SEXUALIDADE E PREVENÇÃO ÀS DST E HIV/AIDS NA TERCEIRA IDADE MARIA BEATRIZ DREYER PACHECO Membro do MOVIMENTO NACIONAL DAS CIDADÃS POSITHIVAS Membro do MOVIMENTO LATINO-AMERICANO E CARIBENHO DE MULHERES VIVENDO COM HIV/AIDS Representante Legal da REDE NACIONAL DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS NÚCLEO PORTO ALEGRE/RS – RNP+/POA Advogada E-mail: [email protected] A Aids está longe de atingir apenas os jovens. A doença vem sendo registrada de forma surpreendente entre os idosos. Segundo dados do Ministério da Saúde, 2% da população acima de 60 anos são portadores do vírus HIV, o que significa que 5.500 idosos têm a doença. Só em Belo Horizonte, 3% da população de idosos têm o vírus, número acima da média nacional ! "Existem campanhas para divulgar os remédios contra a impotência, mas ninguém se preocupou em ressaltar aos idosos que eles também precisam se proteger da Aids“. (Dr. Clineu de Almada Filho – Inst. Geriatria da UNIFESP) DIFICULDADES SEXUAIS DO HOMEM IDOSO - Prolongamento do tempo necessário para haver uma ereção completa. - A ereção pode não ser firme ou ampla como nos últimos anos precedentes. - Uma diminuição do tempo em manter a ereção antes da ejaculação. - Uma redução da força de ejaculação e um aumento de duração da fase refratária. - Uma percepção mais limitada do fato que a ejaculação está para vir. - A perda de ereção depois de um orgasmo pode ser mais rápido, ou então precisa de mais tempo para obter outra ereção. - Alguns homens podem necessitar de uma maior estimulação manual. • O lançamento do Viagra, primeiro remédio a combater a impotência sexual, em 1998, significou para os idosos --principais vítimas de impotência-- a retomada da virilidade. O sonho de repetir as performances sexuais da juventude se tornava possível --e, em vez de prestigiar a esposa, muitos dividiram a experiência com mulheres mais jovens. Quase sempre, sem se preocupar com a camisinha. Depois do VIAGRA, homens se infectam mais! Resultado: enquanto entre as mulheres com 60 anos ou mais, a incidência da Aids entre 1997 (ano anterior ao lançamento do Viagra) e 2002 segundo o Ministério da Saúde -, caiu 55%, entre os homens, dessa mesma faixa etária, o número cresceu 50%. A atividade sexual dos idosos já surpreendeu até a infectologista Eliane Fonseca, do Centro de Referência e Treinamento em Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids de São Paulo, quando questionada por uma senhora de 72 anos sobre a melhor forma de lubrificar a vagina. A médica atende pacientes soropositivas com mais de 70 anos. "Elas contam que freqüentavam bailes da terceira idade e, na saída, faziam sexo sem proteção. É comum ouvir isso de jovens, mas há um preconceito muito grande quando esse comportamento vem de adultos e idosos." (Folha On Line – 21.03.2004) É difícil determinar as taxas de infecção por HIV entre adultos mais velhos, pois muito poucas pessoas além de 50 anos fazem o teste por rotina. A maior parte dos adultos mais velhos são diagnosticados como soropositivos em um estágio avançado de infecção – quando eles buscam o tratamento para doenças relativas ao HIV. • Casos entre pessoas mais velhas podem ser reportados, como sintomas de HIV e infecções podem coincidir com outras doenças relacionadas ao envelhecimento, e assim, serem ignorados. A demência relativa à AIDS é geralmente mal diagnosticada como Mal de Alzheimer, e sintomas precoces de HIV como fadiga e perda de peso podem ser descartados como eventos ligados ao envelhecimento. • Pessoas mais velhas com AIDS ficam mais doentes e morrem mais cedo do que pessoas jovens. Isto ocorre por causa do diagnóstico tardio da doença, além das co-infecções com outras doenças que podem apressar a progressão da AIDS. Além disto, novas drogas para o tratamento do HIV podem interagir com medicações que a pessoa mais velha esteja tomando para tratar condições crônicas pré-existentes. Como resultado, pessoas mais velhas são, geralmente, menos informados sobre HIV/AIDS do que pessoas mais jovens e menos conscientes de como se protegerem contra a infecção. Mudanças normais no processo de envelhecimento como a diminuição na lubrificação vaginal e o enfraquecimento das paredes vaginais podem pôr as mulheres mais velhas em risco maior de infecção pelo HIV durante o intercurso sexual. • Assuntos culturais ou de gênero devem ser considerados durante a elaboração de esforços para a prevenção ao HIV. Pessoas mais velhas geralmente não sentem-se confortáveis em falar de seus comportamentos sexuais ou uso de drogas para outras pessoas. Isto torna difícil ao procurar adultos mais velhos para freqüentar grupos de apoio. • Além disto, adultos mais velhos podem não considerar o uso do preservativo como importante ou necessário, especialmente mulheres em pós-menopausa que não precisam preocupar-se com proteção contra a gravidez. Adultos mais velhos podem ter menos amigos vivos e uma rede social menor para fornecer apoio e cuidados. Também, eles são mais inclinados a serem os próprios fornecedores de cuidados, uma vez que um terço dos pacientes de AIDS são dependentes de pais ou parentes mais velhos para apoio financeiro, físico ou psicológico. PROGRAMAS DE PREVENÇÃO PARA O ADULTO MADURO Têm havido uma enorme falta de interesse em pessoas com mais de 50 anos nos esforços de prevenção ao HIV. Programas de prevenção são especificamente requisitados para estes adultos mais velhos. Campanhas publicitárias e a mídia devem incorporar imagens e assuntos que levem em conta pessoas de mais de 50 anos e que encorajem adultos mais velhos em risco a serem testados para o HIV como rotina. É preciso mais pesquisas em comportamentos sexuais e de abuso de substâncias em adultos mais velhos, assim como pesquisas na evolução da doença e nos tratamentos, incluindo a convocação de pessoas mais velhas soropositivas para programas de testes clínicos. Adultos mais velhos precisam de apoio e educação para assegurar que suas vidas após os 50 anos seja tão segura e generosa quanto antes dos 50 anos. Uma estratégia de prevenção compreensiva as DST e ao HIV utiliza diversos elementos para proteger o máximo de pessoas em risco o possível. Adultos com mais de 50 anos são um grupo especificamente importante para ser focalizado com mensagens de prevenção, tanto sobre seus comportamentos de risco quanto sobre seus papéis de educadores e líderes de gerações mais novas. CONVERSANDO SOBRE AIDS E SEXUALIDADE EM GRUPO DE TERCEIRA IDADE NO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL ADULTOS MADUROS CASAL SORODISCORDANTE PARA HIV FONTES • Programa Nacional DST/Aids – Ministério da Saúde – http://aids.gov.br • NEPAIDS- http://www.usp.br/nepaids • FOLHA ON LINE – 21.03.2004 – “Após Viagra Aids tem explosão entre mais velhos” http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano • “Os Idosos e a Aids no Brasil” - http://www.giv.org.br/noticias