Koeeng Por que usar enrolamentos? blindagem eletrostática entre Esta pergunta apareceu sob diferentes formas no Linkedin e com respostas algumas vezes contraditórias. Nelas estão as indicações de quando usar uma blindagem eletrostática, e também de quando ela é erroneamente empregada. Dentro de um transformador é possível encontrar vários tipos de blindagens eletrostáticas. As mais comuns são as usadas para uniformizar o campo reduzindo gradientes de tensão (exemplo: no pé de uma bucha, sobre os cantos dos degraus do núcleo, etc.). No caso o foco está naquelas instaladas entre enrolamentos e aterradas, como as das figuras abaixo. Normalmente a blindagem é feita com uma lâmina fina de alumínio ou cobre1 com a mesma altura dos enrolamentos enrolada formando uma espira aberta. Atenção deve ser tomada ao completar a espira para que o isolamento entre o início e o fim da blindagem fique adequado à pressão exercida pelo enrolamento sobre ela. Também é crítico assegurar que as bordas do material da blindagem estejam livres de rebarbas. Para tanto algumas empresas laminam as bordas do material e colocam isolamento adicional com fita. Outro fenômeno importante a considerar são as correntes parasitas que poderão aquecer excessivamente a blindagem, 1 Espessuras típicas das lâminas são 0,006 “ para alumínio e 0,003” para cobre. www.koeeng.com.br Juarez Koehler (09 jun 2015) Koeeng portanto cuidados especiais devem ser tomados quando houver algum fluxo transversal significativo. O conhecido livro Tansformerboard II2 da Weidmann tem um capítulo onde é detalhado este assunto, e com modelos construtivos conforme figura abaixo. Os debates sobre blindagens eletrostáticas entre enrolamentos originaramse das seguintes dúvidas com relação sua utilidade: • Reduz correntes harmônicas? • Melhora a distribuição do impulso dentro da bobina de AT? • Elimina a transferência de tensão entre enrolamentos? • Reduzem o ruído em transformadores para conversores estáticos? Reduz correntes harmônicas? Normalmente as principais componentes harmônicas (3ª, 5ª e 7ª) em transformadores são de baixa amplitude e baixa frequência e para estas a blindagem eletrostática é inútil. Para reduzir harmônicas deste tipo existem outros métodos tais como usar filtros ativos e passivos. Melhora a distribuição do impulso dentro da bobina de AT? Teoricamente podem melhorar, mas na prática isto não ocorre. Blindagens internas eram utilizadas até os anos 50 com o objetivo de reduzir a capacitância da AT contra a terra, ou seja, o valor de α na conhecida fórmula abaixo, o que significa melhorar a distribuição de impulso ao longo do enrolamento. 2 O autor dos livros Transformerboard e Transformerboard II é H. P. Moser, com vários co-autores. www.koeeng.com.br Juarez Koehler (09 jun 2015) Koeeng α= Cg CS onde, Cg = Capacitância contra a terra Cs = Capacitância série Atualmente o que se faz é aumentar a capacitância série dos enrolamentos por meio de espiras entrelaçadas ou colocando uma blindagem entre algumas espiras em bobinas tipo disco, o que é na prática mais viável do que tentar aumentar a capacitância contra a terra3. Elimina a transferência de surtos de tensão entre enrolamentos? Sim. Estas blindagens são frequentemente utilizadas para evitar que transientes na bobina de alta tensão sejam transferidos para a bobina de baixa tensão através da capacitância entre os enrolamentos. As figuras4 abaixo mostram um dos casos clássicos em que um surto de tensão na AT aparece na BT como uma tensão transferida, que pode colocar em risco o isolamento deste enrolamento. Uma blindagem eletrostática entre as bobinas impede que isto ocorra. Sendo, u = distribuição de impulso na AT [pu] v = tensão transferida para a BT [pu] h = altura dos enrolamentos [%] 3 Um enrolamento baixo e “gordo” tende a ter uma capacitância contra a terra menor do que a de um enrolamento alto e “delgado”. O primeiro suportará em princípio melhor o impulso, contudo existem tantas outras condições a atender que raramente os calculistas conseguem usar isto na prática para obter a suportabilidade requerida ao impulso. 4 O capítulo 5.2.7 do livro Large Power Transformers de K. Karsai e outros aborda em detalhe o cálculo das tensões transferidas. www.koeeng.com.br Juarez Koehler (09 jun 2015) Koeeng Reduzem o ruído em transformadores para conversores estáticos? Sim, mas não todos os tipos de ruídos. O tempo de chaveamento dos dispositivos semicondutores de potência (tiristores, GTO, MOSFET, etc.) é muito pequeno (na ordem de microssegundos), o que gera variações muito rápidas de potencial e carga nos enrolamentos de baixa tensão, ou seja, ruídos. Alguns destes ruídos possuem amplitude e frequência elevadas, podendo então ser transferidos para o enrolamento de alta tensão através do acoplamento capacitivo entre os enrolamentos. Esta é uma das razões pelas quais é comum o emprego de blindagens eletrostáticas aterradas em transformadores deste tipo. Outro motivo é que geralmente o enrolamento conectado ao circuito retificador não é aterrado. Sem a presença da blindagem eletrostática aterrada, transientes que ocorram na AT serão transferidos para a BT, podendo chegar a valores altos o bastante para gerar uma falha na BT, ou no circuito retificador. www.koeeng.com.br Juarez Koehler (09 jun 2015)