rumo da história, mudar nosso estilo de
vida, em prol da existência da natureza e
humana a eterno prazo.
Ilha de Upaon-Açu/MA, 13 de julho de 2010
- 63 -
......
A VIDA NO CENTRO
N
ão sei porque, mas o centro sempre
despertou
em
mim,
uma
curiosidade especial. Digo, o centro
urbano, aquele comum em qualquer
cidade, seja ela grande ou pequena. Assim
que saí de casa, tinha em mente o
seguinte, já que ainda não podia realizar
minha obsessão, que é morar perto do
mar, nada mais oportuno do que passar
uma temporada no centro, no intuito de
sugar tudo que ele tem, de bom, para
oferecer. Dito e feito, essa vontade já tenho
como realizada, estou há quase quatro
anos morando no centro de São Luís.
Nesse tempo, pude fazer bastante coisa,
principalmente no tocante a minha
formação cultural e humanística. Hoje,
dou-me por satisfeito, já quero mais é sair
daqui, do aluguel e ter meu primeiro lar,
não importa onde.
Mas, o que quero frisar, é que ele
começa a fazer parte de nossas vidas, aos
poucos, quando temos que ir ao seu
encontro, seja para resolver algum
problema, comprar algo de necessidade
- 64 -
......
básica ou simplesmente, passear. O centro
é a mola propulsora que norteia o
crescimento das metrópoles rumo as suas
bordas limítrofes, além de funcionar como
uma espécie de embrião da sociedade. Pelo
menos eu, quando quero conhecer a
história de uma cidade inicio pelo seu
nascedouro, o seu centro.
Quando
tinha
menor
estatura,
porque pequeno ainda sou, sempre que
dava, acompanhava minha mãe na ida ao
centro de Teresina. Nessas andanças,
entrávamos, inevitavelmente, em contato
frontal com seu trânsito caótico, comércios
abarrotados de gente e instituições sóbrias
dos mais variados tipos e estilos
arquitetônicos. Em meio a toda essa
balbúrdia,
percebia,
quase
que
poeticamente, a existência de algumas
casas bem antigas e cheias de mistérios.
Geralmente, elas eram vistas sempre com
suas portas e janelas fechadas. Porém,
esse detalhe não era suficiente para
encobrir o leve sinal de que alguém, por
ali, ainda morava. Como recompensa pelo
esforço a gente parava numa dessas
lanchonetes para degustar de um delicioso
pastel de carne e um caldo de cana
(garapa) gelado.
- 65 -
......
Em vista disso, sempre munido de
boa-fé, ficava intimamente tentando
imaginar como era a vida daqueles
moradores, nada comuns, para nós que
morávamos em bairros. Na melhor das
hipóteses, suponho que esses tipos
recintos, na sua grande maioria, sejam
habitados por singelos velhinhos em busca
de descanso, depois de terem dado um
duro danado a vida toda. Outra
possibilidade que surge nesse tocante, é
que esses locais podem ser também
habitados
por
artistas,
estudantes
universitários, viajantes e até adeptos da
sociedade alternativa. Em contrapartida,
na pior das hipóteses, nada impede que
figuras esquisitas, seres enigmáticos e
demais viventes das sombras busquem o
local para se esconderem propositalmente
da sociedade, por padecerem de algum tipo
de anomalia ou distúrbio psicológico.
Porém, o que me fascina no centro é
seu exagero, sincretismo, confusão e
pluralidade de opções. A cada passo dado,
um cadinho de raças faz com que a gente
se depare com diferentes faces de pessoas
vindas das mais variadas partes. Quando
a cidade é cosmopolita então, fica mais
comum observar esse detalhe. Para as
classes B, C e D, não há lugar melhor para
se fazer compras, em um pequeno raio, é
- 66 -
......
possível transitar por inúmeras lojas em
busca do melhor negócio. A maioria das
coisas que a gente quer, tá lá e tudo que a
gente não quer, tá lá também. Não
importa, quase tudo pode ser encontrado
pelo centro.
Morar no centro têm inúmeras
vantagens: todo mundo sabe onde fica,
todos os ônibus passam por lá e quase não
falta água, nem energia. Nada mais justo,
para um lugar que é considerado a torre
de comando das decisões citadinas. Nesse
diapasão, não acho que morar no centro
seja um defeito, muito pelo contrário, se
observados
os
aspectos
positivos
anteriormente citados, pode até ser
considerado uma virtude.
Porém, da mesma forma que o centro
pode angariar encantos de gente como eu,
ele pode também ser um local considerado
repulsivo para outros. Às vezes me sentia
até constrangido em revelar que morava
por lá para alguns conhecidos. Muitos têm
uma visão negativa em relação ao local.
Não posso tirá-los as suas razões, é
comum notar que esses locais não têm a
devida atenção das autoridades. Muitos
prédios, praças, casarões antigos e
monumentos históricos estão em completo
abandono, sofrendo com uma rápida
- 67 -
......
decadência, agravado principalmente pelo
seu mau uso.
Outro ponto negativo em relação ao
centro acontece na sua noite, quando ela
cai, abrem-se as cortinas para as trevas, e
ele se torna um antro de perdições.
Fecham-se os comércios e trabalhadores
dão lugares a uma série de desocupados.
Ladrões de toda sorte aproveitam o
momento para subtrair, os pertences de
algum desavisado, quando não, a vida.
Entram em cena os desabrigados,
andarilhos, moradores de ruas e viciados
em busca de extravasamento. Eles se
direcionam ao local para beberem,
fumarem e se entorpecerem com os mais
variados tipos de substâncias. Por conta
disso, o local fica cada vez mal ocupado,
poluído e depredado, tanto fisicamente
como visualmente. A promiscuidade moral
e carnal talvez sejam os seus piores
problemas. Prostitutas se posicionam
estrategicamente, próximas às pousadas
que servem de fachadas para motéis, em
busca de clientes, a cena é uma das mais
deprimentes. Bem, esse é o lado ruim dos
centros, não a sua noite, mas as sujeiras
que eles atraem.
Para encerrar o assunto, não posso
me dar ao luxo de recusar a realidade que
- 68 -
......
a época contemporânea me impõe. Não
devo me distanciar da modernidade, do
novo, pois agindo diferente, em nada
estaria contribuindo para meu futuro. A
maioria das coisas modernas não me atrai,
porém tenho que aceitá-las. Quero
aproveitar o momento para deixar claro
que o centro não é o meu mundo, mas é
um mundo que não posso ignorar. Ele é
senhor de muitas respostas, além de servir
como ponto de partida para entendimento
de muitas coisas. Portanto, independente
de está lá ou não, de uma forma ou de
outra, ele sempre fará parte de minha vida
e creio que da sua também.
Ilha do Amor/MA, 30 de janeiro de 2010
- 69 -
......
“Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu seu único Filho, para
que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna”.
João 3:16 (Bíblia Sagrada)
- 70 -
......
TECNOCENTRISMO
A
ntigamente,
diante
das
novas
ideologias que surgiam e se
organizavam
rapidamente,
os
pensadores para sustentar suas novas
correntes de pensamento, criavam uma
espécie de palavra chave para dar ênfase
naquilo que acreditavam. O mundo passou
pelo Teocentrismo, Antropocentrismo e
Geocentrismo, onde essas tendências se
tornavam o centro do universo e ditavam
regras que marcavam toda uma época.
Atualmente, se cogita a ideia de que a
sociedade tem como o epicentro das coisas
a tecnologia. O mundo, as coisas e o
homem circulando em torno dela. Diante
dessa nova ordem, que poderia muito bem
ser chamada de “Tecnocentrismo”, o
planeta subitamente se organiza. A
tecnologia, assim como muitas outras
coisas, surgiu para beneficiar. Todavia,
assim como o homem, ela é também
passível erros, e dependendo da situação
pode ser utilizada de maneira não muito
proveitosa.
- 71 -
......
Desde a Revolução Industrial surgida
Inglaterra, o mundo vivenciou uma nova
realidade que perduraria até hoje, a
mecanização gradual das linhas de
produção nas fábricas. Isso ocasionou a
inevitável dualidade entre criador e
criatura, pois o homem ao mesmo tempo
que criou a máquina para auxiliá-lo,
também se sentiu ameaçado, haja vista
que uma só máquina tomava o trabalho de
muitos operários.
Essa modernização gerou aumento de
produção e lucro de poucos, em paralelo a
muito desemprego, flagelo e ira por parte
de muitos, que sofreram com as
repentinas mudanças. Houve revolta, com
a consequente quebra das máquinas, que
dava início ao movimento chamado de
Ludismo, que foi o levante de operários
contra, as máquinas, suas desleais
competidoras.
Trazendo os fatos para os dias
hodiernos sabe-se que a tecnologia, se
tornou uma arma poderosa nos mais
diversos setores da sociedade, auxiliando
no
combate
do
isolamento,
desconhecimento e burocracia.
Ela atualmente é mais comumente
utilizada como ferramenta de pesquisa,
lazer,
entretenimento,
trabalho
e
comunicação tudo disponível a um só
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......
clique, portanto devendo, ser vista com
bons olhos, principalmente se usada de
maneira racional e não de maneira
consumista.
No campo científico quando quer,
produz
maravilhas,
auxilia
nas
descobertas
científicas
auxiliam
no
prolongamento da vida, através do
desenvolvimento
de
vacinas
e
medicamentos no combate e tratamento de
doenças que afligem a humanidade. Ajuda
ainda
a
implantar
também
meios
sustentáveis de energia que contribuem
para diminuir danos ambientais que
posteriormente garantirá nossa vivencia
futura aqui na Terra.
Bem mais presente, nessa realidade
tem-se o computador, nas suas mais
diversas variações, como carro-chefe,
dessa invasão tecnológica em nossas
vidas. Em pouco tempo o PC tomará conta
de todos os lares e passará sintetizar todas
as mídias existentes, impulsionando um
novo modelo de equipamento minúsculo e
portátil, capaz de nos auxiliar nas tarefas
diárias, que vão desde um simples
pagamento de contas até a regulagem de
temperatura de uma casa.
Quem vê esse leque de benefícios e da
praticidade que a tecnologia proporciona
- 73 -
......
principalmente no mundo doméstico, não
imagina que numa visão ampla, essa
relação ainda gera sérios conflitos.
Ter domínio tecnológico entre as
nações, significa ter poder. Quando mais
se desenvolve a tecnologia, mais um país
imprimi domínio sobre o outro. Um
exemplo na prática disso é o poderio bélico
dos EUA, que por ter um exército e armas
mais modernas acaba por ser uma nação
destemida perante as outras. Isso sem
contar dos seus avanços internos, sempre
à frente investindo pesado em pesquisas
espaciais e mecanização de indústrias,
acaba fazendo com que eles alcancem
níveis altíssimos de crescimento na
economia.
Essa fórmula exata de investimento
em tecnologia e posterior retorno, brota
cobiça por parte de alguns líderes políticos
que viram nesse modelo uma forma
precisa de obterem respaldo perante o
mundo.
Muitos
chefes
de
estados
manuseiam
e
armazenam
clandestinamente elementos nucleares de
forma perigosa sob o pretexto de o fazerem
unicamente com intuito de energia
alternativa.
- 74 -
......
Mas, qual será a real intenção por
trás disso? A corrida desenfreada pela
construção de usinas nucleares, além de
aumentar o risco de contaminação por
vazamento, possibilita o uso alternativo e
pernicioso em prol da guerra, já que a paz,
ainda é muito relativa entre as nações.
Vivemos em meio à instabilidade,
núcleos de conflitos explodem no mundo
todo com grande facilidade. O que
preocupa é que essas substâncias
radioativas, que podem muito bem serem
convertidas em armas de destruição em
massa, caiam nas mãos de terroristas com
cargo políticos o que geraria enorme
tensão.
Partindo para retíssima final, fica
evidente que por mais, que a humanidade
se empenhe para resolver os problemas do
mundo com avanços, é salutar ressaltar
que, uma ação sempre gera uma reação. E
que por mais que essa ação, em princípio,
seja feita de boa-fé, nem sempre, ela fará
jus ao motivo pela qual foi criada, e aí sua
reação poderá ser a mais diversa possível.
Texto
selecionado
e publicado na Antologia
Entrelinhas Literárias lançada pela Editora Scortecci São Paulo/SP – 2011.
- 75 -
......
ILHA DA CULTURA
S
ão Luís do Maranhão foi eleita, mais
do que merecidamente, Capital
Brasileira da Cultura do ano de
2009. Nada mais justo para uma cidade
que
representa
um
santuário
de
manifestações das mais variadas raças,
das quais se congregam mais fortemente a
indígena, europeia e a africana.
O reconhecimento, apesar de tardio, é
muito justo não só pelo fato de todo
conjunto artístico-cultural que a cidade
dispõe, mas também principalmente pelo
carisma e pela generosidade de seu povo.
Esse fato realça ainda mais o valor de seu
patrimônio humano, material e imaterial,
que lhe acompanha desde o dia de sua
fundação pelos franceses há séculos.
Não há lugar mais digno para
representar esse título do que essa capital,
ela reúne em um delimitado espaço que a
ilha permite, um vasto campo de opções de
entretenimento e lazer para toda uma
sociedade.
Um mundo à parte, fascinante!
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......
Costuma-se dizer que para alguém de fora
conhecer resumidamente o Brasil, a
capital padrão para isso seria São Luís.
Cogita-se a ideia de que aqui há um
exemplo detalhado de que é o Brasil no
seu todo.
Somos uma ilha, temos mar, chuva,
sol, arquitetura antiga e moderna, povos
brancos, negros, indígenas e amarelos,
dialetos, história, futuro, letras, rio, dança,
boi, lendas, enfim tem tudo, que alguém
possa procurar.
O Reviver, ponto de referência e berço
de nossa sociedade e cultura é o palco
perfeito para se deparar com a identidade
de São Luís. Seu fervor sua importância
entra na mente e no coração de seus
visitantes da onde se recusa a sair. Local
de fervura cultural abriga entre outras
coisas apresentações, seminários, eventos,
encontros das mais diversas áreas do
conhecimento.
Espera-se que desse título surja
também incentivos em todos segmentos,
através de políticas de preservação.
Devemos defender sempre de maneira
ferrenha nossos povos em especial os
indígenas e quilombolas, nos seus
costumes e tradições.
O meio-ambiente da ilha precisa de
- 77 -
......
atenção especial, sua natureza é peculiar.
No tocante ao patrimônio arquitetônico,
nossos casarões devem ser reutilizados
racionalmente, reformando-os e dandolhes sustentabilidade de um, ou de outro
modo. Um bom começo seria se esses
prédios fossem alocados com instituições
dirigidas ao ensino cultural, centro de
pesquisas histórico-artísticos, bibliotecas,
pontos de visitação, museus, e etc., pois
assim não ficariam ociosos e possuiriam
uma utilidade. E assim sendo, a ilha de
Upaon-Açu não passará a ser somente a
capital da cultura por um ano, mas sim a
eterna capital da cultura o que nos
orgulharíamos muito.
- 78 -
......
PODER PARA O POVO PRETO
U
ma nova era se inicia na Roma
contemporânea, no país símbolo da
democracia e das oportunidades. É
um momento onde todos esperam que a
nação que rege o mundo, se transforme e
adote uma política assistencialista mais
voltada para o bem-estar humano e para
os menos favorecidos.
A eleição à presidência de um
descendente de mulçumano, negro e órfão
para a Casa Branca nos Estados Unidos,
veio responsabilizar o Senador democrata
recém-eleito Barack Obama em ser o
porta-voz defensor de todas essas minorias
que de certa forma ele descendeu e
representa.
Não
há
somente
uma
renovação de governo para governo, mas
sim, uma mudança radical no perfil de
quem detém nas mãos o poder supremo,
implantando uma experiência nova, que
aparentemente tem tudo para dar certo.
Monteiro Lobato sabiamente, já
profeciava este valoroso acontecimento, em
seu livro intitulado de O Presidente Negro
ele retrata quase que fielmente este
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......
momento, de que num futuro não tão
distante, os EUA poderiam ser governados
por um presidente negro, dito e feito. Mas
ele não era o único a cantar essa pedra,
um conhecido rapper brasileiro já
estampava escrito em seu antebraço, em
forma de protesto, um dizer: "poder para o
povo preto", o que denotava que somente
dando poder as minorias é que realmente
seria feito alguma coisa em prol delas
E realmente pelo menos quanto aos
negros, depois de muitos anos de
exploração,
eles
têm
muito
que
comemorar, hoje eles se destacam nos
mais diversos segmentos da sociedade: na
política, na justiça, na música, no esporte
e demais searas. Esse é um grande passo
para por um fim no preconceito étnico, que
cada vez mais ocupa menos espaço na
atual conjuntura mundial.
Fazendo uma breve analogia ao Brasil
com a ascensão de um nordestino, pobre e
"iletrado" ao cargo máximo da Federação e
sua boa performance ao longo de seu
mandato, dá um crédito a mais para
Obama. Isso reforça a ideia de que a
pessoa que tenha sofrido na pele injustiças
e preconceitos, decorrente do descaso
governamental, seja o mais apto ao
comando, justamente por conhecer e saber
- 80 -
......
como é ruim passar por algum tipo de
necessidade. Isso comprova uma tendência
nova de pensamento que já se via ao longo
dos tempos principalmente na política.
Toda
esperança
foi
depositada
naquele em que o povo se espelhou para
por um fim nessa decadente política
ambiciosa,
sangrenta,
egoísta
e
aristocrática,
onde
os
potentados
governavam para si mesmos, atendendo
somente a interesses próprios. Um modelo
um tanto quanto simbólico, a beira do
precipício que há tempos não demonstra
resultados significativos e que hoje incidi
nos mais claros sinais agudos de
aniquilamento.
Mas com certeza não é só isso que lhe
aflige, além da enorme responsabilidade
em conduzir o país mais ostensivo do
planeta, ele possui ainda uma grande
missão de desmanchar a péssima imagem
construída no governo de seu antecessor.
Bush pautado na unilateralidade e em
todo seu poderio bélico, adotou uma
política sanguinária em seu desastrado
mandato, alcançando os mais altos índices
de impopularidade em todo globo terrestre.
Fora isso, há também a enorme crise
financeira que se avança preocupando e
pondo em risco a estabilidade de
- 81 -
......
instituições monetárias que sustentam a
economia universal.
Será necessário que Obama proponha
medidas urgentes para direcionar o mundo
para um novo horizonte. Buscar equidade
social sem recair no populismo, a
conquista do poder acima de todas as
coisas só trará mais sofrimento e
instabilidade aos povos.
É necessário também que não nos
contagiemos com esse clima de euforia,
pois além de parecer inofensivo, Obama é
americano, grato por ter nascido no país
capitalista mais potentado do planeta, e
como todo bom americano não abrirá mão
em deter esse nobre título. Ademais,
diante da teoria da balança social
desenvolvida pelo prof. John Nash, na
lógica capitalista, sempre haverão ricos e
pobres. Não tenha dúvida que qualquer
presidente americano por mais bem
intencionado que seja não tomará decisões
que ponha em risco seu poderio,
conquistado ao longo do tempo através de
muitos esforços e vidas.
Entretanto, apostamos que o novo
presidente americano possa sim buscar
minimizar os impactos prejudiciais de seus
atos que atingem a extremidade mais fraca
do sistema: nós, o restante do mundo. Na
- 82 -
......
sua primorosa campanha ele bem falava:
“Yes, we can,” (“Sim, nós podemos”),e a
verdade eles podem mesmo, podem
inclusive nortear o mundo para o caminho
da paz é isso que todos nós, ansiosamente,
esperamos dele.
- 83 -
......
“Só sei que nada sei, e o fato de
saber isso, me coloca em
vantagem sobre aqueles que
acham que sabem alguma coisa.”
Sócrates
(469-399 a.C.) Filósofo Grego
- 84 -
......
REVIVENDO
N
ão sou natural de São Luís, sou
teresinense, aliás, sou do mundo,
um terráqueo. Sinto-me um pouco
maranhense por ter escolhido essa terra
pra viver e por causa de meu nascimento,
onde nasci fica à poucos metros da divisa
com Maranhão. Até minha adolescência o
Maranhão para mim era só um mapa. Com
o passar do tempo fui adentrando suas
terras até chegar a São Luís.
A primeira experiência foi uma
viagem que fiz pra Timon onde um amigo
do meu pai tinha um sítio pelo lado
maranhense à beira do rio Parnaíba, a
outra foi uma viagem numa caçamba de
uma F-1000 pra Caxias onde pude banhar
em um riacho de águas transparentes.
Mas a melhor foi viagem foi para São Luís,
já adulto com a companhia de parentes
desbravávamos todos os encantos e
mistérios que a ilha oferecia. E entre idas e
vindas acabei decidindo morar em São
Luís.
- 85 -
......
Vários fatores me influenciaram pra
que mudasse de capital a busca de novas
experiências, os seus atrativos históricoculturais, a sede por liberdade e uma das
principais o seu mar. Como pode ser eu
tão apaixonado pelo mar e nascer na única
capital sem mar do nordeste. Era como se
trocasse São Paulo pelo Rio, o stress pela
qualidade de vida. São Luís foi uma
atração fatal, meu perfil se encaixa com o
da cidade. Ao conhecer melhor o estado
pude observar da sua imensa e gigante
potencialidade adormecida.
Ao chegar à ilha em 2005, fiquei
hospedado na casa de parentes, era para
passar somente um ano, entretanto devido
ao meu curso, acabei passando dois, o que
não me incomodava muito já que o local
ficava a poucos metros do mar, ia quase
que diariamente a praia. Ao sair de lá
tinha que buscar um novo lar, suei a testa
atrás de um cafofo adequado as minhas
necessidade e compatível com minha
condição. Não exigia muito a única coisa
que prezava era a segurança, um quarto e
um banheiro, só.
Foi aí que ao passear pelo centro com
minha líder-mãe passei em frente a um
hotel chamado de Casa Grande, um
casarão colonial antigo com uma fachada
imensa de três andares. Situado na Rua
- 86 -
......
Isaac Martins próximo a Fonte do Ribeirão
entrei e avistei uma senhora mais um
senhor sentado à mesa e, de forma bem
direta, propus mora lá. No diálogo não
chegamos a um consenso e sem perder
tempo saio em busca de um novo local. É
quando, já a alguns metros, a senhora
vem me chamar e aceita minha
permanência. Tive sorte, pois aquele
senhor era dono do hotel e não estava todo
dia lá. Logo me adaptei meu quarto era o
308 com vista para os telhados escuros
dos casarões, minha companhia eram os
pombos que se abrigavam em cima de meu
teto fazendo barulho. Logo nas primeiras
noites a chuva quase que inunda meu
quarto todo, molhando todo meu colchão.
Perto de tudo me vi possibilitado de
prospectar diversos outros rumos até
então tolhidos por falta de liberdade. Lá
era constante um maior número de
pessoas de todos os lugares. E é lá onde os
poderes se encontram é onde se
concentram
igrejas,
praças,
prédios
públicos, bibliotecas, tribunais, teatros
etc. Por muitas vezes levado por minha
curiosidade assisti tanto na Câmara como
na Assembleia calorosos discursos de
políticos que dificilmente temos acesso. Lá
também sempre que podia ia a Academia
- 87 -
......
Maranhense de Letras (AML) ver alguma
posse, palestra ou solenidade de cunho
literário.
Vi muitas vezes eventos, shows,
peças e apresentações a preços ínfimos e
às vezes até de graça. Frequentava todas
as segundas-feiras a Biblioteca Benedito
Leite ler os volumosos jornais de domingo
os meus preferidos. Tentei também me
aproximar de turistas das mais variadas
partes. Enfim, aproveitei tudo que o centro
podia me oferecer, foi minha verdadeira
revolução cultural. Ao dia preferia ficar na
“Cela da Liberdade” nome que batizei meu
minúsculo quarto de 4x2 m lendo,
escrevendo ou me dedicando as tarefas da
faculdade.
O Reviver foi também palco para boas
lembranças, através da Bandida prévias de
carnaval, onde se reuniam milhares de
foliões de todas as partes, brinquei um dos
melhores carnavais da minha vida. À noite
aquilo fervia após voltar da universidade
sempre dava uma passadinha por lá, para
observar o movimento e notar o que se
passava, via de tudo: roqueiros, punks,
transgêneros tinha até gente comum.
Lamento que o local não seja freqüentado
por intelectuais, poetas e pensadores já
que o local conspira a favor, mesmo pela
- 88 -
......
noite pra conversas sobre cultura,
economia e ciências afins. Lamento
também a condição que se encontram
alguns casarões muitos deles estão à beira
da perda total. Não podemos deixar isso
acontecer, aquilo é um dos maiores
patrimônios que o Maranhão tem e que
carece de políticas que implementem
reformas,
uso e
conservação para
atrairmos
maiores
investimentos
e
consequente sustentabilidade que o local
precisa.
- 89 -
......
ENCONTRO DE DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
N
os dias 9 e 10 de maio de 2008, em
São Luís, assisti um encontro
jurídico pré-citado no título desse
texto. Um evento que veio enaltecer um
pouco mais o nosso conhecimento acerca
de matérias polêmicas que circundam o
Direito
o
Processual
Civil.
Vários
palestrantes de renome nacional deixaram
suas
marcas
nesse
valoroso
acontecimento. Dentre eles, estavam
presentes: Pedro Lenza, Clilton Guimarães,
Misael Montenegro, Ney Bello, Bento
Herculano entre outros. Foram abordados
vários
temas,
focando
uma
só
preocupação, a consequência da atual
reforma
do
CPC
diante
da
E.C.
Nº45/2004, e suas contribuições e efeitos,
para a consolidação e preservação da
celeridade processual.
Autor de vários livros jurídicos, Pedro
Lenza foi categórico em afirmar que se
deve ponderar o princípio da celeridade,
paralela a uma razoável duração do
processo, observando lógico, a sua
- 90 -
......
qualidade
e
efetividade
na
devida
prestação jurisdicional, tão resguardada
por essa reforma em questão. Pedro
aprofundou sua tese falando sobre o tema
das súmulas, ressaltando suas espécies e
contribuições no sentido de proteger a
rápida solução de um conflito judicial.
Numa
outra
conferência,
ficou
incumbido ao jovem advogado Misael
Montenegro, se pronunciar a respeito do
novo regime de execução civil à luz da
recente reforma do CPC. Ele iniciou sua
palestra com um tom meio áspero,
afirmando, e com razão, que o CPC está
desnudo, e que existe em nosso
ordenamento, excesso de leis, que não
contribuem em nada para uma boa
prestação da ordem jurisdicional. Nessa
mesma veia, afirmou também que se o
Poder Judiciário fosse uma empresa, já
teria tido a muito sua falência decretada.
Entrado propriamente no assunto em
questão, ele afirma que na jurisdição
executiva, o juiz está munido de função
substitutiva e que também pode, invadir o
patrimônio do devedor para que este quite
sua dívida. Misael concluiu dizendo, que
hoje, o processo passou a ser dividido em
etapas,
criaram-se
as
fases
de
conhecimento, de instrução e a executiva,
onde tais medidas foram cruciais para
- 91 -
......
instalar
a
unicidade
processual
e
resguardar o aceleramento da atividade
processual.
Na sequência, o Dr. Wanner Franco
deu uma belíssima palestra expositiva
abordando o assunto da relativização da
coisa julgada, e começou tecendo seus
comentários desmistificando o conceito de
lide, que em seu mais comum conceito diz
que lide é o interesse do autor diante de
uma pretensão resistida pelo réu. Wanner
discorda desse conceito, afirmando que é
possível que haja um processo sem essa
devida “pretensão resistida”, como p.ex. no
caso de uma pessoa que contrai, sem
saber, matrimônio com um traficante, para
haver a separação nesse caso, não há
necessidade da concordância da outra
parte. Ele ressaltou também de como as
crises jurídicas prejudicam o andamento
do processo e de qual deve ser o verdadeiro
papel do acesso à justiça, não basta
somente se ter o acesso de petição, se deve
ter também uma satisfação embasada
numa resposta bem fundamentada a
respeito do que se está litigando. Ainda
nessa mesma esteira, afirma que a coisa
julgada deve ser pautada na observância
dos pressupostos processuais mais as
condições da ação, para a preservação da
- 92 -
......
segurança e eficácia jurídica. Ele continua
ainda explicitando, sobre a colisão entre os
princípios constitucionais de acesso a
justiça, segurança jurídica e coisa julgada,
afirmando que a solução desses três
institutos se resolve com a aplicação
imediata
do
princípio
da
proporcionalidade, onde se deve mitigar
um princípio para beneficiar outro, de
acordo com a necessidade dos fatos,
aplica-se o princípio menos gravoso para
cada caso.
O Procurador Regional da República,
Felipe Peixoto, trouxe uma exposição sobre
o dano moral no século XXI, sua
conferência foi marcada, por inúmeras
ilustrações
trazidas
para
melhor
compreensão do assunto abordado. Ele
iniciou sua fala citando um provérbio
oriental que diz: “Só fale quando você
puder melhorar o silêncio”. Mais tarde
Felipe traça qual o metro, que mensura o
tamanho da indenização que deve ser
paga, analisando cautelosamente cada
caso concreto em específico. Ele ressalta
também a função dúplice do dano moral,
onde se deve prezar dois aspectos, um
deles é quanto a sua compensação, até
que ponto aquela indenização proposta
pode aliviar o dano sofrido pela vítima, já
- 93 -
......
que “dano” tem interpretação relativa, o
outro aspecto é a respeito cumprimento da
indenização para se desestimular uma
outra ação ofensiva por parte do lesante. O
procurador explanou também, a respeito
da cumulação de danos, afirmando que é
possível p.ex. cumular o dano moral e
estético, no caso de acidentes provocados
por motoristas imprudentes.
E por último, como não dá pra citar
todas as palestras proferidas, vou me
encaminhar para a retíssima final,
transmitindo um pouco sobre o que disse
o Juiz Federal Ney Belo, a respeito da
tutela dos interesses coletivos e difusos.
Ele deu início a sua ideia, ressaltando que
para se chegar a uma verdadeira
efetividade de um direito no seu sentido
subjetivo, primeiro tem que surgir o
interesse simples advindo de algum fato,
onde este respaldado em uma norma, faz
nascer um interesse jurídico que servirá de
subsídio para aplicação do real direito
pretendido. Mais tarde ele traça com
exatidão, a
diferença entre
direito
individual homogêneo, interesse e direitos
individuais, interesse e direitos coletivos e
difusos. Ney finaliza dizendo que direito é
argumentação, é conseguir provar que algo
existe, fundamentado empiricamente, se
- 94 -
......
houver o contrário, só haverá interesse.
Bom esse é um resumo das notas
que tomei durante o encontro. Peço
desculpas
por
possíveis
erros
principalmente no que tange a real
explanação do que foi dito, o que fiz foi
somente reproduzir o que vi, posso ter me
equivocado em alguma de minhas
interpretações. Com certeza a maior
finalidade e lição que tiro desse encontro, é
quanto ao infindável desafio da nossa
justiça em tornar os processos mais
rápidos e eficazes, afastando a insatisfação
e a morosidade da prestação jurídica, que
só reforçam o julgamento negativo da
sociedade diante do verdadeiro papel da
justiça. Acredito que estamos marchando
pelo caminho certo, e que essa caminhada
só termine, quando tivermos uma justiça
rápida e eficaz para todos.
São Luís do Maranhão, 20 de maio de 2008
- 95 -
......
SEMESPAÇO*
E
ssavidacontemporânea,apesardasen
ormesdimensõesterritoriaisbrasileir
as,temmedeixadoumtantoquantosuf
ocado,semespaçoatépararespirar.Nãofalo,e
specificamente,doespaçofísicoemsi,massim
dotermoespaço,emmodogeral.Osjaponesess
abembemdoqueestoufalando.Alémdassuasl
imitaçõesgeográficas,elescondicionadosavi
damenteaotrabalho,cadavezmaisseencontr
amsemespaço,digamosassim,atéparaviver.
Detodomodo,nãopodemosnuncaduvidarda
capacidadequeosnipônicostêmembemviver,
afinaldecontas,sãoosquemaisvivemecomme
lhorqualidade.
Sãotantasasatribuiçõescotidianasque
malconseguimospensardireito,investiremn
ossobemestar.Nãosobralugarparaquasemai
snada.Osistemaécruelesevacilarmoselerou
baaténossasaúde,nossafelicidade.Quemder
asepudéssemosterumapoucomaisdelepara
viverdeformasatisfatória.Nãopornada,masp
araobservarascoisasmaissimples,aquelasb
obagensquenosfazemmaisfelizes.Nãosobrat
emponemparaaproveitaravida,vejamsó!Qua
ntomaisagenteoquer,menosagenteotem.Ab
- 96 -
......
uscapeloespaçoencurtaopróprioespaço.Irôn
iconão?Essacorreriadesenfreadaem“ganhar
avida”,acabanostomandoespaçoemváriosca
mposdelaprópria.
Noespaçofísicoéamesmacoisa.Quemn
uncaficouporhorasehorasrodandopelocentr
oatrásdeumavagadeestacionamento.Enasr
uasdoscomérciosgenteindo,gentevindo,sees
barrandoedisputandoaquelapeçaderoupan
apromoçãodequeimadeestoque.Ah!Quemde
raaomenosterumpoucomaisdele,pormaiscu
rtoqueseja,umpouquinhosóparaqueeupude
sessepelomenosmereorganizar.Andosemes
paçofísico,paraorganizarminhasbagunçasq
uemecercam.Meuslivrosentulhadosvertical
menteparecemzombaremdemim,pornãopod
erpegá-los,sugá-loseextraí-los.Atémeuinse
parávelcomputadortãonovo,mas,jáandades
memoriado.Amemóriarameromaestãocheia
s.Partedissotudoéfrutodeminhaindecisão.
Dividemessedilemacomigováriosoutro
scidadãos.Osrecémformadosquenãoencont
ramcamponomercadodetrabalhoparamostr
arsuashabilidades.Osartistasnãotêmespaç
onasmídiasparadivulgaremeexporemseustr
abalhos.Osescritoresnãotemespaçoparalan
çaremseuslivros.Ocantornãotemespaçopar
alançarsuascomposições.Osestudantesdeis
tituiçõespúblicasnãotêmespaçoparaporsua
carteiranasaladeaula.Porfim,casaseaparta
mentosditospopularescadavezmaispequeno
- 97 -
......
srecebendoapertinentealcunhade“apertam
entos”paracomportarfamíliasinteirasmaiso
sseusdramas.Essaéapobrevidadoserhuma
no,cadavezmaistudocadavezmenosele.
IlhadeSãoLuís/MA,29dedezembrode2012
*Esse texto foi ousadamente submetido à publicação numa
revista onde foi, obviamente, recusado por falta de...espaço.
- 98 -
......
Bônus
DIVAGAÇÕES SOBRE A FELICIDADE
Jovenildes Ribeiro da Silva*
Certa vez ocorreu-me uma vontade
estranha, e em parte compreensível, eu estava
muito feliz, algo bom acontecera, então, comecei a
perguntar-me: o que é a felicidade?
E concluí:
A felicidade é uma força que vem de dentro
de cada um de nós. É a felicidade que nos motiva
a sorrir para um estranho, mesmo sabendo que
ele desaparecerá de nossas vidas em instantes, é
a felicidade que nos motiva a tratar com gentileza
uma criança maltrapilha e faminta e a
considerarmos, mas uma vítima desse sistema
cruel em vez de julgarmos, logo, como um pivete
sem futuro, é a felicidade que nos motiva a
sermos generosos, para com pessoas pouco
afortunadas,
sem
esperarmos
sermos
recompensados, por um ato de humanidade
qualquer, é a felicidade que nos motiva a ter
compaixão do sofrimento da humanidade, mesmo
sabendo que não poderemos resolvê-lo, somos
esperançosos e acreditamos que brevemente ele
terá fim.
Pessoas infelizes são tristes e arrogantes,
são carrancudas e parece-me que não sentem
prazer na vida não veem os milagres que se
escancaram as suas portas. Pessoas infelizes vão
perdendo a capacidade e a vontade de sorrir a
- 99 -
......
cada empurrão que a vida lhes dá, são peritas em
se considerarem sempre vítimas e o resto do
mundo,
seus
algozes.
Pessoas
infelizes
brevemente olharão para trás e verão quantas
oportunidades,
perderam
de
soltar
boas
gargalhadas, de coisas que deram erradas e foi
melhor, do quê se tivessem dado certo.
Acredite a felicidade vai lhe fazer chorar,
algumas vezes, mas não significa que você vai ser
infeliz daí em diante concordemos: é melhor
chorar de felicidade do que de desespero. Na
Bíblia, o livro-texto dos cristãos, encontramos a
seguinte afirmativa, de Jesus Cristo: “Felizes são
os que choram porque serão consolados”. (Mateus:
5,4) E que tal o “chorar de felicidade”? E o
consolo? - Mais felicidade!
A felicidade é simples e natural, como o
amanhecer, nós é que gostamos de complicar as
coisas, por exemplo: se eu tivesse um carro, se eu
tivesse um amor novo, se eu fosse rica, se eu
tivesse saúde, eu seria feliz. Se sua felicidade
depender “do ter,” você nunca será feliz! Certa
vez, em uma conferência para casais, o
apresentador se dirigiu a uma das participantes e
fez a seguinte pergunta? Seu marido a faz feliz? A
resposta foi: não... (O marido não sabia o que
fazer, de tão envergonhado que ficara, se pôs a
lembrar da convivência, que até então tinha sido
boa, sua consciência não o acusava de nada,
tinha sido. Até aquele momento, um dos melhores
maridos, nunca lhe deixara faltar nada, então
porque ele não a fazia feliz?). Seus pensamentos
foram interrompidos, com a continuação da
resposta da esposa, ela ainda não terminara,
disse ela: ele não me faz feliz, eu sou feliz! O
auditório irrompeu em aplausos e o marido ficou
- 100 -
......
aliviado! Pois é, um carro pode bater, um amor
novo pode ficar velho, o rico pode empobrecer, o
saudável pode adoecer e no final só vai restar
você, feliz ou infeliz? É você quem vai escolher!
*Graduanda do 5º período do curso de Letras/UEMA.
- 101 -
......
ARTE
DA
CAPA
“Mãos desenhando”
1948 litografia. 332 milímetros x 282 milímetros.
M.C. Escher*
MAURITS CORNELIS ESCHER(1898-1972)
é um dos artistas gráficos mais famosos do
mundo. Sua arte é apreciada por milhões de
pessoas em todo o mundo, como pode ser visto
em muitos sites na internet. Ele é mais famoso
por suas chamadas construções impossíveis,
como Ascendente e Descendente, Relatividade,
seus Prints de transformação, como Metamorfose
I, Metamorfose II e Metamorfose III, Céu e Água I
ou Répteis.
Fez também trabalhos maravilhosos, mais
realistas durante o tempo em que viveu e viajou
pela Itália. Castrovalva por exemplo, onde já se
pode ver o fascínio de Escher em alta e baixa,
perto e longe. A litografia Atrani, uma pequena
cidade na Costa Amalfitana foi feito em 1931, mas
volta, por exemplo, em sua obra-prima
Metamorfose I e II.
MC Escher, durante sua vida, fez 448
litografias, xilogravuras e gravuras em madeira e
mais de 2000 desenhos e esboços. Como alguns
de seus antecessores famosos, - Michelangelo,
Leonardo da Vinci, Dürer e Holbein, MC Escher
era canhoto.
Além de ser um artista gráfico, MC Escher
atuava
em
livros
ilustrados,
tapeçarias
- 102 -
......
desenhadas, selos postais e murais. Ele nasceu
em Leeuwarden, na Holanda, como o quarto e
mais jovem filho de um engenheiro civil. Após 5
anos, a família mudou-se para Arnhem, onde
Escher passou a maior parte de sua juventude.
Depois de fracassar nos exames do ensino médio,
em última análise, Escher foi matriculado na
Escola de Arquitetura e Artes Decorativas em
Haarlem.
(...) Ele jogou com a arquitetura, a
perspectiva e os espaços impossíveis. Sua arte
continua a surpreender milhões de pessoas em
todo o mundo. Em seu trabalho, reconhecemos
sua observação aguçada do mundo que nos
rodeia e as expressões de suas próprias fantasias.
MC Escher mostra-nos que a realidade é
maravilhosa, compreensível e fascinante.
*Fonte: http://www.mcescher.com/about/biography
- 103 -
......
Quem é esse tal “S. Barreto”?
É nada mais nada menos que...
SAULO
BARRETO
LIMA
FERNANDES
germinado
na
capital Teresina, do Estado do
Piauí, no dia 17 de maio de
1983. Filho caçula, tem outros
dois irmãos (Marina e Charles)
todos frutos da união dos
consortes:
Maria
Cesarina
Barreto
Lima
Fernandes
(Sobral/CE) e Charles Arnaud
Pires Fernandes (Piripiri/PI).
Estudou o primário na escola São Francisco de
Assis e o ginásio na escola CEBRAPI. Desde 2005,
encontra-se radicado na ilha de São Luís no
Estado do Maranhão. Aos 16 anos passou para o
Curso Técnico de Transporte e Trânsito no antigo
CEFET/PI. Bacharel em Direito - Universidade
CEUMA e graduando em Ciências Sociais
(Antropologia, Sociologia e Ciência Política) UEMA. Atua hoje, como Educador Social na
Secretaria Municipal de Educação.
Barreto já colaborou com os jornais: O
Estado do Maranhão, Jornal Pequeno e o extinto
A Notícia do Maranhão, além de diversos sites.
Trabalhou, inicialmente como Monitor na Feira do
Livro de São Luís, chegando a ocupar a função de
Logística e Coordenador na mesma. Como hobby,
além da escrita e da prática desportiva de corridas
de rua, nutre desde a infância, a paixão pela
Numismática.
Como empreendedor literário foi um dos
vencedores do I Concurso de Resenhas do
- 104 -
......
Sindicato dos Escritores do Distrito Federal;1º
lugar no XV Concurso Literário Internacional de
Poesias, Contos e Crônicas; 2º lugar e Menção
Honrosa no X Concurso Literário “Prêmio Cleber
Onias Guimarães”; 3º lugar no Concurso Literário
Conto, Crônica e Poesia; 4º lugar no Concurso
Literário Ebenézer; 6º lugar no XXXI Concurso
Internacional Edições AG e o 7º lugar mais
Menção Honrosa no 1° Concurso Internacional de
Literatura da ALACIB.
Além disso, foi convidado para participar da
obra Prêmio Buriti/2010 e na obra Emoção
Repentina. Ainda em 2010, teve também duas
crônicas classificadas e publicadas na Coletânea
de Poemas, Crônicas e Contos, intitulada de
Eldorado. Publicado na obra comemorativa “1000
poemas para Gonçalves Dias” e também
publicado na “Coletânea Transparências”. Por fim,
participou ativamente na produção da obra: “Um
Varão de Plutarco: A saga de Chagas Barreto
Lima” escrito pelo Poeta do Becco, César Barreto
Lima e Marcelo Barreto Alves, inclusive
colaborando com a Apresentação mais dois
textos: “O dia em que Sobral parou” e “Duas
vidas, uma história” – Editora Premius –
Fortaleza/CE – 2014.
Ainda em 2014, publicou Artigo XVII: Um
livro de quase crônicas, seu primeiro livro solo.
Ainda nesse mesmo ano, juntamente com o
escritor César Barreto Lima, foi coautor da
biografia O Poeta do Becco: Uma Viagem no
Tempo. O Livro Artiguelhos é seu terceiro livro
publicado, também, de forma independente.
Críticas: [email protected]
- 105 -
......
Esse projeto só foi possível porque assim
desejou o Senhor Jesus.
“(...) sem mim nada podereis fazer” (João 15:5).
Obrigado Senhor!
A DEUS TODA HONRA E TODA A GLÓRIA!
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......
- 107 -
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