MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada ELETRÔNICA APLICADA COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 1 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Capítulo 01 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ELETRICIDADE E DA de curiosidade até 1.600 dC, quando William Gilbert, cientista inglês, estudou esse fenômeno de forma ELETRÔNICA Eletricidade e eletrônica constituem ciências correlatas, podendo-se afirmar que a eletricidade é a mãe da eletrônica. Apesar de apresentarem a mesma origem, atualmente existe distinção entre as duas concepções. Eletricidade pode ser definida como a ciência que estuda o fluxo ordenado de carga elétrica em um material condutor e seus fenômenos físicos correlatos, como eletromagnetismo, por exemplo. Independente da definição formal em si, no mundo moderno se torna muito fácil perceber o que é eletricidade, pois ela nos cerca a todo instante, permitindo que funcione a maioria dos objetos cotidianos. Só para citar um exemplo: a leitura deste material de aula exige uma máquina movida a eletricidade. Caso se leia à noite, a eletricidade permite que haja luz para a leitura. Na realidade, mesmo nos tempos mais remotos da história, mesmo antes da existência do ser humano na terra, a eletricidade sempre existiu. Fenômenos naturais relacionados à eletricidade, como o raio e os peixes com propriedades de carga elétrica, por exemplo, existiram desde muito antes do surgimento da humanidade. No entanto, os fenômenos elétricos nem sempre foram utilizados de forma organizada e racional pelos humanos como se utiliza hoje. Ao longo do tempo, o uso da eletricidade evoluiu, partindo de observações esporádicas de efeitos elétricos naturais há milhares de anos. Também houve época em que a eletricidade era encarada como “magia” ou “bruxaria”. Depois foi teorizada e estudada até se transformar nessa ciência que se co­nhece hoje. Ainda a palavra eletricidade vem do grego elektron, que significa “âmbar’’, o qual constitui uma resina natural, resultado da fossilização de árvores. Na Grécia antiga, Tales de Mileto observou que o âmbar, esfregado em pele de carneiro, era capaz de atrair fragmentos leves de palha, por exemplo. Com o tempo se percebeu que outros materiais, além do âmbar,tinham essa propriedade. Notou-se que, inclusive, alguns elementos naturais podiam também atrair outros objetos, mesmo sem serem friccionados. Assim os fenômenos elétricos constituíam apenas objeto 2 científica. No trabalho "De Magnete”, teorizou os efeitos naturais das rochas que tinham propriedades de atração de outros corpos, distinguindo-as dos efeitos similares produzidos por fricção. Aliás, deve-se a Gilbert o uso, pela primeira vez, do termo “eletricidade” para o fenômeno de atra­ção gerado pela fricção do âmbar e de outros objetos. Também, no século XVII, tornou-se famosa a experiência, atribuída a Benjamin Franklin, de empinar uma pipa durante uma tempestade, com uma chave amarrada à linha da pipa molhada. Segundo a narrativa, faíscas pularam da chave para a mão do cientista, quando um raio atingiu a pipa, demonstrando que o raio possui natureza elétrica. Muitas outras experiências ajudaram a construir a definição de eletricidade e de suas relações com outros fenômenos. Seguem alguns destaques históricos que merecem menção. Nos anos 1.800, a pilha foi inventada por Alessandro Volta, que conhecia um trabalho de Luigi Galvani, médico italiano. Galvani percebeu que a aplicação de eletricidade estática, com uma haste metálica, nos nervos de uma rã dissecada causava a contração do músculo da rã. A partir disso, Volta concluiu que se tratava de corrente elétrica a qual circulava nos músculos em contato com um metal. Com base nisso, criou a pilha, empilhando (daí o nome “pilha”) alternadamente discos de zinco e de cobre, separando-os com tecidos molhados com ácido. Tal invenção da pilha constituiu um ponto revolucionário na história da eletricidade, pois propiciou a criação do primeiro dispositivo a fornecer eletricidade de forma controlada e estável. Outra contribuição relevante foi dada pelo físico dinamarquês Hans Christian Oersted, que, em 1820, observou que uma bússola mudava sua orientação magnética natural quando se aproximava de um fio conduzindo corrente elétrica. Seus estudos levaram ao desenvolvimento da teoria que prova que há uma estrita ligação entre eletricidade e mag­netismo. Mais tarde o francês Andre-Marie Ampere aplicaria esse conhecimento de Oersted para criar aparelhos eletromagnéticos, como o eletroímã e o galvanômetro. Assim, a evolução desse conhecimento tornou-se fundamental para a história da eletricidade, havendo diversos exemplos que mostram essa importância, como COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL atuais instrumentos de medição, os quais utilizam o princípio do galvanômetro, nas válvulas com solenoides, que usam o princípio do eletroímã, etc. Na mesma época, o físico inglês Michael Faraday descobriu que um condutor elétrico, ao ser movimentado em um campo magnético, gerava eletricidade. Isso não somente confirmava a ligação entre eletricidade e magnetismo, sugerida por Oersted, como comprovava que a corrente elétrica circulava apenas quando havia movimento do condutor. Isso permitiu ao físico criar as bases da relação entre eletromagnetismo e movimento. Mais tarde, o mesmo Faraday estabeleceu as relações matemáticas entre a corrente elétrica e força eletromotriz, o que se conhece hoje como a lei de indução eletromagnética de Faraday. Então, as descobertas de Faraday permitiram o desenvolvimento de máquinas magnéticas, como o transformador e o motor elétrico, largamente usados nos dias atuais. Além disso, o mesmo princípio se utiliza para construção de geradores rotativos, base da moderna geração de energia elétrica atual. Ainda Faraday contribuiu para pesquisas posteriores ao sugerir a hipótese de que a luz seria a propagação das ondas magnéticas elétricas. Mais tarde, em meados do mesmo século XIX, James Maxwell comprovou a hipótese de Faraday sobre a natureza eletromagnética da luz. Essas descobertas formam a base do que se conhece hoje por irradiação eletromagnética, que não só explica a propagação da luz mas também a propagação de ondas eletromagnéticas nas mais diversas frequências isso permitiu que, mais tarde, se criassem aparelhos de rádio, evoluindo-se atualmente para os mais diversos equipamentos de transmissão conhecidos. No final do século XIX, em 1880, o conhecimento acumulado, aliado ao espírito empreendedor de Thomas Edison, permitiu a invenção da primeira lâmpada incandescente comercial. A criação de luz a partir do efeito Joule já era conhecida de Edison, pois diversas tentativas de se criar luz a partir da eletricidade já haviam sido feitas desde o início do século XIX por diversos cientistas. Cabe a Edison o título de inventor da lâmpada por ter criado a primeira lâmpada que podia ser produzida e comercializada. Também Edison é reconhecido pelo espírito inventivo, tendo patenteado mais de 2.000 inventos e criado uma das maiores companhias da história da humanidade, que ainda existe até hoje, a General Electric. Então, a partir da segunda metade do século XIX, a eletricidade propiciou tamanha revolução nos hábitos que a história reconhece ser ela a principal característica da chamada Segunda RevoluçãoIndustrial. Até o início Módulo I - Eletrônica Aplicada do século XX, os inventos e o desenvolvimento da eletricidade já permitiam a geração, a transmissão e o uso da energia elétrica de forma comercial. Apesar de muitos equipamentos elétricos, hoje usados, terem sido inventados naquela época, o salto tecnológico viria com o advento da eletrônica no século XX. Antes da eletrônica, as fontes de eletricidade podiam ser de corrente contínua, como a pilha, ou de corrente alternada, como a gerada pelos geradores elétricos movidos a óleo, a carvão, a água, etc. As variações em termos de tensão, potência, frequência, etc., e mesmo a conversão entre corrente contínua e corrente alternada eram possíveis, mas apenas por meio do uso de pesados equipamentos eletromagnéticos e mecânicos. Em 1904, John Fleming, cientista britânico, inventou um dispositivo capaz de converter corrente alternada em corrente contínua, usando um efeito descoberto por Thomas Edison durante a criação da lâmpada. Esse dispositivo, chamado de “diodo de Fleming”, consistia de uma lâmpada incandescente com um terminal adicional para um eletrodo. Quando a lâmpada acende com o aquecimento do filamento, elétrons acabam sendo espalhados no vácuo. Aplicando-se no eletrodo adicional um determinado potencial (mais positivo que o filamento), os elétrons são direcionados e se cria uma corrente direta entre o filamento e o eletrodo adicional. Tal corrente flui do filamento para o eletrodo, mas o contrário não ocorre, de forma que se estabelece um sentido único de fluxo de corrente. Isso permitiu, num primeiro momento, que esses diodos fossem utilizados para transformar corrente alternada em corrente contínua. Mais tarde, na tentativa de melhorar o diodo de Fleming, o inventor Lee de Forest patenteou um dispositivo com um eletrodo adicional, que ele chamou de “grade”. Tal grade, que podia modular o sinal de corrente da válvula, transformou-se no primeiro amplificador eletrônico, chamado por Forest de “Audion”. Os inventos de Fleming e de de Forest abriram espaço para a criação de equipamentos que podiam manipular a energia elétrica de formas impensáveis anteriormente. Assim, abriram um leque de aplicações na indústria, permitindo invenção de equipamentos de áudio e de vídeo, de telecomunicações, de automação, de computação, etc. Ainda o próximo passo na evolução da eletrônica deuse por um trio de pesquisadores, formado por John Bardeen, Walter Bratain e William Shockley. Em 1947, inventaram o transistor, fruto de pesquisas de materiais semicondutores, o que lhes rendeu, em 1956, o prêmio Nobel de Física. Tal invenção do transistor permitiu que operações de manipulação de energia elétrica, COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 3 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada que somente podiam ser feitas por meio de válvulas, pudessem se realizar por componentes muito menores, sem necessidade de aquecimento e com eficiência muito maior. A tecnologia de produção de semicondutores permitiu que diversos componentes eletrônicos pudessem ser criados. Atualmente os diodos dos mais diversos tipos (incluindo o LED) e os transistores são fabricados em tamanhos e em formatos adequados à miniaturização de circuitos. Além desses componentes, os semicondutores podem ser utilizados para fabricação de tiristores, dispositivos de chaveamento controlado, de alta potência, usados extensivamente na indústria de automação para, por exemplo, controle de velocidade de motores, e mesmo em equipamentos domésticos, como “dimmers” e controladores de temperatura de chuveiros e de velocidade de ventiladores. ao número de elétrons. Na formação do átomo, prótons e nêutrons encontramse sempre juntos e formam um miolo central chamado NÚCLEO. Ao redor do núcleo, movimentam-se os elétrons, descrevendo órbitas elípticas fechadas, distribuídas em níveis, em camadas ou em bandas progressivamente afastadas do núcleo. O conjunto dessas camadas é chamado de ELETROSFERA. Também a evolução da tecnologia de encapsulamento dos semicondutores permitiu que se conseguissem embutir, em espaços microscópicos, milhares de transistores ligados de forma a executar tarefas que antes eram feitas por gigantescos equipamentos valvulados. Ainda os circuitos integrados (CI) se usam extensivamente em circuitos analógicos e digitais. Sua evolução permitiu alcançar o estágio científico atual em que se encontra a humanidade, sendo parte essencial dos controladores domésticos, comerciais e industriais, sem os quais hoje se torna impossível se executarem tarefas cotidianas. Dependendo do número de elétrons, os átomos apresentam determinado número de camadas eletrônicas. Entretanto, o número máximo de elétrons que a última camada (camada externa) pode possuir é oito. Tal camada, denominada CAMADA DE VALÊNCIA, apresenta elétrons chamados de ELÉTRONS DE VALÊNCIA. Essa camada de valência determinará se o elemento é bom ou mau condutor. Além disso, a compreensão da tecnologia eletrônica demanda o conhecimento dos princípios básicos de eletricidade e também o conhecimento dos princípios de ciências dos materiais e de suas propriedades elétricas. Nas próximas aulas, serão apresentados conhecimentos básicos necessários ao aprendizado de eletrônica. Para que um átomo possua configuração estável, a camada de valência deve possuir oito elétrons. Quando possui menos de quatro elétrons, eles encontram-se fracamente ligados ao núcleo, sendo considerados LIVRES e facilmente deslocados através de diferença de potencial (d.d.p.). Tais elementos denominamse CONDUTORES. FÍSICA DO SEMICONDUTOR Inversamente, nos ISOLANTES, os elétrons são em número sempre maior que quatro, sendo fortemente ligados ao núcleo. Segundo a Teoria Atômica de Rutherford e Bohr, o átomo constitui-se por três partículas: elétrons, prótons e eletrons. Os prótons são eletricamente Positivos, isto é, possuem CARGA ELÉTRICA POSITIVA. Já os elétrons apresentam CARGA ELÉTRICA NEGATIVA. Por sua vez, os nêutrons são eletricamente NEUTROS, isto é, não têm carga elétrica. Num átomo neutro, o número de prótons é sempre igual 4 Entre os condutores e os isolantes, encontra-se o grupo dos SEMICONDUTORES, que apresentam exatamente quatro elétrons na camada de valência. Exemplos de semicondutores são o Silício (Si) e o Germânio (Ge), utilizados na fabricação de diodos, transistores e circuitos integrados. Também os semicondutores podem se comportar como condutores ou como isolantes, dependendo de como os átomos estiverem ligados a outros elementos químicos, através do processo chamado Dopagem COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada CRISTAIS DO TIPO N E DO TIPO P controlar a condutividade do material. Os Cristais do Tipo N, ou Negativo, são doadores de elétrons. Já os Cristais do Tipo P, ou Positivo, são receptores de elétrons. Tal semicondutor, tratado para ter excesso de elétrons livres, chama-se Semicondutor Tipo N. Essa designação “N” vem de Negativo, pois o elétron é negativo. Cristais do Tipo N Cristais do Tipo P Nesse caso, a dopagem faz-se por um Elemento Pentavalente, isto é, um elemento que possui cinco elétrons na última camada. Como exemplos de elementos pentavalentes, têm-se o Fósforo (P), o Antimônio (Sb) e o Arsênio (As). Nesse caso, a dopagem faz-se por um Elemento Trivalente, isto é, um elemento que tem três elétrons na última camada. Como exemplos de elementos trivalentes, têmse o Alumínio (AI), o Índio (ln), o Gálio (Ga) e o Boro (Bo). Pelo processo de dopagem, substitui-se um átomo de Germânio de sua estrutura cristalina, por um átomo de Antimônio. Como o Antimônio possui cinco elétrons de valência e o Germânio apresenta quatro, apenas quatro elétrons de Antimônio tomarão parte nas ligações covalentes. Assim, o quinto elétron (que sobrou) não participará de nenhuma ligação, ficando, portanto, fracamente ligado ao núcleo. Isso significa que se tem um elétron livre. Pelo processo de dopagem, substitui-se um átomo de Germânio, de sua estrutura cristalina, por um átomo de Alumínio. Como o Alumínio apresenta três elétrons de valência e o Germânio possui quatro, uma ligação covalente ficará incompleta. Isso significa que se criou uma falta de elétrons, ou seja, foi criada uma lacuna, uma carga positiva. Nesse caso, os elementos de dopagem (o Alumínio), que criam lacunas móveis ao Germânio, denominam-se receptores. Aplicando-se uma d.d.p., o elétron se loco­moverá facilmente, visto que é móvel, isto é, passa de um átomo para outro, não permanecendo preso ao seu átomo. Já o semicondutor, tratado para ter lacunas, chama-se Semicondutor Tipo P. Essa designação “P” vem de Positivo, pois a lacuna é positiva. Nesse caso, os elementos de dopagem (o Antimônio), que fornecem elétrons móveis ao Germânio, denominam-se doadores. Então, o material do Tipo P, analogamente ao do Tipo N, terá lacunas móveis, tantas quanto forem os átomos de impurezas introduzidas. Sua condutividade também se alterará de acordo com a dopagem. Pode-se constatar que, se um átomo de impureza forneceu um elétron livre, “n” átomos de impurezas fornecerão “n” elétrons livres. Assim, com o processo de dopagem, podese controlar, de acordo com as necessidades, a quantidade de elétrons livres de que se necessita e, em consequência, Portadores Majoritários e Portadores Minoritários Os elétrons e as lacunas são portadores de carga elétrica, uma vez que, quando nos movimentos produzem a COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 5 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada corrente elétrica, transportam consigo determinada carga elétrica. Quando se trata de semicondutor puro, chega-se à conclusão de que o número de elétrons livres é sempre igual ao número de lacunas. No caso do Semicondutor do Tipo N, o número de elétrons livres é muito grande comparado ao número de lacunas, ou seja, predominam, como portadores de carga, os elétrons. Daí se denominam os elétrons de Portadores Majoritários e as lacunas, de Portadores Minoritários. No caso do Semicondutor do Tipo P, ocorre o inverso. O número de lacunas é muito grande se comparado ao número de elétrons livres. Portanto, num semicondutor do Tipo P, as lacunas são os Portadores Majoritários e os elétrons, os Portadores Minoritários. Tabela - Portadores com as devidas designações. Tabela 1 Portadores com as devidas designações. Semicondurtor Portadores Portadores Majoritários Minoritários Tipo N Elétrons Lacunas Tipo P Lacunas Elétrons Embora tais quantidades diminutas não causem efeitos perceptíveis nas propriedades químicas ou mecânicas do semicondutor, produzem enorme efeito nas concentrações de portadores móveis e, consequentemente, nas propriedades elétricas do material. Em outras palavras, um semicondutor puro não difere em nada de um semicondutor dopado, no que diz respeito às propriedades químicas ou mecânicas. Apenas a condutividade é alterada. Compensação Uma vez que o tipo de condutividade se determina apenas pela concentração de impurezas, uma amostra de semicondutor pode ser convertida de um tipo de condutividade em outro pela introdução da impureza apropriada. Por exemplo, um semicondutor Tipo P pode ser convertido em um semicondutor Tipo N, pela adição de impurezas doadoras em quantidade suficiente para trocar o sinal da concentração efetiva de impurezas. Se o material continha originalmente uma concentração “x” de impurezas aceitadoras, esse material é do Tipo P. Caso se acrescente concentração “2.x” de impurezas doadoras, esse material passará a ser do Tipo N. Esse método de mudança do tipo de condutividade pela adição de impurezas denomina-se compensação, que é fundamental para a tecnologia dos semicondutores. Junção PN Difusão Num semicondutor, os portadores de carga podem se locomover de diversas maneiras: por ação de raios luminosos, por d.d.p. ou por difusão. Supondo-se que seja realizado o processo de compensação apenas na metade de uma amostra de semicondutor Tipo P, tem-se, então, metade da amostra do Tipo N e outra me­tade, do Tipo P. Na difusão, os portadores deslocam-se de pontos de maior concentração para pontos de menor concentração de cargas, até que aconteça um equilíbrio. Assim, portamse analogamente a um gás, que se encontra concentrado num pequeno recipiente: ao ser libertado apresenta tendência de sair e se “espalhar” pelo ambiente, ocupando todo o espaço. Com isso, há um equilíbrio do gás, que antes estava sob pressão. Curiosidade Estabelecida a junção, inicia-se o processo de difusão de elétrons de N para P e difusão de lacunas de P para N. Um fato de muita importância é a pequeníssima quantidade de impurezas necessárias para tornar extrínseco um semicondutor, segundo os oadrões clássicos, químicos ou metalúrgicos. Como são portadores de cargas de sinais e de sentidos opostos, os elétrons e as lacunas estabelecem, com o processo de difusão, uma corrente elétrica de P para N, chamada corrente de difusão. 6 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL a) no material Tipo N ou Tipo P, há um equilíbrio geral de cargas pela distribuição uniforme de portadores majoritários dentro do material; b) os portadores majoritários ligam-se à estrutura do material semicondutor. Apesar de serem considerados livres, fazem parte da estrutura cristalina e não podem ser retirados da mesma; c) o material por si não apresenta carga e não há fluxo de corrente entre dois tipos de material, se forem colocados simplesmente em contato um com o outro. Portanto, a corrente de difusão só se estabelece na região da junção. Na junção e nas proximidades, os elétrons e as lacunas encontram-se e se recombinam. Por causa dessa ação de cancelamento ou de neutralização na junção, estabelecese então uma carga entre os dois tipos de material. Uma vez que alguns dos portadores majoritários (elétrons no Tipo N e lacunas no Tipo P) se cancelam uns aos outros, o material adquire, na junção, uma carga positiva para o material semicondutor N (porque alguns de seus elétrons foram neutralizados) e negativa no material semicondutor P (porque algumas de suas lacunas foram neutralizadas). Não se pode esquecer (item “b”) que os portadores majoritários estavam ligados na esrutura do cristal antes da formação da junção, e que havia distribuição uniforme (item “a”) desses portadores nos materiais semicondutores. Assim sendo, por si só, o material tinha uma carga global igual a zero. Portanto, na medida em que vão se recombinando, os portadores deixam a “descoberto” na região de transição íons positivos e negativos. Torna-se importante lembrar a definição de íon. Em certas condições, os átomos podem perder ou receberelétrons, Módulo I - Eletrônica Aplicada transformando-se em íons. Íons são, portanto, átomos ou conjuntos de átomos que não apresentam equilíbrio elétrico. Ou seja, grosso modo, são átomos cujo número de “negativos” é diferente do número de “positivos”. Assim, íon positivo é aquele formado pela perda de elétrons; íon negativo é aquele formado pelo ganho de elétrons ou pela perda de lacunas. Como citado, os íons descobertos originam uma barreira de potencial,ou seja, uma d.d.p., representada na figura anterior por uma bateria. Essa carga, ou potencial, é muito pequena, de décimos de volt apenas, mas produz barreira ou obstáculo à passagem dos portadores de corrente. Para passar de um lado da junção para o outro, o elétron ou a lacuna deve receber uma energia igual a essa barreira de potencial. Para o Germânio, tal barreira é da ordem de 0,3V e, para o Silício, de 0,7V. A barreira em questão chama-se Região de Transição ou Camada de Carga Espacial - C.C.E. ou Zona de Depleção, pois nessa região não existem cargas móveis, somente íons fixos à rede cristalina. Lembre-se de que o termo “Depleção” significa vazio (repleto = cheio; depleto = vazio). Destaque-se que a espessura dessa região é da ordem de 0,5 mícron = O,5x10-6 metros. Na região de transição ou nas proximidades, os portadores minoritários ficam sob a ação do campo elétrico da barreira. Elétrons dirigem-se, então, para N e lacunas, para P. Estabelece-se, aí, uma corrente de difusão, denominada corrente de campo. COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 7 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Portanto, uma junção PN constitui um sistema físico onde, contínua e simultaneamente, se processa uma série de fenômenos dinâmicos. Na situação de equilíbrio, as correntes de difusão e de campo igualam-se. Como são opostas, não pode haver circulação de corrente na junção, a menos que se aplique tensão externa. 8 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Capítulo 02 JUNÇÃO PN COM POLARIZAÇÃO INVERSA E POLARIZAÇÃO DIRETA Polarização Inversa Polarização Direta Considere-se uma Junção PN polarizada inversamente, isto é, com o polo positivo da bateria ligado ao lado negativo N da junção. Nesse caso, o polo positivo da bateria ligase ao lado positivo P da junção e o pólo negativo, ao lado negativo N da junção. Inversamente ao que ocorre no caso anterior, as lacunas de P repelem-se pelo polo positivo da bateria e os elétrons de N, pelo pólo negativo da bateria, provocando a redução da largura da zona de transição e, em decorrência, da resistência interna da junção. Nesse caso, as lacunas de P serão atraídas pelo pólo negativo da bateria e os elétrons de N, pelo polo positivo da bateria. Em conseqüência, aumenta o número de íons positivos em N e de negativos em P,o que ocasiona, por sua vez, os seguintes aumentos: a) o da barreira de potencial e, em consequêncial o campo elétrico; b) o da largura da zona de transição e, em consequência, o aumento da resistência interna da junção. Devido a essas alterações, a corrente de difusão diminui sensivelmente, enquanto a corrente de campo aumenta um pouco (por se tratar de uma corrente de minoritários). Ainda, a corrente total estabelecida, que circula pela junção, chama-se Corrente Inversa ou Corrente Reversa - IR. Tal corrente inversa, muito pequena, varia em função da tensão inversa aplicada, até atingir um valor máximo denominado Corrente de Saturação Inversa ou Corrente de Fuga. Esse valor corresponde à largura máxima da zona de transição. Também, a junção inversamente polarizada apresenta resistência muito grande, da ordem de mega-ohms, e a corrente de saturação inversa normalmente é da ordem de microamperes. Assim sendo, as lacunas no material P circulam do borne positivo para o borne negativo da bateria; os elétrons no material N circulam do borne negativo para o borne positivo da bateria. Assim sendo, as lacunas no material P circulam do borne positivo para o borne negativo da bateria; os elétrons no material N circulam do borne negativo para o borne positivo da bateria. Continuamente, à junção chegam lacunas, que circulam em um sentido, e elétrons, cir culando em sentido contrário. Quando os elétrons encontram as lacunas na junção, neutra­lizam mutuamente suas cargas, ou melhor, se recombinam. Isso permite a formação de mais lacunas na extremidade positiva do material P e a entrada de mais elétrons na extremidade negativa do material N. Dessa maneira, efetuam-se todas as condições necessárias para uma contínua circulação de corrente o que realmente ocorre. Em outras palavras, a corrente de difusão aumenta e a corrente de campo diminui, resultando uma corrente total bem maior que no caso anterior, denominada Corrente Direta - ld. Ainda, a junção diretamente polarizada apresenta COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 9 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada resistência baixa, da ordem de algu­mas dezenas de ohms. O Diodo de Junção O Diodo de Junção corresponde ao dispositivo de dois terminais, constituído pela Junção PN que se acabou de estudar. Destaque-se que o termo diodo significa “dois eletrodos”, sendo que “odou, em grego, é “caminho”. Portanto, diodo constitui o dispositivo que possibilita dois caminhos para os elétrons. Observe-se, na figura a seguir, no símbolo do diodo, que a parte em forma de seta aponta no sentido convencional da corrente elétrica. resistividade é bem maior que a do Germânio e, em consequência, seu rendimento será maior. DIODOS SEMICONDUTORES Curva Característica A curva característica do diodo de junção, que traduz a relação I= f(V), varia em função da construção e da finalidade específica a que se destina o diodo. Apresenta basicamente o aspecto mostrado a seguir: Como nos transistores, que se verão logo a seguir, os símbolos para componentes semicondutores apresentam sempre as setas apontando para a região N. Na região de condução, a corrente cresce de início, lentamente. Vencida a barreira de potencial, cresce, a seguir, rapidamente, atin­gindo valores elevados para valores ainda pequenos de tensão. Assim, torna-se necessário proteger o diodo com um resistor externo para limitar a corrente, evitando que correntes muito altas possam danificá-lo. A partir de 0,3 V (diodo de Germânio) e 0,7 V (díodo de Silício), a resistência do diodo passa a ser desprezível em função da resistência externa do circuito, variando a corrente linearmente com a tensão. Sintetizando, o diodo de junção permite a passagem de corrente elétrica em um único sentido, quando polarizado diretamente, e bloqueia a corrente, quando polarizado reversamente. Considerações sobre os diodos: a) Quanto maior a dopagem, menor a zona de transição; b) O Silício é mais utilizado, porque pode trabalhar com tensões e correntes mais altas e possui menor sensibilidade à temperatura; c) À temperatura ambiente, o Silício quase não tem elétrons livres, se comparado ao Germânio; d) Um diodo de Silício tem uma corrente reversa muito menor do que um diodo de Germânio, pois sua 10 Diodo Retificador Embora o diodo seja o mais simples dos dispositivos semicondutores, é o que tem maior gama de aplicações. Como principal aplicação do díodo está a retificação. Na retificação, utilizam-se as características da condução direta e de bloqueio. Um díodo ideal é um curto-circuito em condução direta e um circuito aberto, quando inversamente polarizado. Isto é, permite a passagem de corrente em um único sentido. Assim, ele atua como condutor em um sentido e como isolante no sentido oposto. Então, quando um retificador se insere em um circuito de corrente alternada, somente a metade dos semícíclos de tensão pode dar lugar a uma corrente e sempre naquele sentido para o qual o retificador é um condutor.A outra COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL metade não consegue produzir a corrente no sentido em que o retificador atua como isolante. Módulo I - Eletrônica Aplicada de um díodo retificador ligado entre a fonte de tensão alternada e a carga. RL é a Resistência da Carga ligada à sua saída (L = Load = Carga). A tensão máxima no secundário do transformador é VMÁX Para se inverter a polaridade da tensão contínua, basta inverter o díodo. Nesse circuito, só existe corrente durante a metade de cada ciclo. Na realidade, há uma corrente muito pequena, de portadores minoritários, durante os semiciclos negativos, porém pode ser considerada nula. --Valor Médio da Tensão na Carga: VLm = VMáx /p= 0,318. VMáx --Valor Máximo da Corrente na Carga: ILMáx = VMáx/RL Em consequência, a corrente em um circuito retificador simples é contínua pulsada e não contínua pulsante. --Valor Médio da Corrente na Carga: ILm= IMáx/p=0,318.IMáx --Valor Eficaz da Tensão na Carga: VLef= VMáx/2 --Valor Eficaz -da Corrente na Carga: ILef=IMax/2verif. Especificações do Diodo a) Tensão de Ruptura (breakdown) - VBR ou BrV ou BV - ou Tensão Reversa de Pico - PRV - ou Tensão nversa de Pico - PIV - ou Tensão Reversa Máxima - VRM - ou Tensão Reversa Máxima de Trabalho - VRWM. Após essa tensão, o díodo conduz intensa­ mente e será danificado pela excessiva potên­cia dissipada (calor). b) Corrente Direta Máxima - IdMÁX e) Corrente Reversa Máxima - IRmáx d) Potência Dissipada Máxima - PdMax e) Temperatura Máxima da Junção - TjMÁX CIRCUITOS RETIFICADORES Nesse tipo de retificação, a tensão média na carga é muito baixa: 0,318.VMÁX. Portanto, precisa-se de alto valor de tensão no secundário do transformador, para se ter boa tensão média aplicada à carga (perde-se V2 ciclo de tensão). Retificador de Onda Completa com Center Tap (derivação central) Esse retificador parece com dois retificadores de meia onda, voltados um de costas para o outro, com um retificador controlando o primeiro semiciclo e com o outro, o semiciclo alternado. Retificador de Meia Onda Por causa do secundário com derivação central, cada circuito do diodo recebe apenas metade da tensão do secundário: VL = VS/2. O circuito básico de retificação de meia onda consiste Durante o primeiro semiciclo, a tensão alternada do COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 11 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada transformador torna positivo o ânodo do diodo superior. Então, o diodo conduz e, como resultado, a corrente passa através da carga, produzindo um pulso de tensão entre os terminais. Quando o diodo superior conduz, o ânodo do diodo inferior está negativo e, assim, ele não conduz. Durante o segundo semiciclo, o ânodo do diodo superior fica negativo e, portanto, ele não pode conduzir. Enquanto isso, o ânodo do diodo inferior fica positivo, de maneira que a corrente passa através dele e da carga. Como os dois pulsos de corrente da carga têm o mesmo sentido, aparece uma tensão contínua pulsada entre os terminais. O retificador de onda completa transformou os dois semiciclos de corrente alternada de entrada em uma saída de corrente contínua pulsada. --Valor médio nda Tensão na Carga: VLm=2.VMÁX/p=0,636. --VMÁX --Valor Máximo da Corrente na Carga: ILMÁX=VMÁX/RL --Valor Eficaz da Tensão na Carga: VLef=VMÁX/ √2=0,707.VMÁX --Valor Eficaz da Corrente na Carga: ILef=IMÁX/ √2=0,707.IMÁX Retificador de Onda Completa “em Ponte” Funciona como o de onda completa, com a vantagem de não necessitar da derivação central no transformador. Quando a corrente alternada apresenta polaridade positiva no extremo superior do transformador, a corrente elétrica sai desse extremo do enrolamento, passa através de D3, através da carga RL, através de D1 e volta ao extremo inferior do transformador. Quando a polaridade da tensão alternada é invertida, a corrente elétrica sai do extremo inferior do enrolamento, atravessa os diodos D2, D4 e a carga RL. Essa corrente elétrica que atravessa a carga tem sempre o mesmo sentido em ambos os semiciclos da tensão de entrada. Portanto, a tensão que aparece na carga é contínua pulsada. --Valor Médio da Tensão na Carga: VLm=2.VMáx/p=0,636. VMÁX --Valor Máximo da Corrente na Carga: ILMÁX=VMÁX=/RL --Valor Médio da Corrente na Carga: ILm=2.ILMÁX/p=0636. ILMÁX --Valor Eficaz da Corrente na Carga: VLef=VMáx/√2=0,707. VMÁX --Valor Eficaz Corrente na Carga: ILef=IMáx/√2=0,707.IMÁX Comparação entre os três tipos de Retificadores Meia Onda -- VLm=VMáx/p=0,318.VMÁX -- mas VMÁX=VSec.ef. √2 -- então, VLm=0,318. VSec.ef.√2 12 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada -- VLm=0,45. VSec.ef -- VLm = 0,90. VSec.ef Onda Completa com Center Tap Como se pode verificar, o retificador “em Ponte” produz tensão média na saída VLm igual a 90% da tensão eficaz do secundário do transformador VSec. ef; os outros retificadores produzem tensão na saída VLm de somente 45%. -- VLm=0,636.VSec.MÁX/2 = 0,636. VSec.ef √2/2 -- vLm=0,45. VSec.ef Onda Completa com Center “em Ponte” -- VLm = 0,636.VSec.MÁX = 0,636. VSec.ef √2 Levando tudo isso em conta, o retificador em ponte é o melhor para a maioria das aplicações e o mais utilizado na indústria. -- VLm = 0,636.VSec.ef. √2 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 13 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Capítulo 03 FILTRAGEM Como explanado, os retificadores fornecem, nas saídas, tensões contínuas pulsadas, nunca perfeitamente contínuas. Lembre-se de que, quando um capacitor se liga aos terminais de uma bateria, ele se carrega até ficar com a tensão da mesma, desde que haja tempo suficiente para isso. Isso significa que, ao se ligar o capacitor descarregado a uma bateria, este é praticamente um curto-circuito e, ao se carregar, se transforma num circuito aberto. Logo que o resistor de carga se liga em paralelo, o capacitor começa a se descarregar e a tensão cai. Contudo, a tensão não cai a zero, porque um novo pico de tensão aparece. Esse novo pico de tensão carrega, outra vez, o capacitor que passa a se descarregar, por meio do resistor, até um novo pico. Medidas de ondulação em circuitos retificadores A introdução de uma carga em paralelo com o capacitor faz com que a saída não seja mais contínua pura. Assim, haverá uma ondulação denominada ripple. Se a resistência de carga RL de um retificador for substituída por um capacitor, aparecerá corrente contínua entre os terminais. Se o retificador não tiver tempo suficiente para carregar totalmente o capacitor no primeiro semiciclo de saída, o mesmo será carregado nos semiciclos posteriores. Quando uma carga se liga à saída, a quantidade de ondulação resultante depende do valor da carga, do valor do capacitor e do tipo de retificador (meia onda ou onda completa), conforme exemplos a seguir. Na figura a seguir, simboliza-se o retificador com o transformador de entrada e o capacitor, de saída. Pode-se verificar que o capacitor, ao se carregar,filtra a ondulação, deixando uma corrente contínua pura. Se esse circuito não tivesse que fornecer corrente a outros circuitos, ter-se-ia, na saída, uma tensão contínua pura (não pulsada). No entanto os diversos circuitos eletrônicos ligados à saída consomem corrente (corrente de carga L). Ainda, o efeito dessa corrente pode ser simulado, ligando-se um resistor à saída do circuito. 14 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Para minimizar esses inconvenientes, de­ ve-se acoplar, à saída da fonte, um circuito regulador de tensão. Destaque-se que o diodo Zener, também denominado diodo de Ruptura, diodo de Avalanche ou diodo Regulador de Tensão, constitui um diodo de Silício. Difere do diodo retificador comum, pelo fato de que o comum não pode ultrapassar a região de ruptura, sob pena de destruição do mesmo, enquanto o Zener é projetado para trabalhar nessa região. Aparentemente o Zener é idêntico a um diodo de Silício comum. Na região direta, ele também começa a conduzir por volta de 0,7 V, possui pequena corrente reversa devido à alta resistência inversa e, também, apresenta determinada tensão de ruptura. Entretanto num diodo comum, se a tensão de ruptura for ultrapassada, o componente será danificado. No entanto, caso se utilize o diodo Zener, a corrente aumentará repentinamente nesse ponto, sendo limitada por uma resistência externa ligada em série com o mesmo, não ocorrendo, pois, nenhum problema com o dispositivo. Nesse ponto, tem-se a chamada Tensão Zener - Vz. Para grandes variações da corrente, a tensão Zener permanecerá praticamente constante, conforme se pode observar na Curva Característica do Diodo, a seguir. Essa se trata da característica importante desse diodo, pois, nessa faixa de variação de corrente, tem-se praticamente a mesma tensão. Tal faixa deno­ mina-se faixa de regulação. DIODO ZENER Mesmo após a filtragem, a tensão produzida numa determinada carga pode sofrer variações pelos seguintes motivos: 1. flutuações na tensão da rede pública; 2. variações na saída CC, devido aos diodos utilizados na retificação serem sensíveis à temperatura; 3. variação na tensão de saída CC pela varia­ção da carga; 4. quanto menor a resistência de carga, maior a flutuação (ripple) da tensão de saída CC. A tensão deve ser a mais definida possível em função da variação da sua corrente inversa. Portanto, fabricam-se diodos Zener de Silício, pois as características de ruptura desse semicondutor são mais bem definidas do que as do Germânio. Destaque-se que o diodo Zener apresenta as regiões N e P COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 15 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada altamente dopadas, o que resulta na tensão de ruptura ser baixa, podendo operar com correntes inversas elevadas, sem danificar o dispositivo. Lembre-se de que a tensão de ruptura ou a tensão Zener consiste na tensão máxima reversa que pode ser aplicada em um diodo, antes que ele possa conduzir. Essas correntes originam-se com o rompimento das ligações covalentes, devido ao esforço ocasionado pela tensão inversa. Variando-se o nível de dopagem dos diodos, os fabricantes podem construir diodos Zener com tensões de ruptura de 2 até mais de 200 V. Essa ação reguladora do Zener constitui, com efeito, a de um “resistor variável” que responde a qualquer mudança de corrente, a fim de que a tensão seja constante. Na figura a seguir, apresentam-se os símbolos mais utilizados de um diodo Zener. FONTE DE TENSÃO ESTABILIZADA No circuito a seguir, tem-se um circuito retificador com filtro acoplado a um regulador de tensão com diodo Zener. VL = Vz = constante V E = RS . I S + V L (Veconsiste no valor médio na saída do reti­ficador) IS = IZ + IL Onde RS constitui um resistor colocado em série no circuito, para limitar a sua corrente (resistor de proteção). Se VE variar, VL não se altera (constante), mas IS variará. Essa variação de IS será compensada por IZ dentro de uma faixa compreendida entre IZmin e IZMáx. A mesma situação ocorrerá, caso a carga varie de valor (ou seja trocada); então, as compensações se farão pela corrente IZ. Em geral, IZmín= IZMáx/10 e IZMáx= PZMáx/VZnominal Escolha do Diodo Zener A potência do Zener escolhido deve ser, no mínimo, 20% maior que a potência de saída do gerador. PZ > 1,2.VL.ILMáx Cálculo de RS (máximo e mínimo) VE = RS.IS + VZ = RS(IZ + IL) + VZ RS = (VE - VZ)/(IZ + IL) Em qualquer símbolo, as linhas assemelham-se à letra “Z”, que representa “Zener”. Quando a tensão de entrada VE for máxima, IS terá um valor elevado. Especificações Nessas condições, se a saída estiver aberta (RL = ¥), IZ será também elevada, pois IZ = IS. »»Tensão Zener Vz: especificada para cada série de diodos Zener; »»Potência Dissipada P : especificadas em função da temperatura ambiente; tem um valor máximo permitido, a função da temperatura máxima de trabalho; »»Corrente Máxima: valor da corrente Zener que relaciona a potência dissipada máxima com a tensão Zener. 16 Portanto, quando IZ for máxima, IL será mínima (igual a zero). Então: RSmin = (VEMáx - VZ)/IZMáx Quando a tensão de entrada VE for mínima, precisa-se tomar cuidado para que IZ não seja menor que o valor COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL mínimo do diodo Zener.Para isso não ocorrer, RS não pode ser muito grande, não pode ultrapassar um valor máximo. Quando IZ for mínima, IL será máxima, en­tão se terá: RSMáx = (VEmin - VZ)/(IZmin+ ILMáx) Tem-se que: RSmin < RS < RSMáx RS = (RSMáx + RSmín)/2 Se RSMáx calculado for menor que RSmín adote-se um Zener de potência maior, recalculando-se IZMáx, IZmín, RSMáx, e RSmín. Adotar-se-á um valor comercial, intermediário, mais próximo: Módulo I - Eletrônica Aplicada RSmín = (VEMáx - VZ)/IZMáx = (13,97 - 5,1)/0,196 = 45,26W RSMáx = (VEmín -VZ)/(IZmín + ILMáx) = (11,43 - 5,1)/(0,0196 + 0,100) = 52,93W RS = (RSMáx + RSmín)/² = (52,93 + 45,26)/2 = 49W PRS > (VEMáx - VZ)²/RS > (13,97 - 5,1)²/49 > 1,60W Valor comercial escolhido: RS = 47W/2W ESTRUTURA INTERNA DOS TRANSISTORES Suponha-se que, através do processo de compensação, duas amostras de semicondutor sejam transformadas como mostra a figura a seguir. PRS > (VEMáx - VZ)²/RS »»Exemplo de uma Fonte de Tensão Estabilizada de 5V e lOOmA, utilizando um transformador de 9V (valor eficaz) com uma flutuação de 10%. Então: VL = 5V e ILMáx = 100mA VE = 9.√2 = 12,7 e VEMáx = 12,7 x 1,1 = 13,97V VEmín = 12,7 x 0,9 = 11,43V Escolha do Zener VZ = 5,1V PZ > 0,6W PZ > 1,2.VL.ILMáx = 1,2x5x100x10-3 Zener escolhido: 1N4733A - VZ = 5,1V e PZ = 1W IZMáx = PZ / VZ = 196mA Cálculo de RS IZmín = IZMáx /10 = 19,6mA Designar-se-ão a região central de Base e as outras duas de Emissor e de Coletor. Os dispositivos consistem, cada um, de três camadas de semicondutor dopado nas configurações NPN (a) e PNP (b). A Base deve ser muito fina (aproximadamente 10-3 cm) e levemente dopada para permitir que a maioria dos portadores injetados ou emitidos pelo Emissor, passe pelo Coletor. O Emissor deve ser muito dopado para poder emitir (caso PNP) ou injetar (caso NPN) elétrons na Base. COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 17 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada O Coletor tem um nível de dopagem intermediário entre o Emissor e a Base. Sua função consiste em coletar os portadores que vêm da Base. O Coletor constitui a região onde se dissipa maior quantidade de calor, apresentando, portanto, maior dimensão. Com mais detalhes, dar-se-á o funcionamento do transistor NPN. Entretanto, o raciocínio para o PNP é análogo. A seguir, tem-se a estrutura interna de um transistor NPN. IC = corrente de coletor IE = corrente de emissor IB = corrente base IE = IC + IB No Emissor e no Coletor, que são do Tipo N, a corrente origina-se pela movimentação de elétrons. Na Base, que é do Tipo P, a corrente gera-se pela movimentação de lacunas No transistor PNP, tem-se o mesmo processo, porém com as polaridades invertidas. Assim sendo, tanto nos transistores NPN como nos PNP, a corrente elétrica flui devido à movimentação de dois portadores de carga: elétrons e lacunas. Daí a designação dada a eles de Transistores Bipolares, pois a corrente apresenta dois portadores. O fluxo de corrente num transistor NPN polarizado está ilustrado na figura adiante. Na figura a seguir, têm-se os símbolos dos transistores com as indicações das correntes de polarização. Polarizar um transistor consiste em impor condições de tensão e de corrente, para que ele opere de acordo com as necessidades. Em outras palavras, trata-se de uma maneira de deixá-lo em condições de “trabalho”. Assim sendo, tem-se que a junção Emissor-Base representa um diodo diretamente polarizado, com características de baixa impedância e de pequena queda de tensão. Já a junção Coletor-Base representa um diodo polarizado inversamente. Em consequência, a impedância entre Coletor e Base será muito alta. Com isso, espera-se grande corrente entre Emissor e Base, além de corrente desprezível entre Coletor e Base, o que não ocorre. Os elétrons do Emissor penetram na Base. Como a mesma é muito fina e pouco dopada, a maioria desses elétrons (95%) entra no Coletor e vai para o terminal positivo da bateria B. Uma pequena parte dos elétrons (5%) recombina-se com as lacunas da Base e flui para o terminal positivo da bateria A. Se 95% dos portadores do Emissor penetram na base, passando para o Coletor, e apenas 5% se recombinam, torna-se lógico que a corrente de Coletor será 95% do valor da corrente de Emissor e a corrente de Base, apenas 5%. No símbolo do transistor, como no diodo, pode-se notar, também, que a parte em forma de seta aponta no sentido da corrente, ou seja, aponta para uma região N. Note-se que o transistor foi criado em 1952, nos Laboratórios Bell dos Estados Unidos, e substituiu a válvula, com grandes vantagens. Através de processos sofisticados de dopagem, na década de 60 foi possível colocar, numa única pastilha se silício, milhares de transistores. A essa pastilha deu-se o nome de Circuito Integrado. 18 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Capítulo 04 PARÂMETROS E CONFIGURAÇÕES DOS TRANSISTORES BIPOLARES O transistor constitui um dispositivo de controle de corrente. Torna-se possível variar a corrente do emissor variando-se a corrente da base. α = β/( β + 1) e β = α/(1 - α) Configurações dos transistores bipolares Parâmetros do Transistor Bipolar Nos transistores, têm-se sempre um sinal de entrada e um de saída. Como só existem três terminais e há necessidade de dois para entrada e dois para saída, sempre existirá um terminal comum aos sinais de entrada e de saída. No capítulo sobre “EstruturaInterna dosTransistores”, já se explanou que: IC = corrente de coletor Configuraçâo Emissor Comum IE = corrente de emissor Como se pode verificar, os terminais do Emissor e da Base fazem parte da entrada do circuito e os terminais do Emissor e do Coletor, da saída. IB = corrente base IE = IC + IB O Emissor faz parte tanto da entrada quanto da saída Então, podem-se definir alguns parâmetros: O parâmetro α (alfa) constitui a razão entre a corrente de coletor e a corrente de emissor: α = IC/IE sendo sempre α < 1 O parâmetro β (beta) constitui a razão entre a corrente de coletor e a corrente de base. Existem dois tipos do parâmetro β: β estático = IC/IB = ganho em corrente contínua ou ganho estático β dinâmico = ΔIC/ ΔIB = ganho dinâmico em corrente para sinais variáveis, ou seja, contribui a relação da variação de IC com a variação de IB Obs: Em qualquer projeto com transistores, torna-se imprescindível a utilização das curvas características dos transistores empregados, que constam nos manuais dos fabricantes. Tais curvas fornecem um ponto de partida para o desenvolvimento do projeto. Entre as curvas características, são de uso mais geral as de entrada, que relacionam corrente e tensão de entrada para um determinado valor de temperatura ambiente, e as de saída, que fornecem a corrente de saída em função da tensão de saída, para cada valor da corrente de entrada tomada como parâmetro. a. o parâmetro β define-se apenas para montagem As figuras a seguir ilustram curvas características de “emissor comum”, como se verá mais adiante; b. nos manuais de componentes, esses ganhos de corrente entrada e de saída típicas para a configuração do emissor comum. encontram-se como: β estático = hFE = ganho estático β dinâmico = hfe = ganho dinâmico Podem-se relacionar os parâmetros α e β, como segue: COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 19 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Configuração coletor comum Configuração base comum 20 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL As configurações anteriores são válidas tanto para Transistores NPN como para PNP. Já as curvas características dadas são para Transistores NPN. Entretanto, para os Transistores PNP, segue-se o mesmo raciocínio, porém as correntes e as tensões possuem sentidos contrários. Módulo I - Eletrônica Aplicada VCC = VRC + VCE VCC = Rc.IB + VCE »»Malha II: VRB = VRC + VC RB.IB = RC.IC + VCB »»Malha Externa: VCC = VRB + VBE VCC = RB.IB + VBE IB = (VCC - VBE).RB = constante (VCC, VBE e RB são constantes) POLARIZAÇÃO DE TRANSISTORES BIPOLARES Como já exposto, o transistor constitui um dispositivo de controle de corrente. Assim, torna-se possível variar a corrente do emissor, variando-se a corrente da base. Então, polarizar um transistor consiste em impor condições de tensão e de corrente, para que ele opere de acordo com nossas necessidades. Em outras palavras, torna-se uma maneira de deixá-lo em condições de “trabalho”. Polarização com corrente de base constante (polarização simples) O resistor de base RB define a corrente IB e o resistor RC define a corrente IC. Como a corrente do coletor é dada por IC = b.IB, IC = b.(VCC - VBE).RB Portanto, IC varia com o valor de - Entre­tanto, devido à estrutura do semicondutor, β varia muito com a temperatura - pode variar até 9 vezes o seu valor acarretando o efeito conhecido como “disparo térmico”. Nessa situação, a cada aumento de temperatura, ocorrerá uma elevação da corrente e, consequentemente, outro aumento de temperatura. Então, esse tipo de polarização torna-se altamente instável. Qualquer projeto que leve em conta um constante, estará arruinado. O ideal é projetar circuitos que não dependam do mesmo. Esse tipo de polarização utiliza-se em cir­cuitos digitais, que trabalham nas regiões de corte e de saturação do transístor, que se estu­dará mais adiante. Polarização com corrente de emissor constante e divisor de tensão na base (polarização universal) Análise do Circuito »»Malha I: Nesse circuito, para efeito de cálculo, aplica-se o Teorema de Thévenin para obter um cir­cuito mais simplificado, com menos equações. COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 21 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada VTH = VCC .Rb2/(Rb1 + Rb2) RTH = Rb1.Rb2.(Rb1 + Rb2) = RB Rb1 e Rb2 formam um divisor de tensão para fornecer polarização direta positiva. No terminal do emissor, R, tem a função de estabilizar o circuito contra a instabilidade térmica, em que c pode se tornar excessiva, se a polarização direta aumentar. Perceba-se como isso ocorre: VTH = VBE.RB.IB + RE.IE IE = (TTH - VBE - RB.IB)/RE Como TTH, VBE, RB, IB e RE são constantes, então IC é constante. Utilizando-se a análise de malhas, determinam-se os valores dos resístores. lineares. É a mais completa, pois RE estabiliza o circuito e o divisor de tensão fornece uma tensão direta positiva ao transistor, diminuindo o risco de saturação. Transistor como Amplificador No circuito do transistor polarizado, introduzindo-se na entrada um sinal variável, temse, na saída, esse sinal amplificado. Entretanto, para isso, deve-se entender o que é Ponto de Quiescente e Reta de Carga. Ponto quiescente “Q” constitui, nas curvas características, o ponto escolhido para o transistor trabalhar, em termos dos valores de correntes e de tensões, antes de nele ser aplicado um sinal elétrico para ser amplificado. Essas correntes e tensões são determinadas por meio dos resistores de polarização, isto é, por meio da polarização. Quando um transistor trabalha em corrente contínua, esse ponto, definido por correntes e por tensões, é fixo. Daí o nome “quiescente’’, que significa “estar em repouso” - do latim, quiescens. Essa determinação é de caráter essencialmente prático, constituindo-se numa “receita”, porém com fundamentação teórica. Especificam-se VCC e IC e o transístor que será utilizado, por tanto são conhecidos βmín e βMáx. RE = 0,1.VCC/IC (IC ≡IE) RC = 4.RE Rb2 = 0,1.βmín.RE Conhecido o valor de Rb2, para calcular Rb1 se torna preciso lembrar que os dois resistores estão em série. Enrtão: Rb1 = VRb1/VRb2.Rb2, onde VRb2 = 0,6 + VRE e VRb1 = VCC - VRb2 Essa constitui a polarização mais utilizada em circuitos 22 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Para o transistor que possui essas curvas características, verifica-se que trabalha com: IBQ = 10mA, VBQ = 0,5v, ICQ = 10mA e VCEQ = 20V. Reta de Carga Constitui uma reta traçada sobre as curvas características, Módulo I - Eletrônica Aplicada na qual será fixado o ponto quiescente e onde também se podem estudar os sinais de entrada e de saída. Então, essa reta de carga se traça em função da tensão de alimentação do transistor Vcc e das resistências de polarização. Pode ser traçada tanto para a curva característica de entrada como para a de saída. Determinar-se-á a reta de carga para o circuito de polarização estudado anteriormente. Para a saída do circuito, tem-se: VCC =RC.IC + VCE + RE.IE Para β > 100, que é a maioria dos casos, tem-se IC = IE Então, ter-se-á: VCC = IC.(RC + RE) + VCE Como VCC, RC e RE são constantes, IC = f (Vce), que constitui a função de uma reta. Para VCE = 0, IC = VCC/(RC + RE) Para IC = 0, VCE = VCC O par de valores (VCC;0) define o ponto S1 da reta de carga. Já o par de valores [0;VCC/(RC + RE)] define o ponto S2 da reta de carga. No ponto A, o transistor está com VBE < 0,7V, portanto não “funciona”, porque está cortado. É como se ele não estivesse no circuito. Portanto, a tensão de saída será próxima a VCC. Entre os pontos B e C, o transistor atua na sua Região Ativa. Acima do ponto c, verifica-se que aumentos de tensão não modificam a posição do ponto de operação. Isso ocorre, porque a corrente IB atinge e ultrapassa o seu valor de saturação. Assim, o transistor está Saturado. Acima do ponto c, verifica-se que aumentos de tensão não modificam a posição do ponto de operação.Isso ocorre, porque a corrente IB atinge e ultrapassa o seu valor de saturação. Assim, o transistor está Saturado. Em quase todas as aplicações dos transistores, interessam mais os valores de IC e VCE ou seja, a reta de carga traçada nas suas curvas características de saída. COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 23 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Amplificador Definida a Reta de Carga e o Ponto Quiescente e se introduzindo, no circuito de entrada, um sinal variável VE tem-se uma variação de IB, e portanto, uma variação de IC e VCE, sobre a reta de carga e em torno do ponto Q. Com a aplicação do sinal de entrada VE o ponto Q excursionará sobre a reta de carga, alternadamente, para cima e para baixo, de acordo com a variação de VE. Pode-se verificar, na figura a seguir, que a variação da corrente de coletor é um reflexo amplificado da variação da corrente na base. Uma variação de microamperes na corrente da base provoca variação de miliamperes na corrente do coletor. O fato de o transistor possibilitar a amplificação de um sinal faz com que ele seja considerado um dispositivo ativo. 24 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Capítulo PORTAS LÓGICAS Operações booleanas [+(OU), ‾.(E) e (complemento)] sobre variáveis booleanas (A, B, C . . .) são denominadas funções booleanas. Tais funções podem ser desempenhadas por determinados circuitos que, em eletrônica digital, denominam-se portas lógicas ou blocos lógicos. Nesta aula, estudar-se-ão as portas E, OU e NÃO, que desempenham as funções lógicas básicas. Também se estudarão outras portas lógicas muito utilizadas, que resultam de duas ou mais funções lógicas básicas. Tais portas são: NE, OU, OU EXCLUSIVO, NOU EXCLUSIVO e portas com STROBE. Existem várias simbologias para a representação dessas portas. Utilizar-se-á a simbologia americana ANSI (American National Standards Institute). Porta E ou AND GATE Realiza a função E que corresponde à ope­ração intersecção ( . ). Para duas variáveis (ou duas entradas) A e B, a intersecção será verdadeira (X = 1), quando ambas as variáveis forem verdadeiras (A = 1e B = 1). 05 tabela a seguir, à qual se denominará tabela da verdade. Porta E - tabela da verdade A B X=A.B 0 0 0 0 1 0 1 0 0 1 1 1 possíveis das variáveis A e B, recebem a designação de Níveis Lógicos. Ou seja: para uma porta E, a saída terá nível lógico 1 se, e somente se, todas as entradas tiverem nível lógico 1. Porta OU ou OR GATE Realiza a função OU que corresponde à operação união ( + ). Para duas variáveis A e B, a união será verdadeira (X = 1), quando pelo menos uma das variáveis for verdadeira (A = 1 ou B = 1 ou A = B = 1). Seguem seu símbolo lógico e seu circuito equivalente de chaves: A lâmpada X só acenderá, se, e somente se, as duas chaves estiverem fechadas. A expressão X = A.B assume valores, de acordo com a COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 25 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada A lâmpada X acenderá, se pelo menos uma das chaves estiver fechada, ou ambas, simultaneamente. A lâmpada X permanecerá acesa, enquanto a chave A estiver aberta. Porta OU - tabela da Verdade Então, a tabela da verdade seguinte fornece os valores da função X = A . A B X=A+B 0 0 0 0 1 1 1 0 1 1 1 1 Para uma porta OU, a saída terá nível lógico 1, se pelo menos uma das entradas tiver nível lógico 1. Porta NÃO (inversor) ou INVERTER Realiza a função NÃO que corresponde à operação complemento ou inversão. Seguem seu símbolo lógico e seu circuito equivalente de chaves: Porta NÃO - tabela da verdade A X=A 0 1 1 0 Para uma porta NÃO, a saída terá nível lógico 1, se, e somente se, a entrada tiver nível lógico 0. COMBINAÇÃO DE PORTAS LÓGICAS - PORTAS NE E NOU Porta NE ou NANO GATE Essa porta resulta da combinação de uma porta "E" com uma porta "NÃO", realizando, assim, o complemento da função E. Para as variáveis A e B, a saída X será verdadeira, se pelo menos uma das entradas for falsa. Seguem seus símbolos lógicos, bem com seu circuito equivalente de chaves. ou O símbolo de inversão é representado por ( ° ),que pode aparecer tanto na entrada quanto na saída. 26 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada A lâmpada X só acenderá, se pelo menos uma das chaves estiver aberta. A tabela da verdade a seguir fornece os valores da função X=A+B A tabela da verdade seguinte fornece os valores da função X = AB. Tabela - Porta NOU - tabela da verdade Tabela - Porta NE - tabela da verdade A B X = AB 0 0 1 0 1 1 1 0 1 1 1 0 Para uma porta NE, a saída terá nível lógico 1, se pelo menos uma das entradas tiver nível lógico O. Porta NOU ou NOR-GATE A B X =A + B 0 0 1 0 1 0 1 0 0 1 1 0 Para uma porta NOU, a saída terá nível lógico 1, se, e somente se, todas as entradas tiverem nível lógico 0. COMBINAÇÃO DE PORTAS LÓGICAS - PORTAS OU EXCLUSIVO E NOU EXCLUSIVO Porta OU EXCLUSIVO ou EXCLUSIVE OR GATE A porta "NOU",que constitui o resultado da combinação de uma porta "OU" com uma porta "NÃO", realiza o complemento da função OU. A porta "OU Exclusivo" resulta da combinação de portas E e OU. Para duas variáveis A e B, a saída X será verdadeira, se, e somente se, todas as entradas forem falsas. A saída de uma porta OU Exclusivo será igual a 1, se, e apenas se, existir um número ímpar de entradas iguais a 1. Seguem o símbolo da porta NOU e seu circuito equivalente de chaves: Segue a representação algébrica dessa função: X = AB + AB ou, X = A B Para a expressão X = A B , lê-se A exclusivo B Seguem seu símbolo lógico, bem como seu circuito equivalente de chaves: A lâmpada X só acenderá, se, e somente se, todas as chaves estiverem abertas. COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 27 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada A lâmpada X acenderá, desde que uma das chaves esteja fechada, porém, não ambas. Segue a tabela da verdade correspondente à função OU Exclusivo: Porta OU EXCLUSIVO - tabela da verdade A B X=A B 0 0 0 0 1 1 1 0 1 1 1 0 Porta NOU EXCLUSIVO - tabela da verdade A B X=A B 0 0 1 0 1 0 1 0 0 1 1 1 Observe, pela tabela anterior, que essa porta detecta níveis lógicos iguais na entrada, sendo, por esse motivo, chamada de porta COMPARADORA. Assim, para uma porta NOU Exclusivo de duas entradas, a saída terá nível lógico 1, se, e somente se, os níveis lógicos das entradas forem iguais. Para uma porta OU Exclusivo de duas entradas, a saída terá nível lógico 1, se, e somente se, os níveis lógicos da entrada forem diferentes. Porta NOU EXCLUSIVO ou EXCLUSIVE NOR GATE Essa porta resulta da combinação de uma porta "OU Exclusivo" com uma porta "NÃO", realizando-se, assim, o complemento da função OU Exclusivo. Segue a representação algébrica da função "NOU Exclusivo", juntamente com o seu sím­bolo lógico. X = AB + AB ou, X = A B Segue símbolo gráfico da porta NOU EX­CLUSIVO: 28 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Capítulo 06 PORTAS COM MÚLTIPLAS ENTRADAS E PORTAS CONTROLADAS Algumas das portas lógicas vistas anteriormente podem apresentar duas ou mais entradas, sem que suas funções básicas sejam alteradas. Essas portas são: E, OU, NE e NOU. Observando-se a tabela anterior, pode-se notar que as funções não são alteradas, mesmo quando se acrescentam uma ou mais entradas. A tabela seguinte mostra as tabelas da verdade para essas quatro funções, considerando­-se cada bloco com três entradas: 1 1 1 0 1 1 1 0 1 0 0 1 Para as funções OU Exclusivo e NOU Exclusivo, quando se necessita de mais que duas entradas, deve-se cascatear uma ou mais portas. Veja-se, a seguir, um "OU Exclusivo" com três entradas: A tabela da verdade dessa função é mos­trada a seguir: A 0 0 0 0 1 B 0 0 1 1 0 C 0 1 0 1 0 X=A B C 0 1 1 0 1 Caso se tenha nível lógico O na entrada G (porta), a saída terá nível lógico 1, independente das demais entradas. Por outro lado, caso se tenha entrada G em nível lógico 1, a saída da porta dependerá exclusivamente das variáveis A e B. Dessa forma, a entrada STROBE opera como uma entrada de controle, permitindo ou não a liberação da porta. Segue a tabela da verdade correspondente à porta NOU com STROBE: COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 29 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Então: Entradas Strobe Saída A B G X = G (A + B) 0 0 0 1 0 1 0 1 1 1 0 1 1 1 0 1 0 0 1 1 0 1 1 0 1 0 1 0 1 1 1 0 Por vezes, o termo STROBE é referenciado como ENABLE, que significa habilitação. MINIMIZAÇÃO DE FUNÇÕES BOOLEANAS Como já explanado anteriormente, uma expressão lógica pode ser representada através da tabela da verdade. Para a construção dessa tabela, torna-se necessário obedecer à sua lei de formação. X = A.B.C + A.B.C + A.B.C + A.B.C + A.B.C Simplificando-se algebricamente a expressão: X = A.B.C + A.B.C + A.B.C + A.B.C + A.B.C= = B.C.(A + A) + A.C(B + B) + A.B.C = = B.C + A.C + A.B.C = B.C + C.(A + A.B) = = B.C + C(A + B) = B.C + A.C + B.C = = A.C + B(C + C) = A.C + B Uma simplificação como essa pode levar a resultados diferentes, que não levam a um circuito de configuração mínima, dependendo da escolha dos termos a serem agrupados. Simplifica-se a expressão, para que a construção do circuito seja o mais simples possível. Teoremas e Postulados Booleanos A Álgebra Booleana possui as mesmas propriedades da Álgebra Linear ordinária, se considerarmos: • a operação lógica básica A AND B como a multiplicação A · B (ou AB ) • a operação A OR B como a soma A + B Propriedades da Álgebra Booleana. Então, vai-se obter a expressão lógica a partir da tabela da verdade. Considere-se o exemplo da tabela a: A B C X 0 0 0 1 > 0 0 1 1 > A função será verdadeira quando: Postulados da Álgebra Booleana ABC ABC 0 1 0 0 0 1 1 0 1 0 0 1 > 1 0 1 1 > ABC ABC > ABC 1 1 0 0 1 1 1 1 30 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Teoremas da Álgebra Booleana Utilizando o T11 da Tabela 4 obtemos a seguinte Expressão Booleana simplificada: Que resulta no seguinte circuito lógico: Exemplo 1: Determinar a expressão (equação) Booleana que representa a Tabela Verdade abaixo. Simplifique e otimize a expressão utilizando os resultados das Tabelas 2, 3 e 4. Desenhe a interligação de portas básicas que implementa esta Tabela Verdade. Tabela verdade de uma função lógica hipotética de 3 variáveis. Interligação de portas básicas que implementa a Tabela Verdade do Exemplo 1. MAPAS DE KARNAUGH Constitui um método gráfico de simplificação, criado por Edward Veich e aperfeiçoado por Maurice Kamaugh. O método, desenvolvido por Veich-Karnaugh, consiste no mapeamento de uma função booleana numa matriz de p células, ou quadrados, adjacentes, onde p é proporcional ao número de variáveis, ou p = 2". A seguir se mostram os Mapas de Karnaugh para 2, 3, 4 e 5 variáveis. Solução: Mas a função lógica XOR com duas variáveis A e C tem a seguinte Tabela Verdade/Expressão Booleana: Logo, COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 31 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Deve-se observar a sequência de combinações das variáveis: 00, 01, 11 e 10. Essa sequência torna-se fundamental para a simplificação, pois somente uma variável muda de estado de uma combinação para outra. Para 5 ou mais variáveis, o método de Karnaugh torna-se de difícil visualização. Para esses casos, outros métodos utilizam-se, mas não serão tratados neste curso. Veja-se a representação de uma função booleana no Mapa de Karnaugh. Seja a expressão obtida da tabela da verdade do exemplo visto no início do capítulo: X = A.B.C + A.B.C + A.B.C + A.B.C + A.B.C Número de variáveis = 3 Portanto, p = 2n = 8 Como se pode perceber, um quadrado pode pertencer a mais de um subcubo. Na escolha dos subcubos, devem ser observados alguns pontos importantes, pois dela depende a minimização correta da expressão booleana. Tais cuidados são: »» optar sempre pelos maiores subcubos possíveis, ou seja, por aqueles que contenham. »» o maior número de quadrados adjacentes; »» o número de quadrados que pertencem a um subcubo é sempre o resultado de uma potência de 2; »» não se deve deixar isolado nenhum quadrado, desde que ele possa ser agrupado com outro(s) quadrado(s). Retoma-se o Mapa de Karnaugh: Todos os termos da expressão são representados por 1 em suas respectivas posições. As demais posições poderão ser preenchidas com 0, ou então permanecem em branco para facilitar a leitura do mapa. A configuração obtida na matriz corresponde a todas as combinações que tornam a função verdadeira (ou X = 1). Para a minimização da função, os quadrados contendo 1 são considerados adjacentes, se tem lado comum. As colunas da direita e da esquerda também são consideradas adjacentes, pois, de uma para outra, há alteração de apenas uma variável. Analogamente, para os mapas de 4 variáveis, as linhas de baixo e de cima também são adjacentes. A reunião desses quadrados adjacentes de­ nomina-se subcubo ou contorno. Volte-se ao exemplo: Verifiquem-se, para cada subcubo, as variáveis comuns nas colunas e nas linhas: »» subcubo de 4 quadrados: variável comum nas colunas: B variável comum nas linhas: não tem variável comum nas colunas e variável co­mum nas linhas: B »» subcubo de 2 quadrados: variável comum nas colunas: A variável comum nas linhas: C variável comum nas colunas e variável co­mum nas linhas: A.C Então, a expressão minimizada será: X = B + A.C 32 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Segue o circuito lógico da função minimizada: em um circuito lógico digital. Segue a implementação de uma porta OU com três entradas: IMPLEMENTAÇÃO DE FUNÇÕES LÓGICAS Circuitos Lógicos com Diodos e Transistores As portas lógicas em blocos podem ser implementadas (construídas) com quaisquer dispositivos que atuem como chave, tais como: relés, diodos e transistores. Como exemplo, implemente-se uma porta E, de duas entradas, com diodos: Usando o mesmo raciocínio, pode-se concluir que qualquer entrada +VCC, implicará em uma saída igual a +VCC, correspondendo, dessa forma, à tabela da verdade da função OU. VA e VB podem assumir somente dois va­lores, 0V e +VCC. Pode-se também verificar que qualquer das entradas em 0V permitirá a condução do diodo correspondente e implicará em uma tensão igual a 0V na saída. Veja-se a tabela de tensões a seguir: Tensões VA VB VS 0 0 0 0 +VCC 0 +VCC 0 0 +VCC +VCC +VCC Uma porta NÃO poderá ser obtida a partir de um transistor em configuração emissor comum. Dependendo da tensão aplicada à base, um transistor bipolar pode operar no corte ou na saturação, funcionando como uma chave aberta (corte) ou uma chave fechada (saturação). Quando a tensão de entrada for +VCC (nível lógico 1), a saída será aproximadamente 0,3V (nível lógico O). Quando, na entrada, houver nível lógico 0, a saída terá nível lógico 1. Portanto, esse circuito funciona como um inversor. Caso se considere OV como nível lógico 0 e +VCC como nível lógico 1, pode-se verificar que a tabela de tensões corresponde exatamente à tabela da verdade da função E. Dessa maneira, pode-se generalizar: »» os níveis lógicos O e 1 referem-se a níveis de tensão COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 33 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Aproveitando a característica de inversão entre entrada e saída, o circuito comporta-se como uma porta NÃO. Convenções de Níveis Lógicos Até agora se associou o nível lógico 1 ao nível de tensão mais alto (+Vcc) e o nível lógico 0 ao nível de tensão mais baixo (0V). Tais convenções referem-se ao que se denomina lógica positiva. Então: Na lógica positiva, ou lógica dos níveis ativos altos, a passagem do nível lógico O para o nível lógico 1 corresponde a uma excursão positiva: Uma maneira muito simples de se converter uma lógica em outra é a troca de todos os 0 por 1e de todos os 1 por 0, na tabela da verdade: Lógica Se, entretanto, se associar o nível lógico 0 ao nível de tensão mais alto (+Vcc) e, consequentemente, o nível lógico 1, ao nível de tensão mais baixo (0V), trabalha-se com a lógica negativa. Em lógica negativa, ou lógica dos níveis ativos baixos, a passagem do nível lógico 0 para o nível lógico 1 corresponde a uma excur­são negativa: Nível Lógico Lógica Baixo Alto Positiva "0" "1" Negativa "1" "0" Lógica positiva e negativa Lógica positiva Lógica negativa A B X=A.B A B X=A+B 0 0 0 1 1 1 0 1 0 1 0 1 1 0 0 0 1 1 1 1 1 0 0 0 Pode-se observar que o fato de se converter uma lógica em outra resulta na complementação da função. Normalmente, adota-se a lógica positiva, isto é, raciocinase em 0 e 1 como 0V e +VCC respectivamente. FAMÍLIA DE CIRCUITOS LÓGICOS Na aula anterior, percebeu-se que se pode implementar uma função lógica por meio de componentes discretos. Entretanto, com o advento dos circuitos integrados, essa 34 técnica tornou-se obsoleta. A tecnologia integrada traz consigo uma série de vantagens, tanto econô­micas (menor custo global) como operacionais (menor dissipação de potência e maior com­pactação). Observar-se-ão as técnicas utilizadas em circuitos integrados na implementação de funções lógicas. Essas técnicas, que se denominam famílias lógicas, designamse por: »» RTL (Resistor-Transistor Logic), Lógica Resistor- COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL »» Transistor »» DTL (Diode-Transistor Logic), Lógica Diodo-Transistor »» TTL (Transistor-Transistor Logic), Lógica Transistor- Módulo I - Eletrônica Aplicada transistores na saída, sendo a mais sensível a ruídos. Foi a primeira das famílias de Cls de ampla utilização. Sua porta básica é a NOU, mostrada a seguir: Transistor »» MOS (Metal Oxide Silicon), Lógica MOS »» ECL (Emitter Coupled Logic), Lógica Emissor Acoplado »» ILL ou I2L (Integrad Injection Logic), Lógica de injeção integrada À exceção da Lógica MOS, obtida a partir de transistores unipolares FETs, as demais famílias constroem-se a partir de transistores bipolares. Níveis de Integração A constante evolução da tecnologia integrada (cada vez maior o número de portas em uma única pastilha ou Chip) gerou a necessidade de se criar uma classificação com relação às escalas de integração. Tal classificação, embora não sendo exata, torna-se bastante aceita com os valores a seguir: »» SSI (Small Scale Integration),Integração em pequena escala - quando o número de portas, em uma única pastilha, não ultrapassa 12; Tabela da Verdade - Porta NOU »» MSI (Médium Sca/e Integration),Integração em média A B X »» LSI (Large Sca/e Integration), Integração em larga escala 0 0 VCC »» VLSI (Very Large Scale Integration), ntegração em muito 0 VCC 0 VCC 0 0 VCC VCC 0 escala - quando o número de portas não ultrapassa 100; - quando o número de portas não ultrapassa 1.000; alta escala - quando o número de portas não ultrapassa 100.000; »» ULSI(Ultra Large Sca/e Integration), integração ultra grande - quando o número de portas é maior do que 100.000. Assim, por exemplo, encontram-se os circuitos da família TTL disponíveis em SSI, MSI ou LSI, da mesma forma que se encontram os circuitos da família MOS disponíveis em LSI, VLSI ou ULSI. Família DTL Família RTL Essa família utiliza diodos nas entradas e transistores na saída, sendo menos afetada pelo ruído que a RTL. Essa família utiliza somente resistores nas entradas e Sua porta básica é a NE, mostrada a seguir: COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 35 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada O circuito mostrado dentro da linha pontilhada recebe o nome de configuração toten-­pole (em poste), termo de difícil adaptação na tradução, onde, em estado normal, um dos dois transistores conduz. 0 circuito mostrado dentro da linha pontilhada recebe o nome de configuraçäo toten-pole (em poste), termo de dificil adaptação na tradução, onde, em estado normal, um dos dois transistores conduz. Tabela Verdade - Porta NE Tabela Verdade - Porta NE A B X 0 0 VCC 0 VCC VCC VCC 0 ≅ VCC VCC VCC 0 A B X 0 0 ≅ VCC 0 VCC ≅ VCC VCC 0 ≅ VCC VCC VCC 0 Existem diferentes versões para o circuito anterior, como, por exemplo, as portas com coletor aberto, como mostra a figura a se­guir: Família TTL Essa família utiliza transistores na entrada e na saída, sendo a mais utilizada das famílias bipolares. Além de ser mais rápida, apresenta melhor rejeição ao ruído que as famílias ante­riores. Segue figura que mostra a porta NE,que é a básica dessa família. 36 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Usa-se essa versão, quando a corrente de saída é elevada. O valor do resistor R "pull­-up" (puxar para cima) depende do número de circuitos ou de cargas a serem alimentadas. O coletor de T4 liga-se a um dos pinos do CI, sendo R "pull-up" uma resistência externa. Quando se interligam as saídas de várias portas com coletor aberto, tem-se o que se de­nomina lógica por fios (wired /ogic). Segue o circuito que mostra a lógica E por fios: Módulo I - Eletrônica Aplicada a mesma da TTL padrão, sendo apenas aumentados os valores dos resistores. Assim, o aumento na resistência resulta em redução na dissipação de potência. As séries usuais são 54LXX e 74LXX. A série "54" utilizase para componentes de uso militar (suas especificações técnicas são mais rígidas) e a série "74", para componentes de uso comercial. Subfamília TTL de Alta Velocidade (HTTL = High TTL) A configuração da porta de alta velocidade é basicamente a mesma da TIL padrão. Nos circuitos dessa subfamília, os valores dos resistores são menores e diodos grampeadores se incluem nas entradas do transistor multiemissor. Ainda, o circuito de saída consiste de um par de transistores na configuração Darlington T3 e T4. Esse arranjo permite velocidade um pouco maior do que a TIL padrão, por causa da ação do transistor e da baixa impedância de saída. Os circuitos desta subfamília têm a desvantagem de consumirem maior potência. Sua série usual é 74HXX e 54HXX. Uma outra forma de se construir a lógica E por fios é utilizar três níveis de portas E, com saída toten-pole0, como mostra o circuito a seguir: O circuito a seguir apresenta a porta bási­ca NE dessa subfamília: FAMÍLIA DE CIRCUITOS LÓGICOS (II) Sub família TTL de Baixa Potência (LP = Low Power) Quando se desejava maior velocidade e menor consumo de energia, a família TTL não apresentava desempenho satisfatório. Então foram criadas subfamílias com características superiores. A partir daí, a família original foi denominada "Standard". Assim, a família TTL apresenta várias subfamílias, que possuem aplicações típicas de acordo com as suas características. Os circuitos TTL de baixa potência (LP) apresentam a melhor relação velocidade/potência entre todos os circuitos lógicos disponíveis. A porta NE dessa subfamília Subfamília TTL com Diodos Schottky - Série 74SXX Também conhecida como Schottky TLL, utiliza transistores na entrada e na saida, como a TLL padrão, de que se diferencia por utilizar circuitos de corte com diodos Schottky entre os transistores para evitar a saturação. É mais rápida e consome menos potência que a TIL, mas é também mais cara. As figuras a seguir mostram dois circuitos que executam a mesma lógica, sendo o segundo um Schottky TIL. COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 37 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada para eliminar os resistores de carga das outras famílias. Em conseqüência, o consumo é menor e a montagem requer uma área menor da pastilha (chip), compara da com outras famílias bipolares. Seu preço é mais elevado. A seguir, apresenta-se um circuito típico de uma porta NOU, utilizando lógica TIL comum, e sua implementação, usando lógica I2L, que é a porta básica dessa família. Família ECL Da mesma forma que a família TTL, essa família utiliza transistores de entrada e de saída, mas os transistores são conectados de forma diferente para evitar a saturação. O resultado é uma velocidade de comutação maior, mas o circuito é bem mais complexo e, portanto, mais caro. Sua sensibilidade ao ruído é semelhante à das famílias RTL e DTL. A figura a seguir mostra a porta básica NOU da família ECL: Ao invés de T4 entrar em saturação, ele entra em condução. Como VCE de corte se en contra próximo a VCE de condução, o resultado consiste em uma alta velocidade de comu­tação. Família IIL ou I2L Utiliza pares complementares de transistores bipolare 38 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Capítulo 07 TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO - FET Antes de se abordar a família MOS, torna-se importante estudar os Transistores de Efeito de Campo FET (Field Effect Transis­tor). Tal FET constituí um dispositivo semicondutor que se baseia em princípios de funcionamento diferentes dos do Transístor Bipolar. Trata-se de um dispositivo UNIPOLAR, isto é, sua operação depende somente do fluxo de portadores majoritários - elétrons ou lacunas. Nos lados da barra, são formadas, por difusão ou outro processo, duas regiões mais fortemente dopadas do tipo P (ou N), de modo a estabelecer duas junções PN. Essas regiões, chamadas Portas - G (Gate), interligam-se de modo que o FET apresente apenas três terminais externos: D, G e S. Esse transistor é chamado de efeito de campo, porque o controle da corrente, que circula em sua malha de saída, única corrente do FET, aliás, é exercido por um campo elétrico (ou pela tensão de entrada que o produz). Ainda, a região entre as portas chama-se Canal; ter-se-á um FET de Canal N, se a barra for do tipo N, e um FET de Canal P, se for do tipo P. No transistor convencional bipolar, a corrente de saída (por exemplo, IC) é controlada por outra corrente aplicada à entrada (IB). Os FETs apresentam grandes vantagens em relação aos transistores bipolares, dentre as quais: 1. possuem alta impedância de entrada, da or­dem de dezenas de mega-ohms; 2. apresentam maior imunidade ao ruído; 3. sua fabricação é relativamente simples e ocupam menos espaço quando integrados. Princípios de Funcionamento Examine-se o funcionamento de um FET de Canal N, estudando o comportamento da corrente de dreno ID, em função das tensões dreno-fonte VD5 e porta-fonte VGS, tomando uma como parâmetro e fazendo variar a outra. Em operação normal, as junções PN são sempre polarizadas inversamente, isto é, trabalha-se com valores de VGs negativos e valores de V0s positivos no caso de um FET de Canal N, conforme o circuito a seguir. Também se trabalha com polaridades invertidas, quando o FET é Canal P. Em qualquer caso, o importante é garantir que as junções PN não conduzam. Comparativamente, suas principais desvantagens, são: 1. apresentar menor velocidade de resposta. 2. apresentar menor produto ganho x banda passante. Existem basicamente dois tipos de FET: »» Transistor de Efeito de Campo de Junção, JFET,ou simplesmente FET; »» Transistor de PortaIsolada, Metal-Óxido Semicondutor, Considere-se o FET Canal N, tomando VGS como parâmetro, MOSFET ou, simplesmente MOS. Constitui-se o FET por uma barra de semi-condutor tipo N (ou tipo P) com um terminal em cada extremidade, chamados de Fonte - S (Source) e de Dreno - D (Drain), conforme figura a seguir. isto é, fixando VGS ≤ 0. Aplicando-se, a partir de zero, uma pequena ten são positiva entre dreno e fonte VDS o FET se comportará entre esses terminais como um simples resistor semicondutor. Haverá a circulação de uma corrente ID, que flui internamen­te pelo canal, do dreno para a fonte. A queda de tensão ao longo do comprimento do canal fará com que a configuração do campo elétrico. COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 39 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada no FET seja tal que as regiões de transição das junções venham a apresentar largura variável, decrescendo do dreno para a fonte, conforme mostra a "situação (a)" da figura a seguir. À medida que se aumenta Vw aumentam as regiões de transição, que penetram no canal, diminuindo sua largura e, portanto, aumentando sua resistência. Do aumento simultâneo de VDS (que favorece a circulação de ID) e da resistência do canal (que constitui um obstáculo à circulação de ID), resulta que ID crece, a princípio linearmente, depois cada vez mais lentamente, conforme o gráfico a seguir: abreviadamente Vpi. Após o pinçamento, as regiões de transi­ ção alteram-se de modo diferente. Conforme ilustram as "situações (d) e (e)",à medida que VDS cresce, o comprimento L da zona estrei­ ta do canal vai aumentando do dreno para a fonte, mas sua largu ra "X" e a corrente ID permanecem praticamente constantes. Nessas condições, a corrente de dreno denomina-se corrente de saturação. Em operação normal, a máxima corrente de saturação de um FET,que se indica por IDS, é obtida com VGS= 0, isto é, quando a porta está em curto com a fonte. Evidentemente não se pode continuar aumentando VDS, além de um certo valor VDSmáx, menor que a tensão de ruptura VR na qual as junções se rompem e o FET deixa de operar. Continuando-se a aumentar VDS, as regiões de transação vão se aproximando até que, para um certo valor de VDS = Vpi, a distância "X", entre suas bordas superiores, ou seja, a largura do canal junto ao dreno, não mais diminui sensivelmente com um posterior aumento de VD "situação (c)". A tensão VDS, em que tal situação ocorre chama-se tensão de pinçamento (Drain-Source Pinch-Off Voltage), 40 Observe-se, na "Característica de Saída" da figura anterior, que quanto mais negativo o VGS considerado, menor a tensão VDS necessária para se atingir a situação de pinçamento, representada pela curva tracejada "pi". Assim, Para VGS = 0V - Vpi = 12V Para VGS = 0V - V = 10V Para VGS = -2V - V = 8V COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Explica-se o fato, já que quanto mais negativo for VGS' maiores serão as zonas de transição e, portanto, menores as tensões Vos que devem ser aplicadas para o pinçamento do canal. Normalmente as portas do FET são in­terconectadas, resultando em apenas uma porta G. Seguem os símbolos dos FETs: POLARIZAÇÃO DE TRANSISTORES DE EFEITO DE CAMPO - FET Polarização de um FET Canal N Suponha-se que, para uma aplicação qual­quer, deseja-se fixar o ponto de trabalho Q, segundo os valores: VDS = 7V, VGS = -1,5V e ID = 4mA, dispondo de uma fonte de alimentação de VCC = 12V. Na malha de saída, tem-se que: VCC = VDS + ID .(RC + RS) Os conceitos de ponto de trabalho Q, reta de carga e polarização de um FET são os mesmos já estudados para os transistores bipolares. Donde, para os valores prefixados: A título de fixar ideias, considere-se o seguinte exemplo de polarização. Na malha de entrada, não circula corrente (IG = 0). Tem-se então que: O esquema a seguir apresenta o circuito usual de polarização de um FET Canal N e a curva característica de saída do transistor. VRS + VGS = RS.ID + VGS = 0 RC + RS = (VCC - VDS)/ID = (12 - 7) = 1250 Ω (I) RS = -VGS/ID = -(1,5)/4.10-3 = 375 Ω que, levado na equação COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 41 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada (I) resulta em RC = 875 Ω. Então, VE = VGS + VRS = -0,5 + 2,6 = 2,1V. Observe-se que a tensão de polarização negativa VGS é Na saída, tem-se VS = VCC - RC.ID = 12 -875.7.10-3 ≅ 5,9V. fornecida através do resistor RS, que faz o potencial cair de VS para VT. Para a excursão de sinal considerada (de "Q" a "X" na reta de carga), obtém-se os se­guintes ganhos de Como VT < VS e VG = VT, pois não há circulação de corrente tensão: na malha de entrada, tem-se que VG < VS, isto é, VG - VS = VGS < 0. Ganho de Tensão do FET O resistor RS também permite a realimentação negativa GV = ΔVDS/ΔVGS = (|3 - 7|)/[|2,1 - 0|) ≅ 1,24 que estabiliza o FET, de modo similar ao verificado com o resistor de emissor do transistor bipolar. Inversamente, quando VE decresce, VGS torna-se mais negativo, !D diminui e, portan­to, VS cresce. Como se sabe, a reta de carga fica determinada pelos pontos P1 (VCC; 0) E P2 [0 ; VCC/(RC + RS)]. Em conclusão, ter-se-á, na saída, um sinal amplificado e defasado de 180° em relação ao de entrada. No caso, tem-se: VCC/(RC + RS) 12 / 1250 = 9,6mA. Ganho de Tensão do Circuito Todas as considerações feitas para o FET Canal N são válidas para o FET Canal P. Deve -se observar, entretanto, que a fonte VCC deve ser invertida, de modo P1 (12 ; 0) e P2 (0 ; 9,6) a manter as junções PN inversamente polarizadas, conforme mostra o circuito da figura a seguir. O FET Aplicando-se, agora, na entrada do circuito, um sinal Canal P deve operar com valores de V positivos GS senoidal, como mostra o cicuito da figura a seguir, tem-se: e valores de V negativos. DS Portanto, ter-se-á: Quando VE = 0, estar-se-á no ponto de trabalho e a saída será VS = VCC - VRCQ = 12 - 875.4.10-3 = 8,5V. À medida que VE cresce, VGS torna-se menos negativo ID cresce e aumenta a queda de tensão em RC. Em decorrência, VS diminui. Suponha-se que, para o pico positivo de VE, ID atinja valor máximo de 7mA (ponto "X" da reta de carga). Tem-se: VRS = 7.10-3.375 ≅ 2,6V Da curva característica, tira-se VGS= -0,5V e VDS = 3V. 42 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Capítulo 08 FAMÍLIA MOS (METAL-OXIDE-SEMICONDUTOR = METAL-ÓXIDO­SEMICONDUTOR Na sua estrutura básica, existe um eletrodo de metal sobre um óxido isolador, apoiados num material semicondutor. A família MOS compõe-se por subfamílias, a saber: 1. MOS com canal P,ou PMOS; 2. MOS com canal N, ou NMOS; 3. MOS complementar, ou CMOS. Subfamília MOS com Canal P - PMOS Utiliza transistor de efeito de campo com canal P fortemente dopado. É a mais lenta das subfamílias MOS e requer duas fontes de alimentação, mas consome bem menos potência que o equivalente bipolar. Subfamília MOS com Canal N - NMOS Utiliza transistor de efeito de campo com canal N fortemente dopado. Embora essa subfamília seja mais rápida, requer menor área que o equivalente PMOS. É de fabricação mais complexa e, em consequência, mais cara Tabela da Verdade - Porta Inversora A X 0 ≈VDD VDD 0 A lógica dinâmica faz uma amostragem periódica do sinal e usa a capacitância de entrada da porta como um elemento de armazenamento de carga. A vantagem desse circuito é limitar a potência requerida, mantendo-se a velocidade de chaveamento ainda em níveis razoáveis. Ver-se-á, a seguir, o circuito inversor estático, implementado com transistores NMOS, e o circuito inversor dinâmico, implementado com transistores PMOS. Observe-se que o consumo de corrente é pequeno, porque o seu fluxo somente ocorre entre os tempos t2 e t3, t7 e t8, quando T1 e T3 estão conduzindo simultaneamente, e um fluxo mínimo em t0, t5, quando C1 se carrega. Subfamília CMOS A subfamília MOS-Complementar utiliza transistores de efeito de campo canal N e canal P fortemente dopados, atuando um como fonte de corrente e outro como carga. Constitui uma subfamília mais rápida que PMOS e NMOe COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 43 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada requer somente uma fonte de alimentação, sendo, porém, mais complexa que as anteriores. inversor básico. Também os circuitos CMOS são compatíveis com os circuitos TTL, porque podem utilizar uma fonte de alimentação de SV a 18V, possuindo potência extremamente baixa, FAN­-OUT elevado, alta imunidade a ruído e veloci­dade próxima do TTL. Fan-out (feixe de saída) constitui o número máximo de entradas que podem ser conectadas à(s) saída(s) de um circuito; é determinado pela corrente máxima que o circuito pode fornecer na sua saída. Segue figura que mostra implementada com CMOS: uma porta inversora RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS FAMÍLIAS LÓGICAS GERAIS DAS É apresentado, a seguir, um resumo das vantagens e das desvantagens das famílias lógicas estudadas, bem como as precauções necessárias quando do uso da família MOS. PMOS ou NMOS Tabela da Verdade - Porta Inversora A X 0 ≈VDD VDD 0 Chip; 2. baixo custo por função lógica; 3. pequeno número de subsistemas para testar; 4. menor número de partes para montar e para Qualquer porta lógica pode ser construída pela modificação do circuito inversor básico. A figura a seguir mostra um bloco NE formado pela adição de um PMOS em paralelo e um NMOS em série com o 44 1. Maior capacidade de funções lógicas por inspecionar; 5. baixo consumo por função; 6. possibilidade de escolha entre produtos standard ou dedicados. COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Desvantagens 1. Baixa velocidade; 2. fontes de alimentação múltiplas para operar corretamente e "interfacear" com outras fa­ mílias lógicas; 3. confiabilidade não muito elevada. CMOS Módulo I - Eletrônica Aplicada 2. baixa velocidade. TTL Vantagens 1. Baixa dissipação; 2. alta velocidade; 3. alta capacidade de fan-out; 4. compatibilidade com sistemas existentes; Vantagens 5. baixo custo. 1. Consumo extremamente baixo, quando operando a Desvantagens baixa velocidade; 2. relativamente insensível a variações da fonte; 3. alta imunidade ao ruído; 4. compatível (através de buffers) com a maioria das famílias lógicas. 1. Baixa tolerância a variações da fonte; 2. Suscetível a transientes na fonte de alimen­tação. ECL Vantagens Desvantagens 1. Alta velocidade; 1. Baixa velocidade; 2. alta capacidade de fan-out; 2. Suscetível a danos por descarga de eletricidade estática. 3. baixa geração de ruído; RTL 4. saída complementar. Vantagem Desvantagens 1. Baixa dissipação de potência. 1. Dificuldade de "interfacear"; Desvantagens 2. alto custo; 1. Margem de ruído insuficiente; 3. exige um cuidadoso Jay-out do circuito. 2. baixa velocidade. I2L DTL Vantagens Vantagem 1. O produto velocidade-potência é baixo e constante; 1. Baixa dissipação de potência. 2. densidade de componentes por chip muito elevada. Desvantagens Desvantagem 1. Margem de ruído baixa; 1. Alto custo. COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 45 MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada Precauções necessárias quando do uso da família MOS Todas as subfamílias MOS são muito sensíveis à carga eletrostática, tal como a que existe no próprio corpo humano, à medida que se caminha sobre pisos, por exemplo, atapetados. Dessa forma, devem-se ter os seguintes cuidados com esses CIs: »» devem ser armazenados e transportados com todos os contatos curto-circuitados; »» para trabalhar, os operadores devem estar aterrados e terem seus instrumentos também aterrados; Entrada e Saída »» evitar roupas sintéticas; Enable Entrada Saída »» Não removê-los ou inseri-los com a fonte de alimentação 0 0 1 0 1 0 1 0 ligada; »» não exceder a tensão máxima especificada pelo fabricante. Alta impedância DISPOSITIVOS ESPECIAIS - TRl-STATE E SCHIMITTTRIGGER Além das portas já explanadas, há outros circuitos que satisfazem algumas necessidades especiais. Tri-State Constituem dispositivos que têm três estados possíveis: »» Nível lógico O »» Nível lógico 1 »» Circuito aberto, também chamado de alta impedância. Possuem, além das entradas normais, uma entrada habilitadora/desabilitadora (enable/disable). Quando habilitada, opera normalmente como uma porta comum. Quando desabilitada, opera como um circuito aberto. 1 1 A habilitação pode ser feita com nível ló­ gico O ou com nível lógico 1, dependendo do circuito empregado. Quando tri-states operam em paralelo, um, e somente um, dispositivo pode ser habilitado por vez. Se nenhum dispositivo estiver habilitado, a saída apresenta alta impedância e sua tensão pode estar na "região proibida". Se mais que um dispositivo for habilitado simultaneamente, poderá haver uma corrente excessiva e danificar o CI. Cite-se um exemplo de operação em paralelo: quando se deseja enviar níveis lógicos (dados) separadamente a um circuito através de uma única via. Schimitt-Trigger A porta Schmitt-Trigger constitui um tipo especial que apresenta a seguinte característica: só dispara ou muda de nível lógico O para 1, quando a tensão de entrada for maior que um determinado nível chamado nível de disparo (limiar de disparo). Também, só muda de nível lógico 1 para O, quando a tensão de entrada for menor que o nível de corte (limiar de corte). Observe-se a seguir a figura seguinte, que mostra o se 46 COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL MUNDI - UNIVERSO EDUCACIONAL Módulo I - Eletrônica Aplicada funcionamento: A diferença entre o nível de disparo e o nível de corte denomina-se Histerese, que habilita o Schmitt-Trigger a fornecer a forma de onda quadrada. A figura seguinte mostra a representação simbólica para uma porta NE Schmitt-Trigger. Os dispositivos Schmitt-Trigger utilizam-se largamente em sistemas digitais, para transformar em onda quadrada as variações oriundas de sistemas analógicos diversos não compatíveis. Uma dessas aplicações consiste em, a partir de uma amostra da tensão senoidal da rede elétrica, obter o sinal de clock quadrado de 60Hz para, após dividido, fornecer Hz aos contadores de segundos dos relógios digitais. Além de inversores, encontram-se disponíveis em circuitos integrados da família TTL, em portas NE Schmitt-Trigger. COPYRIGHT © 2007 by@ MUNDI LTDA. PROPRIEDADE INTELECTUAL PROTEGIDA. PROIBIDA SUA REPRODUÇAO TOTAL OU PARCIAL 47