RONALDO JOSÉ NEVES ENSINO DA GEOGRAFIA E A LINGUAGEM CARTOGRÁFICA NA 5ª SÉRIE: O REAL, O NECESSÁRIO E O POSSÍVEL 2002 RONALDO JOSÉ NEVES ENSINO DA GEOGRAFIA E A LINGUAGEM CARTOGRÁFICA NA 5ª SÉRIE: O REAL, O NECESSÁRIO E O POSSÍVEL Dissertação apresentada ao Programa de Pós graduação Stricto Sensu da Universidade Estadual de M aringá, para obtenção do título de M estre em Geografia (Área de Concentração: Desenvolvimento Regional e Ambiental). Orientadora: Profª. Dra. Elza Yasuko Passini M ARINGÁ/PR 2002 DADOS CURRICULARES RONALDO JOSÉ NEVES NASCIM ENTO: 11 de julho de 1970 - Três Lagoas/M S FILIAÇÃO: Alice Queiroz Neves 1990/1993 Curso de Licenciatura Plena e Bacharelado em Geografia, Centro Universitário de Três Lagoas/M S – CEUL da Universidade Federal de M ato Grosso do Sul – UFM S 1994/2002 Professor Auxiliar do Departamento de Geografia, Campus Universitário de Cáceres da Universidade do Estado de M ato Grosso – UNEM AT 1995/1996 Pós-graduação Lato Sensu em Ensino de Geociências, Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS 2000/2002 Pós-graduação Stricto Sensu em Geografia, nível M estrado da Universidade Estadual de M aringá - UEM Dedico esse trabalho, a minha mãe e irmãos pelo apoio nas horas mais difíceis de minha vida; a minha esposa Sandra pelo incentivo e compreensão até mesmo nos momentos de ausência e de pouca atenção e impaciência para com a família; e em especial aos meus filhos M atheus e Isadora, motivo pelo qual eu luto e acredito na construção de um mundo mais justo. AGRADECIMENTOS M eus agradecimentos vão para às pessoas que no decorrer dessa pesquisa contribuíram diretamente ou indiretamente para que esse trabalho se concretizasse: a minha esposa pelo apoio, incentivo e compreensão durante a caminhada; aos professores e funcionários do departamento e do Programa de Pós-graduação stricto sensu em Geografia da Universidade Estadual de M aringá pela atenção que tiveram comigo, principalmente o senhor Adamir e a Cida; aos companheiros de curso, em especial a Adélia, M arli e o Edson pela presença, discussões e parceria nos trabalhos das disciplinas; as professoras e amigas Josefa e Rosália por terem me acolhido em M aringá, desde a seleção para o mestrado até a minha mudança e permanência na cidade; aos professores das escolas estaduais e municipais de Cáceres que participaram da pesquisa respondendo aos instrumentos de investigação; a Universidade do Estado de M ato Grosso – UNEM AT, por conceder meu afastamento remunerado para cursar o mestrado; a CAPES, através do PICDT, pela concessão da bolsa; e a Professora doutora Elza Yasuko Passini pela parceria estabelecida desde a gestação inicial do projeto, orientando, fornecendo bibliografias e revisão constante no decorrer de todo o período de execução da presente dissertação. Ensinar é um exercício de imortalidade, de alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia de nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais.... Rubens Alves SUM ÁRIO LISTA DE FIGURAS..................................................................................... 11 LISTA DE QUADROS................................................................................... 12 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIM BOLOS............................... 13 RESUM O......................................................................................................... 14 ABSTRACT.................................................................................................... 15 1- INTRODUÇÃO....................................................................................... 16 2- O REAL.................................................................................................... 24 2.1- Descrição dos problemas observados............................................ 2.2- Principais hipóteses para os problemas diagnosticados................. 28 2.3- A formação do professor de Geografia em Cáceres/M T............... 2.4- Levantamento das escolas e professores de Geografia da cidade 2.5- 25 31 de Cáceres/M T............................................................................... 33 O que os pré-testes revelaram?...................................................... 37 2.5.1- Da validade dos questionários: preliminar, semi-aberto e 38 2.5.1.1- Em relação aos recursos didáticos..................... 39 2.5.1.2- Em relação ao uso da Cartografia em sala de aula.................................................................... 39 2.5.2- Dos exercícios práticos com mapas................................... 40 2.5.3- Dos mapas temáticos do livro didático.............................. 41 Resultados da coleta final de dados............................................... 44 2.6.1- Apresentação dos resultados do exercício “a” .................. 46 2.6.2- Apresentação dos resultados do exercício “b”................... 49 2.6.3- Apresentação dos resultados do exercício “c”................... 54 2.6.4- Apresentação dos resultados do exercício “d”................... 60 O NECESSÁRIO..................................................................................... 64 3.1- O tema da pesquisa e a literatura................................................... 65 3.2- Linguagem 2.6- 3- fechado............................................................................... cartográfica, semiologia gráfica e cartografia temática.......................................................................................... 66 4- 3.3- M etodologia de ensino da linguagem cartográfica........................ 78 3.4- Análise e uso dos mapas do livro didático de Geografia............... 83 O POSSÍVEL........................................................................................... 87 4.1- Possibilidades frente às necessidades dos professores.................. 88 4.2- Cursos de capacitação para professores de Geografia do ensino fundamental e médio...................................................................... 4.3- Discussão de currículos e cursos de capacitação para professores das quatros séries iniciais............................................................... 4.4- 4.5- 91 92 Produção de materiais auxiliares no ensino de Geografia com uso da linguagem cartográfica....................................................... 94 O mapa e o livro didático............................................................... 96 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 100 6- BIBLIOGRAFIA...................................................................................... 105 6.1- Semiologia gráfica, cartografia temática e linguagem cartográfica.................................................................................... 106 6.2- M etodologia de ensino da Geografia e a linguagem cartográfica.. 107 6.3- Bibliografias didáticas................................................................... 108 6.4- Demais bibliografias consultadas – documentos oficiais, livros e artigos............................................................................................. 109 ANEXOS......................................................................................................... 112 APÊNDICES................................................................................................... 113 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1- COMPONENTES DE UMA IMAGEM VISUAL................... FIGURA 2- M ODULAÇÕES VISUAIS SENSÍVEIS................................. FIGURA 3- ASPECTOS PARA CONSTRUÇÃO DE 71 72 M APAS TEM ÁTICOS............................................................................ 73 FIGURA 4- M ANIFESTAÇÕES DE M APAS TEM ÁTICOS..................... 74 FIGURA 5- SÍM BOLOS CARTOGRÁFICOS............................................ 75 LISTA DE QUADROS QUADRO 1- LEVANTAMENTO DAS ESCOLAS PÚBLICAS E NÚMERO DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA QUE ATUAM NA 5ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL EM CÁCERES/MT2001..................................................... QUADRO 2- 35 FORM AÇÃO DOS PROFESSOES QUE ATUAM NA 5ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAM ENTAL NA CIDADE DE CÁCERES/M T..................................................................... 36 QUADRO 3- PRINCIPAIS RESPRESENTAÇÕES................................. QUADRO 4- AS ESCALAS DOS M APAS ENCONTRADOS NO LIVRO DIDÁTICO............................................................. 41 42 QUADRO 5- PRINCIPAIS TEM AS CARTOGRAFADOS...................... 43 QUADRO 6- CATEGORIAS DE PROFESSORES PARA INVESTIGAÇÃO E NÚM ERO DE PROFESSORES INVESTIGADOS................................................................. 45 QUADRO 7- AGRUPAM ENTO DAS RESPOSTAS DO EXERCÍCIO “a”......................................................................................... 47 QUADRO 8- AGRUPAMENTO DAS RESPOSTAS DO EXERCÍCIO “ b”. Questão 1................................................ ...................... QUADRO 9- 51 AGRUPAM ENTO DAS RESPOSTAS DO EXERCÍCIO “b”. Questão 2...................................................................... 53 QUADRO 10- AGRUPAM ENTO DAS RESPOSTAS DO EXERCÍCIO “c”. Questões 1, 2 e 3........................................................... 56 QUADRO 11- AGRUPAM ENTO DAS RESPOSTAS DO EXERCÍCIO “c”. Questão 4....................................................................... 57 QUADRO 12- AGRUPAM ENTO DAS RESPOSTAS DO EXERCÍCIO “c”. Questão 5.. ..................................................................... 59 QUADRO 13- AGRUPAM ENTO DAS RESPOSTAS DO EXERCÍCIO “d”........................................................................................ 61 QUADRO 14- ESQUEM A DE REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS........... 68 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍM BOLOS LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394, de 20/12/1996. Estabelece as diretrizes e bases para a educação nacional. Brasília, 1996. PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia, S ecretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/S EF, 1998. PNLD – Programa Nacional do Livro Didático UNEM AT – Universidade do Estado de Mato Grosso RES UMO Essa pesquisa objetivou analisar a realidade do ensino e conhecimento da Cartografia como linguagem de representação, dos professores de Geografia da 5ª série do ensino fundamental em escolas públicas de Cáceres/M T. As informações de campo foram obtidas nos anos de 2000 e 2001, através de: 1- questionários e atividades práticas com mapas, para investigarmos o conhecimento dos professores quanto a linguagem cartográfica e seu compromisso com procedimentos metodológicos ao utilizar a Cartografia como linguagem auxiliar no processo de ensino-aprendizagem da Geografia; 2- ficha catalográfica, para analisarmos os mapas temáticos do livro didático, utilizado pelos professores em sala de aula. Identificamos como principais problemas: 1- dificuldades conceituais e metodológicas/procedimentais dos professores quanto a linguagem cartográfica e o ensino de Geografia; 2- ausência de uma metodologia de ensino da linguagem cartográfica no livro didático. Os dados levantados nas investigações de campo foram analisados com base na pesquisa bibliográfica, o que nos possibilitou caminhar da identificação das necessidades dos professores de sala de aula, para discussão das possibilidades/alternativas para superar as dificuldades e contribuir para a melhoria do ensino-aprendizagem de Geografia nos diferentes níveis. ABS TRACT This work aimed to analyze the reality of the teaching and the knowledge of the Cartography as representation language, of the Geography teachers of the 5th series of the fundamental teaching in public schools of Cáceres/M T. The field information was obtained in the years of 2000 and 2001, through: 1 questionnaires and practical activities using maps, for we investigate the teachers` knowledge regard to the cartographic language and its commitment with methodological procedures when using the Cartography as auxiliary language in the process of Geography teaching-learning; 2 - notes record, to we analyze the thematic maps of the educational book, used by the teachers in the classroom. We identified as main problems: 1 – the conceptual difficulties and the teachers` methodological/procedures regard to the cartographic language and the teaching of Geography; 2 - absence of a teaching methodology of the cartographic language in the educational book. The data collected in the field work were analyzed with base in the bibliographical research, what facilitated us to go forward of the identification of the teachers of classroom needs, for discussion of the possibilities/alternatives to overcome the difficulties and to contribute for the improvement of the teaching-learning of Geography in different levels. 1- INTRODUÇÃO 17 Essa pesquisa surgiu a partir de observações empíricas realizadas nas escolas públicas, quando atuei como professor da disciplina Prática de Ensino em Geografia no Curso de Licenciatura Plena em Geografia da Universidade do Estado de M ato Grosso – UNEM AT, Campus de Cáceres/M T 1, no período de 1996 a 1999. Temos como meta final do trabalho fornecer subsídios aos professores da sala de aula, que buscam sua autonomia como profissionais da área de Geografia. As discussões sobre ensino-aprendizagem de qualquer ciência acontecem, na maioria das vezes, no ambiente do ensino superior, mais especificamente em cursos de pós-graduação. Portanto, somente alcançaremos nossa meta se o estudo da realidade se reverter em conhecimento que subsidie a prática do professor e, contribua com a melhoria da qualidade do ensinoaprendizagem da Geografia. Nas últimas décadas do século XX, a Geografia passou de uma ciência meramente descritiva e informativa, para uma área do conhecimento preocupada com as questões sociais; reforçou também sua preocupação com os problemas oriundos da relação homem e natureza, o que nos leva a compreendê-la como uma ciência que se preocupa com a análise dos processos de organização sócio-ambiental relacionados a uma perspectiva espacial. Na verdade, a Geografia tem se mostrado, em diferentes tempo e lugares, com capacidade de reconstruir “permanentemente” seus objetos de estudo, pois o espaço se transforma constantemente e isso ocorre em diferentes escalas geográficas (local, regional, nacional e global). Vesentini (1999, p. 20) nos lembra que “o fundamental, para cada realidade regional ou nacional específica, não é tanto as tendências universais do sistema e sim a dinâmica da correlação de forças locais, das relações culturais, sócioeconômicas e políticas, características dessa realidade”. Nesse sentido, inculcar idéias prontas e ideologias na cabeça dos alunos faz parte do 1 O município de Cáceres está localizado à sudoeste do Estado de Mato Grosso e conta atualmente com uma população de 81.269 habitantes (IBGE-Censo 2000). A cidade de Cáceres, local dessa pesquisa, encontra-se situada à margem esquerda do rio Paraguai, nas coordenadas 160 13’ 42” de Lat. S. e 570 40’ 51” de Log. W, a uma altitude de 118 m. 18 passado; hoje devemos estimular e desafiar o aluno a pensar e agir no espaço em que está inserido. Na presente pesquisa, não nos propomos a fazer uma discussão aprofundada sobre as transformações que ocorreram no ensino e pesquisa em Geografia, ao longo dos tempos, nem mesmo discutir e apontar as tendências para esse século, mas sim, centrar a discussão no nosso objeto de estudo que é o ensino de Geografia e a linguagem cartográfica. Entendemos que independente da tendência metodológica e/ou da corrente filosófica que a Geografia e o professor/pesquisador vierem a adotar nas próximas décadas, a Cartografia sempre será necessária, como linguagem, na pesquisa e ensino de todos os níveis: fundamental, médio e superior. Historicamente a ciência geográfica esteve associada à Cartografia, justamente por estudar e explicar a dinâmica espacial; mesmo quando tinha uma função apenas informativa para os escolares e pesquisadores, havia necessidade da Cartografia, como expressão gráfica, para representar espacialmente seus conteúdos e/ou teorias: nas dissertações, teses, livros, periódicos, livros didáticos, mapas de mural, atlas, entre outros. Claval (1972, p. 105), ao discutir sobre o tema “O que é a Geografia”, fala das diversas definições que a ciência recebeu ao longo dos tempos. Uma delas, que o autor considera menos pretensiosa, mas que na análise se revela interessante, diz: “é geográfico tudo que é cartográfico”. Oliveira (1996, p. 187), assim, descreve sobre o assunto: Os geógrafos têm sido, provavelmente, em todos os tempos e em todos os lugares, os que sempre trabalharam, produziram e interpretaram os mapas. O mapa sempre ocupou um lugar de destaque na geografia, onde é, ao mesmo tempo, instrumento de trabalho, registro e armazenamento de informação, e um modo de expressão e comunicação, uma linguagem gráfica. Estas referências mostram o quanto a Cartografia exerceu e exerce influência sobre a pesquisa e ensino em Geografia. É comum no meio acadêmico, confundirem o papel do geógrafo com o do cartógrafo, sendo esse último responsável pela parte técnica/matemática e artística da representação 19 espacial (ciência cartográfica), e não pela aplicação da linguagem cartográfica aos estudos geográficos. Atualmente, as questões sócioambientais e culturais aparecem em destaque nos estudos da Geografia, e a formação do aluno “como cidadão crítico” passa a ser também preocupação dessa disciplina nas escolas. Pensando na importância da Cartografia para a Geografia e para a formação do aluno cidadão, definimos então, a pergunta tese dessa pesquisa, que investigamos e discutiremos nos itens posteriores deste trabalho: Que relações os professores de Geografia estabelecem entre a Cartografia e o objetivo principal da disciplina Geografia, que é possibilitar ao aluno ler, interpretar e analisar criticamente o espaço geográfico? De acordo com Ferreira (1993, p. 106), a Cartografia é a “arte ou ciência de compor cartas geográficas ou mapas”. Joly (1997, p. 9) baseado na definição adotada pela Associação Cartográfica Internacional2, diz: “a cartografia é ao mesmo tempo uma ciência, uma arte e uma técnica”. Concordamos com essas definições, mas neste trabalho focalizamos a Cartografia como linguagem para o entendimento da Geografia como ciência do espaço. As definições acima não contemplam a importância da Cartografia no processo do desenvolvimento cognitivo da criança, que de acordo com Passini (1998) deve estimular/desafiar o aluno a: distinguir forma e conteúdo para extrair o conteúdo, e estabelecer relação entre os elementos de igualdade/diferença, classe/subclasse, ordem/seqüência, quantidade/proporcionalidade. A Cartografia, numa visão crítica da Geografia a qual leve à construção da cidadania, deve ser tratada nas escolas como linguagem de representação, facilitando a aprendizagem da Geografia e contribuindo como meio para a compreensão da espacialidade dos fenômenos geográficos. Para tanto, 2 Associação Cartográfica Internacional, Comissão Para a Formação de Cartógrafos; Reunião na UNESCO, Paris, abril de 1966, (apud Joly, 1997, p. 8-9), a cartografia compreende: “ o conjunto dos estudos e das operações científicas, artísticas e técnicas que intervêm a partir dos resultados de observações diretas ou da exploração de uma documentação, em vista da elaboração e do estabelecimento de mapas, planos e outros modos de expressão, assim como de sua utilização”. 20 temos que tratá-la, não mais apenas como conteúdo a ser repassado pelos professores e apreendido pelos alunos, mas metodologicamente, possibilitando ao o aluno se expressar/comunicar por meio da linguagem gráfica. Nesta pesquisa, optamos por investigar o professor de Geografia, e não o aluno, por entendermos que um dos problemas da Cartografia, tratada nas escolas apenas como conteúdo, está diretamente ligado à formação do professor. Nos cursos de graduação, a Cartografia é disciplina obrigatória e tratada como conteúdo. Quando o professor inicia sua carreira profissional continua com a mesma visão e, o livro didático, seu principal auxiliar, pouco contribui para superar a Cartografia “técnica/matemática” ensinada nas universidades, ou seja, para que a Cartografia receba um tratamento metodológico adaptado às crianças. Dentre as séries que compõem o ensino fundamental3 selecionamos o professor de 5ª série, sem desprezar a importância das quatro séries iniciais para a iniciação em Geografia, por entendermos que nesse período o aluno terá contato com seu primeiro “professor de Geografia”, a Geografia “como disciplina do ensino formal” e, conseqüentemente, com a Cartografia/mapa (projetivo e euclidiano) como linguagem de representação do espaço geográfico. O aluno deparará com diversos conhecimentos que são essenciais dentro da Geografia e se observarmos são temas que exigem habilidades e conhecimentos em Cartografia, como: relação espaço/tempo, diversidade de símbolos, projeções e escalas de representação do espaço, como fazer mapas, orientação na superfície terrestre, localização, entre outros. Todos esses conhecimentos irão fundamentá-lo e acompanhá-lo nas demais etapas de sua formação (ensino fundamental, médio e superior), seja para entender a Geografia, seja para que ele tenha uma visão menos fragmentada do espaço sócio-ambiental, “quer local, quer global” e assim, se apropriar do espaço de forma significativa. As observações realizadas como orientador de estágios supervisionados, possibilitaram-me tecer algumas hipóteses iniciais sobre a 3 De acordo com a LDB – Lei nº 9.394, de 20/12/1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional (1996) e os PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), o ensino fundamental compreende o primeiro, segundo, terceiro e quarto ciclos da Educação Básica, com duração mínima de 8 anos, que corresponde ao ensino da 1ª a 8ª séries. 21 problemática do ensino de Geografia e da linguagem cartográfica nas escolas de Cáceres, e que foram investigadas nessa pesquisa: A ausência ou pouca habilidade metodológica do professor para ensinar Geografia em sala de aula, utilizando como meio a linguagem cartográfica, dificulta o ensino; A ausência de domínio da linguagem cartográfica ou mesmo o desconhecimento da Cartografia como linguagem de representação, por parte do professor, também dificulta o ensino da Geografia; Os professores licenciados em outras áreas de conhecimento, que ensinam a Geografia em sala de aula, torna o ensino desta pouco significativo; O ensino de Geografia nos anos que antecedem a 5ª série, dificulta o processo de ensino-aprendizagem; O tempo de experiência do professor em sala de aula influencia no ensino de Geografia; O livro didático dificulta o processo de ensino-aprendizagem. As hipóteses citadas deram o norte inicial para que pudéssemos definir o objetivo geral de analisar a realidade do ensino e conhecimento da Cartografia como linguagem de representação, dos professores de Geografia da 5ª série do ensino fundamental em escolas públicas de Cáceres/MT. Contribuíram também, para a definição de nossos objetivos específicos que nos possibilitaram melhor encaminharmos esta pesquisa: Investigar como a Cartografia é utilizada para a leitura, interpretação e análise do espaço geográfico; Verificar metodologia utilizada pelos professores de sala de aula ao ensinar Geografia; Identificar características do conhecimento sobre Cartografia dos professores de 5ª série; e Analisar os mapas/Cartografia dos livros didáticos utilizados em sala de aula pelos professores. A metodologia do trabalho de investigação de nosso objeto foi marcada por quatro fases: 22 Levantamento das escolas e professores de Geografia da cidade de Cáceres/M T; Pesquisa e revisão da bibliografia visando, num primeiro momento, fundamentar a elaboração dos instrumentos de investigação: roteiros de questionários, ficha catalográfica e exercícios práticos com mapas; e num segundo momento, a análise dos dados coletados no campo; Coleta de dados realizada em duas etapas: - pré-teste dos instrumentos de investigação; - coleta definitiva dos dados sobre: conhecimentos, habilidades e compromisso dos professores em relação ao ensino de Geografia e a linguagem cartográfica; Tratamento dos dados coletados, realizado em três etapas: - agrupamento ou definição de categorias por nível de dificuldade; - descrição analítica do material coletado e estudo dos documentos, considerando os referenciais teóricos e metodológicos; - estabelecimento de relações entre os dados da pesquisa da realidade (trabalho de campo) e dados da pesquisa bibliográfica. Esta investigação levou-nos a organizar o trabalho em três partes. Primeiramente, o conhecimento e tentativa de entendermos a realidade do ensino de Geografia e da linguagem cartográfica, na 5ª série do ensino fundamental, em escolas públicas de Cáceres, identificado como “o real”: as hipóteses investigadas, o resultado dos pré-testes com os instrumentos de investigação, a coleta final de dados e análises realizada. A segunda parte, traz reflexões sobre as necessidades conceituais e metodológicas dos professores, segundo o ideal construído pela literatura, baseada na Semiologia Gráfica, Linguagem Cartográfica, Cartografia Temática e metodologia de ensino da Linguagem Cartográfica no ensinoaprendizagem de Geografia, que denominamos “o necessário”. 23 Na terceira parte, tentamos trilhar o caminho das possibilidades, articulando os problemas, as necessidades e as limitações do real: instituição, sistema de ensino, tempo, espaço e material, que intitulamos “o possível”. Nas considerações finais colocamos algumas reflexões sobre o caminhar da pesquisa, incluindo: resultados alcançados, angústias e possibilidades frente aos desafios cotidianamente colocados para os professores de sala de aula. Incluimos também, a possibilidade de continuidade dessa pesquisa, visando sugerir algumas alternativas para as necessidades dos professores. 24 2- O REAL 25 2.1- Descrição dos problemas observados Como professor da disciplina Prática de Ensino em Geografia na UNEM AT, período de 1996 a 1999, pude acompanhar de perto a realidade do ensino de Geografia nas escolas públicas de Cáceres/M T. As etapas do estágio supervisionado, de observações diretas nas escolas e principalmente, nas salas de aulas, possibilitaram o contato com os professores. M esmo que empíricas, as observações nos mostravam alguns problemas do ensino de Geografia; relacionados à formação inicial do professor de sala de aula e do estagiário graduando. Um dos problemas identificados foi a dificuldade que os professores de 5ª série têm para ensinar Geografia. A transição do aluno da 4ª para a 5ª série do ensino fundamental é bastante problemática, não apenas para o aluno, mas também, para o professor de Geografia que o recebe na 5ª série. O aluno sai de um ensino direcionado para o seu espaço vivido, “sua realidade” (1ª a 4ª série), e é obrigado a assimilar conhecimentos “mais abstratos” (principalmente do livro didático de 5ª série), distantes do seu meio de vivência. Essa ruptura, acreditamos ser uma das causas principais e responsável pela dificuldade do professor de Geografia da 5ª série. É perceptível que, na maioria dos casos, os professores de Geografia, não estão preparados para trabalhar com o aluno egresso das quatro séries iniciais, pois sua formação não lhe deu ferramentas (conhecimentos metodológicos) que possibilitem dar continuidade ao processo de alfabetização do aluno. Falamos em alfabetização, referindo-nos, não apenas ao ato de aprender a ler e escrever a língua oficial do país, mas no sentido também de ter domínio da linguagem cartográfica, para ler e entender o mundo através da leitura do espaço, objeto central da ciência geográfica. O segundo problema observado nas salas de 5ª série foi a ausência de associações da Cartografia com os temas/teorias geográficas. E o mais provável é que os professores não considerem a Cartografia como linguagem de representação, tratando-a somente como conteúdo introdutório da disciplina de Geografia, na 5ª série do ensino fundamental. Nos próprios manuais didáticos, a 26 Cartografia, muitas vezes, aparece apenas como ilustração, técnica ou imagem isolada, contribuindo pouco para o professor e o aluno entenderem, analisarem o espaço geográfico por meio de sua representação. Isso nos remete a seguinte afirmativa: a Cartografia isolada nem sempre está relacionada à Geografia, ela só contribui para a comunicação geográfica se estiver relacionada com um tema/conteúdo geográfico. Não há forma sem conteúdo, elas são indissociáveis. Outro problema observado é que o professor de 5ª série que ensina Geografia, não tem habilidade para trabalhar a Cartografia como linguagem alternativa, ou paralela a outras linguagens, facilitando assim, a compreensão dos fenômenos geográficos - sua espacialidade e associações. A dificuldade para compreender a linguagem cartográfica, assim como a falta de habilidades metodológicas para sua utilização no ensino, leva o professor a ter dificuldades em trabalhar com a Cartografia nas aulas de Geografia. Este posicionamento, segundo LE SANN (1992, p. 302 ), é devido à Cartografia ser “considerada uma ciência muito técnica, domínio de especialistas”. A Cartografia não se limita a quantificação técnica-matemática ou tão somente a um conteúdo geográfico. Como linguagem, ela é muito mais abrangente, envolvendo e desenvolvendo a percepção critica dos alunos, a compreensão e entendimento das diferentes formas de apropriação do espaço. Nas escolas públicas de Cáceres, nos deparamos com diversas situações, como péssimas condições físicas e rotatividade de professores entre escolas, mas centramos nosso estudo no contato direto com o professor, por considerá-lo o principal responsável pela formação do aluno. Não estamos lançando sobre este toda a responsabilidade para com o ensino de Geografia nas escolas, mas em relação à Cartografia concordamos com Oliveira (1996, p. 199) sobre a importância da formação inicial do professor, ao afirmar que: O problema didático do ensino do mapa, como não poderia deixar de ser, recai sobre a formação básica do professor. É um truísmo afirmar que o ensino depende do professor, mas queremos destacar que no tocante ao mapa é preciso examinar mais de perto a questão. 27 A partir dos problemas identificados e relatados anteriormente e considerando o professor como mediador para a construção do conhecimento geográfico do aluno, introduziremos nesse momento, três questões importantes que foram investigadas e serão recorrentes durante o trabalho: metodologia de ensino em Geografia e a linguagem cartográfica; conceitos da teoria da semiologia gráfica (gramática gráfica), e conceitos das teorias geográficas (conteúdos de Geografia). A primeira delas é de ordem prática/metodológica, envolvendo conhecimento, em particular o tratamento metodológico da Cartografia no ensino de Geografia. As outras duas são de ordem conceitual. De maneira simplista e errônea poderíamos definir a primeira como inexperiência profissional ou falta de conhecimento e habilidade do professor para trabalhar com a Cartografia aplicada à Geografia. As duas últimas envolvem conceitos/teorias e são tão complexas quanto a primeira. Na realidade, as observações nas escolas, indicavam que, tanto os problemas metodológicos quanto os conceituais/teóricos, que envolvem o ensino-aprendizagem de Geografia nas escolas, acontecem concomitantemente nas salas de aulas, e as causas dos problemas, acreditamos, são várias, como: o professor não está preparado para cartografar temas/fenômenos geográficos; o professor tem dificuldade em trabalhar o tema/conteúdo cartografado/mapa, e o professor tem dificuldades em trabalhar o tema/conceitos geográficos. Esses problemas, voltamos a insistir, são oriundos da própria formação do professor, pois uma boa formação deve fazer com que o mesmo busque, reflita, aprenda a aprender, para poder ensinar. Oliveira (1978, p. 88 apud Simielli 1986, p. 139), já denunciava que o mapa é utilizado apenas como recurso visual nas aulas de Geografia, não se considerando o ensino do mapa, e sim o ensino pelo mapa. A realidade tem nos mostrado que, desde 1978, poucas mudanças aconteceram. Nas escolas o mapa continua sendo tratado apenas como ilustração nas aulas de Geografia e o ensino do mapa ou o uso da Cartografia 28 (tratada metodologicamente) como linguagem na representação dos fenômenos geográficos, é pouco contemplado. As hipóteses para os problemas ora apresentados, além de envolver conceitos da gramática gráfica, das teorias geográficas e questões metodológicas do ensino da Geografia/Cartografia, envolvem também outras questões, como: recursos materiais (o livro didático, mapas de mural e outros) e questões do próprio currículo da educação básica. 2.2- Principais hipóteses para os problemas diagnosticados Como salientamos na introdução desse trabalho, algumas hipóteses iniciais indicaram caminhos para análise do nosso objeto; duas delas, foram comentadas anteriormente, mas faremos algumas considerações, quais sejam: 1ª hipótese A ausência ou pouca habilidade metodológica do professor para ensinar Geografia em sala de aula, utilizando como meio a linguagem cartográfica, dificulta o ensino; 2ª hipótese A ausência de domínio da linguagem cartográfica ou mesmo o desconhecimento da Cartografia como linguagem de representação, por parte do professor, também dificulta o ensino da Geografia. Acreditamos que a principal dificuldade para o professor de Geografia trabalhar com a Cartografia, está na falta de domínio dos princípios da semiologia gráfica, especificamente a gramática gráfica. Acreditamos também, que boa parte dos professores não dominam noções elementares de Cartografia, como: orientação, projeção, escala, leitura e/ou identificação das informações externas do mapa (legenda, título...). Isso nos foi revelado várias vezes quando os professores nos procuravam dizendo 29 que os alunos não conseguiam entender conceitos de escala, fuso horário, projeção, etc, suscitando o seguinte questionamento: o aluno não consegue entender ou o professor não consegue viabilizar meios para que o aluno compreenda? Essa questão, de certa forma, nos leva a crer que os professores também tinham dificuldades procedimentais, ou seja, construir metodologias eficientes que auxiliassem os alunos a compreender os fenômenos ou conceitos geográficos. A pesquisa realizada por Neves & Neves (1999) sobre a realidade do ensino de Geografia em Cáceres/M T, nos deu alguns indicativos quanto às dificuldades dos professores em relação ao ensino de Geografia e a linguagem cartográfica: Quando questionados sobre as dificuldades dos alunos em relação à aprendizagem de Geografia, cerca de 17% dos professores citaram a “leitura e interpretação de mapas”; Quando questionados sobre o conteúdo que eles têm dificuldade de ministrar, cerca de 37% apontaram os conceitos de Cartografia. Esses dados evidenciaram a existência de dificuldades quanto ao ensino de Geografia e Cartografia. Chamou-nos a atenção ainda nessa pesquisa, a concepção da Cartografia dos professores “como conteúdo” e não como linguagem. 3ª hipótese Os professores licenciados em outras áreas de conhecimento, que ensinam a Geografia em sala de aula, torna o ensino desta pouco significativo. As observações das aulas de Geografia realizadas na disciplina de Prática de Ensino mostravam que uma parcela dos professores que leciona Geografia nas escolas de Cáceres tinha apenas licenciatura curta em Estudos Sociais. Uma rápida análise do currículo do referido curso4, nos mostrou que os 4 Ver Grade curricular do Curso de Licenciatura Curta em Estudos Sociais, oferecido pelo “ Instituto de Ensino superior de Cáceres” de 1978/1 a 1990/2, no ANEXO A. 30 conhecimentos de Cartografia, nele desenvolvidos, foram bastante embrionários. Problema mais grave, por diversas vezes constatado, foi a existência de professores licenciados em Biologia, História e outras áreas de conhecimento, ministrando Geografia nas escolas públicas de Cáceres. Esses professores não tiveram durante a sua formação básica preparação em Geografia e/ou Cartografia. 4ª hipótese O ensino de Geografia nos anos que antecedem a 5ª série, dificulta o processo de ensino aprendizagem. Duas questões envolvem esta hipótese: primeiramente a transição do aluno da 4ª para a 5ª série, que como havíamos falado anteriormente é problemática. Temos também outra questão que deve ser lembrada. Até bem pouco tempo, período anterior a nova LDB (1996), os professores das quatro séries iniciais se formavam no magistério do ensino médio. Nesses cursos de formação de professores, os conhecimentos ligados à Cartografia não estavam contemplados na grade5. Desta forma, o aluno, ainda hoje, ingressa na 5ª série sem fundamentação para vivenciar os conhecimentos de Geografia que requerem a linguagem cartográfica, necessitando então, de metodologia que atenda às suas dificuldades com relação à aprendizagem da Geografia. 5ª hipótese O tempo de experiência do professor em sala de aula influencia no ensino de Geografia. Essa hipótese se relaciona ao tempo de experiência do professor em sala de aula, pois acreditamos que a experiência ou não do professor, se caracteriza como uma categoria importante para a análise da realidade do ensino e conhecimento da Geografia/Cartografia. O tempo de magistério não é garantia de compromisso e qualidade, no entanto, é fator a ser considerado. Entendemos que 5 Ver grade curricular do magistério do ensino médio no ANEXO B. 31 essa questão deva ser examinada mais de perto, pois temos encontrado, nas aulas observadas em estágios, que mesmo professores recém formados (inexperientes na profissão) desenvolvem um bom trabalho com seus alunos. 6ª hipótese O livro didático dificulta o processo de ensino-aprendizagem. Levantamos essa hipótese considerando as seguintes questões: a- a importância da Cartografia como linguagem alternativa para entendimento dos fenômenos geográficos nos livros didáticos; b- a Cartografia nem sempre é trabalhada como linguagem para a comunicação dos fenômenos geográficos; c- o livro didático em muitos casos é o único recurso que o professor dispõe para ensinar Geografia; d- reclamação de professores quanto à existência de mapas incompletos nos livros didáticos e a dificuldade dos alunos em lê-los. 2.3- A formação do professor de Geografia em Cáceres/MT Em Cáceres, a formação de professores de Geografia para o ensino fundamental e médio, iniciou em 1978 e, resumidamente, temos a seguinte cronologia. O Instituto de Ensino Superior de Cáceres – IESC, de 1978/1 à 1990/2 ofereceu, dentre os seus cursos, a Licenciatura Curta em Estudos Sociais, que habilitava professores para o ensino de Geografia e História. Em 1991, O IESC passa a ser Fundação de Ensino Superior de M ato Grosso - FESM AT, ofertando o curso de Complementação em Geografia (nível de licenciatura plena), tendo como alvo os professores egressos do curso de Licenciatura Curta em Estudos Sociais. Essa complementação objetivou licenciar/plenificar somente uma turma, encerrando-se em 1993. Nesse sentido, 32 uma parcela considerável de professores que se encontravam em sala de aula, continuaram apenas com Licenciatura Curta em Estudos Sociais. A partir de 1990/2, iniciou o atual curso de Licenciatura Plena em Geografia – modalidade regular. Esse curso, no início, teve como clientela alunos recém-saídos do ensino médio e também, os professores egressos do antigo curso de Estudos Sociais, que buscavam a licenciatura plena. Em dezembro de 1993 a FESM AT torna-se Universidade do Estado de M ato Grosso - UNEM AT, que no final do primeiro semestre de 1994, formou a primeira turma de Licenciados Plenos em Geografia. A partir de 1998, o Departamento de Geografia começou a oferecer os cursos de pós-graduação lato sensu, tendo até o ano de 2002 formado três turmas. Em 2000, através de programa do governo estadual, as instituições de ensino superior do estado de M ato Grosso, dentre elas a UNEM AT, começaram a oferecer a plenificação nas áreas de Geografia, História, Ciências Biológicas e M atemática, com o objetivo de plenificar professores efetivos da rede de ensino, que haviam cursado apenas Licenciatura Curta em Ciências ou Estudos Sociais. Estes cursos visavam cumprir o art. 62 da LDB (1996), que diz: “A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidade e institutos superiores de educação (...)”. A implantação desses cursos de plenificação, que estão em fase de encerramento, legalizará a situação de parte dos professores de Geografia da rede pública de ensino de Cáceres e do estado de M ato Grosso. No entanto, a formação continuada de professores deve ser constante. O currículo6 do curso de plenificação não contempla a discussão do problema didático da Cartografia, ou seja, o seu ensino e uso como linguagem alternativa para facilitar o entendimento da Geografia. M ais grave é a possibilidade de encontrarmos nas escolas de Cáceres professores que trabalham com a disciplina de Geografia, com formação 6 Ver grade curricular do Curso de Plenificação em Geografia no ANEXO D. 33 nos diversos cursos citados anteriormente, além de professores sem formação específica em Geografia. Os problemas identificados nas aulas de estágios supervisionados, as hipóteses iniciais e esse breve histórico da formação de professores de Estudos Sociais, Geografia e as complementações/plenificação em Geografia, serviram para o entendimento e análise da realidade. 2.4- Levantamento das escolas e professores de Geografia da cidade de Cáceres/MT Essa fase de levantamento das escolas e professores de Geografia, da cidade de Cáceres, foi importante para esta pesquisa, por dois motivos: a- primeiramente, para a visualização de nosso campo de investigação (professores de 5ª série do ensino fundamental); b- em segundo lugar, os dados de campo serviram para o confronto com nossas hipóteses iniciais - documento bibliográfico7 anterior a esta pesquisa e as próprias políticas educacionais dos Governos estadual e federal8, que tem relação com a realidade do ensino de Geografia em Cáceres/M T. A cidade de Cáceres conta atualmente, com cerca de vinte e nove escolas (federais, estaduais, municipais e particulares) que oferecem o ensino fundamental e médio. Aproximadamente quarenta professores ensinam Geografia. Segundo Neves & Neves (1999) cerca de 70% desses profissionais são graduados em Geografia, 12,5% possuem licenciatura curta em Estudos Sociais e os demais, graduação em outras áreas de conhecimento, terceiro grau incompleto e/ou segundo grau completo. No entanto, esses números oscilam, pois um grande 7 NEVES, S. M. A. S; NEVES, R. J. O Ensino de Geografia em Cáceres/MT. Cáceres, MT: Departamento de Geografia - Unemat, 1999. (Mimeogr.). 8 LDB – Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional – nº 9.394 de 20/12/1996 / PCN Parâmetros Curriculares Nacionais - Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino fundamental – Geografia / Projeto de Plenificação em Geografia do Estado de Mato Grosso. 34 número de professores da rede pública trabalha em regime de contrato anual, sem concurso para efetivação. A situação apresentada remete-nos a uma de nossas hipóteses iniciais, de que a “atuação de professores fora da área de formação torna o ensino de Geografia pouco significativo”. Como relatamos anteriormente, apenas 70% dos professores de Geografia, em Cáceres, possuem formação específica, os demais, 30% não são licenciados em Geografia. Esses dados nos dão uma dimensão real do problema e possibilitam algumas reflexões: Entendemos que a não habilitação específica na disciplina contribui para dificultar o processo de ensino-aprendizagem de qualquer ciência, seja Geografia, História, Ciências Biológicas e outras; A segunda reflexão caminha para um viés ético que vai além dos objetivos dessa pesquisa, mas que não podemos deixar de considerar, pois a atuação fora da área de formação caracteriza-se como “exercício não legal” na atividade de educação, uma vez que há no mercado de trabalho local, profissionais com formação específica em Geografia. No entanto, daremos ênfase a nossa primeira reflexão: que é através de investigação, aprofundar o conhecimento sobre o professor que ensina Geografia na 5ª série, com ou sem habilitação para a função e, dificuldades decorrentes de sua formação. Definimos as escolas públicas, estaduais e municipais, que trabalham com a 5ª série do ensino fundamental, como nosso universo de investigação. Verificamos que: Das vinte e nove escolas existentes no perímetro urbano de Cáceres, quatorze escolas estaduais e seis escolas municipais atuam no ensino fundamental, portanto, possuem salas de 5ª séries, o que soma um total de vinte escolas públicas, conforme demonstra o QUADRO 1. 35 QUADRO 1- LEVANTAMENTO DAS ES COLAS PÚBLICAS E NÚMERO DE PROFES S ORES DE GEOGRAFIA QUE ATUAM NA 5ª S ÉRIE DO ENS INO FUNDAMENTAL EM CÁCERES /MT – 2001 Q UANTIDADE DE ESCOLAS ESTADUAIS PROFESSORES Q UE ENSINAM GEOGRAFIA Escola Estadual Dr. Leopoldo Ambrósio Filho 01 Escola Estadual Criança Cidadã 01 Escola Estadual Desembargador Gabriel Pinto de Arruda 01 Escola Estadual Dom Galibert 01 Escola Estadual Esperidião Marques 01 Escola Estadual União e Força 01 Escola Estadual Dr. José Rodrigues Fontes 01 Escola Estadual Frei Ambrósio 01 Escola Estadual Profª. Ana Maria das Graças Souza Noronha 01 Escola Estadual São Luiz 01 Escola Estadual de Aplicação Lazára Falqueiro de Aquino 01 Escola Estadual Prof. Demétrio Costa Pereira 02 Escola Estadual Onze de Março 02 Escola Estadual Senador Mário Motta 02 ESCOLAS MUNICIPAIS Escola Municipal Raquel Ramão da Silva 01 Escola Municipal Novo Oriente 01 Escola Municipal Tancredo Neves 01 Escola Municipal Vitória Régia 01 Escola Municipal Vila Real 01 Escola Municipal Isabel Campos Total de 20 Escolas 02 Total de 24 professores Fonte: Estado de Mato Grosso – Secretaria de Educação e Cultura - Assessoria pedagógica de Cáceres/MT (2001) Organização: Neves (2001) Após visita às escolas constatamos que9: Dos quarenta professores de Geografia das escolas da cidade, vinte e quatro trabalham com 5ª série do ensino fundamental (QUADRO 1). Dos vinte quatro professores que atuam na 5ª série do ensino fundamental, 79,2 % são professores iniciantes (atuam de 1 a 3 anos na 5ª série), os demais, 20,8 % trabalham há mais de 4 anos com a 5ª série. 9 Números levantados em novembro do ano de 2001. 36 A formação dos professores que atuam na 5ª série do ensino fundamental se encontra disposta no QUADRO 2. QUADRO 2- FORMAÇÃO DOS PROFES S ORES QUE ATUAM NA 5ª S ÉRIE DO ENS INO FUNDAMENTAL NA CIDADE DE CÁCERES /MT NÚMERO DE PROFESSORES % Licenciatura Plena em Geografia 14 58,3 Licenciatura Curta em Estudos Sociais e Complementação ou Plenificação em Geografia 6 25 Licenciatura Plena em História 03 12,5 Licenciatura Plena e Letras 01 4,2 Totais 24 100 FORMAÇÃO DOS PROFESSORES Organização: Neves (2001) Os problemas observados empiricamente, as hipóteses iniciais, o breve histórico da formação do professor de Geografia em Cáceres, o levantamento das escolas e professores de Geografia, especificamente, o nosso universo de pesquisa, que são as escolas e os professores que trabalham com a 5ª série do ensino fundamental, contribuíram em todas as fases seguintes desse trabalho: para a definição de nosso referencial teórico e metodológico; para a elaboração e pré-teste dos instrumentos de investigação da “realidade”, que trataremos no item 2.5 (pág. 37); para a análise do “necessário” segundo a literatura, em relação ao ensino de Geografia e a linguagem cartográfica, que abordaremos no capítulo 3 (pág. 64). para a idealização do “possível”, que são as proposições feitas a partir da análise do “real e do necessário” (capítulo 4: pág. 87). 37 2.5- O que os pré-testes revelaram? Ao aplicar os pré-testes tínhamos duas preocupações iniciais: Aprimorar e definir nossos instrumentos de investigação, a serem utilizados na etapa final da coleta de dados; Cuidado para não comprometer as amostras de investigação final desta pesquisa (professores que atuam na 5ª série das escolas estaduais e municipais em Cáceres/M T), portanto, o número de professores investigados nos pré-testes foi bastante limitado. Os instrumentos de investigação utilizados nos pré-testes foram: questionário preliminar, questionário semi-aberto e questionário fechado (APÊNDICES: C, D, E), aplicados a quatro professores de 5ª série; exercícios práticos com mapas (APÊNDICE G), aplicado junto a dois professores de 5ª série; ficha catalográfica (APÊNDICE F), utilizada para o pré-teste com os mapas temáticos de um livro didático. O objetivo principal, dessa etapa, foi o de testar a validade dos instrumentos para o conhecimento do nosso objeto: o ensino de Geografia e a linguagem cartográfica. A pergunta era se os instrumentos trariam ou não respostas significativas para que atingíssemos os objetivos propostos para essa pesquisa. Com os questionários preliminar, semi-aberto, fechado e as atividades práticas com mapas deveríamos, além de atingir os objetivos, auxiliar a responder a pergunta tese desta pesquisa: Que relações os professores de Geografia estabelecem entre a Cartografia e o objetivo principal da disciplina Geografia, que é possibilitar ao aluno ler, interpretar e analisar criticamente o espaço geográfico? Para a resposta dessa pergunta, os instrumentos de investigação se direcionaram para dois alvos principais: 38 O ensino-aprendizagem da Geografia e a linguagem cartográfica. Envolvendo questões relacionadas ao conhecimento e habilidades metodológicas/procedimentais do professor para ensinar o aluno e recursos disponíveis (livro didático), e Utilização da Cartografia na sala de aula. Tendo como preocupação verificar qual o uso que o professor de sala de aula faz da Cartografia: - Trata-a metodologicamente, como linguagem ? - Apenas como conteúdo a ser assimilado pelo aluno? - Como ilustração nos livros didáticos? 2.5.1- Da validade dos questionários: preliminar, semi-aberto e fechado A aplicação dos três primeiros instrumentos de investigação (questionário preliminar, semi-aberto e fechado – APÊNDICE: C, D, E), com quatro professores da 5ª série do ensino fundamental, possibilitou-nos avaliar a validade dos mesmos para a investigação de nosso objeto. No questionário preliminar, as questões fechadas trouxeram respostas bastante claras e importantes para esta pesquisa. As questões abertas, no entanto, apresentaram lacunas, e respostas muitas vezes fora do contexto, o que prejudicaria a nossa análise. No questionário semi-aberto, as respostas foram vagas, não trazendo informações sobre a prática dos professores, importante para a nossa análise da realidade. Com o questionário fechado, composto de quinze questões de múltipla escolha, deixamos propositalmente ao final de todas as questões a opção (outro (s) ou outra (s) seguido de quais?), para que o professor tivesse liberdade de acrescentar outras categorias. Apesar de deixarmos claro que o professor só deveria assinalar uma das alternativas, os mesmos assinalaram mais de uma alternativa, impossibilitando a tabulação e análise dos dados. Apesar de apresentarem falhas, os três instrumentos citados anteriormente, nos deram alguns indicativos que consideramos importantes, não 39 apenas para esta pesquisa, mas para pesquisas posteriores. Esses indicativos referem-se às dificuldades dos professores quanto aos recursos didáticos e ao uso da Cartografia em sala de aula. 2.5.1.1- Em relação aos recursos didáticos Dos quatro professores investigados três trabalham com o mesmo livro didático10. Quando questionados sobre a escolha desse livro, todos afirmaram que o livro é escolhido pelo Estado, através da Secretaria de Educação e enviado gratuitamente para as escolas. Essas evasivas indicam, em parte, o descompromisso do professor na escolha do livro didático, assim como o desconhecimento do funcionamento do sistema de seleção e distribuição dos livros didáticos do PNLD, que diz “o professor tem direito a escolha”. Quando questionamos os professores sobre outros livros que contribuem para a sua prática, percebemos que o professor busca informações em outros livros didáticos ou revistas de grande circulação (Veja, Isto é, etc). Os professores que participaram desta investigação preliminar, pouco se utilizam de bibliografias especializadas para a atualização e resolução de suas dificuldades teóricas e metodológicas. Nenhum professor disse adotar ou usar atlas geográfico, como recurso auxiliar, nas aulas de Geografia. O que nos leva a crer que a principal fonte dos mapas utilizados em sala de aula é o livro didático, que será melhor problematizado no item 2.5.3 (pág. 41). 2.5.1.2- Em relação ao uso da Cartografia em sala de aula As respostas às questões semi-abertas foram de difícil interpretação, mas embora vagas, elas sinalizaram a dificuldade que os alunos sentem em trabalhar com mapas. Os professores, no entanto, não conseguiram 10 ADAS, M. Geografia – Noções Básicas de Geografia. 3 ed. São Paulo: Editora Moderna, 1997. v. 01, 168 p. 40 exemplificar essas dificuldades. A dificuldade de utilização da linguagem cartográfica, parece tanto do aluno como do professor. Pudemos identificar também, problemas em relação à Gramática Gráfica e pouca habilidade metodológica dos professores. Quando questionamos os professores sobre a realização de atividades de mapeamento de localidade na escola, surgiram duas questões: Os professores têm dificuldade com o conceito de espaço e com conceitos elementares da Cartografia (orientação, localização, projeção, etc); Percebemos também a falta de planejamento das atividades de sala de aula. O professor não se preocupa, por desconhecimento ou descompromisso, com os conceitos que as atividades de mapeamento da localidade desenvolvem na criança. Em outro exemplo, três professores investigados disseram que os documentos cartográficos são utilizados pelos alunos sobre o chão da sala de aula ou numa mesa, sem explicar o objetivo dessa escolha. Encontramos também confusões entre conceitos de orientação e localização nas explicações dos professores. 2.5.2- Dos exercícios práticos com mapas O quarto instrumento utilizado durante os pré-testes foram os exercícios práticos com mapas (APÊNDICE G), que denominamos de: a, b, c, d. Esses exercícios foram realizados por dois professores da 5ª série do ensino fundamental, na presença do investigador. Os resultados alcançados com esse instrumento foram satisfatórios para nossa pesquisa, permitindo-nos conhecer a realidade do ensino de Geografia e a linguagem cartográfica. As respostas foram claras, possibilitando interpretação, análise e possíveis proposições para os problemas detectados. Não apresentaremos nesse momento os resultados desse pré-teste, mas no item 2.6 (pág. 45), na explicitação dos resultados finais, pois selecionamos esse instrumento para aplicação na etapa final de nosso trabalho. 41 2.5.3- Dos mapas temáticos do livro didático No pré-teste com os mapas temáticos do livro didático11, realizamos a análise utilizando ficha catalográfica (APÊNDICE F). Os dados coletados (APÊNDICE A) também forneceram indicadores para essa pesquisa. Existe uma média de um mapa a cada cinco páginas no livro didático adotado. O autor dividiu o livro em quatro unidades e colocou mais de 42% dos mapas na unidade I. A Cartografia, como conteúdo técnico, foi trabalhada nessa unidade. Sendo a linguagem cartográfica fundamental na representação dos conteúdos/fenômenos geográficos, uma observação merece ser destacada: a quantidade de mapas no livro didático é significativa, se analisarmos pela média, no entanto, o que nos preocupa é o fato de que a grande maioria encontra-se concentrada na unidade I do livro, “como conteúdo”, não enfatizando a Cartografia como linguagem de representação. Notamos também, que nas outras unidades, não há orientações metodológicas para auxiliar o aluno a ver as informações e perceber a Geografia que os mapas mostram. Constatamos ainda, que entre as representações gráficas (gráficos e mapas), os gráficos estão praticamente ausentes no livro didático. As representações por meio de mapas, como observamos anteriormente, estão mais presentes, predominando as tradicionalmente conhecidas, que classificamos em ordem decrescente quanto à quantidade de ocorrências no livro (QUADRO 3). QUADRO 3- PRINCIPAIS REPRES ENTAÇÕES REPRESENTAÇÕES Mapas Mundi Mapas do Brasil Mapas Continentais Mapas dos Estados Brasileiros Mapas Regionais Mapas de Países estrangeiros Totais Organização: Neves (2001) 11 FREQ UÊNCIA 13 x 8x 5x 3x 2x 2x 33 x % 39.4 24.3 15.3 9 6 6 100 Decidimos pelo pré-teste com esse livro, pois três dos professores que responderam aos questionários admitiram que o adotam. 42 Fazendo um paralelo da quantidade de mapas, as dificuldades dos alunos de 5ª série e os problemas trazidos das séries anteriores, quanto à gramática gráfica da Cartografia, é possível termos noção das dificuldad es que o professor enfrenta para trabalhar esses mapas com o aluno. Os mapas são complexos (projetivos e euclidianos), de difícil leitura para as crianças de 5ª série. Os temas representados nos mapas, em muitos casos, estão distantes da realidade da criança (Brasil, continente, mundo). Para a criança de 5ª série, esses mapas acabam se tornando inúteis, pois não informam e nem despertam o interesse em aprender da criança. Os símbolos utilizados na organização das legendas dos mapas são todos abstratos. Sem que as crianças tenham passado pelo processo de alfabetização cartográfica e/ou conhecido as etapas do mapeamento: pesquisa/observação, seleção, classificação, codificação e principalmente, trabalhado com a codificação e decodificação de símbolos análogos, a linguagem dos mapas do livro didático, torna-se estranha para os alunos. Os mapas que apresentam muitas informações, justaposição de conteúdos ou que exigem correlações complexas, podem também dificultar a leitura para o aluno. Como os livros são elabor ados para serem utilizados em nível nacional, pouca ênfase é dada aos mapas/geografia de localidade, feitos em escalas maiores. Dos mapas encontrados no livro didático, 100% foram elaborados em escala pequena, veja o QUADRO 4. QUADRO 4- AS ES CALAS DOS MAPAS ENCONTRADOS NO LIVRO DIDÁTICO ESCALA FREQ ÜÊNCIA % Entre 1: 1.000.000 e 1: 100.000.000 17 x 51.5 Acima de 1: 100.000.000 15 x 45.5 Ausência de escala 1x 3 Totais 33 x 100 Organização: Neves (2001) 43 Diante desses fatos, acreditamos que caiba ao professor ter autonomia (conhecimento e habilidade) para através do uso da linguagem cartográfica, possibilitar que seus alunos compreendam melhor a espacialidade dos fenômenos geográficos, da realidade do espaço de vivência. Nesse sentido, as atividades de mapeamento e/ou cartográficas são necessárias, pois mapeando a localidade “o professor ensina aprendendo e o aluno entende”, e ao mesmo tempo vai se preparando para ler, interpretar e representar espaços cada vez mais complexos, como os mapas presentes no livro didático (projetivos e euclidianos). As investigações da realidade mostraram que o professor possui sérias dificuldades com os conceitos e princípios da gramática gráfica e pouca habilidade para trabalhar Cartografia como linguagem. Esse problema relacionado à formação inicial e continuada, que necessita de sérias análises e reflexões, será discutido no capítulo 3 (pág. 64). O objeto das investigações e estudos de Geografia é o espaço, e isso faz com que a Cartografia seja a linguagem fundamental na representação de fenômenos geográficos. De acordo com alguns estudiosos todos os fenômenos geográficos são passíveis de serem cartografados, no entanto, alguns temas no livro analisado, são mais contemplados do que outros, conforme nos mostra o QUADRO 5. QUADRO 5- PRINCIPAIS TEMAS CARTOGRAFADOS Temas FREQ UÊNCIA % Geografia Política 16 x 48,5 Geografia Física 9x 27,3 Geografia Econômica 4x 12 Outras 4x 12,2 Totais 33 x 100 Organização: Neves (2001) 44 Verificamos as fontes dos mapas, quanto à atualização das informações. Surpreendentemente, mais de 57% dos mapas não dispunham de data, constando apenas a fonte local (FAE, Atlas Geográfico ou IBGE, Atlas Nacional do Brasil); 27% dos mapas contêm informações desatualizadas (19951990) e 15% com dados anteriores a 1990. Nenhum dos mapas possui informações dos últimos cinco anos. Analisamos os métodos utilizados na elaboração dos mapas temáticos, no qual identificamos que o autor do livro analisado, utilizou com maior freqüência o método qualitativo, pois 94% das representações são qualitativas, e as demais, 6% foram elaboradas a partir do método ordenado/hierarquizado. Quanto à resolução gráfica, mais de 60% das representações foram feitas utilizando-se áreas diferenciadas. Utilizou-se também, linhas diferenciadas e áreas ordenadas, sendo uma média de 12% para cada uma. Outras 16% foram elaboradas a partir de pontos diferenciados e mapas de múltiplas informações, utilizando-se pontos, linhas e áreas diferenciadas. Quanto aos mapas elaborados a partir de áreas/cores diferenciadas, observamos que as cores se repetem no mesmo mapa e em outros, são muito próximas. As cores próximas ou repetidas podem trazer problemas na leitura e necessitam de um cuidadoso processo na escolha para possibilitar a distinção rápida dos elementos, quer pontuais, por área ou lineares. Em relação aos elementos externos, 84% dos mapas não apresentaram problemas, mas 16% restantes apresentaram algumas deficiências, tais como: ausência de escala, legenda e título. 2.6- Resultado da coleta final de dados Optamos por utilizar os exercícios práticos com mapas (a, b, c, d - APÊNDICE G) nessa etapa final da verificação de nossas hipóteses, pois os prétestes nos mostraram que eles possibilitam melhor percepção da realidade do ensino de Geografia e a linguagem cartográfica. Para essa fase final, dentre os 45 vinte e quatro professores da 5ª série do ensino fundamental, em Cáceres/M T (QUADRO 1), selecionamos uma amostra de doze professores (50%), com formação diferenciada em três categor ias (A, B, C), conforme QUADRO 6. QUADRO 6- CATEGORIAS DE PROFES S ORES PARA INVES TIGAÇÃO E NÚMERO DE PROFES S ORES INVES TIGADOS Nº DE PROFESSORES INVE S T IG ADO S CATEGORIAS A Professores com licenciatura plena em Geografia 04 B Professores com licenciatura curta em Estudos Sociais e complementação/plenificação em Geografia C Professores não licenciados em Geografia 12 Total de professores investigados 04 04 12 Organização: Neves (2001) Essas categorias foram definidas por meio de tabulação do quantitativo de escolas e de professores que trabalham com a 5ª série do ensino fundamental, em Cáceres (QUADRO 1, pág. 35); da investigação sobre a formação dos professores (QUADRO 2, pág. 36) e do levantamento do tempo de magistério dos professores em sala de aula (pág 35). Identificamos que cerca de 80% dos professores são iniciantes, com experiência entre um e três anos, o que fez com que abandonássemos o tempo de magistério na 5ª série do ensino fundamental como categoria de análise. Desta forma, uma de nossas hipóteses iniciais sobre a influência da experiência do professor na qualidade do processo de ensino-aprendizagem de Geografia, em relação ao uso da linguagem cartográfica, foi também abandonada. A etapa final de coleta de dados foi realizada nos meses de outubro e novembro 2001. No momento da aplicação dos exercícios, a observação da reação dos professores na realização dos exercícios propostos, contribuiu para melhorar o entendimento das respostas, assim como aprimorar nossas análises. 12 Três professores licenciados em história e um professor licenciado em letras. 46 No intuito de preservar a identidade dos professores que contribuíram com esta pesquisa, denominamos os mesmos, pelos números 1, 2, 3 e 4, dentro de cada uma das categorias de formação dos professores (A, B e C, identificadas no QUADRO 6). As respostas dos professores foram agrupadas para análise, representadas por algarismos romanos e o código “NR” foi usado para as questões em que os professores não emitiram opinião por escrito, como veremos na apresentação dos resultados. 2.6.1- Apresentação dos resultados do exercício “a” No exercício “a” (APÊNDICE G), apresentamos, por escrito, a seguinte pergunta ao professor: É possível trabalhar com alunos de 5ª série, a leitura e interpretação do mapa, anexo, da forma como está? S im, porque... Não, porque... Anexo à pergunta colocamos um mapa do Brasil, contendo a escala e o título, sem outra informação adicional. Diferentemente das representações tradicionais/padrão, esse mapa encontrava-se com o norte apontado para a extremidade inferior do papel. O objetivo dessa atividade foi investigar o conhecimento dos professores, quanto ao conceito de orientação elementar na Cartografia. Entendemos ser de fundamental importância para o usuário do mapa, leitor ou elaborador (que se utiliza da linguagem cartográfica), dominar o conceito de orientação e para o professor de sala de aula além de dominar o conceito, ele deve saber como trabalhá-lo com os alunos. 47 As respostas13 foram agrupadas em: S IM, NÃO E NÃO RES PONDEU e classificadas em sete categorias, conforme QUADRO 7. QUADRO 7- AGRUPAMENTO DAS RES POS TAS DO EXERCÍCIO “a”. CATEGORIAS PRO FESSO RES E CATEGO RIAS DE ANÁLISE Q UANTO À FORMAÇÃO (quadro 6 - p. 45) 1 2 3 4 A I II V II B VI IV II I C III NR VI NR Organização: Neves (2001) GRUPO SIM I Percebeu a posição e os pontos cardeais, no mapa, de forma integrada II Mostrou dificuldades em relação ao conteúdo/conceito de orientação III Colocou a posição padrão como condição na leitura e interpretação do mapa IV Respondeu “ sim”, sem conseguir justificar a sua resposta GRUPO NÃO V Mostrou dificuldades em relação ao conteúdo/conceito de orientação e de habilidades VI Colocou a posição padrão como condição na leitura e interpretação do mapa GRUPO NÃO RESPONDEU NR Não respondeu Caracterização das categorias de análise do grupo “S IM” Categoria I: nessa categoria foram incluídas duas respostas que deram indicações de conhecimentos teóricos e metodológicos· sobre o conceito de orientação, aplicado na elaboração, leitura e interpretação de mapas. 13 Ver respostas dos professores no APÊNDICE H 48 Categoria II: incluímos nessa categoria, os professores que disseram sim, mas tiveram dificuldade em argumentar, parecendo confundir o conceito de orientação com o conceito de localização e de pontos extremos. Categoria III: nessa terceira categoria foi incluída uma resposta que embora afirmativa, indicou confusão do norte com a parte superior da folha. Considerando, portanto, que a posição do mapa não estava adequada. Categoria IV: foi incluída nessa categoria uma resposta sem clareza e descontextualizada. Caracterização das categorias do grupo “NÃO” Categoria V: Nessa categoria foi incluída uma resposta que confirma a confusão/equívoco do norte com a parte superior da folha. Separamos as respostas “não”, diferenciando-as das outras, pois consideramos “não é possível trabalhar”, como indicativo do equivoco entre norte e posição da folha; no caso dessa categoria também, foi reforçado o argumento do professor de que “jamais devemos inverter o mapa no momento em que realizamos atividades com os alunos de 5ª série, pois os alunos não entenderiam a inversão do mapa”. Categoria VI: percebemos pelas respostas dadas, um antigo equívoco referente à questão da orientação. M uitos professores ainda confundem noções de orientação e lateralidade corporal, relacionando o Norte com a parte acima e o Sul com o que está abaixo do mapa e o Leste com o lado direito do corpo. Caracterização da categoria do grupo “NÃO RES PONDEU” NR: Apesar dos professores não responderem por escrito, a referida questão, pudemos observar no momento de aplicação das atividades, que eles não dominavam o assunto, pois oralmente se justificaram, assim14: 2-C - “Melhor seria o senhor falar com o professor de Geografia mesmo, ele ministra aulas no ensino médio”. 14 As respostas tem transcrição literal. 49 4-C - “Eu não entendo nada de mapas”. Analisando as respostas, verificamos que a grande maioria dos professores investigados, nas categorias de formação A, B, C, possuem dificuldades conceituais e/ou metodológicas (habilidades) em relação à orientação, um conceito elementar da Cartografia. Confirmando nossa hipótese, as dificuldades foram maiores para professores sem formação específica na área de Geografia (Categoria C). Os professores formados em antigos cursos de Estudos Sociais e que fizeram complementação/plenificação em Geografia (Categoria B), também mostraram ter dificuldades semelhantes às apresentadas pelos professores sem formação específica em Geografia. Apenas dois professores (Categoria A e B), ao que nos parece, percebeu a relatividade das posições cardeais, os demais apresentaram dificuldades tanto com o conceito de orientação como em trabalhar esse conceito com os alunos. 2.6.2- Apresentação dos resultados do exercício “b” No exercício “b” (APÊNDICE G), fizemos duas perguntas ao professor: Observando os mapas “A e B”, anexos, responda: 1- Qual a diferença de solução gráfica dos mapas A e B? O que você consegue identificar de diferente entre um mapa e o outro? 2- Qual deles estaria mais adequado para uma atividade com alunos de 5ª série? O mapa A porque... O mapa B porque... Ambos os mapas A e B estão adequados porque... 50 Anexo às perguntas inserimos dois mapas A e B sobre o mesmo tema: Brasil - Recursos M inerais. Os mapas A e B, apesar de representarem o mesmo tema, foram elaborados a partir de soluções gráficas diferentes e grau de complexidade diferenciado, portanto possibilitam níveis de leitura também diferentes. No mapa A15 a solução gráfica empregada, explicita o agrupamento dos minerais por formas (metálicos, não metálicos e energéticos) e cores (tipos de minerais), possibilitando uma leitura exaustiva de seu conteúdo. Segundo M artinelli (1998, p. 73), esse tipo de solução “dá resposta visual instantânea à questão de nível elementar, do tipo “O que há em tal lugar”. Nesse sentido, a leitura em nível de conjunto demandaria operações mentais mais complexas, mas ao mesmo tempo desafia o aluno, pois é um mapa que permite ser explorado em diferentes níveis de leitura. Entendemos que a solução gráfica empregada nesse mapa é a mais indicada para alunos da 5ª série do ensino fundamental; ela respeita a etapa de desenvolvimento cognitivo da criança, pois o aluno percebe rapidamente as informações, caso tenha passado pelo processo de alfabetização cartográfica. No mapa B16, a solução gráfica empregada, mostra o agrupamento dos minerais apenas por forma, entretanto, a legenda é composta por uma coletânea de mapas identificando a localização de cada um dos minerais no espaço do mapa. Essa solução gráfica dá resposta visual instantânea à questão em nível de conjunto, do tipo: “Onde está o ouro?” (M artinelli, 1998). No entanto, o mapa faz correlação dos tipos de minerais com outras variáveis, como: produção mineral e geologia da área, aumentando a quantidade de informações do mapa, tornando-o complexo para alunos de 5ª série do ensino fundamental. Nesse exercício tivemos como objetivo, investigar o conhecimento dos professores em relação à aplicação da gramática gráfica na organização da legenda, adequação da forma–conteúdo e a relação entre os componentes do mapa. A pergunta também pretendia conhecer o compromisso 15 16 Solução gráfica adotada por Simielli (1995). Solução Gráfica adotada por Martinelli & Ferreira (1994). 51 com procedimentos metodológicos dos professores ao trabalhar atividades cartográficas, considerando a Cartografia “como linguagem” na representação de fenômenos geográficos. Questão 1 do exercício “b” (pág. 49) Pretendeu investigar a primeira parte de nossos objetivos (sobre a gramática gráfica). As respostas17 foram agrupadas em cinco categorias, conforme QUADRO 8. QUADRO 8- AGRUPAMENTO DAS RES POS TAS DO EXERCICIO “b”. Questão 1 CATEGORIAS PRO FESSO RES E CATEGO RIAS DE ANÁLISE Q UANTO À FORMAÇÃO (quadro 6 - p. 45) 1 2 3 4 A I I I I B II II III II C IV NR II NR Organização: Neves (2001) I Fez a leitura em nível elementar dos mapas A e B II Reconheceu a diferença das legendas dos mapas A e B III Reconheceu a diferença das escalas dos mapas A e B IV Fez confusão entre conteúdo e forma NR Não respondeu Caracterização das categorias de análise Categoria I: incluimos respostas que apenas descrevem o conteúdo e a legenda dos dois mapas A e B, sem estabelecer comparação, estando portanto, no nível 17 Ver respostas dos professores no APÊNDICE I 52 elementar de leitura. A leitura feita pelos professores foi bastante fragmentada e eles não responderam de maneira objetiva “qual a diferença de solução gráfica empregada nos mapas A e B”. Categoria II: quatro professores responderam que a diferença de solução gráfica está na legenda. Dois deles opinaram quanto à qualidade das duas legendas, entendendo que o mapa B não apresenta uma legenda definida e as formas (símbolos) diferentes para cada tipo de minério, também dificultam a leitura por serem da mesma cor. Categoria III: o professor interpretou que a diferença de solução gráfica está na escala dos mapas A e B, o que mostra desconhecimento da gramática gráfica. Categoria IV: o professor, além de não responder a questão, mostrou ter dificuldades em ler os mapas A e B, mesmo que em nível elementar. Categoria NR: os professores apenas olharam os mapas, mas não emitiram opinião, justificando terem dificuldades em entender mapas. Esperávamos que os professores comparassem as duas soluções gráficas empregadas, diferenciando a organização das legendas dos dois mapas. De modo geral, os professores perceberam que os mapas são diferentes, mas tiveram dificuldade para identificar a diferença de solução gráfica utilizada na elaboração dos mapas A e B. Nas respostas foi possível verificarmos que os professores de forma geral, têm dificuldades, até mesmo, para lerem os mapas no nível elementar, pois as observações feitas foram pontuais. Nenhum professor conseguiu entender a função da coletânea de mapas na legenda do mapa B, ou as classes (metálicos, não metálicos e energéticos) do mapa A, através de diferentes formas; assim como não fizeram leitura de nível avançado ou global. Essas dificuldades podem estar relacionadas ao pouco conhecimento da gramática gráfica. Os professores licenciados em Geografia (categoria A) conseguem fazer a leitura em nível elementar, entretanto têm dificuldades para estabelecer correlações e também, para visualizar a diferença na organização das legendas. Dois professores com licenciatura curta em Estudos Sociais (categoria 53 B) deram depoimentos significativos com relação a legenda, mostrando percepção da diferença, mas tiveram dificuldade em argumentar melhor essa diferença. Nas categorias III, IV e NR agrupamos as respostas fora do contexto ou que expressam dificuldade com mapas de forma genérica. Questão 2 do exercício “b” (pág. 49) Procuramos investigar a segunda parte dos nossos objetivos com esse exercício: habilidade e compromisso dos professores no trabalho com os alunos de 5ª série do ensino fundamental. As respostas18 foram agrupadas em quatro categorias, conforme QUADRO 9. QUADRO 9- AGRUPAMENTO DAS RES POS TAS DO EXERCICIO “b”. Questão 2 CATEGORIAS PRO FESSO RES E CATEGO RIAS DE ANÁLISE Q UANTO A FORMAÇÃO (quadro 6 - p. 45) 1 2 3 4 A III III II I B I NR I I C I NR III NR Organização: Neves (2001) I Fez relação entre mapa e usuário; II Mostrou dificuldade em relacionar mapa e usuário; III Não fez relação entre o mapa e usuário; NR Não respondeu. Caracterização das categorias de análise Categoria I: as respostas incluídas nessa categoria, mostraram uma certa preocupação dos professores em adequar o mapa ao usuário; entendendo que o 18 Ver respostas dos professores no APÊNDICE J. 54 mapa A, por ter menos informações, ser menos complexo e apresentar formas (figuras geométricas) diferenciadas e coloridas, está mais acessível aos alunos da 5ª série do ensino fundamental. Categoria II: incluimos a resposta de um professor, que acredita que os mapas A e B estão adequados para se trabalhar com alunos de 5ª série, mas sua argumentação está descontextualizada. Categoria III: incluimos as respostas dos professores que acreditam que o mapa B é mais completo que o mapa A, ou melhor, tem mais informações sobrepostas e isso facilita o trabalho com alunos da 5ª série do ensino fundamental. Categoria NR: Os professores olharam os mapas, mas não emitiram opinião. Nessa questão percebemos que uma parcela dos professores, principalmente aqueles com licenciatura específica em Geografia, não se preocuparam em adequar o mapa ao usuário, o que entendemos ser de fundamental importância, não apenas no ensino -aprendizagem de fenômenos espaciais/geográficos, mas em qualquer disciplina e com qualquer conteúdo. Convém mencionarmos também, que outra parcela dos professores, mais de 50% das respostas, apesar das dificuldades com a gramática gráfica, se preocuparam com a complexidade do mapa e o usuário. A dificuldade dos professores licenciados em Geografia para fazer a relação/adequação entre o mapa e o usuário (aluno), ou mesmo questionar a melhoria da solução gráfica para o usuário, é o que mais nos preocupa nesse momento, pois os professores licenciados em Geografia deveriam estar melhor preparados para trabalhar com mapas em sala de aula; com capacidade de transpor o conhecimento acadêmico para o ensino escolar de nível fundamental e médio. Essa questão evidencia a necessidade de se rever os cursos de formação de professores de Geografia. 2.6.3- Apresentação dos resultados do exercício “c” No exercício “c” (APÊNDICE G), apresentamos cinco perguntas aos professores, como segue: 55 A partir do M apa Temático exposto, em anexo, responda: 1- Olhando o mapa qual seria sua primeira leitura? 2- O que mais você consegue visualizar? 3- Olhe de novo, observe com atenção, o que mais pode ver e concluir? 4- Para realizar uma atividade de avaliação com alunos de 5ª série e, com esse mapa, que tipo de questões você levantaria, para que eles respondessem? 5- Observando o mapa, tente traçar um perfil topográfico de A a B. Anexo às questões, inserimos um mapa que representa parte do curso de um rio (nome e local fictício), e a topografia da área, representada por cores diferentes para cada uma das cotas altimétricas, para que os professores respondessem às questões a partir da leitura do mapa. O objetivo desse exercício foi investigar a habilidade dos professores em ler e interpretar mapas, distinção de forma e conteúdo e extração das informações. Essa atividade foi proposta também no intuito de conhecermos as habilidades dos professores em realizar atividades cartográficas com alunos de 5ª série do ensino fundamental. Questões 1, 2 e 3 do exercício “c” (pág. 54) Priorizamos o primeiro de nossos objetivos (leitura e interpretação ou distinção entre forma e conteúdo). As respostas19 foram agrupadas em quatro categorias, conforme QUADRO 10. 19 Ver respostas dos professores no APÊNDICE L. 56 QUADRO 10- AGRUPAMENTO DAS RES POS TAS DO EXERCICIO “c”. Questões 1, 2 e 3 CATEGORIAS PRO FESSO RES E CATEGO RIAS DE ANÁLISE Q UANTO À FORMAÇÃO (quadro 6 - p. 45) 1 2 3 4 A I II II III B II II III III C II NR II NR Organização: Neves (2001) I Diferenciou forma e conteúdo no mapa e extrai informações; II Confundiu forma e conteúdo; III Mostrou dificuldade em extrair o conteúdo do mapa; NR Não respondeu. Caracterização das categorias de análise: Categoria I: incluimos nessa categoria, apenas um professor, que independente da seqüência em que ele fez a leitura do mapa, mostrou habilidades e conhecimentos para distinguir forma-conteúdo e extrair as informações do mapa, chegando à leitura de síntese. Categoria II: as respostas dos professores mostraram uma série de dificuldades com a linguagem cartográfica, como: confusão e dificuldades para ler as informações do mapa. Essas respostas confirmaram a confusão que o professor faz entre forma e conteúdo, na leitura e interpretação dos mapas. Categoria III: incluimos nessa categoria, as respostas com leitura fragmentada da representação espacial, citando alguns pontos do mapa, sem contudo extrair as informações e estabelecer relações de “igualdade diferença, ordem e proporcionalidade das quantidades”. Não houve leitura de nível global e/ou percepção dos agrupamentos e a forma como se organizam as categorias no espaço. 57 Categoria NR: os professores olharam o mapa, mas não emitiram qualquer opinião. M esmo diante de um mapa simples, verificamos que os professores, em sua grande maioria e independente da formação (categoria A, B e C), tiveram dificuldades para fazer a leitura e interpretação do mapa apresentado. Sabemos que as dificuldades podem estar relacionadas ao conteúdo geográfico do mapa, mas também, e principalmente à dificuldade do professor para ler, interpretar e utilizar a linguagem cartográfica com seus alunos. Esse trabalho, que se inicia com a decodificação de informações pontuais, evoluindo para o estabelecimento de relações entre eles e avançando no final para a leitura de síntese, melhoraria o nível de leitura e percepção dos fenômenos representados. Questão 4 do exercício “c” (pág. 54) Ajudou-nos a verificar a habilidade dos professores nas atividades cartográficas com os alunos de 5ª serie do ensino fundamental. As respostas20 foram agrupadas em quatro categorias, conforme QUADRO 11. Q UADRO 11- AGRUPAMENTO DAS RESPO STAS DO EXERCÍCIO “c” Q ue stõe s 4 CATEGORIAS PRO FESSO RES E CATEGO RIAS DE ANÁLISE Q UANTO À FORMAÇÃO (quadro 6 - p. 45) 1 2 3 4 A I II NR II B III II II II C III NR III NR Organização: Neves (2001) 20 Ver respostas dos professores no APÊNDICE M. 58 I Extraiu questões importantes do mapa; II Extraiu apenas questões elementares do mapa; III Confundiu conteúdo e forma; NR Não respondeu. Caracterização das categorias de análise Categoria I: incluimos nessa categoria apenas um professor, que apesar de ter confundido o nome do rio, elaborou uma questão que desafia o aluno a pensar, construir conceitos e entender a espacialidade dos fenômenos geográficos. Entendemos que a questão feita pelo professor exige que o aluno faça a leitura do mapa de forma integrada/síntese, o que sabemos, só é possível se o aluno for alfabetizado na linguagem cartográfica. Categoria II: quase 50% das respostas, mostraram que os professores fazem leituras pontuais no mapa (de nível elementar) e confundem conceitos (posição, localização, características, sentido, etc). Na elaboração de atividades, limitaramse à questões para exploração de nível elementar, que certamente terão contribuições pouco significativas para o desenvolvimento das noções espaciais no aluno, espacialidade dos fenômenos geográficos e sua representação. Categoria III: incluimos as repostas dos professores que ignoraram o conteúdo do mapa e elaboraram questões fora do contexto, demonstrando pouco conhecimento em relação à linguagem cartográfica, ou ainda falta de envolvimento com esta pesquisa. Categoria NR: os professores apenas olharam os exercícios, mas não emitiram opinião. A resposta dos professores à questão colocada, mostrou que para a maioria deles, a Geografia continua sendo uma disciplina de memorização de informações isoladas, como: dados sobre população, nome de rios, cidades, montante de produções, etc. Nesse contexto, a Cartografia teria como função localizar os fenômenos no espaço (ilustrar), ou seja, a leitura de nível elementar. As questões levantadas pelos professores colocou a Cartografia apenas como 59 ilustração, sem conteúdo e sem integração com outras linguagens, como: gráfica, plástica, corporal, musical e etc. Nessa questão também ficou evidente que os professores sem formação específica na área de Geografia (categoria C) têm maior dificuldade em elaborar questões para exploração de mapas, mesmo que de nível elementar. Questão 5 do exercício “c” (pág. 54) Buscou investigar o conhecimento dos professores quanto à linguagem cartográfica e as habilidades para ensinar Geografia. As respostas21 foram agrupadas em quatro categorias, conforme QUADRO 12. QUADRO 12- AGRUPAMENTO DAS RES POS TAS DO EXERCICIO “c”. Questões 5 CATEGORIAS PROFESSORES E CATEGORIAS DE ANÁLISE Q UANTO À FORMAÇÃO (quadro 6 - p. 45) 1 2 3 4 A I II II II B NR III NR NR C NR NR NR NR Organização: Neves (2001) I Traçou o perfil topográfico; II Tentou descrever as diferentes altitudes do relevo relacionando-as com conteúdos; III Tentou redesenhar o percurso do rio em sua extensão; NR Não respondeu. Categoria I: incluimos um professor, que embora não tendo considerado os valores de altitudes expressos no eixo vertical, o traçado do perfil foi realizado. Consideramos a resposta desse professor, como tendo conhecimentos e habilidades em relação a representação do relevo, pois ele considerou as cotas de altitude, sua distância, partindo de uma representação planimétrica. 21 Ver respostas dos professores no APÊNDICE N 60 Categoria II: essas respostas, representaram mais de 50% dos professores que responderam a questão (cinco professores). Os professores não traçaram o perfil, no entanto, fizeram a relação do perfil topográfico, ou da palavra topografia, com altitude/relevo. Portanto, não possuem conhecimentos e habilidades para representar a topografia ou as altitudes através de um perfil. Categoria III: o professor relacionou a topografia com a extensão entre os pontos A e B, e teve dificuldade em representar a topografia e/ou altitudes através de um perfil. Categoria NR: os professores analisaram o mapa e a questão, mas alegaram não ser possível traçar o perfil topográfico, por desconhecerem ou nunca terem realizado esse tipo de atividade. Em nossas observações empíricas e os contatos com professores durante os estágios22, percebemos que eles não estão habituados a realizar esse tipo de atividade com os alunos, confirmando nossa preocupação de que o mapa é subutilizado apenas como recurso visual. As dificuldades parecem ser de natureza conceitual e metodológicas com relação a linguagem cartográfica, impossibilitando-os de ler e interpretar determinados tipos de mapas, assim como, desenvolver atividades apropriadas para o desenvolvimento das noções espaciais e sua representação, que considere o conhecimento dos alunos. 2.6.4- Apresentação dos resultados do exercício “d” No exercício “d” (APÊNDICE G) apresentamos para o professor um texto de uma lauda com o tema “climas do Brasil”. O referido texto discorre sobre a classificação climática do Brasil, fornecendo características e localização dos cinco tipos climáticos: clima equatorial, clima tropical úmido, clima tropical típico ou semi-úmido, clima semi-árido e clima subtropical. Anexo ao texto, inserimos duas bases cartográficas: 22 Estágios de observação e participação para a disciplina Prática de Ensino em Geografia no departamento de Geografia – UNEMAT – período de 1996 a 1999. 61 Base 1: Brasil: destacando apenas os contornos do território; Base 2: Brasil: destacando os contornos do território e as unidades da federação (estados). A partir das informações (texto e bases cartográficas), solicitamos que o professor escolhesse apenas uma das bases e construísse um mapa temático contendo todos os elementos necessários em um mapa, para que pudesse ser lido e interpretado por um aluno de 5ª série do ensino fundamental. Nessa atividade tínhamos como objetivo investigar o conhecimento do professor e sua capacidade em utilizar a linguagem cartográfica para representação de informações expressas em texto escrito, ou seja, transportar para uma linguagem gráfica/simbólica as informações sobre tipos climáticos do Brasil. Tínhamos também como segundo objetivo, avaliar a importância que esses professores davam às informações externas do mapa, como: título, legenda, escala, orientação, etc. As respostas23 foram divididas em seis categorias, conforme QUADRO 13. QUADRO 13- AGRUPAMENTO DAS RES POS TAS DO EXERCÍCIO “d” CATEGORIAS PRO FESSO RES E CATEGO RIAS DE ANÁLISE Q UANTO À FORMAÇÃO (quadro 6 - p. 45) 1 2 3 4 A I II II III B NR V IV III C III NR III NR Organização: Neves (2001) 23 Ver respostas dos professores nos APÊNDECES O, P e Q. 62 I II Apenas descreveu todos os elementos externos do mapa (título, legenda, escala, orientação); Localizou o fenômeno no mapa; III Localizou o fenômeno no mapa e construiu a legenda; IV Localizou o fenômeno por estado, construiu a legenda e colocou título; V Mostrou dificuldade em relacionar texto escrito e mapa a ser representado; NR Não respondeu. Caracterização das categorias de análise Categoria I: esse professor não localizou o fenômeno no mapa, no entanto, inseriu todas as informações externas. Percebemos também algumas confusões conceituais e técnicas, como: 1- O professor denomina a legenda de gráfico; 2- Inseriu algumas informações que apenas confundem o leitor (linhas imaginárias e nomes de cidades). Categoria II: professores que apenas localizaram o fenômeno na base, mas não se preocuparam com as informações externas, necessárias para a leitura do mapa. Categoria III: professores que localizaram o fenômeno na base, construíram legenda, mas não se preocuparam com outras informações externas (título, escala). Categoria IV: esse professor tentou localizar o fenômeno por estado, construiu a legenda e título, ignorando as demais informações. Categoria V: esse professor teve dificuldade em relacionar o conteúdo do texto com a base, construindo um mapa de temperaturas médias de alguns estados e capitais. Categoria NR: os professores olharam o exercício, mas não responderam. Esse exercício deu indicações de que o professor tem dificuldades para codificar/simbolizar informações através do uso da linguagem cartográfica. Reforçou nossa preocupação de que o mapa é utilizado apenas como recurso visual em sala de aula, onde se explora muito pouco as possibilidades de 63 ensino-aprendizagem que a Cartografia oferece, se utilizada como linguagem pelos professores de Geografia. Os professores que responderam a questão, de modo geral (Categorias A, B, C), não apresentaram dificuldades para relacionar o texto escrito com a base, e plotar/localizar as informações, mas cabe salientarmos que não se preocuparam com as informações externas, que são necessárias para que o mapa possa ser lido e interpretado. Pudemos observar, através dessa investigação, que as dificuldades e/ou necessidades dos professores investigados, quanto ao ensino de Geografia e a linguagem cartográfica, confirmaram as nossas preocupações iniciais (pergunta tese, problemas, hipóteses). Os professores mostraram ter dificuldades/necessidades conceituais e metodológicas com relação a semiologia gráfica, conseqüentemente em utilizar a Cartografia como linguagem auxiliar no ensino-aprendizagem de Geografia (tratada metodologicamente). Discutiremos essas questões no capítulo 3 (pág.64). 64 3- O NECESSÁRIO 65 3.1- O tema da pesquisa e a literatura Ao delimitarmos o tema propondo um trabalho de investigação sobre o ensino de Geografia e a linguagem cartográfica, com professores de 5ª série do ensino fundamental e o livro didático, tínhamos a preocupação de localizar estudos que abordassem essa mesma temática, e que pudessem contribuir para o entendimento e busca de alternativas para superar os problemas observados nas aulas de Prática de Ensino em Geografia. Perseguir as hipóteses iniciais e dar resposta para a nossa pergunta tese, também, foi uma constante durante as pesquisas e revisões bibliográficas. Duas perguntas foram essenciais durante todo o trabalho, tanto na revisão bibliográfica, na investigação da realidade, na análise das necessidades, como na idealização das possibilidades para superação das dificuldades do professor e aluno. quais as teorias que subsidiam a Cartografia quando aplicada no ensino de Geografia? quais as pesquisas realizadas com esta temática (relação ensino de Geografia e a linguagem cartográfica e/ou cartografia para escolares)? A resposta a essas perguntas, encaminhou-nos para o estudo de alguns temas, a seguir apresentados. 24 Os estudos sobre a Linguagem Cartográfica , S emiologia 25 Gráfica e Cartografia Temática, contribuíram para: investigação e análise do conhecimento dos professores quanto à “linguagem dos mapas”; investigação e análise dos mapas temáticos do livro didático; Joly (1997, p. 13) diz que: um a vez que um a linguagem exprim e, através do emprego de um sistema de signos, um pensam ento e um desejo de com unicação com outrem , a C artografia pode legitimamente, ser considerada com o um a linguagem . 25 S egundo Joly (1997, p. 13) a sem iologia gráfica está concom itantem ente ligada às diversas teorias das form as e de sua representação, desenvolvidas pela psicologia contem porânea, e às teorias da informação. Aplicada a C artografia, ela perm ite avaliar as vantagens e os lim ites das variáveis visuais empregadas na sim bologia cartográfica e, portanto, form ular as regras de um a utilização racional da linguagem cartográfica. 24 66 Lemos e analisamos dissertações, teses, livros e artigos que abordam a Cartografia como linguagem de representação. Num primeiro momento, essas leituras contribuíram para aprendermos a “olhar” o nosso objeto e na definição dos instrumentos/procedimentos de investigação. Posteriormente, esses trabalhos ajudaram também, e principalmente, na análise dos dados identificando habilidade e conhecimento conceitual dos professores em relação a metodologia de ensino do mapa e/ou metodologia de ensino da linguagem cartográfica, nas aulas de Geografia. O estudo desses temas, nos ajudaram na investigação da realidade, na análise e interpretação dos dados, e levaram-nos a identificar três necessidades básicas do professor de sala de aula com relação ao ensino de Geografia e a linguagem cartográfica. Acreditamos que o professor, somente irá trabalhar a Cartografia como meio de melhorar a compreensão da Geografia, a partir do momento em que superar as seguintes necessidades: conhecer a gramática gráfica; conhecer a metodologia de ensino da linguagem cartográfica; 3.2- aprender a analisar e utilizar os mapas do livro didático de Geografia. Linguagem cartográfica, semiologia gráfica e cartografia temática O estudo de conceitos de linguagem cartográfica, semiologia gráfica e cartografia eemática, foi importante para o trabalho em si, e reiteramos nossa crença de que esses conhecimentos são necessários para que o professor de Geografia supere as dificuldades identificadas durante o estudo da realidade. Entendemos que a Geografia necessita da Cartografia em todos os níveis do ensino/pesquisa, mas deve ser concebida como linguagem: desde o levantamento inicial de dados até a apresentação final dos resultados da pesquisa. Como não pretendemos discutir separadamente linguagem cartográfica, semiologia gráfica e cartografia temática, mesmo porque existem bibliografias sobre o assunto, apoiamo-nos, primeiramente, em M artinelli (1991- 67 1998), que trata como representação gráfica (os gráficos e os mapa) a linguagem da comunicação de objetos/temas geográficos. De acordo com M artinelli (1998, p. 05): [...] Os gráficos não pertencem à cartografia. Estariam, certamente, mais ligados à matemática e à estatística, pois tem suas bases na proposta de Decartes (1596-1650) para a descrição da posição de pontos no plano. A partir daí foi possível a elaboração dos gráficos de relações e dos gráficos de funções na matemática, explorados, depois também na estatística. Os gráficos e mapas utilizados pelos geógrafos, professores de Geografia ou outros usuários, seja em pesquisas, elaboração de manuais didáticos ou em sala de aula, são linguagens de comunicação visual “monossêmica26” de forma a representar não apenas em caráter ilustrativo (a forma expressa através de uma simbologia), mas sobretudo, teórico/conceitual (adequação com o conteúdo) os diversos fenômenos geográficos em suas diferentes escalas. Apesar de nosso recorte de pesquisa estar direcionado à Cartografia, mais especificamente “o ensino da Geografia e a linguagem cartográfica”, achamos oportuno falarmos em representações gráficas “gráficos e mapas”, pois não raro, encontramos gráficos27 associados a mapas nos livros didáticos de Geografia, chamados por alguns autores de Cartodiagramas28. M esmo não alongando sobre a temática, salientamos que M artinelli (1998) dedicou um capítulo de livro29 ao tema “os gráficos”, no qual identifica os diferentes tipos de gráficos e a adequação forma/conteúdo na escolha dos mesmos. Passini (1996) em sua tese30 de doutorado investigou o significado dos gráficos dos livros didáticos, para os alunos e professores de Geografia da 5ª série do ensino fundamental. Esse 26 Segundo Martinelli (1998, p. 07-08) a representação gráfica monossêmica tem apenas uma conotação visual, não permitindo ambigüidade no momento da leitura. 27 Os gráficos são denominados de “ diagramas” por alguns autores. 28 Joly (1997, p. 76) define os cartodiagramas como: “ (...) um conjunto de diagramas posicionados sobre a base.” E segundo Silva (2000), em aula expositiva, salientou que os cartodiagramas, auxiliados pela computação gráfica permitem inserir pequenos gráficos dentro dos próprios mapas e, você tem os dados representados através de gráficos no espaço onde o fenômeno ocorre. 29 MARTINELLI, M. Gráficos e Mapas – Construa-os você mesmo. São Paulo: editora Moderna Ltda, 1998. p. 19-64. 30 PASSINI, E. Y. Os gráficos em livros didáticos de Geografia de 5ª série: seu significado para alunos e professores. 1996. 247 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. 68 último trabalho contribuiu para a definição de nossos instrumentos de investigação. As representações gráficas, gráficos e mapas, são utilizadas pela Geografia para representar os fenômenos geográficos. Tanto mapas como gráficos possuem linguagem própria e ambos são recursos para a comunicação de objetos geográficos. Sintetizamos no QUADRO 14 o exposto até o momento. QUADRO 14- ES QUEMA DE REPRES ENTAÇÕES GRÁFICAS RE PRE S E NT AÇÕ E S G RÁFICAS G RÁFICO S MAPAS T E MÁT ICO S Distribuição espacial não é A distribuição espacial é im portante im portante T IPO S DE MANIFE S T AÇÕ E S - lineares colunas barras circulares setoriais AS PE CT O S PARA CO NS T RUÇÃO Q u alitativos O rd en ad os Q u an titativos Quantidade nem sempre P ode ter com o entrada Quantidades é im portante dados quantitativos im portantes são S ó localizam Localizam e às vezes Localizam e informam inform am sobre sobre quantidade quantidade MANIFE S T AÇÕ E S: ponto área linha MANIFE S T AÇÕ E S: ponto área linha MANIFE S T AÇÕES: ponto área linha Organização: Neves (2000) Como o nosso objetivo foi o de analisar o ensino de Geografia e a linguagem cartográfica a partir de investigações em nível conceitual e metodológico, junto aos professores de 5ª série do ensino fundamental, faremos um recorte, no qual exploraremos dentro das representações gráficas apenas os mapas e/ou o ensino dos mapas. Através do uso da linguagem cartográfica é possível a elaboração de mapas tal como são encontrados nos atlas e livros didáticos (mapas 69 temáticos). Nessa ótica entendemos que, os mapas, para serem lidos, interpretados e analisados corretamente, tanto pelo professor de sala de aula como pelo aluno (usuários de mapas), é de fundamental importância que os mesmos compreendam algumas questões relacionadas ao tema: O que é mapa e como ele é elaborado (da Cartografia topográfica ao mapa base)? qual a lógica da legenda, simbologia empregada nos mapas (Semiologia Gráfica)? quais os métodos de representação que podem ser utilizados na Cartografia Temática (Gramática Gráfica - utilizada para representar fenômenos geográficos)? quais os elementos que identificam o mapa (possibilitam a leitura e interpretação dos mapas)? Para entender o que é mapa geográfico e como ele é elaborado, o professor necessita, primeiramente, conhecer as cartas topográficas31, pois elas possibilitam elaborarmos o mapa-base. De acordo com M artinelli (1998, p. 71), “o mapa-base servirá de suporte para a localização dos componentes do tema. Ele deve conter certas informações básicas para atender de maneira plausível essa solicitação”. M artinelli (Ibid, p. 71-2) expõe dois exemplos de elaboração de mapa-base para temas brasileiros – “recursos minerais e população”, onde diz: 31 Elaboradas por engenheiros cartógrafos, as cartas topográficas são de fundamental importância para o geógrafo, pois além de representarem o espaço comportam diversas informações concretas e com precisão, como: acidentes naturais e artificiais, topografia da área, coordenadas geográficas, escala, convenções e outras. Joly (1997, p. 54) classifica as cartas topográficas como “ mapas de base continentais e marítimos”, e diz: “ os mapas topográficos têm por objetivo a “ representação exata e detalhada da superfície terrestre no que se refere à posição, à forma, às dimensões e à identificação dos acidentes do terreno, assim como dos objetos concretos que aí se encontram permanentemente” (definição dada pelo Comitê Francês de Cartografia).” Portanto, sempre que formos elaborar um mapa temático necessitamos primeiramente de elaborar um mapa-base e, a carta topográfica nos fornece diversas informações, as quais podemos selecionar de acordo com nosso tema, construir o mapa-base e, posteriormente introduzirmos a variável ou variáveis inerentes ao tema. 70 [...] para o primeiro, necessitamos de um mapa-base com os rios e demais elementos que possam subsidiar a localização dos recursos. Para o segundo, se os dados da população são fornecidos por estado, necessitamos de um mapa-base com o traçado dos limites das unidades da federação. Outro recurso que podemos utilizar na elaboração de mapa-base, principalmente para representar fenômenos intra-urbanos, são as plantas das cidades32, elaboradas também por engenheiros. Elas possuem um nível de detalhamento bastante significativo, pois são feitas em escala grande. Tanto as cartas topográficas como as plantas cadastrais representam o espaço, mas nos mostram apenas a posição dos lugares (através de coordenadas geográficas e outros elementos concretos distribuídos sobre a superfície terrestre), conforme demonstra a FIGURA 1. Joly (1997, p. 14) salienta que: Duas dimensões privilegiadas do plano, perpendicular uma à outra, determinam as coordenadas geográficas, ou componentes de localização: X, a longitude, e Y a latitude. O produto das grandezas em X e em Y determina uma superfície. Dessa maneira, o plano cartográfico é uma figura do espaço que possui propriedades métricas consideráveis. É o que faz a superioridade do mapa sobre o simples quadro numérico: ele dá uma visão global, localizada e mensurável dos fenômenos, sugerindo ele mesmo novas medidas, novos dados e novos desenvolvimentos. (...) Um terceiro componente, Z, é chamado componente de qualificação. É uma modulação do fundo do mapa por uma mancha (cor ou sinal), que é uma característica do lugar: qualitativa, quantitativa ou ambas. 32 Joly (1997, p.36) argumenta que “ as plantas de cidades são estabelecidas em grande escala, de 1:5 000, 1:2 000 e às vezes mais (...)”. Continuando diz “ Por redução e adaptação, as plantas de cidades servem de fundo a planos derivados em escala menor, destinados a toda espécie de uso: repertórios de ruas, redes de transporte urbano, turismo etc.” 71 FIGURA 1– COMPONENTES DE UMA IMAGEM VIS UAL X Meridianos/longitude Paralelos/latitude Y X e Y = Duas dimensões do plano do papel - coordenadas geográficas – componentes de localização. = Componente “ Z” - mancha, posição dos lugares (elementos concretos). Fonte: Bertin (1973 ), Joly (1997) e Martinelli (1991/98). Elaborado por Neves, 2000. Como observamos na FIGURA 1: X, Y e Z são os três componentes da imagem representada. M artinelli (1991, p. 9) diz que: Criamos a imagem visual modulando as duas dimensões do plano (X,Y) – as duas dimensões da folha de papel que temos para desenhar – e variando visualmente manchas em terceira dimensão visual (Z) que atraem a atenção do leitor, cada uma delas inscrita em dada posição no referido plano. De acordo com Bertin (1973), M artinelli (1991/98) e Joly (1997) o componente (Z), além de determinar a posição dos lugares (fenômenos geográficos), através do ponto de encontro dos componentes (X,Y), pode assumir modulações visuais. Os referidos autores identificam seis modulações visuais sensíveis ou variáveis visuais ou variáveis retinianas, conforme demonstra a FIGURA 2. 72 FIGURA 2- MODULAÇÕES VIS UAIS S ENS ÍVEIS Fonte: Martinelli (1998, p. 9) As variáveis visuais, dispostas sobre as dimensões do plano do papel (X,Y), possuem propriedades perceptivas33 que não devem ser desprezadas por usuários de mapas, pois assumem características ou valores diante de nossos olhos, como: percepção dissociativa – percepção associativa – percepção seletiva – percepção ordenada – percepção quantitativa. Dentro da esfera sistemática da Cartografia: as duas dimensões do plano do papel (X,Y), as variações visuais (tamanho, valor, granulação, cor, orientação e forma) e as propriedades perceptivas (dissociativa, associativa, seletiva, ordenada e quantitativa), são a essência da gramática gráfica, que o professor de Geografia deve conhecer para melhor ler os mapas e avançar para os níveis de leitura intermediário e avançado ou global. A partir deles é que entramos 33 Ler Bertin (1973), Martinelli (1991/98) e Joly (1997). 73 no domínio da Cartografia Temática34 ou mapas temáticos35, amplamente utilizados pela Geografia. Os mapas temáticos, conforme demonstrado no QUADRO 14 (pág. 68), podem ser construídos levando-se em consideração três aspectos, o qualitativo, o ordenado/hierarquizado e o quantitativo. Para M artinelli (1998, p. 70-1), O aspecto qualitativo responde à questão “ o quê?”, caracterizando relações de diversidade entre os lugares. O aspecto ordenado responde a questão “ em que ordem?”, caracterizando relações de ordem entre lugares. O aspecto quantitativo responde à questão “ quanto?”, caracterizando relações de proporcionalidade entre lugares. Observando a FIGURA 3, podemos melhor entender esses aspectos: FIGURA 3- AS PECTOS PARA CONS TRUÇÃO DE MAPAS TEMÁTICOS Aspecto Qualitativo O que? Ouro Prata Alumínio Aspecto ordenado Em que ordem? Baixo Médio Aspecto quantitativo Quanto? Alto 100 200 300 Fonte: Martinelli, 1998, p. 71. Modificado por Neves, 2000. Observamos também no esquema de representações gráficas, (QUADRO 14. pág. 68)) que tanto no aspecto qualitativo, quanto no ordenado e no quantitativo, os mapas temáticos podem ter implantação, em pontos, linhas ou 34 Segundo Martinelli (2001, p. 7-8) “ Ao contrário do que os manuais colocam como a cartografia se dividindo em dois ramos distintos – a cartografia topográfica e a cartografia temática – esta última não apareceu de forma espontânea; é historicamente sucessiva à visão topográfica do mundo, essencialmente analógica”. 35 Na literatura é mais comum utilizarmos o termo mapa temático, sendo raro encontrarmos o termo carta temática. Em bibliografias estrangeiras, no entanto, mais especificamente as escolas européias, utilizam este último termo quando se referem a mapas temáticos. Portanto, utilizaremos o termo mapa temático, mas com um adendo utilizaremos o termo carta apenas quando nos referirmos à carta topográfica, que como vimos, no texto, antecede o mapa temático. 74 áreas, e estes de forma diferenciada, ordenada (hierarquizada) ou proporcional (FIGURA 4). FIGURA 4 – MANIFES TAÇÕES DE MAPAS TEMÁTICOS PONTOS LINHAS ÁREAS Diferenciados Diferenciados diferenciadas diferenciadas Ordenados Ordenados Ordenados Proporcionais Proporcionais Proporcionais Geométricos Pictoriais Fonte: Martinelli, 1998. Modificado por: Neves, 2000. 75 Como pode ser observado na FIGURA 4, o mapa é composto por um conjunto de sinais ou cores. Esses símbolos são determinados pelo redator ou elaborador do mapa, de acordo com o tema e a relação entre os componentes de diferença, ordem e quantidade, que no momento da confecção têm como alvo o leitor ou receptor da informação. Para Joly (1997, p. 18) os símbolos empregados nos mapas dividem-se em várias categorias (FIGURA 5). FIGURA 5- S ÍMBOLOS CARTOGRÁFICOS a - Sinais convencionais; b - Sinais simbólicos; c - Pictogramas; d - Ideogramas e - Símbolos regulares; f - Símbolos proporcionais; F onte: Joly (1997, p. 18) Para construção/elaboração de mapas temáticos podemos utilizar vários métodos de representação. M artinelli (1991-98) apresenta um agrupamento36 didático e de fácil compreensão, relacionando os métodos em quatro categorias fundamentais: método para representação qualitativa, método para representação ordenada, método para representação quantitativa e método para representação dinâmica; lembrando que em todos eles, os mapas podem ser elaborados em ponto, linha ou área, dependendo do fenômeno a ser representado. M artinelli (1991-98) também classifica os mapas temáticos em dois grupos: os mapas analíticos, que abordam uma ou mais variáveis através de superposição ou justaposição, e os mapas de síntese, que ao contrário mostram agrupamento de lugares, de atributos ou de variáveis. 36 Para melhor entender este agrupamento recorrer a MARTINELLI, M. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991. 180p; ou MARTINELLI M. Gráficos e Mapas – Construaos você mesmo. São Paulo: editora Moderna, 1998. p. 65-113. 76 M erece atenção ainda, por parte dos professores e alunos, a adequação “forma/conteúdo” na elaboração do mapa, pois o uso inadequado do método, na representação de determinado fenômeno pode dificultar, levar a ambigüidades ou até mesmo impossibilitar a comunicação com o leitor/usuário do mapa. Portanto, não basta o professor dominar conceitualmente a linguagem cartográfica, esta apenas determina algumas regras, é necessário além de conhecer os métodos de representação, saber o que cada método permite, quais os tipos de leituras que o mapa possibilita e como facilitar a leitura do mapa a partir de uma linguagem correta e adequada ao usuário, a quem o mapa se destina. Segundo Joly (1997, p. 20) o mapa: é um meio de transmitir uma visão sobre o mundo e de convencer o leitor. Para ser inteligível, ele implica uma certa lógica e, para ser claro, uma certa elegância na apresentação. Nessas condições, um mau uso da simbologia cartográfica pode levar a graves erros de interpretação. O êxito depende, em grande parte, da utilização razoável que é feita das variáveis visuais e da aptidão própria a cada uma delas de se carregar de simbolismo. A semiologia gráfica estabelece suas regras, ou pelo menos os seus princípios, tal como a gramática estabelece os da língua escrita ou o solfejo os da música. Retomando o nosso ponto de partida, a dificuldade dos professores com relação ao uso da linguagem cartográfica no ensino de Geografia, acreditamos que o professor deva ser não apenas um leitor de mapas, mas também um elaborador de mapas juntamente com os alunos em sala de aula. Concordamos com a professora Passini (2000, p. 43) e sua proposta de alfabetização cartográfica, que defende a metodologia de “mapear para ser leitor”, ao dizer que: A produção do mapa pelo aluno faz com que ele se torne leitor das representações, libertando-o da leitura do espaço imediato para avançar em leituras de outros espaços, por meio de seus mapas de N temas e N relações. Essa autonomia em ler o espaço entendê-lo e conseguir estudar as possibilidades de mudança é o que podemos propor no sentido de instrumentalizar o professor para a autonomia. É necessário que o professor de Geografia domine a linguagem cartográfica (alfabeto cartográfico), para ensinar Geografia com mais eficiência. Segundo Simielli (1986, p. 143): 77 O professor também precisa estar bem informado quanto ao alfabeto cartográfico, pois só assim saberá transmití-lo ao aluno. Isso diz respeito à formação dos professores e à sua capacidade para usar o mapa como meio de comunicação. Caso contrário, o mapa será usado apenas como recurso visual. Os professores investigados mostraram desconhecer que os documentos cartográficos, para serem lidos corretamente, necessitam de uma boa qualidade gráfica37. Nesse sentido, Silva (2000)38 e Santos & Le Sann (1985) também nos chamam atenção para alguns elementos39 que são de fundamental importância na identificação e leitura de um documento cartográfico, que assim classificamos: título e subtítulo, data dos dados, legenda, escala, fonte, orientação e encarte, ou seja, informações externas ao mapa. Através de investigação da realidade, pudemos constatar que os professores por desconhecerem a linguagem cartográfica, não estão habituados a realizar exercícios de mapeamento com os alunos, e quando os fazem, se limitam a atividades isoladas e sem objetivos, ou seja, ignoram as etapas que compõem a atividade de mapear (investigação, seleção, classificação, simplificação e simbolização) contribuindo pouco para o desenvolvimento de noções de espaço da criança e/ou para o ensino de Geografia. Preocupados com essa questão, que entendemos ser de cunho metodológico, discutiremos no item 3.3 (pág. 78), as necessidades dos professores em compreenderem quais os procedimentos a serem utilizados, tanto técnicos quanto psicológicos, em relação ao ensino de Geografia e a linguagem cartográfica. 37 Adequação forma/conteúdo, e também, o documento não deve conter borrões ou outros fragmentos que atrapalhem, desviem a atenção ou dificultem o trabalho do leitor. 38 Profª. Drª. Barbara-Christine Nentwig Silva – ministrou a disciplina intitulada “ Cartografia Temática” no Curso de Pós-graduação em Geografia da UEM – Universidade Estadual de Maringá – PR, em maio de 2000. 39 Para aprofundar mais no assunto “ os elementos de identificação de um documento cartográfico” ler Le Sann (1983, p. 3-17) e Santos & Le Sann (1985, p. 23-28). 78 3.3- Metodologia de ensino da linguagem cartográfica Além dos conhecimentos teóricos sobre a semiologia gráfica, cartografia temática e linguagem cartográfica, algumas pesquisas de professores, contribuíram nas diversas fases de nosso trabalho. M uitas dificuldades e hipóteses levantadas por nós, já foram objeto de estudos nessas pesquisas e, que de certa forma, subsidiaram e serviram como parâmetro para as nossas análises e proposições. Essas pesquisas versam, em sua grande maioria, sobre a construção de noções cartográficas – espaciais na criança e no adolescente, em outras palavras, sobre a metodologia de ensino da linguagem cartográfica, que acreditamos ser uma das principais necessidades do professor. Oliveira (1996, p. 188) salienta que “deve-se ter a preocupação de preparar o professor para crescer intelectualmente e desenvolver métodos para transpor o ensino pelo mapa, em ensino do mapa”. O professor da 5ª série do ensino fundamental, na sua grande maioria subutiliza os mapas, tratando-os apenas como recurso para ilustrar o texto escrito. Na verdade, a investigação da realidade da sala de aula mostrou que, em muitos casos, mesmo com a função de ilustrar, o mapa não atinge seu objetivo, que é informar o usuário sobre determinado assunto. Devido a problemas, que acreditamos ser de formação, os professores que não dominam a linguagem cartográfica, estão incapacitados de fazerem a leitura, mesmo que elementar, de determinados tipos de mapas. Isso nos leva a crer, que não basta o professor conhecer a gramática gráfica e dominar a linguagem cartográfica, segundo Oliveira (1996) ele deve possuir ainda, conhecimentos sobre o desenvolvimento mental da criança e do adolescente, pois só assim, saberá produzir uma metodologia para desenvolvimento das noções espaciais e sua representação pelo aluno. De acordo com Simielli (1986), a adequação dos mapas à clientela a que ele se destina é de fundamental importância, de modo a garantir que não haja lacuna entre o trabalho do cartógrafo “elaborador de mapas” e o do leitor do mapa “usuário” . Simielli (1986, p. 142) nos lembra que, 79 O processo de mapeamento utilizado pelo professor no estudo dos fenômenos espaciais deve ser cada vez mais complexo, evoluindo da 5ª para a 8ª série, pois o desenvolvimento mental da criança é cada vez maior, e conseqüentemente, o nível de abstração também. Oliveira (1996, p. 189) ao discutir o problema didático do mapa informa que “ao apresentar o mapa ao aluno, o professor geralmente não considera o desenvolvimento mental da criança, especialmente em termos de construção do espaço”. Passini (1998, p. 9) também reforça essa preocupação dizendo que “normalmente, oferecem-se às crianças mapas projetivos e euclidianos com toda a complexidade da simbologia cartográfica, sem que elas tenham passado por uma educação cartográfica”. O uso de mapas em sala de aula, através de métodos tradicionais de ensino de Geografia ainda influencia muito o professor, que privilegia somente três aspectos: a simples leitura, geralmente feita em nível elementar e fragmentada. Como observamos durante a pesquisa, o professor decodifica os signos e localiza os elementos, com o objetivo de ilustrar a aula, em sua grande maioria, expositiva; atividades de reprodução do mapa: copiar os contornos e localizar cidades, países e colorir; exercícios matemáticos, para cálculo de escala e fuso horário. Os alunos de 5ª série, muitas vezes, não desenvolveram as estruturas necessárias para o entendimento de conceitos relativos, como a questão dos fusos horários. As horas relativas são abs tratas e alunos de 5ª série raciocinam no nível de operações concretas com afirmações absolutas - eles podem realizar os cálculos, mas não assimilam a relatividade dessa questão. Os professores, por sua vez, para cumprir os conteúdos propostos para o ano letivo, tentam ensinar ao aluno, algo que eles jamais irão aprender, caso os professores não busquem outras metodologias e não as que mencionamos a pouco. Passini (1998, p. 26) nos lembra que a leitura de mapas não se resume a localizar um rio, uma cidade, tampouco dizer o que há em um 80 determinado lugar. A autora salienta também, que para o processo de leitura de mapas, a compreensão da linguagem cartográfica se faz necessária, pois a partir desse conhecimento é possível decodificar os significantes através da legenda, utilizar cálculos para reversão da escala, chegando-se às medidas reais do espaço e assim, conseguir a informação e visualização do espaço representado. Almeida (1994-2001), Almeida & Passini (1999) e Passini (1998), têm auxiliado os professores, por discutirem propostas metodológicas comparativas aos métodos tradicionais, tornando claro determinados procedimentos necessários para a pré-aprendizagem na leitura do espaço e sua representação. O intuito é superar a visão da Cartografia (técnica – matemática – reprodutiva) que pouco contribuía para o desenvolvimento intelectual do aluno, ou seja, levar o professor a desenvolver metodologias do ensino do mapa que estejam em consonância com a Geografia que se pretende para a escola e cidadão hoje, comprometida com as questões sócio-ambientais e com a formação da cidadania. Apesar de termos investigado apenas professores da 5ª série do ensino fundamental, série esta, que acreditamos ser um divisor na formação do aluno, retomaremos uma breve discussão sobre as quatro séries iniciais, pois o processo de ensino-aprendizagem é contínuo, e garantir a continuidade do desenvolvimento intelectual, social e emocional é tarefa de nós professores. Passini (1998, p. 13) coloca os primeiros anos de escolaridade, como o período mais importante para a alfabetização e/ou educação cartográfica (preparação para a leitura, interpretação e representação do espaço geográfico), o que poderíamos estender também ao ensino de Geografia. Nesse período o aluno passa a dividir seu tempo e seu espaço com outros, ultrapassando o ambiente familiar, e com certeza modificando a sua própria concepção de mundo. A linguagem, não apenas falada, mas escrita, fotográfica, gráfica etc, surge então, como ligação da criança com ela mesma e com o mundo exterior. A linguagem cartográfica é significativa para que a criança leia o espaço, entenda as relações, os sistemas e represente-o; num processo que respeite o desenvolvimento das percepções auxiliado pelas ferramentas cognitivas da criança. Almeida (2001) em seu livro “Do desenho ao mapa – 81 Iniciação cartográfica na escola”, discute a diferença entre o desenho do aluno/criança e o mapa de adulto40, elaborado a partir dos princípios teóricos da Semiologia Gráfica. A autora procura mostrar que o desenho feito pela criança (rabisco e/ou croqui do espaço local), se orientado pelo professor, pode auxiliar na aprendizagem da Cartografia/Geografia, ou seja, esse tipo de atividade é importante para que os alunos desenvolvam conceitos e habilidades cartográficas (leitura do espaço, sua representação e transformação). Na mesma linha de raciocínio, Passini (1998, p. 26) argumenta que: Na ação de mapear, o objeto a ser mapeado deve ser o espaço conhecido do aluno, o espaço cotidiano, onde os elementos (casa, escola, padaria, ruas, semáforos, topografia, rios, etc.) lhe são familiares. Estes são os elementos que serão codificados por meio de significantes elaborados pela criança para que, iniciando com símbolos icônicos41 , sinta a expressão do conteúdo a informar. O trabalho dessas autoras leva-nos a afirmar que no processo de iniciação cartográfica, a precisão dos contornos e localizações, os cálculos matemáticos, ou seja, a rigidez com os princípios teóricos, devem dar oportunidade à criatividade da criança para que codifique o espaço conhecido significativamente. O professor deve conhecer a linguagem cartográfica, desenvolver habilidades e ter autonomia para encaminhar o processo de ensinoaprendizagem de Geografia, com atividades que levem o aluno a entender posição e projeção (através de coordenação de pontos de vista), a localização e orientação (a partir do eu e do outro), e proporção (através da conservação da forma e percepção da diferença proporcional na representação quantitativa). O mapeamento da localidade, fazendo uso da legenda (relação forma-conteúdo) também deve ser incentivado, pois segundo Passini (1998, p.27): 40 Denominação feita por Oliveira (1978, apud Passini, 1998, p.12). São símbolos que apresentam semelhança com o objeto representado. Exs.: desenho de automóvel para representar indústria automobilística, desenho de árvore para representar região florestada, etc Passini (1998, p. 94) 41 82 Na codificação, ao agir como mapeador, o aluno vivencia as etapas de seleção, classificação, simplificação e simbolização estabelecendo relações de semelhança/diferença, seqüência (antes/depois), quantificação, ordem (mais/menos), importantes para que ele faça a leitura do mapa de forma eficaz. Ao realizar atividades de mapeamento, nas séries iniciais, o aluno vivencia e constrói conceitos elementares da Cartografia, como: projeção, escala, orientação e localização. Esses conceitos são apresentados, na maioria das vezes, apenas na 5ª série do ensino fundamental, para a criança, nos livros didáticos de forma teórica e fragmentada. Os professores, segundo seus relatos, têm muita resistência para aceitar o trabalho metodológico com mapeamento da localidade. Como mencionamos, alguns o fazem, porém, sem reflexões sobre os objetivos tanto do recorte como da atividade de mapear. Um dos professores que participou do pré-teste, nos apresentou um planisfério do livro didático42 que, segundo ele, os alunos têm dificuldade para extrair informações, mesmo que no nível elementar de leitura. Como acreditamos que os alunos da 5ª série não foram alfabetizados, durante as quatro séries iniciais, para decodificar a linguagem cartográfica, o mapa citado pelo professor torna-se complexo para essas crianças. A projeção utilizada para representar toda a Terra no plano do papel, a escala pequena e a quantidade de informações, torna o mapa complexo para essa série. Antes de se apresentar um mapa desse nível de complexidade à criança, o professor poderia desenvolver atividade de educação cartográfica. Almeida (1994-2001) e Almeida & Passini (1999) apresentam uma série de atividades cartográficas, como: o mapeamento da sala de aula, quarteirão, bairro, cidade e etc; atividade com fotos, construção de maquetes e outras, que preparam o aluno para a leitura de representações mais complexas, como a que o professor nos apresentou. 42 ADAS, 1997. 83 3.4- Análise e uso dos mapas do livro didático de Geografia A nossa percepção de que o livro didático ainda é o principal recurso/auxiliar para o professor em seu trabalho na sala de aula, foi confirmada pela pesquisa. Portanto, saber analisar, escolher criteriosamente e usar o livro é com certeza uma das necessidades dos professores. Em relação a escolha do livro didático, segundo (M olina 1988 apud Passini 1998, p. 46) “o professor pode ser responsabilizado em dois momentos: no momento da escolha e no momento da utilização, pela forma como o faz.” Quanto a escolha do livro didático, as investigações da realidade mostraram que nem sempre o professor tem o conhecimento e/ou compromisso de participar do processo de escolha, pois em seus relatos eles disseram que os livros são definidos pelas Secretarias de Educação (estadual e municipal) e enviados para as escolas. O professor, muitas vezes, desconhece o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e não participa do processo de seleção e indicação a que tem direito e dever de participar. M esmo conhecendo o Programa, o professor pode não estar devidamente preparado para realizar uma escolha criteriosa. Com relação a utilização do livro didático, verificamos que os professores se preocupam em cumprir a seqüência de conteúdos propostos, e poucos se arriscam a questionar a qualidade e/ou eficiência desse recurso ou buscar em bibliografias especializadas orientações para as suas necessidades. Quando o professor tem autonomia pedagógica, com conhecimentos teóricos e metodológicos para o compromisso de ensinar, certamente, conseguirá não apenas identificar os problemas existentes quanto à correção de informações, conceitos e representações gráficas, como saberá buscar alternativas para solucioná-los. O professor mal preparado utilizará o livro didático como guia único, escravizandose à seqüência proposta de atividade e informações. O livro didático analisado, adotado pela grande maioria dos professores investigados, nos forneceu indicativos que relacionados às 84 necessidades dos professores e à literatura consultada, apontaram a necessidade de investigações e discussões nos cursos de graduação e pós-graduação. Dois trabalhos que abordam o problema do livro didático, mereceram nossa atenção, pois trazem discussões que podem auxiliar o professor quanto a escolha e uso do livro didático: Em artigo intitulado “A Cartografia do Livro Didático de Geografia”, Santos & Le Sann (1985)43 fazem uma rigorosa análise da Cartografia do livro didático de Geografia do ensino fundamental, mais especificamente das 7ª e 8ª séries, em escolas de M inas Gerais. O propósito desta pesquisa foi estudar a Cartografia do livro didático a partir dos temas abordados e as suas representações, utilizando como referencial teórico a Semiologia Gráfica de Bertin (1967). As autoras fizeram algumas denúncias relevantes, que muito se assemelham aos problemas que observamos durante o pré-teste com o livro didático, conforme veremos a seguir: - A média da presença de mapas nos livros didáticos é de 78% e de gráficos apenas 14%. Durante o pré-teste observamos que quase inexistem gráficos no livro didático de 5ª série. Esses dados mostraram a importância dada pelos autores de livros didáticos não só a mapas temáticos, mas a linguagem cartográfica frente a outras linguagens de representação, como: escrita, pictóricas, corporais, dentre outras. Nesse sentido, os professores deveriam ser mais bem preparados, desde sua formação inicial, para trabalharem com a linguagem cartográfica e para saberem analisar o livro didático, caso contrário, os mapas do livro didático continuarão sendo subutilizados, apenas como ilustração. - Os livros didáticos são recomendados aos alunos como a sua principal fonte de consulta e utilizados por professores que não têm acesso a outras fontes bibliográficas, para prepararem a suas aulas. Essa situação descrita vem confirmar nossa preocupação inicial, desde o início da gestação deste projeto, que é a dependência excessiva do professor em relação ao livro didático, como único recurso didático para seu trabalho em sala de aula. O professor deveria ser 43 SANTOS. M. M. D; LE SANN, J. G. A cartografia do livro didático de Geografia. R EVIS T A GEOGR AF IA E ENS INO , Belo Horizonte, Editora UFMG, ano 2, n. 7, p. 3-38, jun/agos, 1985. 85 formado para a autonomia, assim, não se escravizaria ao livro didático, saberia buscar diferentes referências bibliográficas, tanto teórica como metodológica. - A má qualidade das ilustrações presentes no material didático é um reflexo da atitude do professor despreparado para ler, analisar e/ou construir documentos cartográficos. Concordamos com as autoras, por entendermos que os problemas presentes no livro didático só serão solucionados quando o professor estiver preparado para dar o tratamento metodológico que a Cartografia requer (seu uso como linguagem). Só assim, terá condições de analisar e apresentar sugestões para os autores, pois os professores e alunos são os principais beneficiados com a melhoria da qualidade do livro didático; e cabe acrescentar que ninguém melhor que o professor conhece a realidade das escolas. O segundo trabalho que analisamos foi o livro intitulado “Alfabetização Cartográfica e o Livro Didático: Uma Análise Crítica” de Passini (1994), que discutiu uma série de questões que emergiram após trabalho de investigação e análise de sete coleções de livros didáticos de Estudos Sociais, da 1ª a 4ª série. Retomamos dois assuntos abordados pela autora, que nos ajudaram a entender os problemas verificados no campo. - O analfabetismo ou despreparo dos alunos do ensino fundamental e médio em relação a leitura de mapas. Essa preocupação não é apenas da autora, pois está presente no próprio discurso dos professores, principalmente os professores que trabalham com a 5ª série do ensino fundamental. Temos observado que o professor de Geografia responsabiliza os professores das séries iniciais, pela dificuldade dos alunos de 5ª série em lerem e interpretarem mapas. A pesquisa, no entanto, nos mostrou que os professores de Geografia também têm dificuldades com a linguagem cartográfica, que muito se assemelham às dificuldades dos alunos. Isso nos foi revelado através dos exercícios práticos com mapas (APÊNDICE G) realizados pelos professores: eles não viram o mapa e seus elementos de forma integrada, colocando a posição padrão como condição indispensável para a leitura do mapa (Norte em cima, Sul embaixo); 86 eles fizeram apenas leitura fragmentada do mapa (dificuldade em extrair o conteúdo do mapa); eles não foram capazes de perceber os símbolos utilizados no mapa, que representam a topografia de determinada área (não conseguem traçar um perfil topográfico); eles não conhecem quais os elementos externos ao mapa, necessários para a sua leitura e interpretação (legenda, título, escala). - A autora investigou também, a preocupação da escola, através do livro didático, com uma seqüência no ensino, que respeite os estágios de desenvolvimento cognitivo da criança. Observamos em nossa pesquisa que poucos são os professores que têm essa preocupação. O livro didático que poderia orientar, também apresentou problemas. As representações, na sua grande maioria, são complexas, elaboradas em escala pequena e representando lugares desconhecidos da criança. Esses problemas, discutidos pelas autoras (Santos & Le Sann e Passini) e observados no campo, no decorrer das nossas investigações, nos levam a afirmar que a mudança no ensino de Geografia, não ocorre somente com a elaboração de parâmetros curriculares, melhoria dos livros didáticos e dos currículos do ensino fundamental, mas também, pela formação e instrumentalização do professor; questões essas, que desenvolveremos nos itens seguintes desse trabalho. 87 4- O POSSÍVEL 88 4.1- Possibilidades frente às necessidades dos professores A nossa preocupação, nesse trabalho, não foi apontar responsáveis em relação aos problemas do ensino de Geografia e a linguagem cartográfica nas escolas públicas de Cáceres/M T. Propusemos essa pesquisa no intuito de melhorar/discutir o ensino de Geografia: seus sujeitos e objetos44. Foram as investigações com os professores que nos forneceram os subsídios necessários tanto para o confronto com as bibliografias especializadas, como para a tentativa de apresentação de proposições/alternativas para superação das dificuldades dos professores. Alguns termos “emergentes” e, que integram os PCNs de Geografia do ensino fundamental, ainda soam estranhos para muitos professores e alunos, como: alfabetização cartográfica, a Cartografia como instrumento na aproximação dos lugares e do mundo, entre outros. A pesquisa feita com os professores da 5ª série do ensino fundamental, nos revelou que grande parte deles, além de desconhecerem conceitos elementares da Cartografia (necessários para leitura e representação do espaço), ainda continuam presos aos métodos tradicionais de ensino de Geografia, que consideram o mapa apenas como instrumento de ilustração para localização dos elementos no espaço, o que sabemos, pouco contribui para a formação do aluno como cidadão, leitor crítico do espaço. Nesse sentido, o uso da Cartografia como linguagem contribuiria de maneira mais significativa, pois instrumentalizaria o aluno para fazer uma leitura crítica do espaço. Atualmente, e principalmente, no ambiente das pós-graduações, a Cartografia vem sendo discutida metodologicamente e trabalhada como linguagem de representação dos fenômenos geográficos. Os alunos da educação básica devem passar pelo processo de alfabetização ou iniciação cartográfica45, que deve ser proposto desde a educação infantil às primeiras séries do ensino 44 Professores, alunos, currículos dos diferentes níveis de ensino, recursos disponíveis e sistema de ensino. 45 Para aprofundar mais sobre o assunto: Alfabetização ou Iniciação Cartográfica, ler Passini (1998) e Almeida (2001). 89 fundamental. Uma crítica de Oliveira (1996, p. 187-188), resume bem a nossa preocupação: Enquanto a alfabetização sempre foi um problema que chamou a atenção dos educadores, ela foi sempre entendida como o processo de ensino/aprendizagem da leitura e escrita e da linguagem escrita e falada de uma determinada língua. Não está incluído na alfabetização o problema da leitura e escrita da linguagem gráfica, particularmente do mapa: os professores não são preparados para “ alfabetizar” as crianças no que se refere ao mapeamento. O que queremos dizer é que não há uma metodologia do mapa: este não tem sido aproveitado como um modo de expressão e comunicação, como poderia e mesmo deveria ser. Pouco sabemos sobre quando poderia ser introduzida a criança no mundo da representação espacial, especialmente do mapa. Bem verdade que nos últimos anos, muito tem sido feito para buscar o desenvolvimento de uma metodologia do mapa. Pesquisas aplicadas com alunos da educação infantil e do ensino fundamental, pautadas principalmente na teoria de Piaget & Inhelder (1993), têm possibilitado ampla discussão sobre o assunto. Como citado anteriormente, Simielli (1986 e 1999), Le Sann (1993) Passini (1998), Almeida e Passini (1999) e Almeida (2001) com certeza são referências importantes no que se refere à leitura e à aquisição da linguagem cartográfica ou linguagem do mapa pela criança. É importante mencionarmos também, que a concepção de Cartografia como linguagem de representação dos fenômenos geográficos e seu tratamento metodológico, é um processo que vem se construindo ao longo dos anos, resultado de importantes pesquisas de professores que investigam o ensino Geografia. Neves e Passini (2002) assim descrevem o assunto: Essa proposta metodológica surgiu em 1978 quando a Profª Dra. Lívia de Oliveira (UNESP/Rio Claro) defendeu sua tese de livre docência intitulada “ Estudo metodológico e cognitivo do mapa”. Ela iniciou uma discussão sobre a necessidade de se considerar a simbologia do mapa como uma linguagem específica com estruturas e códigos próprios. O aluno não nasce lendo, contanto, falando, assim como não nasce sabendo a linguagem dos mapas. Ela não só nos alertou como propôs uma reflexão sobre a necessidade de se estudar a aquisição da linguagem cartográfica com o mesmo cuidado metodológico que se tem em relação à aquisição da linguagem verbal. 90 Uma questão que tem contribuído para confirmar a necessidade da alfabetização cartográfica e/ou ensino da linguagem cartográfica à população, é a automação da Cartografia, utilizada por diferentes setores e segmentos, principalmente para a elaboração de mapas (turismo, comunicação, pesquisa, ensino escolar e etc). M as é importante lembrarmos que a automação não dispensa a elaboração mental da seleção, classificação, ordenação, pois os programas facilitam e agilizam o trabalho de mapeamento, no entanto, as decisões ainda são do mapeador. Ele precisa conhecer a lógica da gramática gráfica, para elaborar os mapas com legibilidade e para conseguir uma imagem que cumpra a função de comunicação dos fenômenos geográficos. Os mapas não se encontram presentes exclusivamente nos livros didáticos, mas nos meios de comunicação de massa, como: jornais, revistas e programas de televisão. M uitos mapas e gráficos presentes nos meios de comunicação contêm erros tanto na lógica da organização dos dados como na simbolização. Para que o leitor consiga perceber a intencionalidade de tais equívocos, precisa estar familiarizado com a linguagem cartográfica. Esses meios de comunicação tem forte influência na formação dos alunos, seja educando ou apenas informando, cabendo ao professor reelaborar tais informações, adequando-as aos usuários, assim como desafiando-os a realizar leituras críticas e comparativas com outras fontes. Desta forma, o professor estará fazendo uso da Cartografia de forma mais comprometida com as questões sócioambientais e/ou com a própria Geografia. A investigação com os professores nos mostrou que apesar de todas as discussões que vem sendo feitas, através de bibliografias especializadas e dos próprios PCNs de Geografia, a Cartografia mantém-se apenas como conteúdo da disciplina Geografia, na escola, portanto, entendida como técnica e matemática que não leva o aluno a entender a espacialidade dos fenômenos geográficos. Diante dessa constatação, sugerimos a seguir alguns caminhos que acreditamos poderão auxiliar os professores em suas necessidades, tanto do ponto de vista do conteúdo/conceitos, quanto do ponto de vista metodológico/procedimentos. 91 4.2- Cursos de capacitação para professores de Geografia do ensino fundamental e médio Através da aplicação e análise dos questionários no pré-teste e da coleta final de dados, feita através dos exercícios práticos com mapas, foi possível constatarmos que os professores de Geografia que ministram aula na 5ª série do ensino fundamental, em Cáceres, possuem dificuldades quanto ao ensino de Geografia e, principalmente, em relação à utilização da Cartografia como linguagem. Os conceitos elementares da Cartografia como: escala, orientação, localização e projeção, são trabalhados de forma isolada, pouco auxiliando o aluno na aprendizagem da Geografia. Esses conceitos são prérequisitos básicos para a utilização adequada da linguagem cartográfica no ensino da Geografia, mas muitas vezes o professor não os domina. A ausência de domínio e habilidades metodológicas para trabalhar com a linguagem cartográfica (gramática gráfica), e em muitos casos o desconhecimento da Cartografia como linguagem, contribui para a utilização limitada da Cartografia nas salas de aula. Esses problemas, como havíamos relatado anteriormente, entendemos ser decorrentes da formação inicial dos professores. Sugerimos um programa de formação continuada para os professores egressos que se encontram em sala, para a intrumentalização e avaliação constante das suas práticas. Esse programa pode ser viabilizado através de: cursos de capacitação, que envolvam os professores de sala de aula em projetos institucionais. As discussões e busca de alternativas para a melhoria do ensino- aprendizagem de Geografia, não podem se resumir a eventos e/ou cursos pontuais (seminários, palestras e especializações), mas planejadas numa parceria entre universidade e escolas públicas, num processo contínuo. A participação efetiva dos professores em projetos institucionais, para relatar e refletir suas experiências 92 e angústias, aplicar e avaliar novas metodologias confrontando teoria e prática, é o que vislumbramos como possibilidade de estimular e desenvolver a autonomia do professor. As análises e sugestões para a melhoria dos livros didáticos, assim como a produção de materiais didáticos alternativos por grupos de pesquisadores das universidades, são medidas complementares, que não devem ser desprezadas, mas que devem ser acompanhadas, testadas e avaliadas pelos professores e alunos em sala de aula. Os pesquisadores devem estar atentos para as novas tecnologias disponíveis que estão sendo utilizadas nas aulas atualmente: atlas digitais, enciclopédias interativas que produzem imagens e sons, entre outras. Esses recursos interativos/digitais estão sendo produzidos e vendidos aleatoriamente, sem a devida avaliação e certificação por especialistas tanto do conteúdo como em alfabetização e psicologia da aprendizagem. A universidade deve garantir a discussão e preparação dos professores, para a seleção e utilização adequada das novas tecnologias, pois o uso indiscriminado dos produtos que são oferecidos compromete a qualidade de ensino e evidencia cada vez mais, a inabilidade dos professores em saber analisar e selecionar criticamente esses recursos; reproduzindo desta forma os problemas antes vivenciados em relação a seleção e utilização do livro didático. M uda a tecnologia e os problemas permanecem. 4.3- Discussão de currículos e cursos de capacitação para professores das quatro séries iniciais Durante as nossas investigações, dois relatos de professores mostraram a necessidade de se introduzir a linguagem cartográfica desde os primeiros anos de escolaridade para que os alunos possam utilizar de forma paralela a linguagem verbal e cartográfica para expressar o conteúdo geográfico em construção: 93 “O aluno quando sai da 4ª série, pouco conhece dos mapas, a partir de seu endereço como se localizar como descrever seu endereço, Rua, Bairro, Cidade, Estado, País, Continente a que pertence.” “As dificuldades na interpretação dos mapas se baseia na falta de um pré requisito aos alunos da 5ª série. Acredito que a familiarização com mapas deve ser procedida nas séries iniciais – 1ª , 2ª , 3ª e 4ª série.” Diante das dificuldades confirmadas e entendendo a Cartografia como linguagem de representação, propomos: primeiramente, maior aproximação entre os cursos de Licenciatura Plena em Pedagogia (responsável pela formação de professores para as quatro séries iniciais) e o curso de Licenciatura Plena em Geografia (formador de professores para o ensino fundamental e médio). Essa aproximação possibilitará a discussão dos currículos dos referidos cursos, garantindo maior articulação entre teoria e prática da sala de aula. Entendemos que nas quatro séries iniciais, entre outras habilidades, o aluno deve desenvolver a capacidade de ler e se comunicar, através das diferentes linguagens: escrita, matemática, gráfica, entre outros. A linguagem cartográfica, utilizada na elaboração dos mapas geográficos (projetivos e euclidianos), precisa estar adequada aos objetivos. Para utilização no ensino fundamental, principalmente os mapas para as séries iniciais até 5ª série, tanto símbolos como temas não devem ser abstratos. Para serem utilizados por alunos dessas séries, os mapas devem ser elaborados considerando-se o processo de construção do pensamento simbólico, assim como de conceitos geográficos por eles. Aos professores em exercício nas 4 séries do ensino fundamental, egressos do magistério de ensino médio ou do curso de Pedagogia, deve ser assegurada a formação continuada, garantindo através de programas de capacitação a introdução de discussões teórico -metodológicas sobre a leitura e representação do espaço pela criança, com uso da linguagem cartográfica. Parece-nos adequado que os professores iniciem o processo de alfabetização cartográfica dos alunos desde as primeiras séries do ensino 94 fundamental, conforme propôs Passini (1998). Segundo essa mesma autora, a alfabetização cartográfica deve ser vista como uma proposta metodológica que, leve o aluno a fazer uma leitura crítica do espaço através de trabalhos de observação do espaço real e leitura das representações. 4.4- Produção de materiais auxiliares no ensino de Geografia com uso da linguagem cartográfica Algumas experiências de professores pesquisadores de diferentes universidades brasileiras, em relação à leitura e representação do espaço pela criança, têm apresentado resultados melhores do que os alcançados através do uso de métodos tradicionais de ensino da Geografia. Tendo como referência essas pesquisas, apresentaremos duas proposições alternativas para o problema didático do mapa no ensino de Geografia, em Cáceres. Elaboração e uso de atividades cartográficas nas aulas de Estudos S ociais e/ou Geografia, como possibilidade de melhorar o ensino de Geografia. Essa proposta de Almeida & Passini (1999) e Almeida (1996-2001), objetiva aproximar os alunos à linguagem dos mapas desde as primeiras séries do ensino fundamental. Com atividades cartográficas, é possível a criança aprender a ler, interpretar e representar o espaço geográfico; iniciando com atividades que permitam a leitura e representação do espaço de vivência da criança, e avançando para a leitura e representação de espaços cada vez mais complexos, respeitando e desafiando a capacidade de abstração da criança. Almeida (1996) propõe a Educação Cartográfica e elaborou uma coletânea com 4 volumes para “iniciação cartográfica na escola”, na qual apresenta uma série de atividades que podem ser realizadas com crianças para desenvolver noções de espaço e de sua representação. Ao mapear os elementos da paisagem, observáveis no entorno da escola os alunos vivenciam as etapas do mapeamento, passando do conhecimento espontâneo para o conhecimento sistematizado. 95 Almeida (2001) chama a atenção dos leitores para a reflexão sobre as atividades cartográficas propostas, que segundo ela, não têm significados em si mesmas, pois o significado lhes é dado pela fundamentação teórica na representação do espaço. Ela salienta também, que se um professor repetir as mesmas atividades sem se fundamentar e refletir teórica e metodologicamente, poderá não auxiliar os alunos a desenvolverem habilidades de mapear e construir conhecimento para sua leitura do espaço. As questões colocadas pela autora reforçam nossa preocupação em instrumentalizar os professores de sala de aula, não apenas para utilizarem as atividades cartográficas “elaboradas e propostas”, mas principalmente para desenvolverem habilidades e elaborarem suas próprias atividades de ensino, e assim conquistarem sua autonomia pedagógica. Uma segunda proposição é a elaboração do “Atlas Municipal de Cáceres”, como alternativa para suprir tanto a dificuldade dos professores, como a carência de materiais que abordem os estudos geográficos da localidade. A produção de atlas escolares municipais no Brasil data da década de 90, com os trabalhos de Le Sann, que elaborou atlas escolares para diversos municípios do estado de M inas Gerais. Nos anos de 97 e 98, Almeida também elaborou atlas municipais para três municípios do interior de São Paulo: Rio Claro, Limeira e Ipeúna. Outros trabalhos, como o atlas escolar da cidade do Rio de Janeiro, elaborado por Tarjino (2000) e o Atlas M unicipal de M aringá-PR para Educação Ambiental, em fase de elaboração, coordenado por Passini, tem contribuído para ampliar a discussão sobre propostas de elaboração/produção de atlas municipais em diversas regiões do país. Os atlas escolares municipais estão em evidência por serem recursos alternativos para estudos da localidade, contribuindo para aprendizagem significativa dos conceitos da Geografia, pois os atlas convencionais abordam apenas temáticas regionais, nacionais e globais, muitas vezes distantes do espaço conhecido da criança. Nesse sentido, segundo (Almeida, 2001), “o estudo de localidade esbarra, no Brasil, com a quase completa ausência de mapas em escala grande, adequados aos fins escolares”. 96 Le S ann (2001) nos lembra ainda que: O princípio básico que norteia todas as concepções dos atlas escolares municipais é o fato de serem centrados no aprendizado do aluno. O espaço municipal é o objeto de estudo, porém, não é objetivo do atlas. O objetivo principal é a construção de conceitos, saber-fazer (habilidades) e competências em Geografia, por parte do aluno. A autora salienta também, que a proposta metodológica dos atlas escolares municipais possibilita uma redescoberta do verdadeiro papel do ensino de Geografia nas escolas, que é de motivar e desafiar, tanto os alunos, quanto a população em geral, para conhecerem o espaço geográfico de seu município. 4.5- O mapa e o livro didático No pré-teste, propusemos a análise dos mapas do livro didático utilizado pelo professor de 5ª série do ensino fundamental, por entendermos que ele tem sido o principal auxiliar do professor, para ensinar Geografia nas escolas investigadas. Essa questão reforça a nossa preocupação de que o professor deve possuir conhecimentos e habilidades para ensinar e o livro didático deve auxiliar no processo, tanto alunos como professores. Sabemos também, que atualmente existem no mercado vários outros recursos didáticos, como: vídeos, revistas, internet entre outros, que podem e deveriam ser utilizados em sala de aula. No entanto, muitas vezes, o professor os desconhece ou não tem acesso a eles, restando-lhe apenas o livro didático. Uma de nossas hipóteses iniciais, foi a possibilidade da Cartografia/mapas presente nos livros didáticos, dificultar o processo de ensinoaprendizagem da Geografia. Essa hipótese foi confirmada em nossas investigações, pois alguns professores que responderam aos questionários denunciaram a existência de mapas incompletos e também, aqueles que os alunos não conseguem ler. 97 Os cursos de pós-graduação no Brasil têm possibilitado a realização de importantes pesquisas voltadas ao ensino de Geografia, em especial, ao uso da Cartografia no ensino de Geografia ou Cartografia para escolares. Esses estudos têm refletido na educação básica e, conseqüentemente, na melhoria da linguagem gráfica presente nos livros didáticos. Esse trabalho por parte dos pesquisadores deve ser constante, pois como verificamos na nossa análise dos mapas do livro didático adotado na maioria das classes de 5ª série do ensino fundamental de Cáceres/M T, existem alguns problemas: A ausência de escala em alguns mapas, fundamental para que o aluno perceba corretamente as relações de proporcionalidade cartográfica; Legenda incompleta ou ausente, o que dificulta ou impossibilita a leitura correta do mapa; Símbolos complexos para o usuário a quem se destina, tornando o mapa inútil ou apenas ilustrativo; Exploração da Cartografia apenas como conteúdo introdutório da disciplina Geografia, na 5ª série do ensino fundamental. Os dois primeiros problemas, elencados anteriormente, poderiam ser solucionados com a correção do livro didático analisado, pois são problemas técnicos. M as convém dizer que de nada valeria se não fossem resolvidos os outros dois problemas, para tanto, toda a concepção de Cartografia presente no livro didático deveria ser mudada. Não resolveríamos o problema didático do mapa, acrescentando: a escala e a legenda nos mapas incompletos. 98 A utilização de símbolos corretos e adequados ao período de desenvolvimento cognitivo da criança e a orientação sobre a linguagem dos mapas nos livros didáticos, são medidas que acreditamos contribuiria para o uso mais significativo da Cartografia no ensino-aprendizagem da Geografia A alfabetização ou iniciação cartográfica (proposta metodológica para o ensino do mapa ou leitura do espaço) e a visão de Cartografia como instrumento na aproximação dos lugares e do mundo, conforme propõem os PCNs, não ocorrerá se os livros didáticos não contemplarem a metodologia da Cartografia (metodologia de ensino do mapa). Para tanto, sugerimos a reestruturação dos livros, de modo que os conceitos de projeção, escala, orientação, localização e principalmente linguagem cartográfica e/ou linguagem dos mapas, não fiquem restritos a uma única unidade do livro didático como conteúdo. Os temas devem ser trabalhados por meio de diferentes linguagens, incluindo as representações gráficas. Todas as linguagens necessitam de um processo de construção para leitura e significação, que considere o conteúdo, a forma e o leitor. O aluno precisa ser auxiliado para que consiga distinguir forma e conteúdo para extrair as informações e trabalhá-las. Nesse sentido, os livros didáticos teriam que respeitar os mesmos princípios propostos por Simielli (1986), para o processo de mapeamento utilizado pelo professor, iniciando com um trabalho de orientação para a confecção e leitura de mapas menos complexos e evoluindo para representações mais complexas e adequadas aos usuários. Nas investigações, observamos que poucos professores, em sala de aula, fazem a relação entre mapa e usuário, e também, não dão o tratamento metodológico que a Cartografia requer. Seria desejável que os autores e editores de livros didáticos garantissem a participação do redator gráfico, especialista em alfabetização, no processo de elaboração dos livros didáticos (Passini,1998), 99 garantindo a qualidade das representações gráficas e a possibilidade de leitura eficiente dos usuários: professores e alunos. 100 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS 101 Tomar a prática do professor de sala de aula como objeto de investigação é complexo, exigindo do pesquisador habilidades para ter acesso a dados relevantes para sua pesquisa. Ao mesmo tempo o pesquisador deve respeitar os sujeitos envolvidos (professores, autores de livros didáticos, entre outros) preocupando-se com a ética. Nesse sentido, utilizamos diferentes instrumentos de investigação para perseguirmos o nosso objeto de pesquisa: o ensino de Geografia e a linguagem cartográfica. Os questionários, tanto abertos como fechados, trouxeram resultados não muito esclarecedores para os nossos objetivos, seja pela dificuldade do professor em descrever suas práticas cotidianas em sala de aula, seja pelo descompromisso com esta pesquisa. Sentimos também, problemas em relação ao desconhecimento da necessidade e da importância da pesquisa, cujo objetivo é melhorar a qualidade do ensino, não apenas de Geografia, mas de todas as disciplinas. Os exercícios práticos com mapas foram mais eficazes na investigação da realidade, pois: Confirmou parte de nossas hipóteses iniciais46, a maioria delas relacionadas às dificuldades conceituais e metodológicas dos professores para ensinar Geografia e utilizar a Cartografia como linguagem. Dificuldades que acreditamos sejam decorrentes da formação básica dos professores, habilitados ou não em Geografia; 46 A ausência ou pouca habilidade metodológica do professor para ensinar Geografia em sala de aula, utilizando como meio a linguagem cartográfica, dificulta o ensino. A ausência de domínio da linguagem cartográfica ou mesmo o desconhecimento da Cartografia como linguagem de representação, por parte do professor, também dificulta o ensino da Geografia. Os professores licenciados em outras áreas do conhecimento, que ensinam a Geografia em sala de aula, torna o ensino desta pouco significativo. O ensino de Geografia nos anos que antecedem a 5ª série, dificulta o processo de ensino-aprendizagem. O livro didático dificulta o processo de ensinoaprendizagem. 102 Respondeu também, a pergunta tese47 dessa pesquisa, pois verificamos que os professores não aproveitam todas as possibilidades que a Cartografia (linguagem cartográfica) oferece para o ensino de Geografia. Os conceitos elementares da Cartografia, como: orientação e localização, indispensáveis para a introdução da criança na linguagem dos mapas, são vistos e trabalhados, em sala de aula, de forma isolada, pela grande maioria dos professores, sem que se leve em consideração a integração entre o espaço vivido, percebido, concebido e representado. A forma como esses conceitos são inseridos no livro didático, como conteúdo introdutório da disciplina Geografia na 5ª serie do ensino fundamental, também contribui para que o professor faça uso pouco significativo da Cartografia, tratando-a como conteúdo. Nas aulas, os mapas, tanto em murais como no livro didático, são explorados pelos professores para ilustrar as aulas expositivas, numa visão bastante reducionista, com função apenas de localizar e de identificar os objetos e/ou fenômenos no espaço. Concordamos com o posicionamento de Oliveira (1996, p. 195) que diz: “é somente o professor de Geografia que tem formação básica para propiciar as condições didáticas para o aluno manipular o mapa.” Essa afirmação nos auxilia a confirmar as nossas hipóteses iniciais. No entanto, essa questão merece ser melhor investigada e discutida, pois ao término dessa pesquisa, outros problemas foram evidenciados, que poderão ser investigados em trabalhos posteriores: - O resultado da investigação mostrou que os professores com formação especifica em Geografia, em comparação aos professores com plenificação/complementação ou licenciados em outras áreas, tem mais facilidade em ler os mapas. No entanto, ficou evidenciado o desconhecimento dos professores em relação à semiologia gráfica proposta por Bertin (1973), resultando numa leitura de nível elementar, 47 Que relações os professores de Geografia estabelecem entre a Cartografia e o objetivo principal da disciplina Geografia, que é possibilitar ao aluno ler, interpretar e analisar criticamente o espaço geográfico? 103 não ultrapassando a decodificação. Não encontramos professores que conseguissem buscar a relação de igualdade/diferença, ordem/classificação ou associações dos componentes das informações do mapa. - Tanto os professores com habilitação específica, plenificação/complementação, como os professores sem habilitação em Geografia, mostraram ter dificuldades em trabalhar a Cartografia com os alunos de 5ª série. Primeiramente, por desconhecerem os princípios da gramática gráfica, como fora enfatizado anteriormente, e em segundo lugar, particularmente os professores com formação específica, por desconhecerem dois princípios fundamentais e que devem ser levados em consideração ao trabalharmos a Cartografia e/ou a linguagem cartográfica no ensino de Geografia: o uso da Cartografia como linguagem de representação, pois só assim, ela facilita e contribui para a compreensão da Geografia; o uso de uma metodologia de ensino da Geografia/Cartografia que respeite o desenvolvimento cognitivo da criança. - O livro didático ainda é utilizado como a principal fonte/recurso para o professor ensinar Geografia. No livro didático analisado não observamos nenhuma preocupação do autor, com uma metodologia de ensino da linguagem cartográfica, que oriente os professores e alunos, quanto aos princípios da gramática gráfica e a preocupação com a etapa de desenvolvimento cognitivo da criança da 5ª série do ensino fundamental. - A descontinuidade entre o ensino realizado nas quatro primeiras séries do ensino fundamental e as séries seguintes, foi uma crítica recorrente da maioria dos professores de Geografia, que requer de nós pesquisadores estudos mais aprofundados. 104 O envolvimento de professores das séries iniciais e do ensino fundamental em projetos institucionais/interdisciplinares da UNEM AT; a capacitação e formação continuada dos professores do ensino fundamental; e a correção dos livros didáticos dentro de uma proposta comprometida com a qualidade gráfica e os princípios da psicologia da aprendizagem, são algumas das possibilidades que apontamos e que servem como ponto de partida para outros estudos. Entendemos que as possibilidades/alternativas de superação dos problemas, citadas anteriormente, necessitam de estudos mais aprofundados, considerando-se fatores de ordem materiais (infra-estrutura física - condições de trabalho dos professores) e humanos (compromisso com o ensino e a formação inicial e continuada dos professores). Nesse sentido, vislumbramos como possibilidade de continuação desse trabalho, em nível de doutorado, a pesquisa para a elaboração do atlas escolar municipal de Cáceres. Construído dentro de uma proposta metodológica que considere os alunos como sujeitos na elaboração e leitura das representações do espaço conhecido, portanto da utilização da Cartografia como linguagem para melhoria do entendimento (ensino-aprendizagem) da Geografia. 105 6- BIBLIOGRAFIA 106 6.1- S emiologia gráfica, cartografia temática e linguagem cartográfica BERTIN, J. Sémiologie Graphique – Les Diagrammes – Les Réseaux – Les Cartes. 2. ed. 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Percepção ambiental: a experiência brasileira. São Paulo: Studio Nobel; São Carlos, SP: Universidade Federal de São Carlos, 1996. p. 187-212. 108 PASSINI, E. Y. Alfabetização cartográfica e o livro didático: uma análise crítica. 2. ed. Belo Horizonte: Editora Lê LTDA, 1998. p. 94. ________ Os gráficos em livros didáticos de Geografia de 5ª Série: seu significado para alunos e professores. 1996. 247 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. ________ O ensino de geografia e as linguagens: articulação entre conteúdo e forma. In: X SEM ANA DE GEOGRAFIA – NOVOS PAPÉIS REGIONAIS, M OBILIDADE E REESTRUTURAÇÕES TERRITORIAIS, 2000, M aringá. Caderno de Resumos... M aringá, UEM , 2000. p. 37-45. PASSINI, E. Y. et alli. A Cartografia para Crianças: Alfabetização, Educação ou Iniciação Cartográfica. BOLETIM DE GEOGRAFIA, M aringá, UEM , v. 1, n. 1, p. 125-35, dez.1999. SANTOS. M . M . D.; LE SANN, J. G. A cartografia do livro didático de Geografia. 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São Paulo: Atlas, 1994. BOGDAN, R.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto Alegre: Porto Editora, 1985. p. 207-17. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394, de 20/12/1996. Estabelece as diretrizes e bases para a educação nacional. Brasília, 1996. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia, Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: M EC/SEF, 1998. 156p. CASTROGIOVANNI, A. C. et alli. Geografia em sala de aula: Práticas e reflexões. Porto Alegre: AGB, 1998. 185p. CAVALCANTI, L. de S. Geografia, escola e construção de conhecimento. Campinas, SP: Papirus, 1998. 192p. CLAVAL, P. O que é a Geografia?. Bol. Geogr. Rio de Janeiro, 31(228): p. 100106, maio/jun. 1972. CURTY, M . G.; CRUZ, A. C. Apresentação de trabalhos científicos: guia para alunos de cursos de especialização. M aringá: Dental Press, 2000. 83p. DEM O, P. M etodologia científica em ciências sociais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1995. 293p. FERREIRA, A. B. H. M ini dicionário da língua portuguesa, 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, 577p. FONSECA, F. P. & OLIVA, J. T. A geografia e suas linguagens: o caso da cartografia. In: CARLOS, A. F. A. (org). A geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. p. 62-78. FRANCISCHETT, M . N. Educação cartográfica e o ensino de Geografia: A Cartografia M ostrando os caminhos. In: X SEM ANA DE GEOGRAFIA – NOVOS PAPÉIS REGIONAIS, M OBILIDADE E REESTRUTURAÇÕES TERRITORIAIS, 2000, M aringá. Caderno de Resumos... M aringá, UEM , 2000. p. 17-20. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996. 136p. 110 LIBAULT, A. Os quatro níveis da pesquisa geográfica. QUESTÃO. São Paulo, IGEO/USP, 1, 14 p. 1971. M ÉTODOS EM LUDKE, M .; ANDRÉ, M . E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 2. ed. São Paulo: E.P.U. Ltda., 1998. p. 25-53. M ATIAS, L. F. Ensinar Cartografia, ensinando Geografia. In: X SEM ANA DE GEOGRAFIA – NOVOS PAPÉIS REGIONAIS, M OBILIDADE E REESTRUTURAÇÕES TERRITORIAIS, 2000, M aringá. Caderno de Resumos... M aringá, UEM , 2000, p. 21-6. M ORAES, A. C. R. Geografia: pequena história critica, 12. ed. São Paulo: HUCITEC, 1993. 138p. NEVES, S. M . A. S; NEVES, R. J. O Ensino de Geografia em Cáceres/M T. Cáceres, M T: Departamento de Geografia - Unemat, 1999. (M imeogr.). NEVES, R. J. & PASSINI, E. Y. Formação do professor de Geografia e a linguagem cartográfica. REVISTA CIÊNCIA GEOGRÁFICA. Bauru, AGB, n. 21, p.21-3, janeiro/abril. 2002. NOGUEIRA. A. R. B. Geografia das Representações. REVISTA CIÊNCIA GEOGRÁFICA. Bauru, AGB, n. 4, p.37-9, 1996. OLIVEIRA, R. M . de. As origens do saber cartográfico. In: SANTOS, M . et alli. O novo mapa do mundo: problemas geográficos de um novo mundo. São Paulo: HUCITEC/ANPUR, 1993. p. 324-37. OLIVEIRA, A. U. de. et alli. Para onde vai o ensino de geografia. 4. ed. São Paulo: Contexto, 1994. p. 144. OLIVEIRA, C. de. Dicionário Cartográfico. 4. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1993. p. 645. PIAGET & INHELDER. A representação do espaço na criança. Trad. Bernardina M achado de Albuquerque. Porto Alegre: Artes M édicas, 1993. ROSA, O. Formação do conceito de escala em alunos da 5ª Série do ensino fundamental - dificuldades e possibilidades de trabalho. In: SIM PÓSIO DE GEOGRAFIA, 2º ENCONTRO REGIONAL DE GEOGRAFIA, 1999, Catalão. Anais... Catalão: UFG, 1999, p. 96-9. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995. 175p. 111 VESENTINI, J. W. Educação e ensino da Geografia: instrumentos de dominação e/ou de libertação. In: CARLOS, A. F. A. (org). A Geografia na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. p. 14-33. ANEXOS ANEXO A ES TRUTURA CURRICULAR DO CURS O DE ES TUDOS S OCIAIS – 1978/1990. PREFEITURA MUNICIPAL DE CÁCERES S ECRETARIA DO DES ENVOLVIMENTO S OCIAL INS TITUTO DE ENS INO S UPERIOR DE CÁCERES CURRICULO PLENO CÁCERES /MT DO CURS O DE ES TUDOS S OCIAIS DIS CIPLINAS DO CURS O SEM. COD. DISCIPLINAS CRÉD. C/H. 1º 1º 1º 1º 1º 1º 0201 0202 0203 0204 0205 0206 Língua Portuguesa Introdução à Sociologia História Antiga e Medieval Geografia Física Fundamentos da Educação Educação Física I 6.0.0 4.0.0 4.0.0 4.0.0 3.0.0 0.1.0 90 60 60 60 45 30 2º 2º 2º 2º 2º 2º 2º 0207 0208 0209 0210 0211 0213 0231 História Moderna Problemas Fundamentais de filosofia Geografia Humana Psicologia da Educação I Estudos de problemas Brasileiros I Educação Física II Cultura Brasileira 3.0.0 4.0.0 4.0.0 4.0.0 2.0.0 0.1.0 4.0.0 45 60 90 60 30 30 60 3º 3º 3º 3º 3º 3º 0214 0215 0216 0217 0218 0219 História do Brasil I Geografia do Brasil Psicologia da Educação II Teoria Geral do Estado I Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º Grau História Contemporânea 4.0.0 6.0.0 4.0.0 3.0.0 3.0.0 3.0.0 60 90 60 45 45 45 4º 4º 4º 4º 4º 0220 0221 0222 0223 0224 Teoria Geral do Estado II História do Brasil II Organização Social e Política do Brasil I Didática Introdução à Ética 3.0.0 4.0.0 3.0.0 4.0.0 2.0.0 45 60 45 60 30 - 4º 0225 5º 0227 5º 0228 5º 0229 5º 0230 5º 0232 TOTAIS Metodologia do Ensino de Estudos Sociais 4.0.0 60 Organização Social e Política do Brasil II Prática de Ensino em Estudos Sociais de 1º Grau Prática de Ensino de Educação Moral e Cívica de 1º Grau Estudos de Problemas Brasileiros II Introdução à Economia 30 Disciplinas 3.0.0 2.0.2 1.0.2 2.0.0 4.0.0 111 45 90 75 30 60 1.665 ANEXO C ESTRUTURA CURRICULAR DO CURSO DE COM PLEM ENTAÇÃO EM GEOGRAFIA – 1992/1993. ES TADO DE MATO GROS S O S ECRETARIA DE ES TADO DE EDUCAÇÃO E CULTURA FUNDAÇÃO DE ENS INO S UPERIOR DE MATO GROS S O CURRICULO GEOGRAFIA PLENO DO CURS O DE COMPLEMENTAÇÃO EM DIS CIPLINAS DO CURS O SEM. 1º 1º 1º 1ª 1º DISCIPLINA Introdução aos Estudos da Geografia História Econômica Geral e do Brasil Geodésia Geografia do Brasil I Geografia Física CRÉD. 3.0.0 4.0.0 4.0.0 4.0.0 5.0.0 C/H 45 60 60 60 75 2º 2º 2º 2º 2º Geografia do Brasil II Geografia Rural e Urbana Geologia Geral e Pedologia Geografia Humana Geografia Regional 4.0.0 4.0.0 4.0.0 4.0.0 5.0.0 60 60 60 60 75 3º 3º 3º 3º 3º 3º Biogeografia Estrutura e Funcionamento do Ensino de 2º Grau Cartografia Climatologia Geografia do Mato Grosso Metodologia do Ensino de Geografia 4.0.0 3.0.0 4.0.0 4.0.0 3.0.0 3.0.0 60 45 60 60 45 45 4.0.0 2.1.1 - 60 90 1.080 4º Geografia Econômica 4º Prática de Ensino TOAIS 18 Disciplinas ANEXO D ESTRUTURA CURRICULAR DO CURSO DE PLENIFICAÇÃO EM GEOGRAFIA – 2000/2001 ESTADO DE M ATO GROSSO SECRETÁRIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE M ATO GROSSO PRÓ-REITORIA DE ENSINO E EXTENSÃO CURRICULO PLENO DO CURSO DE PLENIFICAÇÃO EM GEOGRAFIA Disciplina Créditos C.H. Geologia Geral 4.0.0 60 Geografia Física I 4.0.0 60 Geografia do Brasil I 4.0.0 60 Geografia Física II 4.0.0 60 Introdução ao Estudos da Geografia 4.0.0 60 Biogeografia 4.0.0 60 Geografia Humana I 4.0.0 60 Pedologia 4.0.0 60 Geografia Rural e Urbana 4.0.0 60 Biogeografia II 3.0.0 45 Geografia Regional 4.0.0 60 Cartografia 4.0.0 60 Climatologia 4.00 60 Metodologia do Ensino de Geografia 4.0.0 60 Prática de Ensino em Geografia 1.0.2 75 TOTAIS 15 Disciplinas 900 APÊNCES APÊNDICE A FICHA CATALOGRÁFICA DO LIVRO 1 (preenchida) Nome do Livro: Geografia – Noções Básicas de Geografia Volume: 1 Autor: Melhem Adas Ano: 1997 Editora: Moderna Ltda Quantidade de mapas existentes nos livros didáticos Número de paginas: 168 Qualitativos: 31 Ordenados: 02 Quantitativos: - Total: 33 Fontes Atualizadas - 0 a 5 anos atrás Atualização das informações contidas nos mapas 09 Desatualizadas - mais de 10 anos 05 Não consta data das informações 19 Quantidades Geografia Econômica/Transporte 03 Geografia Econômica/R.Minerais 01 Geografia Política 16 Geografia Física 09 Geografia da População 01 Geografia Física/econômica 01 Geografia Política/Histórica 02 Referencias Principais representações espaciais (escala) - Médias - 5 a 10 anos Temas Principais representações (Temas cartografados) Quantidades Quantidades Mapas Mundi 13 Mapas Continentais 05 Mapas do Brasil 08 Mapas regionais 02 Mapas regionais do Brasil. - Mapas de Localidade - Mapas de Estado do Brasil 03 Mapas de Paises Estrangeiros 02 Escalas Principais escalas utilizadas Quantidades De 1: 1.000 a 1: 20.000 - De 1: 20.000 a 1: 100.000 - De 1: 100.000 a 1: 1.000.000 - De 1: 1.000.000. a 1: 100.000.000 17 Acima de 1: 100.000.000 15 Ausência de Escala 01 Categorias Quantidades Existência de elementos (informações externas) que Mapas com todos os elementos 28 identificam o mapa Mapas que faltam parte dos elementos 05 Mapas que faltam todos os elementos - Categorias Quantidades Distribuição dos elementos (informações externas) Elementos bem distribuídos que identificam o mapa (Título, escala, legenda, Erro fonte, orientação, coordenadas geográficas). na distribuição 32 de alguns 01 elementos Não há preocupação com a - distribuição Tipos Representação Quantidades em Pontos / 02 em Áreas / 20 em Linhas / 04 diferenciados Representação diferenciadas Tipo de simbologia utilizada nos mapas Representação diferenciadas Representação em Pontos / ordenados - Representação em Áreas / ordenadas 04 Representação em Linhas / ordenadas - Representação em Pontos / - em Áreas / - em Linhas / - pontos/linhas e áreas 02 proporcionais Representação proporcionais Representação proporcionais Rp. em diferenciadas Rep. em áreas e pontos diferenciados 01 Categorias Adequação da simbologia utilizada na elaboração do Símbolo adequado mapa (pontos, linhas ou áreas) Quantidades 33 Outro símbolo representaria melhor - Símbolo inadequado - Categorias Quantidades Qualidade gráfica/visual da simbologia utilizada nos Ótima qualidade 14 mapas Apresenta algumas deficiências 18 Sem qualidade alguma 1 Categorias Adequação do método utilizado na elaboração do Método adequado mapa (qualitativo, quantitativo, ordenado, dinâmico) 33 Outro método representaria melhor - Método inadequado - Categorias Relação mapa x leitura x alunos de 5º série Quantidades Quantidades Pode ser lido por alunos de 5º série 12 Apresenta algumas dificuldades 19 Difícil de ser lido por alunos de 5º 02 série OBSERVAÇÕES RELEVANTES - Ausência de metodologia de ensino da linguagem cartográfica; - Concentração de mapas na unidade I do livro; - Ausência de escala; - Ausência de data das informações. APÊNDICE B CARTA APRES ENTADA AO PROFES S OR Caro professor, Como professor do Curso de Licenciatura Plena em Geografia da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, buscamos incessantemente aproximarmos as discussões teóricas, geradas na academia “ensino superior” com as práticas em salas de aulas, no ensino fundamental e médio. Entendemos que à aproximação da teoria com a prática foi, é e sempre será de fundamental importância para que busquemos alternativas para o ensino-aprendizagem de qualquer disciplina, frente aos desafios que cotidianamente nos são apresentados. T rabalhando com a disciplina “ Prática de Ensino”, no Curso de Licenciatura Plena em Geografia, durante 3 anos, tivemos a oportunidade de vivenciar o cotidiano da sala de aula em diversas escolas do município de Cáceres. Durante esse período algumas questões inerentes ao ensino-aprendizagem da Geografia nos chamaram atenção, sendo uma delas “ o e nsino e utiliz ação da Cartografia em sala de aula”. Após leituras relacionadas, e investigação junto aos PCNs “ do ensino fundamental e Médio” de Geografia, observamos a notável importância dada ao tema Cartografia. Portanto, com esse conhecimento prévio da realidade do ensino-aprendizagem da Geografia, obtido através de observações empíricas nas escolas, e observando a importância da Cartografia nesse processo, conforme nos evidencia os PCNs, sentimos a necessidade de investigarmos de maneira mais intensiva esta realidade. A partir de então, e imbuídos por esta temática, enviamos um projeto de pesquisa para o curso de pós-graduação stricto sensu em Geografia – nível M estrado da Universidade Estadual de M aringá (UEM ), no qual, passarmos por processo de seleção, e fomos aprovados. Após permanência na referida Universidade, no ano de 2000, para cumprir créditos e melhor delinearmos nosso projeto de pesquisa, estamos iniciando no presente ano a fase de coleta de dados, sendo esta primordial em nossas investigações. Diante dos esclarecimentos suscitados acima, solicitamos a Vossa S enhoria a colaboração no sentido de responder os questionários em anexo. S alientamos também que o objetivo principal desta investigação é confrontar práticas pedagógicas cotidianas e teorias, tendo como resultado a produção do conhecimento, de modo a contribuir com o próprio ensino de Geografia em sala de aula. Em nenhum momento estaremos avaliando a capacidade do professor para ensinar geografia ou outra coisa nesse sentido, mas sim, investigando que ferramentas a universidade vem oferecendo para os professores atuarem em sala de aula ? Quais as necessidades dos professores ? e em que o curso de Geografia pode contribuir com os professores, sejam eles egressos da UNEMAT ou não ? S em mais para o momento, e esperando contar com vossa prestimosa colaboração e atenção, externamos desde já nossos agradecimentos. De: Ronaldo José Neves Professor da Disciplina Prática de Ensino do Curso de Licenciatura Plena em Geografia- UNEMAT e Mestrando em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá-UEM. T elefone: 223-1236 E-mail: [email protected] APÊNDICE C QUES TIONÁRIO PRELIMINAR (Utilize o verso da folha se necessário). 1 - Identificação Escola: __________________________________________________________________ Graduação: _________________________________________________________ Inicio: __________________________Término: ________________________ Pós-Graduação (especialização, mestrado...): __________________________________________ Inicio: ___________________________Término:________________________ Outros Cursos (aperfeiçoamento, extensão...): __________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ _______________________________________ 2- Atuação na 5ª S érie do Ensino Fundamental Em quantas Salas de 5ª Série você atua: _____________________ Há quanto tempo: ________________________________________ M édia de alunos por sala: _______________________________ Qual a carga horária semanal: _____________________ e anual___________________________ Adota livro didático: __________ Qual: ______________________________________________ Como que se dá a escolha do livro didático? ( ) Você Escolhe e os alunos adquirem com recurso próprio; ( ) O Estado define e envia gratuitamente para as escolas. ( ) Outra forma ? Qual :___________________________________________________________ Você recomenda outras bibliografias ou trabalha outras bibliografias em sala de aula com os alunos:_______ Quais_____________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ____________________________________________________ Que livros/revistas/outros principalmente para você lê para contribuir na aprimorar o conhecimento preparação das e aulas: ___________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ____________________________________________________ A escola dispõe de recursos didáticos para trabalho com alunos de 5ª série na disciplina de geografia: ______ Quais:____________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ _____________________________________________________ Quais você utiliza: _______________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________ Com que freqüência:_________________________________________________________ _____ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ _______________________________________ obs:______________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ _______________________________________ APÊNDICE D QUES TIONÁRIO S EMI-ABERTO (Utilize o verso da folha se necessário) Professor (a) na sua opinião: 1- Em que a Cartografia contribui para a ciência geográfica?_____________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ _______________________________________ 2- Qual a contribuição da Cartografia, na disciplina Geografia, para alunos de 5ª série do Ensino Fundamental? _______________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ _______________________________________ 3- Ao utilizar mapas em sala de aula com alunos de 5ª série, você tem percebido alguma dificuldade com relação a Cartografia? Sim ( ) não ( ) 3.1 - Tente ordenar da maior para menor (1, 2, 3, 4 ...) essas dificuldade apresentada pelos alunos, de acordo com os itens abaixo: ( ) Tema (título) ( ) Legenda ( ) Fonte do documento ( ) Localização ( ) Coordenadas Geográficas ( ( ) Projeção ) Orientação ________________________________ ( ) Outros (quais ?) ( ) Escala 3.2 – Com relação ao questionamento acima, cite exemplos de dificuldades dos alunos. __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ ____________ 4- Você já trabalhou com mapas da localidade? (Por exemplo: o local onde a escola está inserida). ( ) Sim ( ) Não 4.1- Dê exemplo de como você realizou esse trabalho? (Use o verso). 4.2- Você sentiu que os alunos melhoraram a compreensão do espaço geográfico depois desse trabalho? ( ) Sim ( ) Não 4.3- Por que você achou isso, tende exemplificar os resultados? (Use o verso). APÊNDICE E QUES TIONÁRIO FECHADO (Assinale apenas uma das alternativas) Caro professor, As questões abaixo envolvem quatro aspectos com relação aos mapas utilizados com os alunos de 5ª série em sala de aula: Disponibilidade, Aquisição, Utilização e Realização. 1 – Na escola em que você trabalha há mapas de geografia disponível: ( ) Em grande quantidade ( ) Poucos mapas ( ) não há mapas 2 – Onde os mapas se encontram na escola: ( ) Em quadros fixo espalhados pelas paredes da escola ( ) Na biblioteca ( ) Em sala própria para estudos com mapas ( ) Na sala dos professores ( ) Outros espaços. Quais?: __________________________________________________ 3 – Que documento cartográfico você utiliza com maior freqüência em sala de aula: ( ) M apas políticos e temáticos ( ) Globo terrestre ( ) Planta da cidade ( ) Carta Topográfica ( ) Fotos aéreas ( ) Imagens de satélite ( ) Outras. Quais?: _________________________________________________ 4 – Como você disponibiliza os documentos cartográficos em sala de aula: ( ) Fixa-os na parede ( ) Distribui para os alunos da sala ( ) Outra. Qual?: __________________________________________________ 5 – O material cartográfico que é utilizado em sala de aula, como: atlas, mapas de murais e outros, é de propriedade de quem: ( ) M aterial próprio que você traz de casa ( ) A escola oferece ( ) Empréstimo, de onde? ___________________________________________ ( ) Outra. Qual?: __________________________________________________ 6 – Você possui Atlas em casa: ( ) Sim ( ) Não Se sim, como você adquiriu e a quanto tempo: ( ) Comprou através da editora, livraria, livreiros etc. ( ) 1 ano ( ) Através de doação ( ) mais de 2 ( ) mais de 5 anos ( ) Outro. Qual?: ________________________________ anos 7 – Você adotou algum Atlas para que os alunos adquirissem: ( ) Sim ( ) ______________________________________ 8 – Você utiliza mapas em sala de aula: ( ) Freqüentemente ( ) Em apenas alguns temas da geografia Não - Se sim, qual?: ( ) Raramente ( ) Nunca ( ) Outro. Qual?: _____________________________________________ 9 - Qual mapa você utiliza com mais freqüência, em sala de aula, com alunos de 5ª série? ( ) Vegetação ( ) M inerais ( ) Indústria ( ) divisão Política ( ) Transporte ( ) Clima ( ) Relevo ( ) Agricultura ( ) População ( ) Posição Geográfica ( ) M inerais ( ) Urbanização ( ) Hidrografia ( ) Históricos ( ) Outros. 10 – Qual a principal fonte do mapa que você selecionou acima: ( ) Livro Didático ( ) M apas de mural ( ) Elaboração Própria ( ) Outros. Qual?: ____________________________________________ 11 - Qual o seu objetivo principal ao trabalhar mapas com os alunos: ( ) M emorizar pontos no espaço (montanha, rios, etc.) ( ) Estabelecer relações entre fenômenos, sejam físicos ou sociais ( ) Ilustrar as aulas explicativas ( ) Outro. Qual?: ________________________________________________________________ 12 - Você trabalha com elaboração de mapas junto aos alunos: ( não De que forma? ) Sim ( ) ( ) Apenas reproduzindo mapas dos livros didáticos ou Atlas ( ) Reelaborando mapas dos livros didáticos ou Atlas no sentido de melhor representar a realidade. ( ) Completando M apas semi-prontos ou mapas base, que você mesmo elabora “extra sala” e posteriormente apresenta aos alunos ( ) Os alunos definem o que querem mapear ( ) Outro. Qual?: ________________________________________________________________ 13 - Ao elaborar mapas com os alunos de 5ª série, o que vocês mais representam: ( ) A sala de aula ( ) Escola ( ) Caminho de casa para a escola ( ) Dados estatísticos ( ) Outro. Qual?: ______________________________________________ 14 – Você tem sentido alguma dificuldade em trabalhar com os mapas do livro didático: ( ) Sim ( ) Não Se sim, de acordo com os itens abaixo responda, você: ( ) Tem dificuldade de ler e interpretar os mapas ( ) Lê e interpreta os mapas, mas tem dificuldade de trabalhar, os mesmos, com os alunos ( ) Outra. Qual?: _________________________________________________ 15 – Qual a maior dificuldade dos alunos ao trabalharem com mapas: ( ) Ler e interpretar os mapas ( ) Fazer relação entre conteúdo do mapa e conteúdo do texto ( ) Outra. Qual?: __________________________________________________ OBS: Após responder as questões 14 e 15 que tratam do livro didático x professor x aluno, e no caso de dificuldades com os mapas, cite um exemplo de mapa que você tem dificuldade de trabalhar e um exemplo de um mapa que os alunos tem dificuldade de trabalhar. Você pode anexar cópia dos mesmos a este documento ou informar a fonte (livro, titulo do mapa e página) onde o mesmo encontra-se: APÊNDICE F FICHA CATALOGRÁFICA PARA ANÁLIS E DOS MAPAS TEMÁTICOS DO LIVRO DIDÁTICO. Nome do Livro: Autor: Ano: Editora: Número de paginas: Qualitativos: Ordenados: Quantidade de mapas existentes nos livros didáticos Quantitativos: Total: Fontes Quantidades Atualizadas - 0 a 5 anos atrás Atualização das informações contidas nos mapas Médias - 5 a 10 anos Desatualizadas - mais de 10 anos Não consta data das informações Temas Quantidades Geografia Econômica/Transporte Geog. Econômica/Recursos Minerais Geografia Física Principais representações (Temas cartografados) Geografia Política Geografia da população Geografia Física/econômica Geografia política/Histórica Referencias Mapas Mundi Mapas Continentais Mapas do Brasil Mapas regionais de países estrangeiros Principais geográfica) representações espaciais (escala Mapas regionais do Brasil. Mapas de Localidade Mapas de Estado do Brasil Mapas de países estrangeiros Quantidades Escalas Quantidades De 1: 1.000 a 1: 20.000 Principais escalas cartográfaicas utilizadas De 1: 20.000 a 1: 100.000 De 1: 100.000 a 1: 1.000.000 De 1: 1.000.000. a 1: 100.000.000 Acima de 1: 100.000.000 Ausência de escala Categorias Quantidades Existência de elementos (informações externas) que Mapas com todos os elementos identificam o mapa Mapas que faltam parte dos elementos Mapas que faltam todos os elementos Categorias Quantidades Distribuição dos elementos (informações externas) Elementos bem distribuídos que identificam o mapa (Título, escala, legenda, Erro fonte, orientação, coordenadas geográficas). na distribuição de alguns elementos Não há preocupação com a distribuição Tipos Representação Quantidades em Pontos / em Áreas / em Linhas / diferenciados Representação diferenciadas Tipo de simbologia utilizada nos mapas Representação diferenciadas Representação em Pontos / ordenados Representação em Áreas / ordenadas Representação em Linhas / ordenadas Representação em Pontos / em Áreas / em Linhas / proporcionais Representação proporcionais Representação proporcionais Outros Categorias Adequação da simbologia utilizada na elaboração do Símbolo adequado mapa Quantidades mapa Outro símbolo representaria melhor Símbolo inadequado Categorias Quantidades Qualidade gráfica/visual da simbologia utilizada nos Ótima qualidade mapas Apresenta algumas deficiências Sem qualidade alguma Categorias Quantidades Adequação do método utilizado na elaboração do Método adequado mapa Outro método representaria melhor Método inadequado Categorias Pode ser lido por alunos de 5º série Relação mapa x leitura x alunos de 5º série Apresenta algumas dificuldades Impossível ser lido por alunos de 5º série OBSERVAÇÕES Quantidades APÊNDICE G EXERCÍCIOS PRÁTICOS COM MAPAS a - Caro professor na sua opinião; - É possível trabalhar com alunos de 5ª série a leitura e interpretação do mapa, em anexo, da forma como está? Sim porque... Não porque... MAPA DO BRAS IL b - Caro professor na sua opinião: - Observando os mapas “A e B”, em anexo, responda: 1 – Qual a diferença de solução gráfica dos mapas A e B? O que você consegue identificar de diferente entre um mapa e o outro? 2 - Qual deles estaria mais adequado para uma atividade com alunos de 5ª série? 2.1 - O mapa A porque... 2.2 - O mapa B porque... 2.3 - Ambos os mapas A e B estão adequados porque... c - Caro professor; - A partir do M apa Temático exposto em anexo responda: 1 - Olhando o mapa qual seria sua primeira leitura? 2 - O que mais você consegue visualizar? 3 – Olhe de novo, observe com atenção, o que mais podemos ver e concluir? 4 - Para realizar uma atividade de avaliação com alunos de 5ª série e, com este mapa, que tipo de questões você levantaria, para que eles respondessem? 5 – Observando o mapa, tente traçar um perfil topográfico de A à B. d - Caro profe ssor, A partir do mapa do Brasil (Base 1) ou do mapa de divisão política do Brasil (Base 2), em anexo, e das informações contidas no texto abaixo, construa um mapa temático contendo todos os elementos necessários em um mapa para que posso ser lido e interpretado por um aluno de 5ª serie. Te xto: Climas do Brasil. 48 Clima e quatorial: É o clima predominante no norte do Brasil, na Amazônia, onde prevalece a influência da massa de ar equatorial continental. É um clima quente e úmido. As médias térmicas mensais variam de 24 ºC a 27 ºC e a amplitude térmica anual é baixa, isto é, existe uma pequena variação da temperatura no decorrer do ano. O resfriamento no inverno também é pequeno. As médias de pluviosidade (chuvas) são de aproximadamente 2000 mm por ano. Esta é uma região situada ao redor da linha do equador, onde predominam as calmarias e há o encontro de ventos alísios vindos dos hemisférios sul e norte. As chuvas são abundantes, sendo a maior parte de convecção (...). Clima tropical úmido: É o clima predominante nas áreas litorâneas do Brasil, desde o rio grande do norte até São Paulo. A massa tropical atlântica domina essa região, embora no inverno aí possa penetrar a massa polar atlântica. É nesse ocasião que se formam as frentes frias e durante alguns dias as temperaturas abaixam. Existem duas estações principais: o verão, mais quente e chuvoso, com exceção do litoral do Nordeste onde chove mais no inverno por causa da influencia da massa equatorial atlântica; e o inverno, menos quente e menos chuvoso. Esse tipo de clima é quente e úmido, apesar das “ ondas de frio” que ocorrer de vez em quando. Só que, ao contrario do clima equatorial, existe uma sensível diferença entre as duas estações do ano. Clima tropical típico ou se mi-úmido: É o clima do Brasil central, onde predomina a massa de ar tropical continental (seca), com freqüentes penetrações da massa tropical atlântica e, principalmente, da massa equatorial continental, ambas úmidas. Esse tipo de clima é quente e semi-úmido, com chuvas de verão e seca no inverno. As temperaturas anuais médias ficam entre 20 ºC e 28 ºC e os índices de chuvas por volta de 1500 mm por ano. Clima se mi-árido: É o clima do sertão nordestino, a famosa região das secas e dos rios intermitentes, isto é, que secam durante alguns meses no ano. É um tipo de clima tropical, quente, mas não úmido, que tende a ser seco, embora não seja tão seco ou árido como os climas desérticos. As médias anuais de chuvas são em geral inferiores a 1000 mm por ano. Além de relativamente escassas, as chuvas são também irregulares, concentrando se em aproximadamente três meses do ano (...). Clima subtropical: O clima subtropical abrange o extremo sul do país, abaixo do trópico de Capricórnio. Nessa área predomina a massa tropical atlântica, embora no inverno sejam comuns as frentes frias, que se originam da massa de ar polar atlântica. É um tipo de clima de médias temperaturas: nem quente, nem frio (...). 48 FONTE: VESENTINI, J. W.; VLACH, V. Geografia crítica. 14 ed. São Paulo: Editora Ática, v. 01. p. 133-34, 1998. 0BS: A ESCALA NUM ÉRICA DO M APA , EM ANEXO É: 1: 46.000.000 BAS E 1 BAS E 2 APÊNDICE H - RES POS TAS DO EXERCICIO “a” PROFESSORES / RESPOSTAS CATEGORIAS A B C 1 2 3 4 Sim porque... - Os alunos trabalham o mapa como se fosse uma fotografia e o que importa é a localização dos pontos cardeais para se orientar, a partir da identificação do norte e Sul, podemos trabalhar tranqüilamente sem importar a posição do mapa. Sim porque... Sim, a forma de como o mapa está não quer dizer que o professor não saiba identificar os pontos extremos do mapa e repassalo aos alunos. Sim porque... Desde que o professor enfatize bem o conceito de localização, o problema maior é que os mapas têm as identificações no sentido norte. Não porque... Está de cabeça para baixo e o aluno está acostumado a ver o mapa numa posição diferente. Sim porque... através da leitura e aula expositiva para a interpretação do mapa. Não porque... Não, por que na 5ª série o aluno não vai entender o motivo da inversão do mapa, apesar de que o professor não pode e nunca deve inverter a posição dos Estados no mapa. Mesmo diante de uma possível polêmica, melhor seria explicar o porque da formação e os contornos no mapa do Brasil. Sim porque... sim porque independente de como está, não muda nada, ex: as regiões não mudará, o seu lugar, os estados etc. Os alunos já possui (tem) conhecimento de localização. Sim porque... Porque não têm visão adequada da posição do Brasil, somente por observação ao olhar, e trabalhando dessa forma, vai despertar interesse do mesmo em se obter hipóteses para buscarem através da pesquisa, a confirmação daquilo que sabem, ou que estão buscando para fixação e realização do seu conhecimento NR Não porque... - é necessário que o mapa, esteja, na posição correta, e apresente as divisões, escala, altitudes etc... Sim porque... – Sim, porque na 5ª série trabalhase também a orientação, e com essa forma que o mapa se encontra o aluno poderá perceber que se mudar de posição sem ter um ponto de referência estará se orientando errado. NR daquilo que sabem, ou que estão buscando para fixação e realização do seu conhecimento NR – Não respondeu APÊNDICE I - RES POS TAS DO EXERCICIO “b” - QUES TÃO 1. PROFESSORES / RESPOSTAS CATEGORIAS A B C 1 2 3 4 Na minha opinião o mapa – A, apesar de não identificar as Bacias Sedimentares e os escudos cristalinos, tornase mais fácil seu manuseio devido o seu colorido gráfico, não identifica os estados e capitais, mais portanto tem melhor visualização. Mapa A apresenta uma legenda rica, concreta com um colorido que chama a atenção das crianças Mapa B – não apresenta uma legenda definida O mapa “ B” é mais completo, por que está identificando todos os tipos minerais, a produção as bacias sedimentares, os escudos cristalinos e onde há ocorrência desses minerais O mapa A mostra as regiões onde encontramos mais recursos minerais e especifica os tipos de Minerais. Enquanto que o Mapa B mostra a mesma situação e também especifica ou visualiza os Minerais pelas Bacias È a escala diferente uma da outra. A – 750 B – 250 As soluções Gráficas representadas no mapa A e B possui as representações diferentes. A = Mostra o tipo de minerais; B = Mostra a localidade e respectivamente a quantidade; No mapa B, se fosse para ser estudado com alunos relativos a uma idade mais elevada, poderiam ser observadas as áreas em que há floresta mas regiões e também observar os recursos minerais, que é o tema do mapa, facilitando 1º A legenda com diferente solução gráfica e a escala o A mostra e B não O mapa B dificulta a interpretação dos recursos, devido os símbolos serem das mesmas cores. NR A diferença existente é a legenda na qual cada mapa foi traçado. A diferença está na legenda o mapa A traz informações sobre recursos minerais enquanto que o mapa B informações mais profundas NR áreas em que há floresta mas regiões e também observar os recursos minerais, que é o tema do mapa, facilitando comprovar qual região têm mais recursos minerais. NR – Não respondeu APÊNDICE J - RES POS TAS DO EXERCICIO “b” - QUES TÃO 2. PROFESSORES / RESPOSTAS CATEGORIAS A B 1 2 3 4 O mapa B porque... Para trabalhar com alunos apesar de uma única cor nos símbolos gráficos ele vem identificando os estados, a bacia sedimentar os escudos cristalinos e as principais cidades; bem como os recursos minerais. O mapa B porque... estão bem definidos os pontos ou localidades em que se encontram os tipos de recursos minerais, mostrando a produção, as bacias e escudos cristalinos Ambos os mapas A e B estão adequados porque... Os dois mapas é perfeitamente possível trabalhar depende muito da maneira como o professor vai encaminhar as suas aulas O mapa A porque... Suas representações é de fácil entendimento para um aluno que ainda está em um início de orientação cartográfica. As figuras geométricas e as cores faz com que os mesmos sejam mais perceptivos. O mapa A porque... O mapa A, porque os alunos da 5ª série têm mais dificuldade em trabalhar com mapas. O mapa A só representa os recursos minerais e os alunos teriam mais facilidade para assimilar. O mapa A porque... Porque suas figuras geométricas são simples de fácil compreensão. NR O mapa A porque... Porque ele e menos complexo, mais acessível a série. C O mapa A porque... Sua legenda é mais visível às crianças, com suas cores diferenciadas. Neste caso, aproveitaria que as linhas das divisões dos Estados, está fraca, pediria-lhes que reforçassem suas linhas como mais uma atividade. NR O mapa B porque... Porque ele seria o mais adequado, apresenta melhor visibilidade, pode-se trabalhar a questão dos recursos minerais de cada estado com esse tipo de legenda. NR NR – Não respondeu APÊNDICE L - RES POS TAS DO EXERCICIO “c” - QUES TÕES 1, 2 e 3. PROFESSORES / RESPOSTAS CATEGORIAS A 1 2 1 - A escala e o 1 - Que é um gráfico mapa colorido de verde claro, lilás e amarelo, de um relevo cortado ao meio por um rio que vai do oeste para leste é bastante sinuoso 2 - O relevo, 2 - Que o rio altitude e o leito Jauru é localizado do rio no Estado de Mato Grosso, as cores mostrada no mapa é para identificar as suas altitudes que começa de 200 m e vai até 500 m. 3 1 - Este rio passa 1- Que por depressão, mapa. planície e planalto. 4 tipo de 2 - O curso do rio 2 Formação e suas curvas. altimetrica de um relevo Escala Posicionamento 3 - O desnível do terreno. E a conclusão que chegamos é que o rio Jauru/MS corre de leste para oeste ou de “ B para C”. B 3 - Que na parte superior do mapa há um ponto magnético, onde está em evidência a letra N e na parte inferior podemos ver a escala do mapa. 1 - Um rio bem 1 - Pelo mapa a largo, com localização do rio vegetação na a escala e margem altitude. esquerda e praia na margem direita 2 - Vegetação e 2 - O rio, pois a areia cor azul indica água 3 - Analisar a área de percurso do rio, suas curvas e o espaço ocupado entre o ponto A e B. 1 (curso) A legenda do mapa Percurso do rio para entende-lo melhor. 2 - As altitudes diferentes do percurso do rio em diferentes lugares 3 - Um colorido 3 - O rio e sua 3 - À escala do das águas altitude mapa C 1 - NR NR 2 - a questão de localização, de escala. NR 3 - A questão fluvial, Os pontos cardeais NR 3 -Representação da declividade do curso do rio Jauru/MS A representação de cada cor, a escala e a posição geográfica. Podemos concluir que do ponto A ao ponto B existe uma variação de altitude. 1 - Determina a NR localização de um rio. 2 - Localização. NR Escala, altitudes, percurso de um rio para o outro NR NR NR – Não respondeu APÊNDICE M - RES POS TAS DO EXERCICIO “c” - QUES TÃO 4. PROFESSORES / RESPOSTAS CATEGORIAS 1 2 3 4 A Observe o mapa e identifique em relação ao relevo para qual dos lados corre o rio Jauru: Norte, Sul, Leste ou Oeste. - Qual é o nome do Rio Desconhecido? - O rio do ponto A à B é reto? - em relação a altitude, qual é a mais alta? - Pediria, para falarem também sobre a escala do mapa. Em primeiro lugar é necessário não dar um mapa para o aluno mas ensinar como entende-lo só assim pedir algo dentro dos seus conhecimento. 1 – em que sentido você pode caracterizar a exposição do rio? 2 – Qual é a largura do rio de acordo com o ponto A e B? sobre a escala do mapa. B C Poluição água da De onde nasceria então os rios e para onde correriam - Quem estaria, então, no sul, norte, leste e oeste. - Qual a região que não mudaria de local, somente de posição. NR – Não respondeu 3 – Qual a posição da nascente desse rio? 4 – Em que altitude o rio Jauru Nasce? Que ponto está - As diferentes Uma analise do localizado o rio? altitudes ponto A ao Que rio é este. - Percurso A - B ponto B Qual é a escala? Qual é a altitude desse rio. As seguintes questões, como NR vivem a população NR ribeirinha, a vegetação local, e questão ecológica. NR C NR – Não respondeu NR 1 B A CATEGORIAS NR A nascente do rio está em área de planície, suas águas estende entre área de planície depressão e planalto. O rio em sua altitude de 200 a 300 m é de planalto e quando entra na faixa de 300 a 400 m passa a ser de planície até chegar na altitude de 500 m NR NR 3 2 PROFESSORES / RESPOSTAS APÊNDICE N - RES POS TAS DO EXERCICIO “c” - QUES TÃO 5. NR NR O rio tem sua montante em uma altitude média de 450 m passando por um área de altitude de aproximadamente 300 a 400 m, seu curso mais baixo neste relevo de 200 a 300 m. 4 CATEGORIA 1 2 PROFESSORES / RESPOSTAS APÊNDICE O - RESPO STAS DO EXERCICIO “d” - CATEGO RIA A 3 APÊNDICE P - RESPO STAS DO EXERCICIO “d” - CATEGO RIA B A 4 CATEGORIA 1 NR 2 PROFESSORES / RESPOSTAS APÊNDICE Q - RESPO STAS DO EXERCICIO “d” - CATEGO RIA C B 3 4 CATEGORIA 1 2 PROFESSORES / RESPOSTAS NR C 3 4 NR