Anticorpo artificial pode eliminar vírus HIV de macacos contaminados

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Anticorpo artificial pode eliminar vírus
HIV de macacos contaminados
Pesquisadores anunciaram no mês passado algo que pode vir a representar um enorme passo na
luta contra o HIV.
Os cientistas do Instituto de Pesquisas Scripps relataram a criação de um anticorpo artificial, o
qual, uma vez no sangue, agarra o vírus e o desativa. A molécula pode eliminar o HIV de
macacos contaminados e os proteger de infecções futuras.
Não se trata de uma vacina. Ao instalar genes sintéticos nos músculos de macacos, cientistas
estão reformulando os animais para resistirem à doença. Os pesquisadores também estão
testando essa abordagem contra o ebola, a malária, a gripe influenza e a hepatite.
Para o principal autor do estudo, Michael Farzan, a técnica pode fornecer proteção contra
doenças para as quais não há vacina eficaz.
Já está em andamento o primeiro teste em humanos dessa estratégia, chamada imunoprofilaxia
por transferência de genes (IGT, na sigla em inglês).
"Isso poderia revolucionar a forma de imunização contra ameaças à saúde pública no futuro",
disse o médico Gary Nabel, diretor científico do laboratório Sanofi, que produz uma vasta gama
de vacinas.
Os pesquisadores ainda precisam avaliar a
segurança e a eficácia da IGT em seres humanos.
Além disso, a perspectiva de manipular
geneticamente os indivíduos para que eles
resistam a doenças infecciosas pode gerar
preocupações entre os pacientes.
"Vai exigir explicação", disse David Baltimore,
virologista do Instituto de Tecnologia da Califórnia
e ganhador do Prêmio Nobel.
Nas vacinas, agentes patogênicos enfraquecidos
ou mortos são apresentados ao sistema
imunológico, "ensinando-o" a produzir anticorpos.
Muitas vezes, porém, elas não resultam em
anticorpos eficazes. O HIV, por exemplo, tem
muitas cepas, de modo que uma vacina que sirva
para um tipo pode não funcionar contra outro.
Com a IGT, os cientistas isolam os genes que
produzem anticorpos poderosos contra certas
doenças e então sintetizam versões artificiais.
Os genes são colocados em um vírus e injetados
no tecido humano. Esses vírus invadem as células
humanas com as suas cargas de DNA, e o gene
sintético é incorporado ao DNA do destinatário. Se
tudo correr bem, os novos genes instruem as
células a iniciarem a produção de anticorpos
poderosos.
A ideia da IGT surgiu na luta contra o vírus da
Aids. Algumas pessoas desenvolvem anticorpos
extremamente potentes contra o HIV.
Imagem disponível em de http://routenews.com.br/index/?p=3159
Os chamados anticorpos amplamente neutralizantes são capazes de se agarrar a muitas cepas
virais, impedindo-as de contaminarem novas células. O médico Philip Johnson, do Hospital
Infantil de Filadélfia e virologista da Universidade da Pensilvânia, teve uma ideia: por que não
oferecer anticorpos amplamente neutralizantes a todos?
Os pesquisadores já haviam descoberto como carregar genes em vírus e como estimulá-los a
invadir as células. Johnson imaginou que seria possível usar essa estratégia para introduzir um
gene associado a um anticorpo potente nas células de um paciente.
Em 2009, ele e colegas anunciaram que a técnica havia funcionado numa experiência destinada
a proteger macacos da contaminação pelo SIV, versão símia do HIV.
Eles usaram os vírus para inserir genes poderosos nos músculos dos macacos. As células
musculares então produziram os anticorpos contra o SIV. Em seguida, os cientistas
contaminaram os macacos com o vírus da imunodeficiência símia, e os animais produziram
anticorpos suficientes nos músculos para protegê-los de infecções. Já os macacos contaminados
sem serem submetidos à terapia genética morreram.
Inspirado no sucesso de Johnson, Farzan e outros foram modificando os anticorpos do HIV para
desenvolver defesas mais poderosas.
Enquanto isso, em 2011, Baltimore e seus colegas mostraram que os anticorpos inseridos em
células com vírus eram capazes de proteger camundongos contra o HIV. "Contornamos o sistema
imunológico em vez de tentar estimulá-lo", disse Baltimore.
Outros experimentos vêm tendo sucesso contra a malária, o ebola e várias cepas de gripe.
Johnson já iniciou o primeiro teste clínico da IGT em seres humanos, para avaliar se o tratamento
é seguro.
Mas não há garantia alguma de que o sucesso nos testes em animais será repetido em humanos.
Os sistemas imunológicos humanos podem atacar os anticorpos artificiais ou os vírus que os
carregam, destruindo a proteção esperada. Ou então as células musculares podem produzir
anticorpos demais, porque eles não possuem a mesma regulação própria das células
imunológicas.
Farzan também investiga interruptores moleculares que sejam capazes de desligar a produção de
anticorpos ou de ajustar sua dose. "Se quisermos ver isso florescer, precisamos desses
interruptores."
Fonte: h p://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2015/03/1605419-an corpo-ar ficial-pode-eliminar-virus-hiv-demacacos-contaminados.shtml
Questões para discussão:
1- Como funciona uma vacina? Do que ela é feita?
2- O que são anticorpos?
3- O que são cepas virais?
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