relatorio final Natália pibic 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC : CNPq,
CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO
Período: Agosto de 2014 agosto de 2015
( ) PARCIAL
(x ) FINAL
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto de Pesquisa: DIAGNÓSTICO DAS ENFERMIDADES DO SISTEMA NERVOSO
CENTRAL (SNC) DE HERBÍVOROS DA REGIÃO NORTE DO BRASIL E COMPARAÇÃO DA
TÉCNICA DE IMUNOHISTOQUÍMICA COM AS TÉCNICAS OFICIAIS DE DIAGNÓSTICO DE
RAIVA.
Nome do Orientador: GABRIELA RIET CORREA RIVERO
Titulação do Orientador: Doutora
Faculdade: Faculdade de Medicina Veterinária
Instituto/Núcleo: campus Castanhal
Laboratório: Laboratório de Anatomia Patológica
Título do Plano de Trabalho: Diagnóstico das principais enfermidades que afetam o sistema nervoso
central de herbívoros com sinais neurológicos, que apresentam resultado negativo para raiva.
Nome do Bolsista: Natalia Maxine Ferreira Pinheiro Sarmento
Tipo de Bolsa:
(X) PIBIC/ CNPq
( ) PIBIC/CNPq – AF
( )PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador
( ) PIBIC/UFPA
( ) PIBIC/UFPA – AF
( ) PIBIC/ INTERIOR
( )PIBIC/PARD
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( ) PIBIC/PADRC
( ) PIBIC/FAPESPA
( ) PIBIC/ PIAD
( ) PIBIC/PIBIT
INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA:
A raiva é uma zoonose de distribuição mundial, listada pela Organização Mundial para a Saúde
Animal como de notificação obrigatória. No Brasil, estima-se que a raiva seja responsável pela morte de
30.000 a 40.000 (Rodrigues da Silva et al. 2000; Heinemann et al. 2002) bovinos anualmente, causando
perdas anuais estimadas em 15 milhões de dólares (Heinemann et al. 2002). O apoio laboratorial é
imprescindível para o diagnóstico da raiva. A Organização Mundial da Saúde preconiza a técnica de
imunofluorescência direta (IFD) como o teste de diagnóstico para a identificação do vírus da raiva em
tecidos frescos ou congelados, sendo este um teste altamente sensível, acurado e relativamente rápido
(Kunert Filho, 2011; Xavier, 2005; Zimmer et al. 1990). O isolamento do vírus por inoculação
intracerebral em camundongos (IIC) é também recomendado para a confirmação do diagnóstico pela IFD.
No estado do Pará há dois laboratórios de referencia para o diagnóstico de raiva: o Laboratório Nacional
Agropecuário (LANAGRO) e o Instituto Evandro Chagas. Esses laboratórios recebem amostras
encaminhadas pela Agencia Agropecuária do Pará (ADEPARÁ) e por veterinários autônomos e utilizam
as técnicas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o diagnóstico:
imunofluorescência direta (IFD) e inoculação intracecebral em camundongos. Em todos os casos em que
os animais apresentam sinais neurológicos, as amostras do sistema nervoso central devem ser
encaminhadas a esses laboratórios para o diagnóstico de raiva. Entretanto, grande parte das amostras
enviadas resultam negativas para raiva. No ano de 2011, por exemplo, das 61 amostras de SNC de
herbívoros com sinais neurológicos enviadas pela ADEPARÁ ao LANAGRO para diagnóstico de raiva,
10 foram positiva e as demais foram negativas. Em 2012, foram enviadas 69 amostras, das quais apenas
11 foram positivas. O grande número de amostras negativo indica a ocorrência de outras enfermidades
que afetam o sistema nervoso central de herbívoros, ressaltando a importância do estudo dessas
enfermidades. O diagnóstico dessas enfermidades irá contribuir com agentes de defesa agropecuária e
veterinários atuante na região no reconhecimento das principais doenças que afetam o sistema nervoso
central de herbívoros, possibilitando a adoção de medidas de controle e profilaxia adequados.
OBJETIVO:
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- Realizar diagnóstico diferencial em fragmentos do SNC negativos para raiva.
MATERIAIS E MÉTODOS:
Serão avaliadas amostras de SNC (sistema Nervoso Central) de herbívoros, fornecidas pela
Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARA) e por Médicos Veterinários autônomos,
que foram negativas para raiva nas técnicas de Imuno Fluorescência Direta (IFD) e Inoculação
Intracerebral em Camundongos lactentes (IIC). Serão consideradas amostras recebidas no período de
março de 2012 a agosto de 2015. As amostras serão processadas no laboratório de Patologia Veterinária
da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Pará, campus de Castanhal. Serão
fixadas em formol a 10% e os cortes serão processados de forma rotineira para exame histopatológico,
incluídas em parafina, cortados a 5 µm de espessura, aplicados sobre lâminas positivadas (ImmunoSlideEasyPath), secadas verticalmente em temperatura ambiente, antes de serem aquecidas em estufa por 60ºC
por 3 a 4 horas, corados pela hematoxilina e eosina (HE) avaliadas em microscópio óptico. As alterações
histológicas observadas serão interpretadas e avaliadas juntamente com os dados epidemiológicos e
clínico-patológicos obtidos dos Formulários de investigação inicial (FORMI-IN), enviados pela
ADEPARÁ juntamente com as amostras, para estabelecimento do possível diagnóstico.
RESULTADOS:
Foram avaliadas 68 amostras de SNC, sendo 53 de bovinos, 13 de equinos e duas de bubalinos.
Das amostras de bovinos 19 eram positivas para raiva pelas técnicas de IFD e/ou IIC, das de equinos 6
(50%) eram positivas e das de bubalino uma.
Das amostras de bovinos negativas para raiva, quatro apresentavam lesões compatíveis com
infecção por Herpesvírus Bovino tipo 5 (BVH-5), caracterizadas por necrose laminar de neurônios do
córtex cerebral, encefalite não supurativa, meningite não supurativa e corpúsculos de inclusão
intranucleares em astrócitos. Foi diagnosticado um caso de febre catarral maligna, sendo observado
vasculite, caracterizada por infiltração linfoplasmocitária na adventícia e necrose fibrinóide da parede, no
córtex cerebral e rete mirabile.; um de polioencefalomalácia, com lesões caracterizadas por caracterizadas
por necrose laminar de neurônios do córtex cerebral (descrever melhor as lesões), e um de abscesso na
hipófise. Em duas amostras foi observado encefalite não supurativa, não sendo possível estabelecer um
diagnóstico etiológico. Em 23 amostras de bovinos não foram observadas alterações significativas.
Dessas, em sete os dados analisados do FORM IN permitiram o diagnóstico sugestivo de botulismo, uma
vez que se tratava de vacas em final de gestação ou recém paridas, com sinais clínicos caracterizados por
3
paralisia flácida e havia histórico de osteofagia e presença de carcaças nas pastagens. Duas amostras
(3,6%) estavam impróprios para diagnóstico histopatológico devido a autólise acentuada.
Das amostras de equinos negativas para raiva em uma (1) foi diagnosticado infecções por
Trypanosoma evansi, baseado nos achados histopatológicos, caracterizados por uma encefalite
linfoplasmocitária difusa, com presença de células Mott, e na imunohistoquímica positiva para o agente.
Uma amostra apresentava lesões sugestivas de infecção por Sarcosystis neurona. Em quatro amostras
não foram observadas alterações no SNC e duas estavam impróprias para diagnóstico devido a autólise
acentuada.
Nas amostras de bubalinos um era positiva para raiva, sendo observadas lesões semelhantes as
dos bovinos. Em outra não havia lesões significativas no SNC.
Em todos os casos, após a avaliação histopatológica, foi redigido laudo e encaminhado à
ADEPARÁ.
PUBLICAÇÕES: Está sendo redigido um artigo científico que será submetido ao periódico Pesquisa
Veterinária Brasileira.
CONCLUSÕES: Pode-se observar que mais de 70% das amostras de animais com síndrome neurológica
encaminhadas eram negativas para raiva, ressaltando a importância de histopatologia e de outras técnicas
para o diagnóstico das enfermidades que afetam o SNC. O diagnóstico de outras doenças do sistema
nervoso central, como a infecção por HVB-5, a febre catarral maligna e a polioencefalomalácian em
bovinos e a tripanossomíase e a infecção por Sarcosystis sp. em equinos, demostra a importância de se
estabelecer o diagnóstico diferencial de raiva em animais com síndrome neurológica. Uma doença
observada com freqüência nos bovinos deste estudo foi o botulismo. No entanto, ainda há entraves para o
diagnóstico definitivo dessa enfermidade, uma vez que os testes utilizados para a detecção da toxina
botulínica apresentam baixa eficiência. Neste trabalho o diagnóstico dessa enfermidade foi baseado na
epidemiologia, nos sinais clínicos, caracterizados por paralisia flácida, semelhante ao observado na raiva,
e na ausência de lesões no SNC. Isso demonstra a necessidade de se estabelecer novas técnicas que
possam confirmar os casos sugestivos de botulismo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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DUART, M.I.S.; KOTAIT, I.; Sensibilidade da técnica de Imuno-histoquímica em fragmentos do sistema
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brasileira. Vol. 30. p. 211-218. Março/2010.
4
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BARBOSA T.F.S. et al.; Epidemiologia molecular do vírus da raiva no estado do Pará no período de
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BARROS S. L.; DRIEMEIER D.; DUTRA I. S.; LEMOS R. A. A.; Doenças do sistema nervoso de
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BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de diagnóstico laboratorial da raiva. Brasília-2008.
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5
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PEDROSO P.M.O., COLODEL E.M., PESCADOR C.A., ARRUDA L.P., DRIEMEIR D.; Aspectos
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World Health Organization. http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs099. Acesso em 03 de Julho de
2013.
DIFICULDADES - Relacionar os principais fatores negativos que interferiram na execução do projeto.
PARECER DO ORIENTADOR: a bolsista teve om desempenho na realização das atividades relativas
ao projeto e nas demais atividades propostas.
DATA: 10/08/2015
_________________________________________
ASSINATURA DO ORIENTADOR
____________________________________________
ASSINATURA DO ALUNO
6
INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Em caso de aluno concluinte, informar o destino do mesmo após a
graduação. Informar também em caso de alunos que seguem para pós-graduação, o nome do curso e da
instituição.
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FICHA DE AVALIAÇÃO DE RELATÓRIO DE BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
O AVALIADOR DEVE COMENTAR, DE FORMA RESUMIDA, OS SEGUINTES ASPECTOS
DO RELATÓRIO :
1. O projeto vem se desenvolvendo segundo a proposta aprovada? Se ocorreram mudanças
significativas, elas foram justificadas?
2. A metodologia está de acordo com o Plano de Trabalho ?
3. Os resultados obtidos até o presente são relevantes e estão de acordo com os objetivos propostos?
4. O plano de atividades originou publicações com a participação do bolsista? Comentar sobre a
qualidade e a quantidade da publicação. Caso não tenha sido gerada nenhuma, os resultados obtidos
são recomendados para publicação? Em que tipo de veículo?
5. Comente outros aspectos que considera relevantes no relatório
6. Parecer Final:
Aprovado ( )
Aprovado com restrições (
Reprovado ( )
) (especificar se são mandatórias ou recomendações)
7. Qualidade do relatório apresentado: (nota 0 a 5) _____________
Atribuir conceito ao relatório do bolsista considerando a proposta de plano, o desenvolvimento das
atividades, os resultados obtidos e a apresentação do relatório.
Data : _____/____/_____.
________________________________________________
Assinatura do(a) Avaliador(a)
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