Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 ESTUDO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE ELÉTRICA COM COMPENSAÇÃO DE HARMÔNICOS E REATIVOS MARCELO H. F. TAKAMI, SÉRGIO A. OLIVEIRA DA SILVA, LEONARDO P. SAMPAIO LEPQER - Laboratório de Eletrônica de Potência, Qualidade de Energia e Energias Renováveis, Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Av. Alberto Carazzai, 1640 - CEP 86300-000 - Cornélio Procópio - PR – Brasil E-mails: [email protected], [email protected], [email protected] Abstract This paper presents the study and analysis of two single-phase grid-tied photovoltaic systems. The first one is composed of two parallel photovoltaic arrays, each one composed of four panels connected in series, a step-up DC-DC converter and a voltage source inverter. The second is composed of eight photovoltaic panels connected in series and a voltage source inverter. Thus, in this case the use of the step-up DC-DC is suppressed. Perturb and observe technique is used for tracking the maximum power point of the photovoltaic arrays, which is implemented in the control loop of both studied systems. Moreover, control techniques are adopted to allow the current injection into utility grid from the energy provided by the photovoltaic arrays, where the injected current is synchronized with the grid voltage using an algorithm to detect the utility phase-angle. Both systems are controlled to perform, simultaneously, the function of shunt active power filter, performing the suppression of harmonic currents and compensating reactive power of the load. Finally, comparative analysis between the two systems is performed by means of computer simulations. Keywords Solar energy, Distributed generation, Photovoltaic system, MPPT, Shunt active power filter. Resumo Este trabalho apresenta o estudo e análise de dois sistemas fotovoltaicos monofásicos conectados à rede elétrica. O primeiro é composto por dois arranjos PV onde cada um deles possui quatro painéis ligados em série, um conversor CC-CC elevador e um inversor de tensão controlado em corrente. O segundo é composto por oito painéis ligados em série e um inversor de tensão. Assim, neste caso, a utilização do conversor elevador CC-CC é suprimida. A técnica da perturbação e observação é adotada para o rastreamento do ponto de máxima potência dos arranjos fotovoltaicos, a qual é implementada na malha de controle de ambos os sistemas em estudo. Além disso, técnicas de controle são adotadas para possibilitar a injeção de corrente na rede elétrica a partir da energia disponibilizada pelos arranjos fotovoltaicos, onde as correntes injetadas são sincronizadas com a tensão da rede utilizando um algoritmo de detecção de ângulo de fase. Ambos os sistemas são controlados para desempenhar simultaneamente a função de filtro ativo de potência paralelo atuando na compensação das correntes harmônicas, bem como reativos da carga. Finalmente, são realizadas análises comparativas entre os dois sistemas por meio de simulações computacionais. Palavras-chave Energia solar, Geração distribuída, Sistema fotovoltaico, MPPT, Filtro ativo de potência paralelo. 1 Introdução arranjos fotovoltaicos (Yu et al., 2002). Quando a amplitude da tensão de saída do arranjo fotovoltaico não é adequada para alimentar o barramento CC do estágio de inversão de tensão, de forma a injetar energia na rede elétrica em CA, um estágio de elevação de tensão, implementado por meio de um conversor CC-CC elevador, deve ser usado. Devido ao aumento da utilização de cargas nãolineares em residências, comércios e indústrias, distúrbios harmônicos de corrente e tensão têm aumentado significativamente nos sistemas de fornecimento de energia, contribuindo para degradação da qualidade da energia elétrica (QEE). Filtros Ativos de Potência (FAP) têm sido propostos para eliminar ou reduzir os efeitos causados pela circulação de correntes harmônicas originadas por estes tipos de cargas, tornando-se assim uma alternativa para minimizar a degradação da QEE (Campanhol et al., 2013). Este trabalho propõe uma comparação entre dois tipos de sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica monofásica. O primeiro, chamado de sistema 1, é composto por dois arranjos PV onde cada um deles possui quatro painéis ligados em série, um conversor CC-CC elevador e um inversor de tensão (VSI) controlado em corrente, conectado à rede elétrica monofásica. O segundo sistema, chamado de sistema 2, é composto por oito painéis ligados em série e um inversor de tensão conectado à rede elétrica, ou seja, este sistema não utiliza o estágio Atualmente, estudos e aplicações de fontes de energias renováveis vêm ganhando cada vez mais destaque no mundo, devido à crescente demanda energética e a preocupação com a preservação ambiental (Brito et al., 2012). Dentre todas as diferentes fontes de energias renováveis conhecidas, a energia solar vem se destacando devido à sua abundância e por sua vasta incidência em toda a superfície terrestre. Desta forma, esta se apresenta como uma fonte viável de geração de energia elétrica, mais notadamente em sistemas de geração distribuída conectados à rede de distribuição de energia elétrica. Para que a conversão da energia solar em elétrica seja realizada, utilizam-se painéis fotovoltaicos (PV), os quais apresentam curvas características I-V (corrente-tensão) e P-V (potência-tensão) nãolineares, as quais são fortemente influenciadas pelos fatores climáticos como radiação solar e temperatura (Casaro & Martins, 2008). O custo inicial para a implantação de um sistema fotovoltaico ainda é relativamente alto e, estes apresentam uma baixa eficiência de conversão de energia solar em elétrica (Brito et al., 2013). Desta forma, é necessária a aplicação de técnicas para rastrear a máxima potência de um arranjo fotovoltaico, as quais são conhecidas como técnicas de MPPT (Maximum Power Point Tracking), e são indispensáveis para a implantação em 328 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 elevador de tensão CC-CC entre o arranjo PV e o inversor. Ambos os sistemas fotovoltaicos estão conectados à rede elétrica por meio de um conversor CC-CA monofásico em ponte completa, sendo estes capazes de realizar, simultaneamente, a injeção de potência ativa na rede, compensação de reativos e supressão de correntes harmônicas da carga. Em diversas literaturas (Casaro & Martins, 2008; Villalva et al., 2009) têm sido propostos modelos computacionais de arranjos PVs que refletem o comportamento de um arranjo fotovoltaico de maneira precisa, incluindo respostas a variações de temperatura e radiação. Neste trabalho, o arranjo PV é implementado utilizando o modelo proposto por (Casaro & Martins, 2008). Para o filtro ativo paralelo é utilizado um algoritmo baseado no sistema de eixos de referência síncrona (SRF – Synchronous Reference Frame), com algumas adaptações para sistemas monofásicos, a fim de obter uma corrente de referência, a qual será sintetizada pelo inversor. Além disso, para realizar a extração da máxima potência dos painéis fotovoltaicos e maximizar a eficiência do arranjo PV, o método da perturbação e observação (P&O) é utilizado (Brito et al., 2013). Para que a energia proveniente do arranjo fotovoltaico seja injetada na rede, um sistema de sincronismo entre a corrente injetada e a tensão da rede elétrica é indispensável. Para esta finalidade pode-se utilizar circuitos de detecção de ângulo de fase conhecidos por PLL (Phase-Locked Loop) (Silva et al., 2008). Neste trabalho, o PLL é também usado para gerar as coordenadas do vetor unitário síncrono sen(θ) e cos(θ) utilizado no algoritmo SRF. Finalmente, são apresentadas análises matemáticas, bem como análises comparativas a fim de ava- liar o desempenho de ambos os sistemas fotovoltaicos em estudo. 2 Estrutura de Potência Conectado à Rede Elétrica e Sistema de Filtragem Ativa. As Figuras 1 e 2 ilustram os diagramas em blocos dos dois sistemas PVs completos adotados neste trabalho, ou seja, o sistema 1 e o sistema 2, respectivamente. 2.1 Modelo Equivalente do Painel Fotovoltaico Uma célula fotovoltaica pode ser representada pelo circuito equivalente, composto por uma fonte de corrente em antiparalelo com um diodo, conforme mostra a Figura 3. Os resistores em série e paralelo, RS e RP, respectivamente, são projetados com o objetivo de melhorar a representação da curva via simulação em ambiente computacional, onde esses são decorrentes das características construtivas das células fotovoltaicas (junção PN e ligação entre os elementos). O valor de RS interfere na inclinação da curva I-V após o ponto de máxima potência (MPP), na região em que os painéis PV passam a se comportar como fonte de tensão. Já a resistência RP regula a inclinação da curva antes do MPP, na região em que os painéis se comportam como fonte de corrente. As curvas não-lineares (ipv-vpv e ppv-vpv) de um painel fotovoltaico, considerando diferentes níveis de radiação solar e de temperatura, são ilustradas nas Figuras 4 e 5, respectivamente. A Figura 4 exibe a variação da corrente ipv de um painel PV em função da tensão vpv (curva ipv-vpv). Na Figura 5 é ilustrada a variação da potência ppv do painel em função da tensão vpv (curva ppv-vpv). LL iL is Carga Rede vs Lb ic Lf Db p1 PV array Cpv pb iL vs p3 sen(θPLL) PLL SRF cos(θPLL) i*c ic idc P W M PIv Cdc p2 p4 Vdc * Vdc ipv MPPT vpv ipv PIi PWM p1 p2 p3 p4 pb D vpv Figura 1. Sistema 1 – Esquema completo do sistema PV conectado à rede elétrica monofásica com estágio elevador de tensão 329 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 is iL LL Carga Rede vs ic Lf PV array p1 vs PLL p3 iL sen(θPLL) cos(θPLL) i*c SRF ic idc P W M PIv p2 Cdc p4 Vdc=vpv ipv * Vdc MPPT PIi p1 p2 p3 p4 i*pv ipv Figura 2. Sistema 2 - Esquema completo do sistema PV conectado à rede elétrica monofásica 250 1000W/m² 25°C Potência ppv (W) 200 Figura 3. Circuito equivalente de uma célula fotovoltaica O equacionamento do circuito da Figura 3 pode ser representado por (1), conforme (Gow & Manning, 1999). I = I ph (V + I .Rs ) V + I .R q. η . K . T s − I r ⋅ e − 1 − Rp 0 250W/m² 75°C 40 30 20 Tensão vpv (V) Figura 5. Curva característica ppv-vpv para diferentes níveis de radiação e de temperatura (1) 0 10 Recentemente (Casaro & Martins, 2008) propôs um modelo computacional para a simulação de sistemas fotovoltaicos, conforme ilustrado na Figura 6. vpv Rad Temp Arranjo Fotovoltaico ipv s - + Cpv Figura 7. Diagrama em blocos do modelo implementado no MatLab/Simulink® 10 1000W/m² – 25°C Na Figura 6 vpv, ipv, Rad, Temp e Cpv, representam, respectivamente, a tensão nos terminais do arranjo PV, a corrente nos terminais do arranjo PV, radiação solar, temperatura e o capacitor de filtro de saída do arranjo PV. 8 Corrente ipv (A) 500W/m² 75°C 100 50 Onde: V, I representam, respectivamente, a tensão e corrente nos terminais de saída de uma célula; Iph é a fotocorrente; Ir corrente de saturação reversa da célula; q é a carga do elétron; η é o fator de qualidade da junção p-n; K é a constante de Boltzmann e T é a temperatura ambiente em Kelvin. A corrente da célula fotovoltaica em (1), pode ser determinada, por exemplo, por meio do método numérico Newton-Raphson, devido à relação nãolinear entre a corrente I e a tensão V. 750W/m² – 50°C 6 750W/m² 50°C 150 500W/m² – 75°C 4 0 2.2 Técnica para Extração da Máxima Potência (MPPT). 250W/m² – 75°C 2 0 10 20 Tensão vpv (V) 30 Para que a máxima potência de um arranjo PV seja extraída, é necessária a utilização de técnicas para extração da máxima potência (MPPT). Neste trabalho optou-se pelo método P&O, o qual consiste 40 Figura 4. Curva característica ipv-vpv para diferentes níveis de radiação e temperatura 330 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 na busca do ponto de máxima de potência através das derivadas da potência e da tensão, operando periodicamente incrementando ou decrementando o sinal de saída do algoritmo P&O, conforme algoritmo mostrado na Figura 7. própria corrente fictícia no eixo α (iα) e a corrente em quadratura (iβ), a corrente defasada em π/2 radianos a partir de iL (2). iL dvpv π/2 dt v pv dPpv i pv Sinal dt -Passo KPMPPT KIMPPT/s Delay Sinal dt dt dt + + + + dq FPB dq iddc abc idc PLL is* i*c iL (2) Após encontrar as correntes iα e iβ, realiza-se a transformação do sistema de eixos bifásico estacionário para o sistema de eixos síncronos, utilizando a matriz de transformação apresentada em (3). id cos θ iq = − senθ Tabela 1. Lógica do algoritmo P&O. dv pv id iα i L (ωt ) = i β i L (ωt − π / 2) Esse método necessita das leituras da tensão e da corrente do painel PV, para realizar cálculos das derivadas de tensão e de potência. O sinal negativo do passo é utilizado para corrigir o sentido do sinal de saída. A Tabela 1 apresenta a lógica de operação do algoritmo em função dos sentidos das derivadas de potência e de tensão. d (v pv .i pv ) αβ Figura 8. Diagrama em blocos do algoritmo SRF (sistema 1Φ) Controlador PI do MPPT = iβ sin(θPLL) cos(θPLL) Figura 7. Diagrama em blocos do algoritmo de MPPT do método P&O dPpv iα Sinal de saída senθ iα cos θ i β (3) Uma vez obtida a grandeza de corrente direta id, pode extrair a sua componente contínua iddc através da utilização de um filtro passa-baixa (FPB), que representa a amplitude de pico da parcela fundamental da corrente de carga. Pelo fato do trabalho apresentar uma comparação entre dois sistemas PVs, ambos necessitam de algumas modificações em seus controles. Para o sistema 1, obtém-se a corrente fundamental de referência i*s por meio da equação (4), onde iddc é a parcela contínua da componente direta (id) e idc é o sinal de saída da malha de controle de tensão do barramento CC. Já para a corrente de referência de compensação i*c é encontrada por (5), por meio da subtração de iL por i*s. Incrementa Incrementa Decrementa Decrementa Devido ao fato deste trabalho realizar a comparação entre duas estruturas PV, algumas modificações são necessárias para o adequado funcionamento do mesmo. No sistema 1, o sinal de saída a ser incrementado ou decrementado do algoritmo P&O atuará na variação da razão cíclica do conversor CCCC. Já para o sistema 2, o sinal de saída é representado pela corrente i*pv como pode ser observado pelas Figuras 2 e 9. 2.3 Filtro Ativo Paralelo de Potência (FAPP) i*s=(iddc + idc)cos θ Neste trabalho é empregado o algoritmo baseado no sistema de eixo de referência síncrona (SRF – Synchronous Reference Frame) (Campanhol et al., 2013) para a obtenção das correntes de referência de compensação. Como o método SRF foi concebido para ser utilizado em sistemas trifásicos, para possibilitar sua aplicação em um sistema monofásico torna-se necessária uma adequação no algoritmo. Dessa forma, tal adequação é apresentada na Figura 8, onde é criado um sistema trifásico fictício, representado por grandezas ortogonais no sistema de eixos estacionário bifásico (αβ), o qual é composto pelas correntes bifásicas fictícias iα = iL e iβ. Portanto, a partir deste algoritmo é possível obter as correntes de referência de compensação em um sistema monofásico. Conforme algoritmo ilustrado na Figura 8, considera-se a corrente da carga medida como sendo a i*c = iL - i*s (4) (5) Para o sistema 2, uma modificação é necessária (Figura 9), diferentemente do sistema 1 onde a corrente ipv é utilizada somente no controle do MPPT. Considerando o sistema 2, a corrente i*pv (sinal de saída do algoritmo de MPPT) é subtraída das parcelas iddc e idc e assim, obtém-se a corrente fundamental de referência i*s, conforme (6), e a corrente de referência de compensação i*c é obtida por (5). Por outro lado, a corrente i*pv representa a corrente ativa disponível nos arranjos fotovoltaicos, os quais podem ser usados para fornecer a energia para a carga e/ou injetar na rede elétrica, conforme ilustra a Figura 10. i*s=(iddc + idc - i*pv)cos θ 331 (6) Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 A componente idc é responsável pelo controle da tensão do barramento CC, de forma a compensar as perdas relacionadas com as indutâncias de filtragem e dispositivos de comutação do FAPP. Pode-se dizer também que idc representa a potência ativa total exigida pelo sistema PV para regular a tensão do barramento CC. Desta forma, o controle do sistema 2 atua fornecendo ou absorvendo energia da rede elétrica. completa é ilustrado na Figura 11, onde a corrente de referência i*c é obtida utilizando o algoritmo SRF mostrado na Figura 8. Os procedimentos adotados para a sintonia dos controladores e as respostas em frequência dos controladores de corrente e tensão do barramento são detalhadamente descritos por (Angélico et al., 2014). iL i*pv id FPB iddc Vdc* Vdc idc ^ ω ω KIPLL/S , iα . π/2 vα , vβ Vdc Controlador PI de corrente 1 ____________ Lf s + RLf ic Sistema físico KIv / s As simulações dos dois sistemas foram implementadas por meio de um ambiente computacional usando o software MatLab/Simulink®. Na Tabela 3, estão apresentados os principais parâmetros utilizados nas simulações. Nas simulações foram utilizados oito módulos policristalinos SW 245 da SolarWorld, onde cada módulo contém 60 células fotovoltaicos interconectadas, e nas condições de teste padrão (STC) fornece 245 Wp. A Tabela 2 apresenta as principais informações deste módulo. iβ 1 s θPLL sen (θPLL) , vs id c KPWM Ganho do PWM 3 Resultados Obtidos ωff KPPLL , KIi / s Onde: KPi e KIi são os ganhos do controlador de corrente, proporcional e integral da malha de corrente respectivamente; KPv e KIv são os ganhos do controlador de corrente, proporcional e integral da malha de tensão do barramento CC, respectivamente; KPWM é o ganho do modulador PWM; Lf é a indutância de filtro; RLf é a resistência da indutância do filtro; idc é a corrente da malha de controle do barramento CC; V*dc é a tensão de referência do barramento CC e Vdc é a tensão no barramento CC. Através de um sistema PLL pode-se obter as informações da rede elétrica, necessárias para a geração das coordenadas do vetor unitário síncrono, utilizados no algoritmo SRF, tais como ângulo de fase e frequência. A topologia PLL utilizada neste trabalho é baseada na teoria da potência ativa instantânea trifásica (p-PLL) utilizando o eixo estacionário bifásico de coordenadas αβ proposto por (Silva et al., 2008). Assim, torna-se necessária a geração de uma tensão fictícia de quadratura v’β, de forma a assegurar que esta seja ortogonal à tensão monofásica medida. A tensão monofásica medida da rede elétrica vs é considerada agora a própria tensão v’α. Já para obter v’β aplica-se uma defasagem de π/2 radianos na tensão v’α, conforme ilustra a Figura 10. , KPi Figura 11. Diagrama em blocos da malha de controle de corrente do FAPP 2.4 Sistema PLL p KPv i*c Controlador PI do barramento CC Figura 9. Diagrama em blocos reduzido do controle do Sistema 2 p *= 0 SRF sen (θPLL - π/2) Tabela 2. Parâmetros Elétricos do PV SW 245 Sob as Condições de Teste Padrão (STC: 1000 W/m², 25°C, AM 1,5). Potência máxima Tensão de circuito aberto Tensão do ponto de máxima potência Corrente de curto circuito Corrente do ponto de máxima potência Atraso Figura 10. Diagrama em blocos do sistema PLL monofásico 2.5 Controle para as Etapas CC-CA Pmax = 245 Wp VOC = 37,5 V VMPPT = 30,8 V ISC = 8,49 A IMPPT = 7,96 A Os gráficos da potência extraída com variações climáticas para o sistema 1 e sistema 2 estão apresentados nas Figuras 12 e 14, respectivamente. A máxima potência extraída pelo algoritmo de MPPT está representada pela linha continua (vermelho) e a máxima potência disponível em linha tracejada (azul). Foram aplicadas variações nos fatores climáticos com degraus tanto positivos quanto negativos, de forma a avaliar a eficiência do algoritmo de MPPT e de observar as variações no barramento CC. Após a obtenção da corrente de referência de compensação, é necessário que o sistema apresente uma malha de controle de corrente de forma a assegurar que o FAPP imponha estas correntes na rede elétrica. Com isso, é preciso obter um modelo matemático da planta de forma a possibilitar o projeto do controlador das malhas de corrente e de tensão do barramento CC. O diagrama em blocos da malha de controle de corrente utilizada no inversor monofásico em ponte 332 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 Tabela 3. Parâmetros Adotados na Simulação. Tensão nominal da rede (eficaz) Frequência nominal da rede Potência máxima do arranjo PV Tensão de saída do arranjo PV para o sistema 1 Tensão de saída do arranjo PV para o sistema 2 Corrente de saída do arranjo PV para o sistema 1 Corrente de saída do arranjo PV para o sistema 2 Capacitor de saída do PV Indutor - Boost Frequência de chaveamento – Boost Capacitor – Barramento CC Frequência de chaveamento – full-bridge Indutância de filtro - full-bridge Resistência do filtro de indutância Indutância de comutação Frequência de amostragem do conversor A/D Ganho PWM Ganho do controlador PI de corrente Ganho do controlador PI do barramento CC Ganho do controlador PI do MPPT para o Sistema 1 Ganho do controlador PI do MPPT para o Sistema 2 Carga não-linear – retificador em ponte completa 3000 vs = 127 V fs = 60 Hz Pmax = 1960 W vpv = 123,2 V 2000 Sombreamento 1000 0 0 vpv = 246,4 V 200 ipv = 15,92 A ipv = 7,96 A vs 20 is 0 Cpv = 100 μF Lb = 2,4 mH fb = 30 kHz Cdc = 2300 μF fch = 20 kHz Lf = 2,5 mH RLf = 0,48 Ω LL = 1,2 mH fa = 60 kHz 8 6 4 2 0 -20 -200 2.5 2,5 2.58 2,58 2.56 2.54 2,56 2,54 Tempo [s] 2.52 2,52 2.6 2,6 Figura 12. Sistema 1: Potência de saída do PV; Tensão e corrente na rede 350 250 -4 KPWM = 5,33x10 KPi = 226,49 Ω KIi = 6,61x105 Ω/s KPv = 0,275 Ω KIv = 1,42 Ω /s KPMPPT = 0,02 Ω KIMPPT = 0,2 Ω/s KPMPPT = 0,25 Ω KIMPPT = 0,7 Ω/s Lc = 30 mH Rc = 26,6 Ω Vdc * V 100 0 0 30 20 dc 2 vpv 4 6 8 4 6 8 4 Tempo [s] 6 8 ipv 10 0 0 30 2 ic (eficaz) 20 10 Observa-se que nas Figuras 12 e 14, no intervalo de 4 a 5 s, ocorre um sombreamento em quatro painéis do arranjo em paralelo do sistema 1 e em 4 painéis do arranjo em série do sistema 2. Esse efeito pode ser observado pela ocorrência de uma queda de potência. Nas mesmas Figuras são apresentadas a tensão vs e a corrente is da rede. Observa-se que a corrente is está em oposição de fase em relação à tensão vs, o que significa que o sistema está injetando energia na rede elétrica. A Figura 13 apresenta a tensão no barramento CC para o sistema 1, onde foram aplicadas as mesmas variações nos fatores climáticos apresentados na Figura 12. Neste caso, observa-se as variações de tensão no barramento CC (vdc). Na mesma Figura 13 estão apresentadas a tensão de saída do arranjo PV (vpv), a corrente de saída do arranjo PV (ipv) e a corrente eficaz de saída do inversor (ic). A tensão no barramento CC para o sistema 2 é apresentada na Figura 15, considerando as mesmas variações nos fatores climáticos. Na mesma Figura estão apresentadas a corrente de saída do arranjo PV (ipv) e a corrente eficaz de saída do inversor (ic). Já a tensão de saída do arranjo PV (vpv) é a própria tensão (Vdc) do barramento CC. No transitório apresentado, o sistema 1 apresenta maiores variações na tensão no barramento CC quando comparado com o sistema 2 (Figuras 13 e 15). No entanto, em regime permanente, este apresenta uma tensão similar àquela existente no sistema 2, ou seja, 250 V. 0 0 2 Figura 13. Sistema 1 – Tensão no barramento CC (Vdc) e tensão de saída do PV (vpv); Corrente de saída do PV (ipv); Corrente de compensação (ic) eficaz 3000 2000 Sombreamento 1000 0 0 2 200 0 4 6 vs 8 20 is 0 -20 -200 2.5 2,5 2.52 2,52 2.56 2,56 2.54 2,54 Tempo[s] 2.58 2,58 2.6 2,6 Figura 14. Sistema 2: Potência de saída do PV; Tensão e corrente na rede Observa-se também que a dinâmica do barramento CC para ambos os sistemas é lenta quando ocorrem variações bruscas nos fatores climáticos, levando assim alguns segundos para retornar em seu valor de referência. Uma das maneiras para avaliar a eficiência do algoritmo de MPPT é em relação ao fator de rastreamento (FR), que trata do percentual de energia aproveitada em relação à disponível do arranjo PV. Para 333 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 o sistema 1, o fator de rastreamento foi de 98,77% e para o sistema 2 foi de 96,70%. 300 250 Em relação ao algoritmo de MPPT, para o sistema 1, há a possibilidade de operar de forma independente em relação ao inversor, apresentando assim eficiência e fator de rastreamento maiores. Outra vantagem da utilização do estágio elevador neste trabalho é por estar configurado com dois arranjos em paralelo de quatro painéis em série. A utilização da configuração em paralelo é vantajosa para o caso de ocorrência de sombreamentos nos painéis, pois a tensão nos terminais do arranjo PV não varia tanto devido à radiação solar influenciar mais na corrente. Já para a associação em série, na ocorrência de um sombreamento a corrente nos terminais do arranjo PV decresce e como a tensão nos terminais do arranjo PV é a própria tensão do barramento CC (sistema 2) no momento do sombreamento, esta apresenta uma grande variação Por meio dos resultados obtidos, foi possível verificar o desempenho do sistema na injeção de potência ativa na rede, meio de corrente com baixa DHT, realização da compensação de reativos e supressão de correntes harmônicas da carga, onde o FAPP reduziu satisfatoriamente a taxa de distorção harmônica de corrente, comprovando assim sua eficiência. O comportamento dinâmico do sistema fotovoltaico para diferentes níveis de radiação solar e temperatura também foi verificado. V*dc Vdc 200 150 0 20 2 4 6 8 4 6 8 4 Tempo [s] 6 8 ipv 10 0 0 2 20 10 0 0 ic (eficaz) 2 Figura 15. Sistema 2 – Tensão no barramento CC (Vdc); Corrente de saída do PV (ipv); Corrente de compensação (ic) eficaz A potência extraída para o sistema 1 possui uma ondulação menor e uma resposta mais rápida em relação ao sistema 2, pois o controle do MPPT do sistema 1 é independente, representando assim uma vantagem da utilização de um conversor elevador no sistema (Figuras 12 e 14). Em relação à distorção harmônica total (DHT), normas como a IEEE Std. 519-2014 recomendam que a DHT da corrente injetada seja menor que 5%, quando o sistema PV está fornecendo somente potência ativa para a rede. A Tabela 4 apresenta a DHT para os dois sistemas. Pode-se também calcular o rendimento do sistema através das potências de entrada nos terminais do PV e de saída injetada da rede, determinado assim as perdas na operação dos sistemas. Para o sistema 1 as perdas foram de 213,09 W, enquanto que para o sistema 2 foram de 195,65 W. Observa-se que no sistema 1, as perdas são maiores devido ao estágio elevador de tensão adicional (conversor Boost). A Tabela 4 resume todas as comparações realizadas para os dois sistemas, considerando o número de componentes semicondutores, elementos de filtragem, número de painéis fotovoltaicos, distorção harmônica total, fator de rastreamento, potências envolvidas, perdas e rendimento. Tabela 4. Comparação entre os Dois Sistemas PV. Diodos Chaves Indutores Capacitores Painéis DHTis DHTiL FR Pin Pout Perdas Rendimento (%) Sistema 1 1 5 2 2 8 3,87 % 14,72 % 98,77 % 1961,98 W 1748,89 W 213,09 W 89 Sistema 2 4 1 1 8 4,91 % 14,67 % 96,70 % 1957,4 W 1761,75 W 195,65 W 90 Referências Bibliográficas ANGÉLICO, B. A., CAMPANHOL, L. B. G. and SILVA, S. A. O. (c.2014) Proportional-Integral/ Proportional-Integral-Derivative Tuning Procedure of a Single-Phase Shunt Active Power Filter Using Bode Diagram. IET Power Electronics. BRITO, M. A. G., SAMPAIO, L. P., GALOTO JR., L. and CANESIN, C. A. 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