v 9 Parte Parte 9 Técnicas e métodos de estudo Técnicas e métodos de estudo • T écnicas de estudo • Sublinhar • Inferir ideias principais • Resumir 344 344 349 351 • O rganizar graficamente a informação: esquemas e tabela • Preparação de avaliações • Rever conteúdos • Rever procedimentos 357 363 363 370 • R efletir sobre a própria aprendizagem • Apresentação de trabalhos • Pesquisar informação • Elaborar trabalhos escritos • Apresentar exposições orais 376 379 379 384 389 343 139277 343-390_parte9.indd 343 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Técnicas de estudo Sublinhar 1. Em que consiste sublinhar? Sublinhar desenvolve: • a atenção; • a concentração; • a capacidade de análise. Sublinhar implica detetar aquilo que é mais importante dentro de um texto. Mas será que o mais importante é sempre o mesmo? De acordo com os objetivos que temos, podemos realizar diferentes tipos de sublinhado. É possível que só pretendamos localizar uns dados; talvez procuremos a ideia essencial e as ideias secundárias; ou pode ser que queiramos examinar o texto de forma pormenorizada. Segundo o objetivo a que nos propomos, será pertinente sublinhar mais ou menos quantidade de texto. 2. Por que razão sublinhamos? • Sublinhamos palavras-chave para gerar marcadores mentais. Este tipo de sublinhado é especialmente útil para aprender conceitos e para explicar depois o seu significado. a digestão participam várias partes do aparelho digestivo: N • Na boca, os alimentos desfazem-se com os dentes e misturam-se com a saliva, produzida pelas glândulas salivares. Assim se forma o bolo alimentar. Aproveite este tipo de sublinhado para elaborar esquemas. Dentes Glândulas salivares Língua Digestão Boca … … Bolo alimentar • Sublinhamos partes do texto para identificar as ideias principais. Este tipo de sublinhado é útil para estudar um tema e desenvolvê-lo. Material necessário: • Um livro que possa ser riscado (ou uma fotocópia). • Um lápis e uma borracha, para poder retificar. a digestão participam várias partes do aparelho digestivo: N • Na boca, os alimentos desfazem-se com os dentes e misturam-se com a saliva, produzida pelas glândulas salivares. Assim se forma o bolo alimentar. Aproveite este tipo de sublinhado para redigir resumos. 344 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 344 11/05/05 10:06 Parte 9 Ao sublinhar palavras-chave, os alunos estão a distinguir os termos importantes dos que não são importantes; ou seja, estão a identificar os conceitos fundamentais referidos no texto. Quando os alunos começam a fazer exercícios de sublinhado, necessitam de ajuda. É frequente que tenham tendência a sublinhar demasiado e pode ser que não saibam se devem sublinhar «palavras soltas» ou «partes inteiras» do texto. Técnicas e métodos de estudo 3. Estratégias: sublinhar palavras-chave Realize as primeiras atividades de forma muito dirigida; isso irá tranquilizá-los. Incorpore exercícios de sublinhado como prática habitual e observará que os seus alunos aumentarão gradualmente a sua destreza. Quando é que se tem de sublinhar? • N a primeira vez que se lê o texto? → NÃO • Na segunda vez que se lê o texto, quando se compreende o conteúdo? → SIM Como saber se foram sublinhadas as palavras-chave de um texto? Aquilo que é sublinhado deve ter unidade de sentido. É, no entanto, possível que para os alunos deste nível seja ainda difícil compreender este conceito. Por isso, é prático pedir-lhes que sublinhem as palavras que respondem a questões como as seguintes: • Q uais são as fases da Lua? • Com que unidades medimos o tempo? • Que características têm os marsupiais? Comprova-se depois que estas questões podem ser respondidas com os termos sublinhados. Observe que essa mesma pergunta de verificação é a que previamente motiva a atividade de sublinhar. Por exemplo: • S ublinham-se as fases da Lua. • Sublinham-se as unidades de medida de tempo. • Sublinham-se as características dos marsupiais. E, por último, observe também que essa pergunta abarca a informação do tema: • F ases da Lua. • Unidades de medida de tempo. • Características dos marsupiais. Os vulcões A lava ascende por uma conduta, a chaminé vulcânica, e sai para o exterior por um orifício, a cratera. Além da lava, os vulcões expulsam gases e fragmentos de rocha. Todos estes materiais se vão acumulando em redor da cratera e dão origem ao cone vulcânico. Pergunta de verificação: • Que partes constituem um vulcão? Resposta: • A chaminé vulcânica. • A cratera. • O cone vulcânico. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 345 345 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Só se sublinham substantivos, adjetivos e verbos? Na hora de corrigir Diga em voz alta o que sublinharia, para que os alunos possam comparar com aquilo que sublinharam. Indique-lhes o que devem retificar, mas tente que apaguem e corrijam apenas o que é realmente pertinente. Os termos que se sublinham com maior frequência são palavras com uma forte carga semântica: substantivos, adjetivos e verbos, que constituem o esqueleto informativo de um texto. No entanto, em determinados casos, pode ser necessário sublinhar advérbios que são imprescindíveis para indicar circunstâncias relevantes. Por exemplo: Titanic […] uma viagem […] só Em alguns textos, pode ser conveniente sublinhar conexões lógicas para interligar as diferentes ideias: Chuvas abundantes […] Contudo […] escasso caudal Leitos secos […] porque […] chuvas sazonais Em textos sequenciais, pode ser inevitável destacar os marcadores temporais: inverno […] semeadura de verão […] ceifa Em primeiro lugar […] arar. Depois […] formar sulcos Podem adicionar-se palavras? Em certas ocasiões, os alunos terão dificuldade em encontrar sentido para as palavras sublinhadas de um texto, já que por si mesmas podem não fazer sentido. Nestes casos, sugira-lhes que — com o mesmo lápis com que estão a trabalhar — escrevam sobre o texto um sinónimo daquilo que sublinharam. É importante que isto não dificulte depois a leitura do sublinhado. Ao frutífero inventor Thomas Alva Edison devemos-lhe a invenção, em 1877, do fonógrafo . 4. Estratégias: sublinhar partes do texto Ao sublinhar partes do texto, os alunos identificam as ideias presentes no mesmo. Isto significa que estão a compreender a informação. Para sublinhar palavras-chave, não estão em jogo exatamente os mesmos processos mentais que para sublinhar partes do texto. A primeira técnica corresponde a um nível mais superficial de compreensão, enquanto a segunda requer um esforço cognitivo maior. 346 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 346 11/05/05 10:06 Parte 9 Técnicas e métodos de estudo Dito de outra maneira: é possível sublinhar corretamente palavras-chave do texto e não compreender o que se está a ler; contudo, é praticamente impossível sublinhar corretamente partes do texto se não se compreende aquilo que se lê. Além do facto de ser desejável a definição de uma técnica de análise acompanhada de uma verdadeira compreensão do texto, esta diferença entre sublinhar palavras-chave e sublinhar partes do texto merece uma reflexão pedagógica que pode ser útil na sala de aula. Existem mecanismos meramente percetivos que permitem ao aluno identificar as palavras-chave, mesmo antes de ter interiorizado uma só. Por exemplo: Na aula Evite qualificar os exercícios de sublinhado. O sublinhado não é um fim em si mesmo. O verdadeiro interesse de aprender a sublinhar é desenvolver a capacidade de análise da informação. • A situação de aprendizagem. Como o aluno vai ler um texto instrutivo, predispõe-se a localizar termos difíceis, palavras desconhecidas ou vocábulos precisos que identifica como palavras do livro. Aborda a tarefa sabendo que todos esses termos acabarão sublinhados. • O contexto. Quando começa a ler o texto, faz-se uma ideia da área e do tema. A própria página proporciona-lhe muita informação: títulos e subtítulos; fotografias e desenhos; termos a negrito ou itálico, entre outros. Esses elementos fazem-no evocar as palavras relacionadas com esse contexto: tanto as que configuram o seu vocabulário ativo, como as que conserva latentes no seu vocabulário passivo. Assim, o aluno predispõe-se a reconhecer palavras--chave relacionadas com o tema. • O caráter isolado das palavras-chave. O cérebro percebe-as como ilhas no meio de um mar de palavras. Em parte, é uma identificação intuitiva por contraste, semelhante à distinção fundo-figura. Contudo, os alunos não dispõem deste tipo de ajudas quando têm de sublinhar ideias. As ideias estão no texto, tecidas em forma de rede, próximas entre si e dependentes umas das outras. Por isso, muita prática e bons conselhos são essenciais. Sugestões para sublinhar ideias 1. Lê duas vezes o texto antes de começar a sublinhar. 2. Primeiro que tudo, encontra a ideia principal. 3. Encontraste a ideia principal? Marca-a bem; para que seja visível que é mais importante do que as demais. 4. Cada vez que sublinhas uma ideia, volta a lê-la e assegura-te de que não te sobra nada. Se for necessário, apaga parte do sublinhado. Como encontrar a ideia principal? Distinguem-se duas estruturas textuais básicas: • T exto analítico. Expõe-se no princípio a ideia principal e, em seguida, desenvolvem-se as ideias secundárias. • Texto sintético. Expõem-se os dados, ou as ideias secundárias, ou os argumentos (dependendo do assunto), e termina-se com a ideia principal em jeito de conclusão. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 347 347 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 É frequente, sobretudo em textos de manuais escolares, que a ideia principal esteja no primeiro parágrafo do texto. Em certas ocasiões, existe um primeiro parágrafo que serve de introdução ao conteúdo; bastará continuar a ler para encontrar de imediato — quase garantidamente — a ideia principal do texto. Título, tema ou ideia principal? Responda às dúvidas mais frequentes dos seus alunos. Por exemplo: • Sublinho o título? Só se o título expressa o tema do texto. • Como sei qual é o tema de um texto? O tema é aquilo de que trata o texto. É uma expressão breve que contém um nome, geralmente um único sintagma. • O tema é o mesmo que a ideia principal? Não. O tema expressa-se com um sintagma; a ideia é uma oração. Por exemplo: — Tema: Os barcos veleiros. — Ideia principal: Os barcos veleiros são mais inseguros para viajar. • Como vou recordar o tema e a ideia principal? É útil enquadrar o tema para o distinguir de tudo o que está sublinhado. Também se pode destacar a ideia principal sublinhando-a com uma cor distinta do resto. Convém fazer comentários enquanto se sublinha? Nos manuais de técnicas de estudo é habitual sugerir que quando se sublinha um texto se anote na margem a que se refere o sublinhado. Este sistema tem a vantagem de o aluno estruturar e hierarquizar as ideias em simultâneo. O inconveniente é que adiciona complexidade ao processo, porque o aluno, por cada ideia que encontra, tem de determinar um tema ou um subtema. A conveniência ou não de juntar ambas as técnicas dependerá da destreza dos alunos e dos seus critérios, enquanto docente. Com alunos deste nível, convém que seja o professor a tomar a decisão; os alunos adotarão o método que lhes seja oferecido como modelo. 348 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 348 11/05/05 10:06 Parte 1. Em que consiste inferir? Inferir implica: • observar; • compreender; • interpretar; • conjeturar. Inferir é extrair uma consequência ou uma conclusão a partir de dados, de informações ou de indícios. Quando nos aproximamos de uma fonte de informação, é muito útil colocar em marcha processos de inferência. No terreno da Lógica, não existe uma identificação total entre inferir e deduzir. À dedução outorga-se um caráter exato: de uma premissa ou da conjunção de várias premissas obtém-se uma conclusão inequívoca. 9 Técnicas e métodos de estudo Inferir as ideias principais No entanto, é frequente aproximarmo-nos do conhecimento sem dispormos dessas conclusões inequívocas. Quando não dispomos de premissas exatas, quando nos faltam dados ou quando ainda não analisámos suficientemente a informação, não podemos deduzir em sentido estrito, mas podemos inferir. Uma inferência é a conclusão que alguém pode tirar de acordo com o que conhece. 2. Por que razão inferimos? Na construção das aprendizagens, a inferência torna-se um procedimento muito eficaz, com múltiplas possibilidades estratégicas. Exemplos de inferências realizadas por um aluno em situações de aprendizagem matemática Inferimos para nos anteciparmos a um processo de compreensão. Perante um desenho de uma tarte que representa 1/4 e outro que representa 1/8, o aluno compreende com facilidade que a fração 1/4 é maior do que a fração 1/8. Inferimos para completar um todo. Se a aula dura uma hora e decorreram quarenta minutos, o aluno calcula que resta menos tempo do que aquele que já passou. A estimativa, o cálculo por aproximação e o arredondamento baseiam-se neste mecanismo. Inferimos para extrair conclusões. Ao observar um gráfico de linhas com a compra semanal de duas famílias, o aluno sabe qual delas corresponde a uma família de um país desenvolvido e qual representa uma família de um país menos desenvolvido. Inferimos para determinar consequências. Perante o problema «Lídia e os seus irmãos entram numa sapataria e todos saem com sapatos novos. Terão comprado 2, 4 ou 8 sapatos?», o aluno determinará que é 8, já que sabe que eram, pelo menos, três pessoas. 3. Estratégias: detetar ideias antes de ler Nos textos incluem-se diferentes elementos que deixam o aluno de sobreaviso para começar a procurar as ideias principais, antes mesmo de aprofundar a leitura. Alguns desses elementos são tão evidentes que os alunos não têm dificuldade em identificá-los, como os exemplos que se apresentam de seguida. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 349 349 11/05/05 10:06 Parte Título As partes da geosfera Palavras a negrito A crosta terrestre é a camada mais externa da geosfera. É composta por materiais sólidos e é mais espessa nos continentes de que sob os oceanos. O manto é a camada intermédia da geosfera. A sua temperatura é mais elevada do que a da crosta. Em algumas zonas do manto encontram-se rochas fundidas, que recebem o nome de magma. O núcleo é a camada mais interior da geosfera. É composta por ferro e outros metais. Tem uma temperatura muito elevada. Divide-se em duas partes: o núcleo externo e o núcleo interno. Enumeração A geosfera é a parte sólida da Terra. Parte da geosfera está sob os oceanos, formando os leitos marinhos, e parte emerge e forma os continentes e as ilhas. Definição Classificação A Geosfera Título principal Técnicas e métodos de estudo 9 As rochas e os minerais As rochas são os materiais naturais que formam a crosta terrestre. As rochas são formadas por vários componentes, que se observam como grãos de diversos tamanhos e cores. Estes componentes são os minerais. Subtítulo Marcas gráficas Tipos de rochas Existem três grupos de rochas segundo a sua origem, ou seja, segundo a sua formação: • As rochas sedimentares formam-se a partir de materiais provenientes de outras rochas ou de seres vivos. O carbono, o gesso ou o arenito são rochas sedimentares. • As rochas ígneas originam-se através da solidificação do magma. O granito e o basalto são rochas ígneas. • As rochas metamórficas originam-se quando outras rochas são aquecidas ou comprimidas. O mármore e o xisto são rochas metamórficas. É conveniente definir a aproximação em três fases sucessivas e fazer com que os alunos efetuem inferências a partir dos indícios. FaseS Ler o título principal, os títulos e os subtítulos. O que averiguo? • O texto trata da geosfera. • Existe uma introdução que talvez explique o que é a geosfera. Depois, existem duas secções: uma sobre as partes da geosfera e outra sobre as rochas e minerais; neste último incluem-se os tipos de rochas. Examinar o primeiro • É provável que no primeiro parágrafo do texto e de cada secção haja uma ideia principal. parágrafo, as palavras a negrito • As palavras a negrito serão conceitos-chave. e as marcas gráficas. • É necessário interpretar qualquer marca gráfica. • As definições de conceitos aparecem com construções Identificar as definições, as enumerações e as classificações. 350 como: «X é…», «Chamamos X a…». • As enumerações expressam ordenadamente as partes de um conjunto. • As classificações anunciam-se com expressões como «existem X grupos de…», que terminam com dois pontos. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 350 11/05/05 10:06 Parte 9 Técnicas e métodos de estudo Resumir 1. Em que consiste resumir? Resumir permite: • compreender em profundidade; • refletir sobre aquilo que se leu; • assimilar a informação. Resumir consiste em reduzir a informação ao essencial e redigi-la. Pelo caminho, prescinde-se do supérfluo, do anedótico, dos exemplos, das clarificações… Nos manuais, é habitual afirmar-se que um bom resumo deve ter cerca de trinta por cento do tamanho total do texto original, mas as medidas pouco importam num nível inicial, como é este dos alunos do Ensino Básico. No resumo, ao contrário do sublinhado, os alunos têm de processar e reelaborar a informação. 2. Por que razão resumimos? • R esumimos para compreender, mas, por outro lado, para resumir é imprescindível ter compreendido previamente. Assim, com o resumo, as capacidades de compreensão e de síntese alimentam-se de forma retroativa. Os processos formam um ciclo muito eficaz em qualquer situação de aprendizagem: compreender para para resumir • R esumimos para analisar a informação. Por isso, é frequente o resumo aparecer em combinação com outras técnicas de síntese: Pode ser o passo seguinte do sublinhado. Resumo É a antecâmara do esquema. • R esumimos para estudar e preparar mais facilmente um tema. Com a ajuda do resumo, o aluno supera as primeiras fases do estudo: leu → compreendeu → selecionou → reelaborou a informação A partir daqui, resta ao aluno unicamente fixar a informação e efetuar as revisões pertinentes. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 351 351 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 3. Estratégias: pesquisar as ideias Explique Nos livros de texto utilizados na aula encontrarão frequentemente uma ideia por cada parágrafo. Antes de resumir, é necessário encontrar o tema e as ideias principais. Independentemente do procedimento escolhido, a primeira fase de um resumo é a identificação do tema e das ideias principais. O que faço? O que consigo? Uma primeira leitura global Compreendo o texto Uma leitura profunda. Reconheço as ideias principais. Nova leitura profunda, parágrafo a parágrafo. Compreendo as ideias e relaciono-as, assim já posso começar a resumir. Como procurar as ideias principais? Pode sublinhar-se o texto e copiar as ideias para um rascunho ou passar diretamente da leitura profunda à formulação das ideias principais. Jogo da glória Para jogar ao Jogo da glória, é necessário um tabuleiro especial. O tabuleiro do Jogo da glória representa um percurso de 90 casas. Para jogar, é preciso ter um dado e um marcador de cor diferente para cada jogador. Sublinhar as ideias ou copiá-las Glória Para jogar ao Jogo da glória, é necessário um tabuleiro especial. O tabuleiro do Jogo da glória representa um percurso de 90 casas. Para jogar, é preciso ter um dado e uma ficha de cor diferente para cada jogador. 352 Formular as ideias diretamente Tema: O Jogo da glória. Ideias principais: • O tabuleiro representa um percurso de 90 casas. • Joga-se com um dado e um marcador de cor diferente para cada jogador. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 352 11/05/05 10:06 Parte 9 Técnicas e métodos de estudo 4. Estratégias: redigir o resumo Ao resumir na aula Fomente a colaboração entre os alunos, para resolverem partes concretas do resumo, mas convença-os a não copiarem uns pelos outros. Ao resumir, deve expressar-se com muitas clareza e precisão. Convém redigir com simplicidade, evitar as orações longas ou excessivamente complexas e manter a ordem sintática sujeito-predicado. Redação pouco recomendável Num segundo, um som percorre 340 metros. Aos movimentos sísmicos que têm origem no mar chamamos maremotos. Redação recomendável O som percorre 340 metros por segundo. Um maremoto é um movimento sísmico que se produz no mar. Tenho de copiar as mesmas palavras do texto? Podem surgir várias respostas: • N ão, não tenho de copiar o mesmo que diz o texto. Um resumo é um texto próprio. Quanto mais personalizada for a linguagem, maior terá de ser a minha segurança relativamente à compreensão do texto. • Sim, posso copiar o mesmo que diz o texto quando tiver sublinhado previamente as ideias principais. Nesse caso, copiar o que se sublinhou pode servir de resumo ou, pelo menos, para alguns fragmentos do resumo. • Sim, tenho de copiar as palavras e as expressões que estejam relacionadas com o tema. Num resumo, tem de aparecer o vocabulário que é necessário aprender. Para os alunos do Ensino Básico, é ainda muito difícil encontrar um ponto intermédio entre o resumo copiado e o resumo personalizado. É conveniente copiar os resumos de um companheiro? A resposta é não: • N ão, porque o esforço de compreensão e de reelaboração não é transferível de uma pessoa para outra: «Compreendi o que li e agora redijo o que compreendi.» • Não, porque supõe abordar o processo de apreensão de uma forma incompleta; sem ter passado pelas fases iniciais: «Se me emprestares o teu resumo, será o mesmo que ler o texto inicial.» • Não, porque a ordenação das ideias e a exposição discursiva têm muito de subjetivo: «A tua maneira de ordenar as ideias e de redigir não coincide com a minha.» DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 353 353 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Quando está bem feito um resumo? Um resumo está correto se se reconhecerem as seguintes condições: ecolhe todas as ideias importantes do texto. • R • Está redigido de forma clara e coerente. • Contém o vocabulário próprio do tema. Estão aqui três exemplos de resumos corretos, que se diferenciam tanto na ordenação como na redação: Texto Quando as aves migratórias viajam, fazem-no, na maioria dos casos, em bandos. Não se trata de um capricho, existe uma explicação científica: voam agrupadas para romperem a resistência do vento e, assim, pouparem energia. Identificação de ideias Vocabulário • • • • Quando as aves migratórias viajam, fazem-no, na maioria dos casos, em bandos. Não se trata de um capricho, existe uma explicação científica: voam agrupadas para romperem a resistência do vento e, assim, pouparem energia. ves migratórias. A andos. B Resistência ao vento. Poupar energia. Resumo I As aves migratórias viajam em bandos. Assim, rompem a resistência do vento e poupam energia. Resumo II Muitas aves, quando emigram, voam em bandos. Poupam energia, porque rompem a resistência do vento. Resumo III As aves migratórias voam juntas (em bandos) para romperem a resistência do vento. Assim, poupam energia. 354 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 354 11/05/05 10:06 Parte 9 Técnicas e métodos de estudo 5. Adquirir o hábito Ajude-os O mais difícil para um aluno inexperiente é redigir o primeiro parágrafo. Para aprender a resumir, é preciso fazer muitos resumos. É prático escolher uma área e começar a conceber resumos unicamente para os textos dessa área. Assim, é assegurada uma certa homogeneidade nos textos, o que, em conjunto com as rotinas estratégicas que cada docente pode aplicar, proporcionará uma metodologia adequada para os alunos. A área das Ciências é provavelmente aquela que oferece mais oportunidades para conceber atividades de resumo. Nas primeiras ocasiões, convém seguir um procedimento muito específico, em conjunto com a turma: 1. 2. 3. 4. 5. Ler uma vez o texto completo (leitura silenciosa individual). Perguntar de que trata o texto. Escolher a melhor formulação. Ler pormenorizadamente um parágrafo (leitura oral coletiva). Resumi-lo oralmente numa oração. Cada aluno copia o mesmo resumo para o seu caderno. Progressivamente, o professor ou professora pode ceder parte do seu papel aos alunos: 1.Um aluno lê em voz alta o parágrafo e os restantes colegas acompanham a leitura. 2.Vários alunos dizem o que entenderam, mesmo que o que possam dizer esteja incompleto. O professor ajuda a completar e a compor. 3.O professor começa a formular a ideia e pede-lhes ajuda para que possa ter­miná-la. 4. Cada aluno copia o mesmo resumo para o seu caderno. Depois de vários meses de prática, será possível chegar a uma fórmula algo mais autónoma, mas igualmente sistemática: 1. Um aluno lê em voz alta o parágrafo e os restantes acompanham a leitura. 2.Vários alunos dizem o que entenderam, mesmo que o que possam dizer esteja incompleto. O professor ajuda a completar e a matizar. 3.O professor pede a vários alunos que formulem o seu resumo. 4. Cada aluno redige o seu próprio resumo no caderno. Para adquirir e desenvolver a técnica, é necessário fazer resumos cada vez mais longos e difíceis, mas não convém soltar amarras demasiado cedo. Só com um método específico, coletivo e de rotina constante é possível fazer com que os alunos elaborem resumos cada vez melhores. Estratégias 1 Hábito Aquisição da técnica DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 355 355 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Os alunos fazem resumos com muita frequência? Tenha em conta Habituando os alunos a resumir, está a prepará-los para a recolha de apontamentos no futuro. Se tiver oportunidade, conceba tarefas que impliquem resumos para os seus alunos executarem; desta forma ganharão competências na área da comunicação. Os resumos são excelentes para: • Melhorar a expressão escrita. Resumir incita-os a redigir com clareza, a ser concisos e a utilizar um vocabulário preciso. • Melhorar a expressão oral. Ao serem obrigados a reelaborar a informação, os alunos são capazes de explicar oralmente o que resumiram de formas distintas; o seu discurso oral ficará mais coerente e fluido. • Melhorar a compreensão. Os alunos automatizam a leitura profunda dos textos informativos e habituam-se a interrogar-se sobre o verdadeiro sentido do que leem, interpretando-os. Os resumos servem para estudar? Alguns docentes aconselham estudar a partir do resumo porque contém um discurso personalizado. O estudante, ao resumir, já se separou da linguagem do autor e fez seu o conteúdo do texto, logo, iniciou a interiorização dos conceitos. Quando estiver a estudar e a rever os conteúdos com o resumo à sua frente, poderá variar a forma de o aluno se explicar, mas manterá constante a ordem e a hierarquia dos conteúdos que escolheu quando redigiu o resumo. Por outro lado, outros desaconselham o uso do resumo para estudar. Referem que, ao tratar-se de uma síntese discursiva — ou seja, totalmente condensada e já redigida —, o estudante tenderá a memorizá-la sem flexibilidade alguma (relativamente ao esquema, que obriga a construir um discurso enquanto vai memorizando e que, portanto, proporciona um verdadeiro estudo). Por isso, alguns docentes são partidários de que, ainda que se devam elaborar esquemas e resumos, o estudo se apoie no texto íntegro original. Como em tudo, é sempre possível adotar uma postura intermédia, que aproveite as contribuições de uns e outros. Por exemplo, o professor pode aconselhar os alunos da seguinte forma: • A ntes de estudar um tema, elabora resumos. • Memoriza a informação tal como te recomenda o teu professor ou professora. • Uma vez memorizado o tema, aproveita os resumos para rever. 356 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 356 11/05/05 10:06 Parte 9 Técnicas e métodos de estudo Organizar graficamente a informação: esquemas e tabelas 1. E m que consiste a organização gráfica da informação? Organizar graficamente a informação requer: Organizar graficamente a informação significa representar os conteúdos fundamentais de um texto e mostrar as relações que existem entre si. • sintetizar; • ordenar; • classificar; • hierarquizar. É uma técnica de síntese que reduz o texto à sua mínima expressão. As relações lógicas prescindem das palavras e permanecem reduzidas a marcadores gráficos e a códigos espaciais. Outras técnicas relacionadas são: • leitura global; • sublinhado; • comentários na margem. Representar a informação num gráfico exige um maior grau de abstração do que o mero sublinhado ou o resumo. Daí que para os alunos do terceiro ciclo do Ensino Básico ainda seja um exercício difícil (tendo em conta que estão apenas a começar a desenvolver o pensamento formal). Não obstante, é o momento ideal para lhes proporcionar estratégias e ajudar a adquirir bons hábitos. Começar com exercícios simples e praticar com assiduidade permitir-lhes-á enfrentar o estudo com uma atitude mais ativa. 2. Por que razão elaboramos esquemas e tabelas? Elaboramos esquemas e tabelas para observarmos a informação de forma imediata, com uma rápida observação. Para isso, a informação deverá ficar reduzida ao importante, ao estritamente essencial e, além disso, deverá ser apresentada de forma lógica. O tema Os conceitos principais Os dados Os conceitos secundários Proponha elaborar esquemas: • Para compreender exaustivamente um texto. Por exemplo, as informações teóricas da área das Línguas. • Para memorizar informação complexa. Por exemplo, como plano de um tema de Estudo do Meio. Material necessário: • Papel de rascunho, para criar um primeiro esboço. • Lápis de várias cores. • Régua. Proponha elaborar tabelas: • Para comparar duas ou mais realidades. Por exemplo, animais ovíparos e animais vivíparos. • Para estabelecer classificações. Por exemplo, as figuras poligonais. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 357 357 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 3. Estratégias: elaborar esquemas Ainda que seja possível assinalar critérios para elaborar esquemas, a verdadeira solução reside em adquirir um método próprio ao longo da vida de estudante. O primeiro passo é determinar o tema. Ajude os alunos a interrogarem-se sobre o tema do texto: • De que fala o texto? • De que trata? A resposta terá de ser um sintagma nominal. Fala de: as mariposas, os super-heróis do cinema, os tipos em rodas de bicicleta, … Na representação gráfica, o tema torna-se o título do esquema. Os alunos ficam desanimados Se depois de terem desenhado uma chaveta, não couber o conteúdo. Na horizontal • E squema polivalente e simples de aprender. • Muito recomendável para textos descritivos, para enumerações e para classificações. • Permite aproveitar bem toda a largura do papel. • Permite que umas partes tenham mais desenvolvimento do que outras. • Desenhar as chavetas requer alguma perícia. • • • • • • • • • • • • Na vertical Para calcular bem o espaço Recomende-lhes que no segundo nível escrevam o texto da esquerda, em seguida o da direita e, finalmente, o do centro. 358 • E squema muito visual, mas com limitações de desenvolvimento. • Recomendável se só são necessários termos independentes ou expressões sucintas. • É mais claro se se marcarem todos os textos. • Para os principiantes, é difícil distribuir os espaços de cada linha horizontal. • A partir do segundo nível, não permite muitas subdivisões de cada secção. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 358 11/05/05 10:06 Parte 9 Técnicas e métodos de estudo Deve sublinhar-se antes de fazer o esquema? Alguns docentes consideram necessário sublinhar as ideias fundamentais de um texto antes de esquematizar a informação. Desta forma, tentam que o aluno divida em dois os processos de síntese: identificação e representação. Leitura Ler minuciosamente o texto. Sublinhado Reconhecer a informação. Esquema Idealizar a representação gráfica. Esquema Existem diferentes tipos de ângulos, de acordo com a sua medida. Se um ângulo mede menos de 90°, dizemos que é um ângulo agudo. O ângulo reto é o que mede 90°. Os dois lados do ângulo reto são perpendiculares. Um ângulo é obtuso se medir mais de 90°. O ângulo plano mede 180°, ou seja, ambos os lados se encontram na mesma reta. Agudo: , 90° Tipos Reto: 5 90° de Agudo: . 90° ângulos Agudo: 5 180° Texto sublinhado Nessa mesma linha pode adicionar-se um passo intermédio: quando, depois de reconhecer uma ideia e de a sublinhar, se escreve na margem esquerda do texto um comentário sobre o conteúdo do sublinhado, que se pode referir à ideia central, a uma ideia secundária ou ainda à categoria à qual pertence a informação. Ângulos Obtuso Plano Sublinhado Reconhecer a informação. Comentário na margem Analisar o conteúdo. Esquema Idealizar a representação gráfica. Texto sublinhado Esquema Existem diferentes tipos de ângulos, de acordo com a sua medida. Se um ângulo mede menos de 90°, dizemos que é um ângulo agudo. O ângulo reto é o que mede 90°. Os dois lados do ângulo reto são perpendiculares. Um ângulo é obtuso se medir mais de 90°. O ângulo plano mede 180°, ou seja, ambos os lados encontram-se na mesma reta. Agudo: , 90º Tipos Reto: 5 90º de Agudo: . 90º ângulos Agudo: 5 180º Agudo Reto Leitura Ler minuciosamente o texto. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 359 359 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 É possível fazer um esquema sem sublinhar? A resposta é sim. Há docentes que preferem treinar os seus alunos desde o início na esquematização, fazendo-os passar diretamente da leitura compreensiva para a representação gráfica. Leitura compreensiva Ler minuciosamente o texto Reconhecer a informação → Compreensão Analisar a informação → Reflexão Esquema Idealizar a representação gráfica Este modelo tem uma orientação mais intuitiva e pode parecer mais difícil de ensinar porque é menos pautado. Também é certo que produz uma sensação inicial de insegurança nos alunos. Contudo, é um procedimento mais direto e, portanto, permite uma aprendizagem por imersão: o aluno não necessita de estar consciente de todo o processo pelo qual passa a sua mente; simplesmente adquire rotinas e deixa-se levar. Com um treino sistemático baseado em textos muito simples, chega-se, quase sem se dar conta, à aquisição da técnica. Optar por este modelo não significa deixar de lado as técnicas de estudo. Seja em conjunto ou em separado, o sublinhado, o comentário, o esquema, as tabelas e o resumo são técnicas básicas de síntese de informação que todo o estudante deve conseguir dominar. Como se passa diretamente da leitura ao esquema? Caso opte pelo sistema direto do texto ao esquema, deve ter em consideração que o mais importante é a coerência. Necessitará de fazer muitos esquemas simples com os seus alunos diretamente no quadro. Aproveite textos que os alunos já tenham trabalhado; assim, não necessitará de empregar muito tempo nas fases de compreensão inicial. Procure as suas próprias fórmulas e repita-as sempre na mesma ordem e com as mesmas palavras, para transmitir aos alunos uma rotina de trabalho. Aqui está uma proposta: esenhe no quadro uma caixa retangular. Pergunte pelo tema: «De que 1. D trata o texto?» Escreva o tema dentro da caixa. 2.Pergunte pela forma do esquema: «Quantas partes terá o esquema?» Trace, na caixa, tantas linhas quanto o número de partes. 3. Pergunte pelo conteúdo: «Que se diz em cada parte?» Ou então, «De que trata cada parte?» Escreva algum termo básico em cada linha. Podemos dar a forma que preferirmos a este esqueleto: esquema de chavetas, esquema de setas, inclusivamente uma forma de tabela. 1. 2. 3. 360 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 360 11/05/05 10:06 Parte 9 Técnicas e métodos de estudo 4. Estratégias: elaborar tabelas Aprender a elaborar tabelas Quanto mais habituados estiverem os alunos a preencher tabelas e a ler os dados nelas contidos, mais simples será para eles. Uma tabela é um esquema no qual se estabelecem duas linhas de leitura: da esquerda para a direita e de cima para baixo. Vejamos um exemplo: Festejos escolares 1.º período 2.º período 3.º período Dentro da escola Dia Mundial da Alimentação Dia Mundial do Ambiente 25 de Abril Fora da escola Dia Mundial do Ambiente Carnaval Santos Populares • S e lermos a tabela da esquerda para a direita, saberemos que festejos escolares se celebraram no primeiro trimestre, no segundo e no terceiro, tanto dentro da escola como fora dela. • Se lermos a tabela de cima para baixo, saberemos que festejos escolares se celebrarão dentro da escola e fora da escola, em cada um dos três trimestres. Desde os primeiros níveis escolares que as crianças preenchem tabelas, portanto, é um recurso que lhes é familiar. Contudo, elaborar uma tabela para representar graficamente o conteúdo de um texto é uma tarefa complexa que lhes exige uma visão global da informação. Quando iniciar uma tabela? Existem dois requisitos mínimos nos quais se pode pressupor o acordo de todos os docentes, seja qual for o método que utilizem para ensinar os seus alunos a realizar tabelas e esquemas. Antes de começar, é imprescindível: • T er realizado uma leitura global do texto. • Ter identificado o tema: — O texto fala de… — O texto explica as fases de… — O texto compara… Quando estão bem feitos um esquema ou uma tabela? Na hora de corrigir Assim que um esquema ou um quadro estejam feitos, é muito difícil fazer correções sem estragar a apresentação. Anime os seus alunos: não se trata de repetir a tarefa, mas de passar a limpo. Um esquema ou uma tarefa estão corretos quando cumprem duas condições: ontém toda a informação imprescindível (até ao nível que determi1.ª C námos). 2.ª A organização dos elementos está correta. Uma vez asseguradas estas duas premissas, o restante deverá ser avaliado com flexibilidade, permitindo a iniciativa do aluno, aceitando outras interpretações ou formas de expor razoavelmente a informação. Neste nível do Ensino Básico, é aceitável que as ideias não estejam sintetizadas ao máximo. É natural que seja difícil para os alunos prescindir da sintaxe oral. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 361 361 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Por último, deve ter-se em consideração a dificuldade que implica o desenho da tabela em si: determinar as linhas e as colunas, distribuir as células dos cabeçalhos, calcular o espaço necessário a todas as casas e a toda a informação, etc. É sempre recomendável que utilizem regras e que os primeiros trabalhos sejam feitos em papel quadriculado. Está mal se fizer de outra forma? Na área das técnicas de estudo raramente existem soluções únicas. Esta circunstância cria frequentemente intranquilidade, tanto a docentes como a alunos. Na hora de escolher um tipo de esquema ou de tabela, têm influência múltiplos fatores: • C omo é a informação? Se a informação se compõe de termos isolados, com pouco texto, teremos mais liberdade de escolha; mas se reduzir muito texto ou se necessitar de redigir algumas partes, as possibilidades reduzem-se e é melhor que as partes de um mesmo nível vão sendo dispostas umas sob as outras. • A capacidade lógico-espacial do aluno. Os alunos cuja capacidade de representação espacial esteja desenvolvida mostrar-se-ão independentes para escolher um tipo de esquema; contudo, para outros será melhor aprender um modelo polivalente (por exemplo, o esquema de chavetas) e aplicá-lo repetidamente a qualquer tipo de texto, até que se sintam mais seguros. Permita que os alunos selecionem o recurso que lhes é mais útil para organizar os seus esquemas. Inclusivamente, se dispuser de tempo, proponha-lhes que testem as várias formas e comente com eles as vantagens que lhes oferecem os diferentes modelos em cada caso. Os meus alunos vão melhorando a sua destreza? Execute um teste com os alunos assim que tenham feito consigo alguns esquemas. Leia-lhes este breve texto e peça-lhes que de forma individual e espontânea passem a informação para um esquema. Entre as personagens mais importantes da Idade Média, destaca-se: • D . Afonso Henriques foi o primeiro rei de Portugal, conseguindo celebrar o Tratado de Zamora em 1143 e ser reconhecido pelo papa Alexandre III em 1179. Este seria o máximo de informação que deveriam recolher: Personagem da Idade Média • D . Afonso Henriques (D. Afonso I) Primeiro rei de Portugal Celebrou o Tratado de Zamora Foi reconhecido pelo Papa Contudo, as representações possíveis são múltiplas. Todas serão corretas se a partir do título tiverem três elementos e se de cada um desses elementos derivarem as informações pertinentes. 362 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 362 11/05/05 10:06 Parte 9 Preparação de avaliações 1. Em que consiste rever conteúdos? Antes de rever: • • • • ler minuciosamente; compreender; organizar as ideias; interiorizá-las. Rever conteúdos consiste em regressar à informação previamente processada, ou seja, já compreendida e assimilada. Técnicas e métodos de estudo Rever conteúdos Tanto os manuais de técnicas de estúdio como os docentes e os próprios alunos utilizam o termo revisão com dois sentidos. As referências dos alunos parecem esclarecedoras: • Revisão 5 Última fase do estudo. «Já aprendi e agora irei rever várias vezes para estar mais seguro.» • Revisão 5 Cada ciclo da memorização. «Revi uma vez observando o livro e outra com o meu resumo. Já quase que aprendi. Agora vou rever em voz alta, com o esquema à frente para não me perder. E depois conto-o a ti, para ver se sei, certo?» 2. Por que razão revemos os conteúdos? A revisão pode obedecer a diferentes necessidades e, portanto, os objetivos de acordo com os quais se revê também são diferentes. Eis aqui duas perspetivas distintas para abordar as revisões. 1.O estudante estabelece o que tem de fazer com os conteúdos que vai rever: • Revê para conseguir uma visão global do tema trabalhado na aula: «Terminámos o tema do nome e tenho de reunir toda a informação.» • Revê para memorizar um tema completo: «Tenho de aprender o tema 5: O Sistema Solar.» • Revê para memorizar conteúdos complexos que exigem exatidão: «Tenho de aprender as escalas de unidades de longitude, massa e capacidade.» Preparar material Sugira aos alunos que, para rever, tenham à mão papel e lápis. 2.O estudante estabelece como demonstrar que domina esses conteúdos: • Revê para preparar uma prova escrita. • Revê para preparar uma exposição oral. • Revê para preparar uma apresentação de grupo. 3. Estratégias: reler Perante qualquer tarefa de estudo e para a preparação de uma prova, é indispensável reler os temas e os apontamentos. Os alunos do Ensino Básico podem aprender a rever a partir de um modelo sistemático, que devem praticar em atividades de grupo. A forma mais simples de iniciar os alunos na revisão é incluí-la na metodologia da área de Estudo do Meio; uma vez consolidado o método, este pode estender-se a qualquer outra área. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 363 363 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Método para reler o tema no livro de texto ou os apontamentos 1.º Reler o tema uma vez, todo de seguida. (Ler) Leitura silenciosa. Serve para recordar a ideia global do tema: de que trata, que partes tem. 2.º Reler de novo secção a secção. (Ler 1 fixar) Leitura oral. Serve para enunciar o título da secção e fixar os conteúdos concretos dessa parte. É fundamental que o aluno associe a cada título o conteúdo preciso. 3.º Reler e arrastar. (Ler 1 fixar 1 relacionar) Leitura oral comentada. Ao terminar de reler cada secção, voltar atrás para saber que lugar ocupa essa secção na totalidade do tema e relacioná-la com o já visto. Serve para ligar toda a informação num todo. Um pequeno truque Se habitualmente começa a unidade lendo com os seus alunos a informação do livro, este método será igualmente útil nesse processo inicial. Quer seja habitual pedir-lhes que resumam o tema ou não, esta rotina facilitará a compreensão e a assimilação. Como método de revisão, deve-se aplicá-lo quando já se tiver trabalhado o tema e, portanto, os alunos já contactaram anteriormente com a informação e já realizaram as atividades. Um texto deverá ser relido pela primeira vez de forma individual e silenciosa, mas as outras duas são necessariamente orais e coletivas. É importante que o professor reproduza em voz alta esse processo mental que se origina quando um leitor tenta fixar uma informação e relacioná-la com as outras que o texto contém. Pela mesma razão, as intervenções dos alunos enriquecem a experiência dos colegas. É necessário reler tudo? Até que os alunos não tenham adquirido suficiente autonomia, responda-lhes sempre a esta pergunta. Antes de estabelecerem o que reler, têm de saber em que momento de aprendizagem se encontram e com que finalidade estão a planear a nova leitura. Por exemplo: «Do tema «Pré-História», é necessário rever as secções que se referem ao artesanato e à arte, porque amanhã vamos ver um documentário e assim saberemos do que trata.» Evite, sempre que possível, experiências desanimadoras, como reler todo o tema, quando basta reler uma parte. Reler por completo um tema tem utilidade para estudar, para fechar a unidade ou para preparar uma prova ou uma exposição. Lembre-se de que a chave para que um estudante acabe por adquirir um método de estudo próprio é que comprove que consegue melhores resultados com menos esforço. Serve de algo reler os títulos? Num livro de texto, a informação aparece ordenada e organizada e, além disso, quase todos os professores convidam os seus alunos a fazerem resumos nos quais se sintetiza a informação e se depura a organização da mesma. Assim, no resumo de um tema, os títulos e os subtítulos enunciam os conteúdos sobre os quais versa a informação, por categorias. Por isso, rever os títulos: 364 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 364 11/05/05 10:06 Parte 9 Quando o aluno prepara uma prova na qual tem de desenvolver conteúdos, é especialmente apropriado: • r eler todos os títulos do tema, como se se tratasse de um esquema; • reler o título de cada secção e rever em voz alta o que contém. Técnicas e métodos de estudo • p ermite que se forme uma ideia completa do tema; • permite compreender em quantas partes se divide o tema e de que trata cada uma dessas partes. Inclusivamente, em alguns temas de Matemática, nos quais a informação a aprender é muito concreta, é útil reler os títulos. Por exemplo, ao rever o tema «Área de figuras planas», o aluno pode rever as páginas do livro da seguinte forma: Ler cada título de secção permite evocar Qual é a área de uma figura? Qual é a superfície que ocupa uma figura plana. Unidades de superfície Que as unidades são o centímetro quadrado, o decímetro quadrado e o metro quadrado. E que vão de 100 em 100. Área do retângulo e do quadrado Que é igual à base vezes a altura. Que é lado por lado. Área do triângulo Que é igual à base vezes a altura a dividir por dois. 4. E stratégias: reelaborar a informação fundamental Rever é um recurso para reelaborar a informação. Reelaborar a informação é o método mais eficaz de revisão. E ambos, revisão e reelaboração, são fases inevitáveis do estudo. Não se trata de um jogo de palavras, mas de um de tantos processos de retroalimentação que ocorrem na área da aprendizagem significativa. A revisão é um instrumento muito poderoso que proporciona uma elevada rendibilidade intelectual. Algumas estratégias concretas para reelaborar a informação fundamental de um tema são as seguintes: • F azer uma lista de perguntas possíveis, inclusivamente algumas que possam fazer parte de outras. Isto obriga o aluno a pensar na informação sob diferentes perspetivas. • Apresentar dúvidas na aula. Os alunos que fazem perguntas costumam ter uma maior predisposição para refletir sobre o conteúdo da informação e sobre os seus próprios processos de compreensão. No mesmo sentido, os alunos com pouca disposição estratégica têm dificuldades em apresentar as suas dúvidas, porque não sabem concretizá-las. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 365 365 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 • R esponder às dúvidas dos colegas. Os problemas entre iguais são benéficos tanto para o aluno que tem alguma dúvida como para o colega que o ajuda a esclarecê-la. • Explicar o mesmo de outra maneira. Quanto mais difícil é a informação, mais útil será esta estratégia de falar consigo mesmo. A chave está em estabelecer que deve explicar-se como se fosse a alguém que não conhece ou não entende. • Repetir esquemas e desenhos enquanto se explicam em voz alta as ideias que representam. • Rever tomando notas com papel e lápis. Supõe ir reproduzindo o discurso com a informação enquanto se procura o apoio de esboços que recordam desenhos ou gráficos, de traços que representam esquemas, da escrita rápida de nomes difíceis, etc. • Apoiar-se num plano que contenha apenas os títulos e subtítulos. Serve quando o aluno conta a si mesmo a informação, geralmente de forma oral. Convém não utilizar esta estratégia até que se tenha memorizado o suficiente, dado que no plano não está a informação propriamente dita. • Apoiar-se num esquema o mais conciso possível. Serve para construir um discurso personalizado, mas mantendo uma organização fixa e assegurando todas as informações fundamentais. Permite que o aluno incorpore uma grande quantidade de conectores lógicos, para que o discurso tome corpo. É conveniente rever os exercícios resolvidos? Na aula Dê muita importância a que as tarefas sejam totalmente corrigidas. Assim, não só se resolvem dúvidas e corrigem erros, mas permite-se também que os trabalhos sirvam depois como referência para as revisões. Na área das Ciências da Natureza, é muito útil rever os exercícios feitos na aula e em casa, porque levantam questões que ajudam o aluno a reelaborar a informação. Ajudam-no a soltar-se da literalidade do livro ou dos apontamentos e tornam-no disponível para aplicar o que aprendeu. Na área da Matemática, a forma mais eficaz de revisão é voltar a resolver os mesmos exercícios feitos na aula. Para que o aluno possa fazer uma revisão sozinho, é imprescindível que tenha os exercícios bem resolvidos no seu caderno. Na área das Línguas, reler os exercícios de vocabulário e os de funcionamento da língua pode ser de grande utilidade. O melhor é ler o enunciado tapando a solução e responder de forma oral. É conveniente rever as ilustrações do livro? Aconselhe os seus alunos a, durante as suas revisões, reverem as imagens e os gráficos que aparecem no livro de texto. Podem apoiar-se nas imagens e repetir a informação numa ordem diferente à do resumo. Além disso, se retiverem a imagem, associá-la-ão às ideias que a acompanham e isso reforçará a memorização. Por exemplo, em História e Geografia de Portugal muitos conteúdos históricos podem apoiar-se em imagens: as grandes obras arquitetónicas dos Romanos; um mosteiro medieval; um quadro de Grão-Vasco; fotografias com tipos de paisagens ou de locais onde decorreram acontecimentos históricos. 366 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 366 11/05/05 10:06 Parte 9 Técnicas e métodos de estudo Porquê rever em voz alta? Rever em voz alta obriga o estudante a reelaborar a informação: procura diferentes formas de expressar a informação fundamental e necessita de ir estabelecendo relações lógicas que liguem umas ideias a outras. Caso a sua forma natural de memorizar seja rever uma e outra vez o texto original em silêncio, convém que faça pelo menos um par de revisões em voz alta porque, caso não o faça, corre o risco de memorizar literalmente. O que têm em comum o resumo e os apontamentos? Tanto o resumo como os apontamentos são métodos para reelaborar a informação que partilham as seguintes características: • R egistam a informação importante do texto e o discurso de referência. • Apresentam a informação ordenada, organizada e hierarquizada. • Recolhem o vocabulário específico e, em simultâneo, o discurso fica suficientemente personalizado. O anterior justifica que tanto o resumo como os apontamentos sejam considerados unanimemente como duas técnicas fundamentais nos distintos processos de compreensão — seja qual for a extensão que se quiser dar a este conceito. Contudo, não existe unanimidade no que diz respeito a serem suficientes para o estudo propriamente dito (memorização): os seus detratores alegam que são reelaborações restritas, que deixaram pelo caminho exemplos, matizes e pormenores e que, portanto, conduzem o aluno a uma memorização mais literal do que aquela que faria com o próprio manual. Todas as áreas se reveem da mesma forma? Independentemente da realização de provas de avaliação, os alunos necessitam de fechar ciclos e de rever. A revisão de conteúdos tem um esquema comum em todas as áreas: Que temas vimos? O que contém cada tema? Eu sei? Como estruturar as revisões na área das Línguas? • R eler os temas no livro, prestando especial atenção às partes de informação. • Escrever uma lista dos conteúdos. Caso sejam várias unidades, ordená-los por áreas. Por exemplo, revisão de: — Funcionamento da língua: os tempos verbais. — Vocabulário: palavras simples e compostas. — Ortografia: palavras com h. • Rever o que se tem de estudar, ou seja, os conteúdos, tanto com o manual como com os resumos e esquemas. Sei explicá-lo com as minhas próprias palavras? Conheço as definições e as normas? • Rever as atividades escritas executadas. Voltar a fazer oralmente as atividades de vocabulário e inventar orações com as palavras e expressões. Escrever listas de palavras que sigam as regras de ortografia. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 367 367 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Como estruturar as revisões na área da Matemática? • R eler os temas no livro, prestando especial atenção aos títulos e às partes de informação. • Ir de secção em secção, relendo a informação. Reler o título oralmente e explicar a informação com palavras próprias. • Rever os exercícios corrigidos e distinguir que tipos de exercícios se fizeram. • Repetir alguns de cada tipo, tapando a solução e, em seguida, verificar. • Rever os problemas. Voltar a resolver o maior número possível. Como estruturar as revisões na área das Línguas estrangeiras? • R eler os temas no manual e os apontamentos do caderno. • Elaborar uma lista com os conteúdos trabalhados: — Vocabulário: a cozinha; a rua; os números. — Funcionamento da língua: os verbos. • Rever as listas de vocabulário: tapar a palavra e escrevê-la num papel, o mais rápido possível; destapar e verificar; repetir a operação com toda a lista várias vezes. Fazer o mesmo oralmente. • Com o manual aberto, falar em voz alta: lendo os títulos, aproveitar as ilustrações para rever as construções aprendidas, para descrever o que se vê, para improvisar diálogos figurados entre várias personagens… Como estruturar as revisões na área de Estudo do Meio? • R eler cada tema no manual e ter os resumos e apontamentos ao lado. • Caso não tenham sido feitos anteriormente, elaborar esquemas. Explicar oralmente uma visão geral do tema e que partes contém. • Rever uma vez respondendo a perguntas curtas (nomes, feitos, características…). • Rever outra vez respondendo a perguntas longas de desenvolvimento. 5. Estratégias: memorizar Reler, reelaborar a informação e memorizar não são fases isoladas durante o estudo; são processos circulares interligados: desde a primeira leitura que se inicia o processo de memorização. Para que a marca da memória seja duradoura, devem existir tempos de apreensão, tempos de fixação e tempos de reforço. E para lá das diferenças individuais, esses tempos devem ser complementados com intervalos de interrupção; por exemplo, entre uma revisão e a seguinte, ou entre a última revisão e o momento em que irá demonstrar o que se aprendeu. São condições necessárias para que a informação assente e se consolide. Fomente a autoestima Não deixe espaço para manifestações fatalistas do tipo: Tenho muito má memória. A memória precisa de ser exercitada. 368 Pois bem, se no processo de memorização a gestão do tempo parece fundamental, deve dotar-se o aluno da capacidade de controlar o seu tempo, e nada melhor do que explicá-lo de uma perspetiva que lhe pareça útil. • O cupar todo o tempo necessário a compreender. Não é tempo perdido, uma vez compreendida a informação, menos tempo será necessário para aprendê-la. Não se aprende o que não se compreende: pode memorizar-se de forma literal, mas isso não serve para nada e apaga-se facilmente da memória. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 368 11/05/05 10:06 Parte 9 • R eservar tempo para sintetizar e organizar a informação. Mesmo que não me peçam como exercício obrigatório, realizo sublinhados, resumos, tabelas e esquemas; assim, certifico-me de que compreendo tudo bem e, quase sem me dar conta, começo a aprender. Estratégia de estudante eficaz: Fazer os resumos e os esquemas sempre da mesma forma (mesmo papel, mesmas cores, títulos e subtítulos sempre iguais). Poupa tempo a dobrar: a rotina levará a que seja cada vez mais rápido e o facto de sintetizar fará com que comece o estudo propriamente dito com a informação já assimilada. Técnicas e métodos de estudo E stratégia de estudante eficaz: Prestar muita atenção às explicações na aula e fazer perguntas em caso de dúvida. Poupará tempo e problemas quando estiver a sós perante o manual. • E scolher bem o momento de estudo. Se digo que vou estudar, é porque vou dedicar toda a minha atenção a isso. O cansaço e as distrações conduzem a um desperdício de tempo e esforço. Estratégia de estudante eficaz: Escolher autonomamente quando memorizar e ser rigoroso; os pais e os professores impõem condições a quem não obtém bons resultados, mas deixam margem de autonomia a quem se mostra metódico. • M arcar um plano de revisões. Estudo quase sempre porque na aula marcam um objetivo (por exemplo, tenho uma prova escrita na próxima terça-feira); assim, posso assinalar no calendário quantos dias antes tenho de começar a rever. Quanto melhor se cobrirem as fases de compreensão e síntese, mais eficazes serão as revisões. Estratégia de estudante eficaz: Fazer muitas revisões e que cada uma se faça o mais rapidamente possível. Mas nada de perder de vista o objetivo: saber tudo e sabê-lo muito bem. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 369 369 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Rever procedimentos 1. Em que consiste a revisão de procedimentos? Rever procedimentos permite: • compreender o que se está a fazer; • estabelecer rotinas de autocontrolo; • verbalizar processos mentais; • tomar consciência dos processos de aprendizagem. O elevado conteúdo de procedimentos da área da Matemática justifica que se dedique uma secção específica para refletir sobre as estratégias e as técnicas próprias desta área. Não obstante, algumas das sugestões incluídas são igualmente válidas noutras áreas de aprendizagem. Os alunos com poucas capacidades estratégicas não reveem um procedimento de forma espontânea. É importante tomar consciência deste feito para planificar as iniciativas didáticas que se empreendam. • S e um procedimento tiver êxito, o aluno não vai perguntar se fez bem ou mal. Basta-lhe o resultado. • Se um procedimento fracassar, o aluno repeti-lo-á mecanicamente; e se continuar a fracassar, talvez desista, talvez tente outro procedimento e… recomeça. Portanto, a ação deve ter o intuito de inculcar nos alunos hábitos de reflexão e atitudes de interesse pelo trabalho bem feito, para que tomem consciência dos processos de aprendizagem dos quais são protagonistas. 2. Por que razão revemos procedimentos? O objetivo último de rever procedimentos é ter a certeza de que uma tarefa está bem feita. Na prática, isto traduz-se numa dupla segurança: • E star seguros de que não se cometeram erros. • Estar seguros de que foi utilizado o melhor procedimento possível. Por que razão revemos os procedimentos? 370 Exemplos de situações matemáticas nas quais o aluno revê procedimentos Para comprovar resultados. Não dê por terminada uma divisão até que tenha feito a prova (quociente 3 divisor 1 resto). Para detetar erros no resultado. Na aula, durante a correção de uma série de percentagens, vê que fez mal um cálculo. Em lugar de se limitar a copiar o resultado correto, efetua novos cálculos e anota bem o resultado. Para detetar erros no processo. O seu colega obtém resultado distinto no problema e compara os passos que ambos seguiram. Para melhorar os procedimentos. Para calcular 2/3 de 150 antes realizava todas as operações (150 : 3 e 50 3 2). Quando automatizou o procedimento, calcula mentalmente e anota o resultado. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 370 11/05/05 10:06 Parte 9 Técnicas e métodos de estudo 3. Estratégias: reler e explicar o procedimento Evite medos Os alunos deste nível sentem-se ainda muito inseguros quando lhes é apresentada uma dificuldade nas tarefas individuais. Tente que não consultem só o manual. É recomendável que os acompanhe na consulta, mas não para lhes explicar, só para os ajudar a reler e a interpretar. Os alunos do último ciclo do Ensino Básico devem estar habituados a consultar autonomamente o livro de texto como fonte de informação, inclusivamente na área da Matemática. Convém que sejam lidos na aula, e também individualmente, todos os títulos (para que tomem consciência de que tema estão a trabalhar) e todas as informações, tanto as que se referem a conceitos como as que descrevem procedimentos. No mesmo sentido, merece a pena tirar partido de todas as propostas do manual na quais haja indicações gráficas diretas. Quando o trabalho da unidade didática já está iniciado e os alunos enfrentam atividades coletivas ou individuais, é interessante que o manual se torne um verdadeiro recurso de consulta: Procuro no manual onde se explica o procedimento. Releio as fases do procedimento. Explico com as minhas palavras o procedimento. Exemplo de um procedimento explicado verbalmente A fração de um número Calculamos 3/4 de 28 1.º Dividimos o número pelo denominador. 28 : 4 5 7 2.º Multiplicamos o quociente obtido pelo numerador. 7 3 3 5 21 Logo 3/4 de 28 5 21 Como retirar partido desta proposta (sugestões para o aluno): 1.Leia o título. Mencione que já sabe de frações (representá-las, somar…) 2.Leia o enunciado. Que quererá dizer isso de 3/4 de um número? É preciso saber que se sabe calcular 1/2 de um número (a metade). E 1/3? 3.Pode representar 1/2 de 28 em forma de tarte? E 1/3? Desenhe-o no quadro. 4.Leia um a um os passos. 5.Explique o procedimento com as suas palavras e recorrendo a desenhos. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 371 371 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Aqui está um exemplo semelhante de um livro de Línguas, no programa de expressão escrita: O cartaz O cartaz é uma mensagem com a qual se pretende fazer chegar uma informação a um grande número de pessoas. Por vezes, também tenta convencer-nos de algo. A. Planificação. Decide que informação vais incluir no teu cartaz e faz um esboço. B. Redação. Elabora o cartaz tendo em conta que podes jogar com o tamanho das letras e que tens de dispor o texto de forma a destacar aquilo que é mais importante. C. Correção. Revê o teu cartaz e assegura-te de que não contém faltas, de que não te esqueceste de nada e de que tem um aspeto limpo e atrativo. Exemplo de um procedimento explicado graficamente CÁLCULO: DIVIDIR UM NÚMERO NATURAL POR 100 E POR 1000 3000 : 100 5 30 104 000 : 1000 5 104 400 : 100 6000 : 1000 700 : 100 8000 : 1000 1200 : 100 52 000 : 1000 5900 : 100 70 000 : 1000 60 800 : 100 345 000 : 1000 Como retirar partido desta proposta (sugestões para o aluno): • L eia o título e o enunciado. Observe os cabeçalhos. • Explique de que trata o exercício. O que é necessário fazer? Como dizer que é necessário fazê-lo? • Seguindo o exemplo, vá dizendo os resultados. • Finalmente, explique pelas suas palavras como se divide um número por 100 e por 1000. Estratégias didáticas: • N ão poupe esforço ao aluno, nem ao interpretar a proposta nem ao explicar o procedimento. • Finja — com humor — que não o entende, até que não se explique com clareza suficiente. De seguida apresenta-se um exemplo semelhante de um manual de Ciências da Natureza. 372 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 372 11/05/05 10:06 Parte 9 Técnicas e métodos de estudo desenhar uma planta 1.º Traçar a linha do solo e desenhar a estrutura geral da planta. 2.º 3.º Desenhar as raízes. 4.º Desenhar o caule e os ramos. Desenhar as folhas e as flores. 5.º Pintar a planta. 4. Estratégias: inventar outras práticas similares A repetição de um procedimento assegura que o aluno o executará corretamente, mas o desejável é que vá mais além: que o interiorize, que seja capaz de discernir quando deve aplicá-lo, porque a situação é similar, e quando não o deve fazer. Para este fim, é especialmente útil a invenção de práticas semelhantes. Os recursos didáticos que um docente põe nas mãos dos seus alunos respondem, frequentemente, a uma gradação. Por exemplo: 1.Exercitar a soma de frações, com repetição de exercícios semelhantes. 2.Realizar problemas de somas de frações em situações verosímeis. Em cada um desses momentos, os alunos aprendem e praticam procedimentos concretos. Mas se ficarmos por este nível, é muito possível que os alunos registem esta como uma aprendizagem matemática sem mais nem menos, sem ligação com o resto da sua realidade cognitiva. Por outro lado, se lhes propusermos assiduamente que inventem práticas semelhantes, o processo de aprendizagem completa-se. Recurso didático Procedimentos nos quais se exercita o aluno Repetir muitos exercícios de soma de frações • Somar frações. Memorizar e executar a mecânica do procedimento. Resolver muitos problemas que exigem somas de frações • Estabelecer o problema. Transcrever em termos matemáticos a situação real. • Solucionar o problema. Identificar o modelo correspondente e aplicá-lo. — Somar frações. • Reconhecer os elementos que definem a situação. Inventar outros problemas que exijam somas de frações • E stabelecer equivalências na vida real. • Generalizar o procedimento. — Colocar problemas de frações. — Solucionar problemas de frações. — Somar frações. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 373 373 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Dito de outra maneira, se habituarmos o aluno a reproduzir um mesmo procedimento noutras práticas, este aumentará as suas competências de forma sólida. Quando repete muitos exercícios de soma de frações. Quando resolve muitos problemas que exigem somas de frações. • Incorpora o conceito de fração • Reconhece o conceito • Automatiza a soma de frações. Raciocina sobre como resolver o problema matemático. Soma frações quando inventa outros problemas que exigem somas de frações. de fração na vida real. • Raciocina como resolver o problema matemático. • Soma frações. na sua experiência real e a sua experiência cognitiva. • Reconhece o conceito. • Raciocina sobre a resolução. • Soma frações. Exemplos de propostas para inventar práticas • Na área da Matemática: Mede o ângulo proposto, indica de que tipo é e desenho outros dois ângulos do mesmo tipo. Numa aquicultura existem 12 tanques com 90 trutas e 110 salmões cada um. Formula tu uma pergunta com um problema que envolva soma e multiplicação. Inventa um problema de soma e divisão a partir da ilustração. • Na área das Ciências da Natureza: Copia o esquema do aparelho respiratório e indica o nome de cada órgão. Depois, chega a acordo com o teu colega para trabalharem da mesma forma outro dos aparelhos que estudámos. 374 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 374 11/05/05 10:06 Parte 9 Técnicas e métodos de estudo 5. Detetar erros no procedimento Os alunos do Ensino Básico precisam de ajuda para distinguir se um erro no resultado se deve a um erro de procedimento. Por exemplo, num exercício de potências que está mal resolvido pode haver um erro de cálculo ou um erro de procedimento: 9 elevado a 3 5 273 9 3 9 5 81 81 3 9 5 279 9 elevado a 3 5 27 9 3 3 5 27 Enganou-se ao multiplicar 81 3 9 Pensou que elevar 9 ao cubo é multiplicar 9 3 3 O procedimento está correto. O procedimento está incorreto. Exemplos de rotinas para rever procedimentos Se os alunos se habituarem desde cedo a estabelecer rotinas de verificação, assumirão de forma natural a responsabilidade sobre a qualidade das suas aprendizagens. Convém que sejam rotinas muito simples e polivalentes: uando escrevo algo, releio-o. • Q — Verifico se me expressei com clareza. — Revejo se não há erros de ortografia. — Revejo se tudo está correto, em especial se copio uma informação ou um enunciado de exercício. • Q uando realizo uma operação matemática, a revisão. — Se realizo subtrações ou divisões, aplico a prova correspondente. • S e resolvi um exercício, releio o enunciado. — Fiz o que me era pedido? Sabia como fazer ou fiz uma consulta? — Expressei o resultado como me é pedido? • S e resolvi um problema, revejo-o. — Releio o problema: Anotei bem os dados? — Releio a pergunta final: O que me era pedido? Que passos dei para a resolver? A resposta corresponde à pergunta? — Revejo as operações para me assegurar de que fiz bem os cálculos. • S e me engano várias vezes no mesmo tipo de exercício, recorro à consulta. — Revejo no livro ou nos resumos o exercício. — Explico ao professor a minha dúvida, para que me ajude. — Talvez o meu professor me aconselhe a conversar com os colegas. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 375 375 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Refletir sobre a própria aprendizagem 1. Em que consiste a reflexão? Refletir proporciona: • aprendizagem ativa; • motivação intrínseca; • autonomia; • autoconhecimento; • autoestima. Na aprendizagem, como se de uma longa viagem se tratasse, convém parar de vez em quando para consultar o mapa: de onde viemos, onde nos encontramos, para onde nos dirigimos. Nem as crianças nem os adolescentes sentem a necessidade espontânea de refletir sobre as aprendizagens conseguidas. Contudo, é inquestionável que os sucessos produzem uma satisfação íntima que os faz sentirem-se bem consigo mesmos e que os incita a empreender novos objetivos. Portanto, vale a pena mostrar-lhes o que vão aprendendo, para que se sintam realizados e motivados com a sua vida escolar. Está nas mãos dos adultos cultivar e estimular as atitudes de reflexão e proporcionar-lhes mecanismos de autoavaliação, para que o feedback se converta em benefício próprio. 2. Por que razão refletimos sobre a aprendizagem? • A ntes de terminar uma unidade didática. • Antes de uma prova de avaliação. • Depois de uma prova de avaliação. A realidade é interpretável Uma dificuldade não é um obstáculo insuperável; uma dificuldade é simplesmente um objetivo que ainda não foi alcançado. • • • • o encerrar uma unidade didática. A Depois de uma prova de avaliação. Ao encerrar um bloco de temas. Ao terminar um trimestre ou um curso. A reflexão sobre as aquisições conseguidas admite orientações diferentes em cada momento do processo de aprendizagem: Refletimos para detetar as nossas dificuldades. Refletimos para reconhecer o que aprendemos. 3. Estratégias: detetar as próprias dificuldades Na aula Reforce positivamente os alunos que são capazes de identificar as suas dificuldades. Esses alunos contam com um recurso estratégico do qual podem retirar uma alta rendibilidade. Com ajuda, um aluno de qualquer idade pode identificar aquilo que ainda não sabe, aquilo em que se sente confuso, aquilo com que se dá mal… Qualquer instrumento é válido, porque o importante é que o aluno: • tome consciência de que ainda não efetuou a aprendizagem; • se situe no ponto de partida para abordar a questão: só ou com ajuda. Como aproveita o docente a reflexão? Quando um aluno reflete para detetar as suas próprias dificuldades: • é possível corrigir erros de conteúdo e de procedimento. • é possível empreender tarefas de reforço ou de recuperação. Por que razão se corrige na aula? As correções coletivas podem tornar-se reexplicações, mas com a vantagem de terem lugar quando o aluno já enfrentou a dificuldade: comprova que cometeu um erro, não soube executar um procedimento, entendeu mal 376 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 376 11/05/05 10:06 Parte 9 Técnicas e métodos de estudo uma explicação, etc. Além disso, dão a oportunidade de verificar várias soluções possíveis para uma mesma questão. Algumas sugestões para fazer da correção uma situação de aprendizagem multidirecional (consigo mesmo, entre iguais, professor-aluno) passam pelas seguintes ações: Não é um exame Tente não tornar cada correção uma prova de avaliação. Caso os alunos tenham medo de se enganarem nas tarefas diárias, recorrerão ao engano ou à cópia. • C rie um ambiente de segurança e confiança. Uma correção nunca deverá tornar-se uma ocasião em que um aluno se sinta em evidência, nem por parte dos colegas nem por parte do docente. • Durante a correção, estimule os alunos a dizer em voz alta onde surgiu a dificuldade. O importante da correção não é quantos erros fez um aluno, mas distinguir os erros pouco importantes das dificuldades que é necessário abordar e solucionar. • Realize a correção quando o trabalho estiver feito. Não faz sentido corrigir o que não se fez; um exercício deixado em branco é uma oportunidade perdida e não se recupera copiando um resultado. • Convença os alunos a completarem sempre os exercícios, inclusivamente aqueles que não compreendem ou que não sabem resolver. Para eles parecerá uma contradição, mas explique-lhes que as suas mentes compreendem melhor uma explicação caso tenham deparado anteriormente com a dificuldade; que se esforcem por estabelecer uma estratégia e que apostem numa solução, ainda que acabe por não ser a correta. • Assegure-se de que fazem perguntas. Ensine-lhes a não corrigirem um exercício até compreenderem onde estava o erro. Porquê comentar um exame corrigido? Uma prova oral e uma prova escrita não têm obrigatoriamente de ser o final de um processo: podem tornar-se um instrumento de deteção de dificuldades que permita tomar medidas. O mais recomendável é que, assim que o aluno tiver realizado uma prova, a receba já corrigida o mais cedo possível e se deixe algum tempo para comentar os resultados e todas as correções que o professor possa ter assinalado. Será mais enriquecedor se esta conversa for aberta a todos, porque a maioria dos comentários que surgirem serão úteis também para outros companheiros. Algumas sugestões didáticas são as seguintes: Ajude-os a distinguir entre dificuldades de conteúdo e dificuldades de procedimento. • P asse revista às estratégias básicas: — Leste desde o princípio todas as perguntas para teres uma ideia geral? — Selecionaste primeiro as que te pareciam mais simples? — Releste todas as respostas antes de passar à seguinte? — Reviste tudo antes de entregar o exame? • I nteresse-se pela gestão do tempo: — Dei-te tempo para fazeres tudo com tranquilidade? — Olhaste para o relógio para calcular o tempo que ainda tinhas? — Quando ficaste preso numa pergunta, o que fizeste? • E xija uma análise dos resultados: — Esperavas este resultado? — O que podes melhorar? — O que precisas de melhorar? DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 377 377 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Porque se deve observar um caderno? Se observar de forma periódica os cadernos dos seus alunos, estes estarão a beneficiar duplamente: • P or um lado, sentem-se incluídos numa rotina de controlo que lhes dá segurança: são constantes na execução das suas tarefas escritas e o seu professor interessa-se por isso e reconhece-o em cada revisão. Sentem-se recompensados por serem responsáveis. • Por outro lado, as anotações que ficam após cada observação fazem com que se apercebam de dificuldades que eles mesmos não tinham detetado: — Alguns exercícios de verbos estão mal; revê-os. —P or que razão não assinalas o que corriges na aula? Preciso de saber se estás enganado. — Cuidado, que às vezes não corriges bem os exercícios. — Cuida mais da apresentação do teu caderno diário, etc. 4. Estratégias: reconhecer o que se aprendeu Quando um aluno para para refletir e para reconhecer o que aprendeu: • Recapitula as aprendizagens para lhes dar sentido. • Toma consciência dos avanços. • Verifica o êxito das suas estratégias pessoais e, inclusivamente, melhora. O que medem as qualificações académicas? Num relatório de avaliação refletem-se os resultados do rendimento escolar. Aceitando, como não pode ser de outra forma, os requerimentos que as instâncias educativas legislam sobre a avaliação, o certo é que a interpretação varia segundo a perspetiva adotada. • P ara os docentes, guiados pela normativa legal, esses resultados provêm da conjunção de objetivos alcançados (conceptuais, de procedimento e de atitude), mais as competências, tudo isso depurado pelos critérios de atenção à diversidade. A sua capacidade profissional permite-lhes distinguir resultados pontuais de referências globais de avaliação. • Para os pais, esses resultados são a soma das capacidades do seu filho mais o esforço que este realizou. A partir das qualificações manifestam atitudes de aprovação, de desaprovação ou de indiferença; projetam uma imagem de reforço positivo ou de determinismo fatalista; transmitem uma análise realista da situação ou mascaram a realidade; etc. • Para o aluno, as qualificações tornam-se a imagem que projetam de si mesmos e são, por sua vez, o reflexo que a realidade lhes devolve. Podem utilizar-se como um instrumento muito potente de reflexão entre o adulto e o estudante. Por isso, seja qual for a corrente pedagógica na qual se inscreve um docente, e seja qual for a conceção que a família tiver do ato pedagógico, o certo é que para o verdadeiro protagonista da aprendizagem — ou seja, para o aluno —, as qualificações académicas deveriam funcionar como mais um recurso para reconhecer o que vai aprendendo e para refletir sobre as suas atitudes e os seus hábitos. 378 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 378 11/05/05 10:06 Parte 9 Apresentação de trabalhos Técnicas e métodos de estudo Pesquisar informação 1. Em que consiste a pesquisa de informação? Pesquisar informação é uma tarefa planificada que tem um objetivo. Antes de iniciar a pesquisa de informação, é necessário: 1.º Saber bem o que se procura. O que procuro? 2.ºPonderar qual é a fonte mais idónea. Onde procurar? 3.ºAplicar a estratégia mais eficaz. Como procurar? 2. Por que razão procuramos informações? • Solucionar as atividades concretas propostas. • Solucionar dúvidas e adquirir conhecimentos sobre os quais fazem perguntas, seja de forma espontânea ou por obrigação. Além disso, no terceiro ciclo do Ensino Básico, os alunos aprofundam a pesquisa de informações para: • preparar e elaborar trabalhos escritos; • preparar e apresentar exposições orais. 3. Estratégias: escolher boas fontes de informação Os alunos do Ensino Básico ainda não dispõem de plena capacidade para distinguir informação de opinião. Também não podem distinguir de forma autónoma as informações verdadeiras e confirmadas das que não o são. Para escolher corretamente as fontes de informação, é necessário ter em conta três variáveis: Informação Veracidade Realidade Opinião e interpretação Imprecisão, intenção tendenciosa ou recreação subjetiva Ficção Num livro de texto encontramos a informação bem diferenciada de tudo o que não o é. Num documentário televisivo, sobretudo se tiver o aval de uma empresa de prestígio, costumamos encontrar veracidade. Num romance encontramos ficção, ainda que possa ser uma ficção verosímil. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 379 379 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Todas as fontes são fiáveis? Cada vez que os alunos e alunas têm de realizar um trabalho monográfico, é recomendável que levem a cabo uma sessão coletiva para determinar que fontes de informação são as mais adequadas. Algumas fontes de informação oferecem, a priori, um alto grau de fiabilidade a respeito dos seus conteúdos: Em televisão Nem tudo é real, nem tudo é certo. • L ivros e enciclopédias, garantidos pelo nome dos autores e da editora. • CD e outras publicações digitais, editadas por empresas de reconhecido prestígio. • Documentários televisivos. • Revistas especializadas. • Folhetos divulgativos editados por entidades reconhecidas e administrações públicas. Páginas da Internet com o aval de instituições educativas de prestígio. • Entrevistas em direto ou gravadas, com peritos, autores, investigadores, personalidades… A utilização de outras fontes de informação requer a ajuda de um adulto que oriente os alunos e os aconselhe quanto a serem pertinentes para o tipo de informação que procuram: • Imprensa escrita e digital. • Programas informativos de rádio e televisão. • Programas de televisão que oferecem entrevistas, tertúlias e comentários de notícias. • Páginas da Internet, blogues, gestores de conteúdos. Na Internet Podemos encontrar informação que não esteja confirmada e não saber quem está na origem da sua publicação. E, finalmente, existem alguns formatos que convém questionar antes de deixar que os alunos deste nível os utilizem como fontes de informação: s fotocópias que careçam de identificação da fonte. • A • As páginas da Internet, os blogues e os gestores de conteúdos que não estejam suficientemente identificados. • As páginas da Internet em que os utilizadores são quem introduz espontaneamente a informação. • Os programas de televisão de qualquer tipo, que os pais ou docentes considerem tendenciosos, inapropriados ou pouco educativos. Podem obter-se informações a partir de um filme? Um filme de ficção pode tornar-se uma boa fonte de informação para trabalhar aspetos, como os indicados em seguida: • A ambientação a uma época e a um lugar: forma de vida, roupa, cultura, costumes, tecnologia… • Os feitos históricos relevantes, pelo menos em linhas gerais: o que ocorreu, quando e onde. • A biografia de grandes personagens históricas: quem era, o que fez, como viveu. • A obra de grandes artistas, seja qual for a sua área: pintura, dança, música, literatura… 380 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 380 11/05/05 10:06 Parte 9 Técnicas e métodos de estudo • A s grandes obras da literatura. Os alunos podem mergulhar na história de um grande acontecimento, ainda que não tenham um nível suficiente para enfrentar a sua leitura direta. • As figuras e as histórias das diferentes culturas mitológicas: familiarizar-se com as grandes personagens da mitologia grega, da mitologia latina ou da mitologia dos povos do Norte da Europa. • Informações científicas, avanços tecnológicos, fenómenos da Natureza, etc. • Os conteúdos geográficos: onde estão situados esses lugares, de onde e para onde viajam os protagonistas… • A descrição de situações económicas e sociais. • A colocação de problemas coletivos, de forma a promover a reflexão ética: desigualdades, injustiças, conflitos bélicos, problemas ecológicos… Apesar de tudo, antes de utilizar um filme como recurso didático, convém assegurar-se do rigor dos seus conteúdos. O que trazem as informações gráficas? Ainda que atualmente imperem os formatos de informação visual, continua a ser necessário recorrer à linguagem verbal para processar tanto a observação como a análise da informação visual. Quando numa mesma fonte aparece informação escrita e visual, é recomendável refletir sobre esta última: analisar que informação traz e verbalizá-la. Aqui estão alguns exemplos com que deparam diariamente os alunos do Ensino Básico quando têm à sua frente um manual ou um livro informativo geral e que aproveitamento podem fazer deles. Durante a leitura na aula Insista que os alunos observem cuidadosamente as imagens e as comentem. Desta forma habituam-se a verbalizar as observações diretas. Uma ilustração num texto literário. É possível que reflita o ambiente da história quando no relato não se diz explicitamente, talvez porque seja um fragmento de uma obra maior, onde e quando tem lugar a história. Uma fotografia num tema sobre política. Muito provavelmente é uma das personalidades que protagoniza o que se está a explicar. Por exemplo, quem é o presidente do governo. Um quadro ou uma fotografia junto de um texto de História. É possível que reflita uma situação concreta ou um costume. Por exemplo, crianças a trabalhar em minas durante a revolução industrial. Um edifício ou um objeto. Pode tratar-se de um elemento muito significativo de uma civilização, que ajuda a fixar a informação. Por exemplo, uma pirâmide ou um sarcófago do Egito antigo. Um gráfico numa informação matemática. Pode ser uma informação autónoma, junto do texto. Por exemplo, a chuva que caiu numa região durante um ano. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 381 381 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Um desenho esquemático junto a um texto sobre plantas. O mais provável é que recolha a informação que aparece descrita no texto que o acompanha. É possível que também contenha vocabulário-chave. Onde começar a consulta? Rever todo o índice. Consultar apenas as páginas necessárias. Num livro Num motor de busca da Internet Introduzir o tema ou alguma palavra-chave. Escolher as propostas oportunas e descartar as que não interessam. Numa página da Internet Selecionar as opções da página de início. Conhecer os menus sucessivos. Numa enciclopédia digital Introduzir o tema ou alguma palavra-chave. Seguir as ligações que vão aparecendo. 4. Estratégias: selecionar e organizar a informação Tranquilizar os alunos Sugerir-lhes que escolham somente duas ou três fontes de informação (mas nunca um só). Mesmo assim, a tarefa exigir-lhes-á um esforço considerável. A dificuldade de selecionar a informação residia em vencer a dúvida e decidir que informações interessam e as que se vão descartar. De toda a informação encontrada… Fico com o quê? Descarto o quê? Para que os alunos possam levar a cabo esta seleção, podem necessitar — sobretudo nos primeiros trabalhos — de uma sessão coletiva na qual recebam ajuda. Pôr questões que permitam centrar o tema: Sugestões para ajudar os alunos 382 Exemplo de como apontar a informação Sobre que tema pesquisaram informação? — Sobre seres monstruosos. Esta é a proposta de trabalho que receberam. Em quantas páginas da Internet encontraram informação? — No livro Monstros e Bruxas, na enciclopédia Mundos e Culturas, na Wikipédia… — Tenho um livro sobre os homens-lobo… — Tenho um livro sobre dragões… Anote todos no quadro. Decidiram concentrar-se em quê? — Vou fazer um trabalho sobre monstros marinhos. — Eu vou fazer sobre os homens-lobo. — Eu vou fazer um trabalho sobre monstros em Roma e na Grécia. Diga a cada um que aponte o título do seu trabalho: Os monstros marinhos; Os homens-lobo… Em que páginas da Internet encontraram informação sobre esse tema concreto? — Na Wikipédia e no livro No Fundo do Mar. — No livro Mistérios do Homem-Lobo… Que cada um anote apenas as fontes que lhe servirão para o seu trabalho. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 382 11/05/05 10:06 Parte 9 Para realizar um trabalho de pesquisa, é necessário organizar a informação de que se dispõe, e para isso é imprescindível elaborar um guião: O guião • D elimita o conteúdo do trabalho. • Marca as partes que vão compor o trabalho. • Constrói a estrutura do trabalho. Ajuda a selecionar. Ajuda a ordenar. Ajuda a organizar. Técnicas e métodos de estudo Como se organiza a informação? Quando se elabora o plano? Quando se tem experiência a fazer trabalhos, é possível elaborar o primeiro plano logo que se conheça o tema, mas para alunos que estão a começar é conveniente estabelecer o seguinte processo: Receber o pedido 1.ºPedem-me para fazer um trabalho. Selecionar as fontes de informação 2.ºObservo onde posso encontrar informação e escolho as duas ou três fontes que me parecem melhores. Elaborar um plano 3.ºEscrevo o título das secções que o meu trabalho vai ter. E também penso se alguma dessas secções terá subsecções. Selecionar a informação 4.ºPesquiso e anoto a informação concreta, de acordo com o plano. Aperfeiçoar o plano 5.ºSe enquanto faço o trabalho vejo que me faltam secções ou que é melhor ordená-las de outra forma, vou mudando o meu plano. Como se aprende a fazer um plano? Os alunos, ainda sem experiência, necessitam de ajuda para se habituarem a fazer guiões de trabalho. Por isso: • P ermita identificações algo simplistas, mas eficazes: — Tema do trabalho → Título — Guião do trabalho → Índice — Secções → O que quero saber As lulas 1. O que são. 2. Onde vivem. 3. Como vivem. a) O que comem. b) Como se relacionam. c) Como se reproduzem. 4. Que lendas se contam sobre elas. • F aça a gestão dos termos secção (grandes secções) e subsecção (divisões das grandes secções). • O primeiro plano é somente composto por grandes secções. Estas devem ser numeradas e escritas em maiúsculas. • F ormule as grandes secções com orações interrogativas para que pareçam indicações de trabalho. Evite os sintagmas nominais, porque exigem uma maior abstração. • E stabeleça subsecções num segundo momento e só se forem imprescindíveis. Estas devem ser assinaladas com letras e escritas em minúsculas. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 383 383 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Elaborar trabalhos escritos 1. Em que consiste um trabalho de pesquisa? Os trabalhos monográficos fomentam: • a curiosidade por aprender; • a autonomia pessoal; • a busca de recursos. Num trabalho de pesquisa, o aluno documenta-se sobre um tema e prepara um dossier escrito. Na prática diária podem surgir dificuldades. Alguns alunos resistem a propostas demasiado livres e outros — sobretudo os que estão menos conscientes dos seus processos de aprendizagem — consideram que a valorização dos seus trabalhos depende da subjetividade do professor mais do que do seu esforço; é necessário eliminar as resistências em ambos os casos. Convém ter em conta que, para os alunos, enfrentar um trabalho de pesquisa torna-os frequentemente inseguro: • a tarefa é dura; • devem procurar informação num extenso campo onde parece não haver limites; • devem fazer opções e tomar decisões durante todas as fases do processo; • no final do caminho, entregarão um trabalho e sentirão que o que está feito está feito e que não têm possibilidade de voltar atrás. 2. Por que razão se pede para fazerem trabalhos escritos? Os docentes pedem aos seus alunos para fazerem trabalhos escritos para que treinem: planificação de processos. • A • A pesquisa, seleção e organização de informação. • A redação de discursos informativos extensos. O aluno deve conhecer de antemão as fases por que vai passar e distribuí-las num calendário: Data do pedido 1.ºElaborar um plano. 2.ºProcurar informação e organizá-la. 3.ºElaborar um rascunho. Copiar, resumir, explicar. 4.ºRedigir o trabalho final. Reinterpretar, personalizar. Redigir definitivamente e de forma personalizada. Corrigir. Incorporar elementos gráficos. Data de entrega 384 Encadernar ou editar. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 384 11/05/05 10:06 Parte 9 Os alunos, desde os primeiros níveis, podem aprender a elaborar simples guiões de trabalho. A elaboração de guiões pode tornar-se uma atividade por si só, até que adquiram suficiente destreza. Basta escrever uma proposta no quadro, por exemplo «a esferográfica» e, em seguida, colocar-lhes a seguinte pergunta: «O que gostaríamos de saber sobre a esferográfica?». Técnicas e métodos de estudo 3. Estratégias: elaborar o plano Depois, podem anotar-se no quadro todas as perguntas que surjam de forma espontânea, para que apareça um mosaico de pontos a tratar, ainda que desordenados: Quem a inventou? O que é uma esferográfica? Os nossos avós utilizavam a esferográfica? E os nossos pais? Como mudou a vida desde que se inventou a esferográfica? A ESFEROGRÁFICA Como funciona uma esferográfica? Onde se fabricou a primeira esferográfica? Como se escrevia antes de existir esferográfica? Desde quando existem esferográficas? Como funcionam as esferográficas? Chegado este momento, os alunos poderão — com ajuda — ordenar as questões, agrupar as aperfeiçoadas e descartar as repetitivas. Uma possível ordem seria o seguinte: A esferográfica • O que é uma esferográfica? • Como funciona uma esferográfica? • Quem a inventou, quando e onde? • Como se escrevia antes da esferográfica? • Como mudou a vida desde que se inventou a esferográfica? O resultado é uma formulação clara e simples, mas tão rigorosa como o plano que poderia preparar um aluno do Ensino Secundário: A esferográfica • • • • • escrição. D Funcionamento. Invenção. Antecedentes. Repercussões. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 385 385 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 4. Estratégias: elaborar um rascunho O aluno elabora o rascunho com a informação selecionada e organizada, à qual vai dando uma forma própria. O rascunho terá de ser um trabalho pessoal, mas que tenha informações certas. Esse difícil equilíbrio consegue-se fazendo algumas recomendações simples: O que transmitimos ao aluno? • Resume-se a informação que aparece muito extensa. • Reescrevem-se as informações que podem ser resumidas. • Só se copiam as tabelas, os desenhos, as listas de palavras, os dados concretos… • Só se copia quando se quer citar exatamente o encontrado. Como explicar? Leio informação que ocupa duas páginas e resumo-a em poucas linhas. Compreendo o que quer dizer e redijo-o com as minhas próprias palavras. Copio um gráfico ou um esquema e indico de onde o copiei. Copio um parágrafo ou um fragmento muito breve, escrevo-o entre aspas e indico de quem foi copiado. • Não se copia aquilo que se mostrará As minhas opiniões e as minhas como uma opinião pessoal. conclusões são totalmente minhas. Boas práticas Como relacionar o plano com o rascunho? O importante é que o resultado seja um trabalho bem documentado, mas nunca copiado. A verdadeira originalidade está na redação personalizada e na opinião pessoal ou nas conclusões. Os títulos das secções e das subsecções mostram como está organizado o trabalho, e essa é a base do plano. O plano ajuda-nos a ir construindo o rascunho e, por sua vez, ao redigir o rascunho, é possível que surja a necessidade de modificar o plano: subdividir as secções, trocar a ordem de algumas partes, etc. Durante toda a fase de rascunho, os títulos devem estar corretamente indicados. Todos as secções com a mesma importância devem surgir da mesma forma. Por exemplo: Guião de trabalho «A minha estufa» 1. COMO A CONSTRUÍ 1.1 Os materiais 1.2 Passo a passo 2. O QUE CULTIVEI 2.1 O que semeei 2.2 Diário dos cultivos 3. O QUE DESCOBRI 386 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 386 11/05/05 10:06 Parte 9 Ao redigir o trabalho final, há que ter em conta os seguintes aspetos: • • • • S eguir fielmente o plano. Marcar corretamente os títulos de cada secção e subsecção. Intercalar ilustrações, gráficos, … Expressar-se com simplicidade e clareza. Técnicas e métodos de estudo 5. Estratégias: redigir o trabalho final Se o aluno lidou com informações não textuais, decidirá o que fazer com esses conteúdos: • S e forem gráficos ou desenhos, deverá copiá-los. • Se forem imagens para inserir, deverá colá-las ou digitalizá-las. • Se forem informações redigidas, deverá escrevê-las com as suas próprias palavras. O que se revê antes de dar o trabalho por terminado? Organize com os alunos uma sessão para que revejam os seus trabalhos, antes de comporem o dossier. Cada qual terá o seu trabalho à sua frente. Como explicar? 1.ºRevisão do meu trabalho: Está tudo? Verifico que estão todas as secções e subsecções. 2.ºRevisão: A organização Verifico que cada secção e cada subsecção estão assinaladas segundo a sua categoria. 3.ºRevisão: Expressão e ortografia Verifico que a redação está correta: expressão, sinais de pontuação, erratas. Verifico se não há erros de ortografia. Uma vez ordenado Numerar as páginas Elaborar o índice Como se compõe o dossier? Independentemente de o trabalho se apresentar em papel ou num suporte informático, existem algumas constantes: Página de rosto • T ítulo do trabalho (com ilustração ou não). • Dados do autor ou autores. • Outros dados que tiver indicado o docente. • O título de cada secção e o número de página em que Índice Desenvolvimento começa cada um. • Pode estar no princípio ou no fim. • C ategorias dos títulos bem assinaladas. • Títulos e números de páginas de acordo com o índice. • Apresentação: limpeza, margens, espaços, ortografia… Bibliografia • C itar todas as fontes utilizadas. • Situá-la no final do discurso. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 387 387 11/05/05 10:06 Parte Técnicas e métodos de estudo 9 Apresentar exposições orais 1. Em que consiste uma exposição oral? A exposição oral favorece: • • • • o autocontrolo; a autoestima; a fluidez verbal; a memória. Expor um tema oralmente exige que a pessoa se documente e que organize o discurso em torno de um plano. Ora, o esforço e o trabalho prévios ficam subordinados ao resultado final: a exposição perante o público. E nesse momento da exposição, os aspetos formais como a postura e a dicção são decisivos. É imprescindível: • • • • • anter uma postura direita, o mais natural possível; m mover as mãos de forma controlada, sem exageros; pronunciar corretamente as palavras; controlar o volume da voz: falar alto, mas sem gritar; ajustar a entoação ao discurso e manter o ritmo. 2. Quais são os objetivos das exposições orais? As exposições orais têm fins distintos. Por exemplo, para que os alunos: • • • • s e habituem a planificar trabalhos com uma certa envergadura; consigam manusear fontes de documentação; apliquem aprendizagens a partir de um ponto de vista multidisciplinar; sejam capazes de expor conhecimentos de forma organizada perante um público. Tal como com a elaboração de trabalhos escritos, para preparar uma exposição oral é necessário que o aluno conheça de antemão todas as fases que deverá levar a cabo e que preveja os tempos necessários. Data do pedido Data de entrega 1.ºElaborar um plano. 2.ºProcurar informação e organizá-la. • C ompletar o plano com resumos e esquemas. • Preparar materiais que se vão mostrar. 3.ºEnsaiar a exposição. • R ecitar várias vezes a exposição. 4.ºExposição oral. 3. Estratégias: tirar partido do plano de trabalho O plano torna-se o eixo de todas as demais atividades, que são estas: • P esquisa de informação. O plano orienta a pesquisa e a seleção. • L eitura compreensiva. Ler os textos informativos selecionados e compreendê-los. • Interpretação de outros códigos. Compreender gráficos, tabelas, imagens, sequências visuais…, que vão surgindo durante a pesquisa. • Resumo e esquematização. Resumir informações e elaborar esquemas para completar o plano. 388 DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 388 11/05/05 10:06 Parte 9 Basta um pequeno plano? Técnicas e métodos de estudo • R edação argumentativa. Redigir argumentos, comentários sobre as informações expostas e opiniões pessoais que farão parte da exposição. • Memorização. Memorizar o plano e memorizar os dados e as informações pertinentes, para que durante a exposição não se dependa em excesso dos papéis. Num primeiro momento, para planificar a exposição é suficiente um plano básico, como o que utilizaríamos para preparar um trabalho escrito. Mas para ensaiar a exposição é necessário incorporar toda a informação que se vai expor: em forma de esquemas e resumos, para que ocupe o menos possível. Quando é que um aluno necessita de ajuda? É razoável que o aluno necessite da ajuda de um adulto em algum momento do processo. Por exemplo: 1.Ao elaborar um plano. como definitivo. Consultar com o professor se pode ser dado 2.Ao pesquisar informação e ao organizá-la. fiáveis. 3.Ao ensaiar a exposição. 4.Ao expor. Consultar que fontes são Fazer um teste diante de outra pessoa. Dispor de alguém para lidar com os meios tecnológicos. 4. Estratégias: ensaiar a exposição Durante os ensaios É muito oportuno falar em frente a um espelho; controla-se melhor a postura, os gestos e o olhar. Antes de efetuar a exposição oral, o aluno deverá ensaiá-la várias vezes, já que com isso poderá: • D ominar a informação, o que lhe permitirá utilizar o plano somente como ajuda. • Flexibilizar a expressão e não depender da memória literal: caso se esqueça de algo ou caso fuja ligeiramente ao plano, saberá sair da situação. • Não se desviar do tema nem duvidar: o público não se aborrecerá. É importante que o aluno compreenda que durante os ensaios tem de ter atenção simultaneamente a três aspetos: Aspetos Como explicar? O conteúdo De que estou a falar? Aprendo de memória o plano. Aprendo de memória os esquemas. Aprendo a informação. A expressão Como explicar? Repito uma e outra vez o discurso, para me acostumar a contar o mesmo de várias formas. A postura e a voz Como estou a falar? Ensaio defronte de um espelho e, se possível, defronte de outra pessoa. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 389 389 11/05/05 10:06 Parte 9 É necessário preparar materiais? Técnicas e métodos de estudo Se se vão apresentar materiais ou qualquer objeto durante a exposição, há que prepará-los e utilizá-los durante os ensaios, e muito especialmente caso se trate de equipamentos de áudio ou vídeo. Nos ensaios, o aluno mostrá-los-á ou colocá-los-á em funcionamento, como se estivesse perante o público; dessa forma, evitará imprevistos que podiam pôr em perigo a exposição. Os materiais audiovisuais são um excelente complemento durante uma exposição oral: desenhos, fotografias, murais, gravações de sons, imagens… 5. Estratégias: apresentar a exposição Quando chega o momento da exposição oral diante do público, põe-se à prova a planificação e a preparação anteriores. Nem só o protagonista da exposição tem um papel a desempenhar; o contexto deve ser o adequado e os demais participantes podem também contribuir para que tudo saia bem. Condições físicas • E spaço acondicionado. • Zona do apresentador/zona pública. Adulto responsável • A mbiente de acolhimento. • Ajuda com aparelhos, instrumentos. Colegas • B oa receção. • Respeito. Como iniciar a exposição? É recomendável que os alunos se apresentem perante os seus colegas de forma espontânea e simples. O objetivo é que lhes exponham o tema de que vão falar e, talvez, que indiquem resumidamente a ordem que vão seguir. Talvez alguns alunos prefiram explicar onde obtiveram a informação antes de iniciarem a exposição propriamente dita. Outros podem querer mostrar aos colegas o material ao longo da sua exposição, que lhes ensinará como lidar com um instrumento, etc. Como terminar? O final deve estar previsto de forma muito especial no plano e é necessário prepará-lo bem durante os ensaios: Avaliação construtiva Proponha aos alunos que formam o público que expressem o que mais gostaram da exposição oral que acabam de escutar. 390 • A última informação tem de encerrar bem o tema. • Convém que se note pela entoação na fala. Tem de dar a sensação de fecho. • A expressão da cara e os gestos das mãos devem indicar que a exposição terminou. Nas exposições entre colegas, é interessante permitir uma ronda de perguntas dirigidas ao apresentador ou ainda uma ronda de opiniões sobre o tema exposto. DESAFIOS • Ciências da Natureza • 5.o ano • © Santillana-Constância 139277 343-390_parte9.indd 390 11/05/05 10:06