POP 26 Pacientes com AIDS final

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Procedimento
Operacional Padrão
POP/UNIDADE DE
REABILITAÇÃO/026/2015
Fisioterapia em Pacientes com AIDS e
infecção pelo HIV
Versão 1.0
UNIDADE DE
REABILITAÇÃO
Procedimento Operacional
Padrão
POP/UNIDADE DE REABILITAÇÃO/026/2015
Fisioterapia em Pacientes com AIDS e infecção pelo HIV
Versão 1.0
® 2015, Ebserh. Todos os direitos reservados
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh
www.Ebserh.gov.br
Material produzido pela Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do
Triângulo Mineiro / Ebserh
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins comerciais.
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ministério da Educação
POP: Fisioterapia em Pacientes com AIDS e infecção pelo HIV –
Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro – Uberaba: EBSERH – Empresa Brasileira
de Serviços Hospitalares, 2015. 19p.
Palavras-chaves: 1 – POP; 2 – AIDS; 3 – Fisioterapia
HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
ADMINISTRADO PELA EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES
(EBSERH)
Avenida Getúlio Guaritá, nº 130
Bairro Abadia | CEP: 38025-440 | Uberaba-MG
Telefone: (034) 3318-5200 | Sítio: www.uftm.edu.br
ALOIZIO MERCADANTE OLIVA
Ministro de Estado da Educação
NEWTON LIMA NETO
Presidente da Ebserh
LUIZ ANTÔNIO PERTILI RODRIGUES DE RESENDE
Superintendente do HC-UFTM
AUGUSTO CÉSAR HOYLER
Gerente Administrativo do HC-UFTM
DALMO CORREIA FILHO
Gerente de Ensino e Pesquisa do HC-UFTM
MURILO ANTÔNIO ROCHA
Gerente de Atenção à Saúde do HC-UFTM/
JUVERSON ALVES TERRA JUNIOR
Chefe do Setor de Apoio Terapêutico do HC-UFTM
RENATA DE MELO BATISTA
Chefe da Unidade de Reabilitação do HC-UFTM
EXPEDIENTE
Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo
Mineiro
Produção
HISTÓRICO DE REVISÕES
Data
17/12/2015
Versão
Descrição
1.0
Trata da padronização da
assistência fisioterapêutica em
pacientes com AIDS e infecção
pelo HIV.
Gestor do POP
Autor/responsável por
alterações
Jaqueline Silvestre
Rodrigues da Silva
Renata de Melo Batista
Nubia Tomain Otoni dos
Santos
SUMÁRIO
OBJETIVO ............................................................................................................................................ 6
GLOSSÁRIO ......................................................................................................................................... 6
APLICAÇÃO ......................................................................................................................................... 6
I. INFORMAÇÕES GERAIS ................................................................................................................ 6
Introdução........................................................................................................................................... 6
Objetivos ............................................................................................................................................ 8
II. FISIOTERAPIA ................................................................................................................................ 9
Fisioterapia Respiratória .................................................................................................................. 10
Fisioterapia Motora .......................................................................................................................... 16
III ORGANOGRAMAS ...................................................................................................................... 17
III. 1
Organogramas de Terapia de Higiene Brônquica.............................................................. 17
III. 2
Organograma de Terapia de Expansão Pulmonar .............................................................. 18
REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................................ 19
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Fisioterapia em pacientes com AIDS e infecção
pelo HIV
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OBJETIVO
Padronizar entre a equipe de fisioterapia a assistência ao paciente adulto infectado pelo vírus da
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e infecção pelo HIV.
GLOSSÁRIO
AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana
SK - Sarcoma de Kaposi
SMI - Sustentação Máxima Inspiratória
VMI – Ventilação Mecânica Invasiva
VMNI – Ventilação Mecânica Não-Invasiva
Ebserh – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
Ed. - Edifício
POP – Protocolo Operacional Padrão
APLICAÇÃO
Enfermaria da Unidade de Doenças Infecciosas e Parasitárias e demais setores que dão assistência
aos pacientes infectados com o vírus da imunodeficiência humana (HIV).
I. INFORMAÇÕES GERAIS
Introdução
A AIDS, conhecida como Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA), foi reconhecida
em meados de 1980, nos EUA, a partir da identificação de um número elevado de pacientes adultos
do sexo masculino, homossexuais e moradores de San Francisco, que apresentaram “Sarcoma de
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Kaposi”, pneumonia por Pneumocystis jirovesi e comprometimento do sistema imune, o qual sabe-se
hoje serem características típicas da AIDS. Apesar do conhecimento do Vírus da Imunodeficiência
Humana (HIV) e da SIDA ter ocorrido há pouco mais de três décadas, o número de pessoas
infectadas e doentes tem aumentado vertiginosamente nesse curto período de tempo. A AIDS é uma
doença causada pelo vírus do HIV que é um retrovírus adquirido principalmente por via sexual (sexo
desprotegido) e sanguínea, por meio de objetos perfuro-cortantes contaminados e que causa no
organismo disfunção imunológica crônica e progressiva devido ao declínio dos níveis de linfócitos
CD4; sendo que, quanto mais baixo for o índice desses, maior o risco do indivíduo desenvolver a
doença.
O período entre a aquisição do HIV e a manifestação da AIDS pode durar alguns anos,
porém, apesar de o indivíduo portador do vírus estar muitas vezes assintomático, pode apresentar
importantes transtornos na esfera psicossocial, a partir do momento em que fica sabendo de seu
diagnóstico. Alguns estudiosos têm discutido que as diversas alterações que ocorrem no sistema
nervoso dos clientes com HIV/AIDS, associadas com depressão e/ou estresse podem influenciar a
evolução da doença, e as alterações nos estados psíquicos e sociais podem contribuir para aumentar a
vulnerabilidade biológica..
Autores que fazem análise das tendências da epidemia e de seus rumos no Brasil
identificaram três direções importantes. Em primeiro lugar, há relativa tendência de expansão do
número de casos entre as populações com baixa proteção social. Em segundo lugar, verifica-se um
processo de interiorização da infecção no país para municípios de médio e pequeno porte. Por último,
e talvez o mais grave, consubstanciando a assim chamada feminização da epidemia, cresce
significantemente o número de mulheres infectadas pelo HIV. Isso decorre do fato das mulheres
serem biológica, epidemiológica e socialmente mais vulneráveis.
No Brasil, nota-se crescente aumento da sobrevida dos casos de AIDS, devido aos avanços
tecnológicos e um melhor conhecimento da etiopatogenia da AIDS, o que permitiu o surgimento de
novas propostas de intervenções diagnósticas, profiláticas e terapêuticas, às quais pode ser atribuído
o expressivo aumento da sobrevida dos doentes.
Há três sistemas orgânicos importantes que podem ser afetados com o processo infeccioso
HIV/AIDS: o sistema respiratório, o trato gastrintestinal e o sistema nervoso; estes interferem na
qualidade de vida do paciente com HIV, além de trazer sérias complicações funcionais. Dentre os
problemas respiratórios mais frequentes são: a pneumonia causada pela infecção por Pneumocystis
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carini e infecções bacterianas incluindo Micobacterium tuberculosis. Observa-se que as
complicações neurológicas resultam dos efeitos diretos da infecção pelo HIV, das infecções
oportunistas ou do linfoma que resulta de um dano ao DNA de um linfócito; podem ocorrer também
devido ao tratamento com antirretrovirais, neuropatias periféricas e acometimento da medula
espinhal. A toxoplasmose, uma infecção por protozoários, provoca o aparecimento de cistos
cerebrais e déficits neurológicos. O citomegalovírus pode causar inflamação na retina, no cérebro e
na medula espinhal e nas suas raízes nervosas.
No sistema musculoesquelético existem alterações, das quais as primeiras anormalidades
apresentam-se como infecções ósseas e do tecido mole, dentre as quais se destacam a polimiosite,
cujo principal sintoma é a fraqueza muscular, principalmente nos músculos do tronco; e a artrite,
resultante de inflamações articulares, podendo ocorrer comprometimentos musculares, de equilíbrio
e limitações funcionais. As complicações secundárias ocorrem frequentemente aos vários padrões de
compensação da marcha como resultado da síndrome da neuropatia periférica relacionada ao HIV ou
da alteração da biomecânica do pé e do tornozelo devido ao sarcoma de kaposi (SK). O sarcoma de
Kaposi é um tumor maligno do endotélio linfático, sendo que seus sintomas são decorrentes de
lesões de cor cianótica, planas ou elevadas e com forma irregular, hemorragias causadas por lesões
gastrointestinais, apresentam também dificuldade de respirar e hemoptise, causadas pelas lesões
pulmonares. O desenvolvimento de miopatias em pacientes com AIDS tem chamado a atenção da
comunidade científica. Alguns fatores associados com a infecção pelo HIV poderiam resultar em
disfunção musculoesquelética; alguns portadores de AIDS com miosite, a miopatia inflamatória pode
ser resultado direto da infecção pelo HIV.
Objetivos
- Otimizar a qualidade de vida do portador de AIDS;
- Prevenir ou tratar a redução de volume pulmonar;
- Favorecer a eliminação de secreções;
- Otimizar o sistema de umidificação para obter adequada viscosidade de secreções;
- Monitorar e manipular os sistemas de ventilação mecânica e de administração de oxigênio;
- Evitar complicações relacionadas à ventilação mecânica e reduzir o tempo de intubação;
- Melhorar endurance e força dos músculos respiratórios;
- Corrigir e prevenir deformidades e contraturas;
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- Melhorar e/ou manter a função motora;
- Minimizar efeitos deletérios do imobilismo no leito;
- Favorecer fortalecimento muscular;
- Estimular deambulação.
II. FISIOTERAPIA
A avaliação e a conduta fisioterapêutica no paciente portador de AIDS têm como objetivo dar
suporte em frente à luta pela manutenção e otimização da qualidade de vida desses pacientes.
No âmbito hospitalar e ambulatorial, o fisioterapeuta tem realizado avanços e contribuído
na conquista do bem estar geral dos pacientes com HIV/AIDS, tanto com ações preventivas bem
como com intervenções reabilitadoras. Deve-se ressaltar a necessidade de um tratamento
multiprofissional para os portadores do vírus. Durante todo o tratamento estes indivíduos devem ser
acompanhados e orientados por uma equipe multiprofissional composta por médico, fisioterapeuta,
psicólogo, nutricionista, educador físico, entre outros, a fim de que alcance os objetivos do
tratamento e uma melhor qualidade de vida.
A manutenção da resistência e da força, bem como a amplitude de movimento passiva e ativa
são componentes importantes de qualquer plano de tratamento da função motora. A facilitação e
inibição neuromuscular, o posicionamento e a imobilização são modalidades viáveis para normalizar
o tônus conforme necessário. O treinamento da marcha, o uso de assistência para andar, o
treinamento em planejamento motor, bem como exercícios de equilíbrio e resistência podem ser
adequados para lidar com os pacientes com AIDS.
Os exercícios respiratórios, também conhecidos como exercícios de inspiração profunda e a
espirometria de incentivo estão indicados para pacientes com risco de complicações pulmonares
decorrente da hipoventilação. A espirometria de incentivo utiliza a sustentação máxima inspiratória
(SMI) para atingir altos volumes pulmonares e necessita de dispositivos que, através de um feedback
visual, estimulam os pacientes a atingirem os fluxos ou volumes determinados.
Em pacientes que apresentam complicações pulmonares que levam a insuficiência
respiratória, como o Edema Agudo Pulmonar, Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA),
pneumonias graves, pneumocistose, etc, torna-se necessário o uso de ventilação mecânica invasiva
(VMI) e/ ou não invasiva (VMNI).
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Fisioterapia Respiratória:
Técnicas Utilizadas na Higiene Brônquica:
- Drenagem Postural
A drenagem postural utiliza-se da ação da gravidade para auxiliar a movimentação das
secreções no trato respiratório, direcionando-as para as vias aéreas centrais onde poderão ser
removidas através da tosse, promovendo também melhora da relação ventilação/perfusão.
Nessa técnica a ação da gravidade atua auxiliando o deslocamento de secreções periféricas para
regiões proximais do pulmão. O uso do posicionamento como forma de drenagem baseia-se na
anatomia da árvore brônquica. Adotando-se a postura invertida do segmento pulmonar acometido, a
secreção é encaminhada para uma porção mais central, em que será removida por meio de tosse ou
aspiração. Geralmente está associada a outras técnicas como vibração.
- Tosse
A tosse é um mecanismo de defesa para remoção de secreções brônquicas e de corpos
estranhos das vias aéreas. Ela pode ser dirigida ou provocada. A tosse dirigida trata-se de um esforço
de tosse voluntária que o fisioterapeuta obtém quando solicita ao paciente cooperante. A tosse
provocada trata-se de uma tosse reflexa aplicada no paciente incapaz de cooperar e, portanto, de
realizar uma tosse ativa. É induzida pela estimulação dos receptores mecânicos situados na parede da
traquéia extratorácica. Obtida pela indução manual denominada tic-traqueal, o qual consiste em
realizar um movimento lateral da traquéia durante a fase inspiratória auxiliando o ato de tossir.
- Técnica da Expiração Forçada (TEF) ) ou Huffing
Consiste em um ou dois esforços expiratórios (huffs) realizados com a glote aberta com
objetivo de remoção de secreções brônquicas com a menor alteração da pressão pleural e menor
probabilidade de colapso bronquiolar. São expirações forçadas a partir de médio volume inspiratório
e com a glote aberta, aumentando assim o fluxo expiratório e favorecendo a tosse;
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- Vibrocompressão
Consiste na associação das manobras de vibração e de compressão torácica, no sentido
anatômicos dos arcos costais, aplicada na fase expiratória do ciclo respiratório, de forma constante,
lenta e moderada, promovendo fluidificação e deslocamento de secreções pulmonares para vias
aéreas de maior calibre para que, posteriormente, sejam eliminadas pela tosse ou aspiração.
A vibração pode ser realizada manualmente ou por meio de aparelho especifico. A vibração manual
consiste em movimentos oscilatórios empregados no tórax por meio de contração isométrica da
musculatura do antebraço e deve ser realizada na fase expiratória.
A vibrocompressão associa essa vibração com compressão torácica. O fundamento da vibração está
vinculado à propriedade do muco de liquefazer-se durante a agitação, portanto, o emprego desse
recurso facilita a depuração da secreção.
- Terapia por Oscilação oral de alta frequência (Shaker/Flutter/Acapella)
Nessa modalidade utiliza-se como instrumentos o Flutter (força da gravidade), o Shaker
(força da gravidade) e o Acapella (força de atuação magnética).
O Flutter é um aparelho portátil formado por um bocal, um cone, uma bola de acido inoxidável e
uma tampa perfurada. A melhor posição para realizá-lo é sentado. O fisioterapeuta solicita uma
inspiração profunda seguida de expiração. Durante a expiração a esfera vibra e produz uma pressão
expiratória oscilatória positiva de 20 a 25 cmH2O com o objetivo de melhorar a depuração
mucociliar e a função pulmonar, o paciente deve manter bochechas contraídas para que as ondas de
pressão não sejam dissipadas na cavidade bucal.
O Shaker é um aparelho nacional portátil composto por um bocal, um cone, uma bola de aço
inoxidável e uma tampa perfurada. Apresenta o mesmo principio do Flutter. Há produção de
frenagem do fluxo respiratório por produzir curtas e sucessivas interrupções à passagem do fluxo,
com pressão expiratória positiva de 10 a 18 cm H2O, permitindo uma repercussão oscilatória
produzida pelo resistor do aparelho com freqüência de 9 a 18 Hz, que é transmitida à arvore
brônquica.
O Acapella tem mecanismo baseado, também, na vibração com pressão oscilatória positiva
intrabrônquica durante a expiração. A diferença está na forma como acontece a oscilação, realizada
por um cone pivotante que possui uma válvula que regulará a resistência. O paciente pode executar
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em qualquer posição, com frequência ajustável ou máscara. O Acapella pode ser associado com
nebulização para medicamentos em aerossol. Todos esses dispositivos atuam como um monolítico
físico, acentuando a tosse e deslocando as secreções. São indicados para pessoas ativas, que tenham
bom nível de consciência e compreensão.
O paciente é instruído a inspirar lenta e profundamente, com volumes pulmonares entre a
capacidade residual funcional e a capacidade pulmonar total, e a expiração realizada à capacidade
residual funcional.
- Ciclo Ativo da Respiração
A técnica é uma combinação de técnicas de expiração forçada, controle da respiração,
exercícios de expansão torácica. Dessa forma, a técnica de ciclo ativo da respiração (CAR) é efetiva
na remoção de secreções, evitando o efeito indexável de obstrução do fluxo aéreo, que pode estar
presente durante a terapia de expiração forçada isolada.
Método de execução: O paciente pode estar sentado ou em decúbitos ou posições específicas de
drenagem. A sequência da combinação compreende: relaxamento e controle da respiração, três a
quatro exercícios de expansão torácica, relaxamento e controle respiratório, repetir três a quatro
exercícios de expansão torácica, repetir o controle da respiração e relaxamento, executar uma ou
duas técnicas de expiração forçada, terminar com o controle da respiração e relaxamento.
- Aspiração Traqueal
É um procedimento invasivo que consiste na retirada de secreções de VAS inferiores com o
objetivo de manter a permeabilidade das VAS, facilitar oxigenação e prevenção da broncoaspiração
em pacientes com uso de TOT e TQT, ou em pacientes que não conseguem expectorar
voluntariamente. A aspiração de secreções é classicamente realizada com a desconexão do paciente
do ventilador e com a introdução do cateter de sucção dentro do tubo endotraqueal (sistema aberto).
Alternadamente esse procedimento pode ser realizado com a utilização de um sistema acoplado ao
circuito do ventilador, que permite a introdução do cateter de aspiração sem a desconexão do
paciente da ventilação mecânica (sistema fechado).
Indicações: presença visível de secreções na luz do tubo, sons respiratórios audíveis ou alterações na
ausculta pulmonar, mudanças radiológicas consistentes com a retenção de secreções, obtenção de
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amostras de secreções pulmonares, aumento aparente do trabalho respiratório, deterioração dos
gases arteriais sugerindo hipoxemia, hipercapnia ou queda na saturação de oxigênio.
- Aumento do Fluxo Expiratório (AFE)
Consiste no aumento ativo assistido ou passivo do volume de ar expirado com o objetivo de
mobilizar, deslocar e eliminar secreções traqueobrônquicas. Consiste em um movimento
toracoabdominal sincronizado. Dessa maneira promove-se um esvaziamento passivo do ar presente
nos pulmões, facilitando o deslocamento de secreções. A forma passiva da técnica é normalmente
realizada em pessoas sem nível de colaboração. A forma ativa assistida consiste em o paciente
realizar a expiração com a glote aberta, necessitando do terapeuta para a pressão manual, e a ativa
consiste na participação plena do paciente.
O fisioterapeuta posiciona-se em pé ao lado do paciente, coloca uma mão sobre o tórax dele (entre a
fúrcula esternal e a linha intermamária) e a outra sobre o abdome (em cima do umbigo) e faz um
movimento sincrônico aproximando as duas mãos do inicio ao fim da expiração.
Técnicas Utilizadas na Expansão Pulmonar:
- Inspirometria de incentivo (Respiron, Voldyne)
Consiste na utilização de aparelhos portáteis que promovem um feedback de que foi
alcançado o fluxo ou o volume desejado. A sua utilização depende do nível de consciência, da
compreensão e colaboração do paciente. Muitos são os incentivadores respiratórios, sobretudo os
inspiratórios. Esses incentivadores são exercitadores respiratórios que tem como objetivo
reexpansão pulmonar, aumento da permeabilidade das vias aéreas e fortalecimento dos músculos
respiratórios. Incentivadores como o Respiron e o Voldyne são exemplos de aparelhos bastante
utilizados pelo serviço de fisioterapia do HC-UFTM na reexpansão pulmonar.
São aparelhos que oferecem um estimulo visual para o paciente, como forma de encorajá-lo a
realizar uma inspiração máxima sustentada e alcançar a capacidade pulmonar total. A execução é
feita com parte do volume residual seguido de uma inspiração máxima até atingir a capacidade
pulmonar total e aplicada no incentivador por via oral, ativa e profunda, de inicio rápido e mantido
no final, no qual ocorre o maior incremento do trabalho ventilatório. Após a inspiração máxima
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pode-se ou não realizar uma pausa inspiratória fora do bocal, que potencializa o ar intra-alveolar e
ocorre maior ventilação colateral e o recrutamento de unidades alveolares colapsadas.
Existem dois tipos de incentivadores: a fluxo e a volume.
O incentivador a fluxo consiste em uma ou mais câmeras plásticas que abrigam esferas semelhantes a
bolas de pingue-pongue que se elevam em fluxos inspiratórios altos e turbulentos. O utilizado no
HC-UFTM é o Respiron. O incentivador a volume consiste em um sistema de pistão em que um
êmbolo ou disco deve ser elevado até atingir a capacidade inspiratória máxima ou nível
predeterminado. Esse tipo é mais fisiológico, pois o volume de treinamento é mais constante e gera
um fluxo menos turbulento quando comparado com o incentivador a fluxo.
- Compressão-Descompressão
Consistem em comprimir o tórax na expiração e descomprimir de forma abrupta permitindo
restaurar a ventilação das unidades alveolares comprometidas. Pressiona-se manualmente a região
torácica correspondente à área pulmonar comprometida durante a fase expiratória, que deve ser
forçada e longa. Em seguida, pede-se ao paciente que realize uma inspiração profunda; nesse
momento encontrará uma resistência promovida pelo fisioterapeuta que, no mesmo momento, retira
a compressão bruscamente, o que direciona o fluxo ventilatório para a região dependente e promove
a expansibilidade da região a ser tratada.
- EPAP
A EPAP é uma técnica que consiste na aplicação de pressão positiva somente durante a fase
expiratória do ciclo respiratório. Esta pressão positiva é produzida por dispositivos que geram
resistência ao fluxo expiratório, como válvulas spring-loaded, com pressões de 5, 10, 15 ou 20
cmH2O, que podem estar conectados a máscaras, bocais ou diretamente à via aérea artificial VAA
dos pacientes. A pressão positiva expiratória final (positive expiratory end pressure-PEEP)
produzida promove aumento dos volumes pulmonares e recrutamento alveolar (podendo também ser
considerada como técnica reexpansiva), além de ser uma alternativa efetiva de higiene brônquica.
Essa técnica promove a remoção das secreções nas vias aéreas maiores através da chegada de
ar a segmentos pouco ou não ventilados pela ventilação colateral e por prevenir o colapso das vias
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aéreas durante a expiração. Portanto, um aumento no volume pulmonar faz com que o ar localizado
atrás das secreções, que obstruem as pequenas vias, ajude a removê-las.
A EPAP pode ser considerada tanto uma técnica desobstrutiva quanto uma técnica reexpansiva.
- Terapia com Pressão Positiva: CPAP – Continuous Positive Airways Pressure e BiPAP– Bilevel
Positive Airways Pressure (Ventilação Não-invasiva – VNI)
A CPAP (Pressão positiva contínua nas vias aéreas) é obtida com gerador de fluxo podendo
ser utilizada em pacientes em ventilação espontânea com e sem vias aéreas artificiais e consiste na
aplicação de um nível de PEEP associada a um fluxo inspiratório nas vias aéreas. Os benefícios do
uso da CPAP estão largamente descritos na literatura e estão diretamente relacionados ao aumento
da pressão alveolar e da CRF. Estes benefícios, consequentemente, determinam recrutamento de
alvéolos previamente colapsados. O Bilevel é um modo de ventilação não-invasiva que tem como
característica a utilização de dois níveis de pressão positiva, que são aplicadas na fase inspiratória e
expiratória, gerando aumento do volume pulmonar. A pressão aplicada durante a fase inspiratória é
sempre maior que a expiratória, permitindo que mesmo com mínima ou nenhuma colaboração do
paciente, ocorra aumento da pressão transpulmonar. Na atualidade, o Bilevel e a CPAP são recursos
utilizados para expansão pulmonar, contudo o Bilevel deve ser o recurso de primeira escolha devido
à vantagem de fornecer dois níveis de pressão separadamente. A CPAP não é capaz de aumentar a
ventilação alveolar, motivo pelo qual, na presença de hipercapnia, é dada prefe-rência ao uso da
ventilação não-invasiva com dois níveis de pressão. O ideal é manter o Bile-vel, com pressões mais
baixas (EPAP < 8 e IPAP < 15).
Se o paciente evoluir para intubação orotraqueal e ventilação mecânica, o fisioterapeuta deve
monitorizar os parâmetros de ventilação mecânica, a pressão do balonete, progredir o des-mame e a
extubação. O auxílio à equipe é indispensável em situações de emergência.
Treinamento Muscular Respiratório:
Treinamento muscular respiratório (TMR): pode ser realizado através de um sistema de molas
(threshold) ou orifícios ofertado por dispositivos que impõem uma carga resistiva contra a
inspiração. Em relação ao Threshold, o treino pode ser iniciado com carga de 15 a 30% da PI máx e
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evoluir para 60 a 70% de acordo com o objetivo de treinamento. A duração pode variar entre 15 e 30
minutos ou realizar séries de 20-30 respirações, com uma frequencia de duas vezes ao dia, durante 5
a 7 dias por semana. Deve ser preconizado um período de treinamento entre 8 a 12 semanas.
Fisioterapia Motora:
a) Cinesioterapia
A cinesioterapia é o uso do movimento ou exercício como forma de tratamento. É uma
técnica que se baseia nos conhecimentos de anatomia, fisiologia e biomecânica, a fim de
proporcionar ao paciente um melhor e mais eficaz trabalho de prevenção, tratamento e reabilitação.
O exercício terapêutico tem como objetivo manter, corrigir e\ou recuperar uma determinada função,
ou seja, restaurar a função normal do corpo ou manter o bem estar. Sua principal finalidade é a
manutenção ou desenvolvimento do movimento livre para sua função e seus efeitos baseiam-se no
desenvolvimento, melhora, restauração e manutenção da força, da resistência a fadiga, da
mobilidade e reflexibilidade, do relaxamento e da coordenação motora.
A cinesioterapia é classificada de acordo com o tipo de exercício a ser desenvolvido:
- Exercícios passivos: é qualquer movimento articular produzido por uma força externa, isto é, não
há nenhuma ajuda do paciente para a realização do exercício.
- Exercícios ativos: o paciente recebe a orientação para o exercício e executa de forma independente
o arco completo de movimento.
- Exercícios ativos-assistidos: esse exercício pode ser executado quando há a possibilidade de
colaboração parcial do paciente para a execução do exercício.
- Exercícios ativos-resistidos: o paciente realiza o exercício de forma ativa e vencendo uma
resistência externa imposta pelo fisioterapeuta através de sua própria força ou de pesos e halteres.
b) Alongamento muscular
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c) Mudança de decúbito: mudar o posicionamento do paciente no leito de 2 em 2 horas, alternando
entre decúbito lateral direito, decúbito lateral esquerdo e decúbito dorsal.
d) Sedestação/Ortostatismo/Deambulação
III ORGANOGRAMAS
III. 1 Organogramas de Terapia de Higiene Brônquica
Fonte: Força Tarefa Sobre a Fisioterapia em Pacientes Críticos Adultos. Rev Bras Ter Intensiva. 2012;
24(1):6-22
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Fisioterapia em pacientes com AIDS e infecção
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Fonte: Força Tarefa Sobre a Fisioterapia em Pacientes Críticos Adultos. Rev Bras Ter Intensiva. 2012;
24(1):6-22
III. 2 Organograma de Terapia de Expansão Pulmonar
Fonte: Força Tarefa Sobre a Fisioterapia em Pacientes Críticos Adultos. Rev Bras Ter Intensiva.
2012; 24(1):6-22
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REFERENCIAL TEÓRICO
AIDS: Uma Visão Geral - VIII EPCC- Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar.
Editora Cesumar. Maringá-Paraná.
AIDS e Infecção pelo HIV no Brasil: Uma Epidemia Multifacetada. Revista da Sociedade Brasileira
de Medicina Tropical 34(2): 207-217 mar-abr, 2000.
A Fisioterapia no Contexto do HIV/AIDS- A terapia física no contexto do HIV/AIDS. Fisioter.
Mov.2008 out/dez; 21(4): 11-18.
Força Tarefa Sobre a Fisioterapia em Pacientes Críticos Adultos: Diretrizes da Associação Brasileira
de Fisioterapia Respiratória e Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR) e Associação de Medicina
Intensiva Brasileira (AMIB). França, Eduardo ET; Ferrari, Francimar R; Fernandes Patrícia V;
Cavalcanti, Renata; Duarte, Antonio; Aquim, Esperidião E; Damasceno, M.C.P. Rev Bras Ter
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POP/Unidade de Reabilitação/026/2015
Fisioterapia em pacientes com AIDS e infecção
pelo HIV
Versão 1.0
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