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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUO A VEZ DO MESTRE
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PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
ROSANA GOMES SOARES ELIAS
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FAMÍLIA: PRIMEIRO E MAIS IMPORTANTE NÚCLEO DE CONVIVÊNCIA
Prof. Orientador: Maria Esther de Araújo
RIO DE JANEIRO
2013
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUO A VEZ DO MESTRE
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
FAMÍLIA: PRIMEIRO E MAIS IMPORTANTE NÚCLEO DE CONVIVÊNCIA
ROSANA GOMES SOARES ELIAS
Monografia apresentada ao Instituto A
Vez do Mestre como requisito parcial
para
a
obtenção
do
título
de
Esther
de
especialista em
Prof.
Araújo
RIO DE JANEIRO
2013
Orientador:
Maria
AGRADECIMENTOS
A ele que esteve presente em todos os momentos difíceis da minha vida
sempre me incentivando a enriquecer meus conhecimentos investindo na
minha formação.
DEDICATÓRIA
Ao meu querido esposo.
Que sempre se preocupou em me apresentar não só as possibilidades
profissionais , que representava , muito mais do que um simples mercado de
trabalho . Mostrando -me que todo o conhecimento adquirido é visceral, sendo
assim toda e qualquer camada social existente a minha volta será por mim
unicamente e simplesmente uma troca de experiências.
Obrigada por ser este homem, simplesmente maravilhoso!
Te Amo!
RESUMO
A forma como vêm se dando às relações familiares nos últimos anos, em
virtude das modificações econômicas, sociais e culturais que resultam em
novas demandas e desafios refletidos na educação e, consequentemente, em
novas necessidades de um novo perfil de aluno. Destacamos a relevância da
existência do profissional de orientação educacional na escola e sua função
como facilitador da integração da criança no ambiente escolar, além de
viabilizar questões pertinentes ao âmbito familiar inseridos no contexto escolar,
buscando enfatizar a importância da família neste contexto.
METODOLOGIA
A eficácia de um trabalho de pesquisa está associada à metodologia
utilizada para alcançar os objetivos gerais e os específicos propostos. Assim,
este estudo acompanhará um nível de realidade que não pode ser quantificado,
pois as estruturas e instituições foram vistas como resultado da ação humana
objetivada.
A pesquisa em questão tem caráter qualitativo e não será feito nenhum
trabalho de campo. A pesquisa será bibliográfica e terá caráter meramente
documental com base em livros, artigos e sites.
As fontes de pesquisa utilizadas serão fontes secundárias, como livros,
revistas, entre os autores pesquisados estão Freitas, Oliveira, Piaget, Rego e
Sá Telles.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................08
CAPÍTULO I FAMÍLIA: PRIMEIRO GRUPO SOCIAL QUE A CRIANÇA FAZ
PARTE ..............................................................................................................10
1.1 A Influência da família no desenvolvimento da criança..............................12
1.2 Os valores familiares..................................................................................13
CAPÍTULO II. A FAMÍLIA E SEUS EFETOS NO COMPORTAMENTO DA
CRIANÇA...........................................................................................................15
2.1 A Importância do acompanhamento dos pais na vida escolar de seus
filhos...................................................................................................................19
2.2 Relação pais e educadores ....................................................................... 21
2.3 Processo ensino aprendizagem: uma tarefa da escola e da família ......... 22
2.4 Os pais na escola ......................................................................................26
CAPÍTULO III. O ORIENTADOR EDUCACIONAL E SUA RELEVÂNCIA NO
PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM ........................................................ 28
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 34
INTRODUÇÃO
A escola e a família partilham funções sociais, políticas e educacionais,
na medida em que colaboram e influenciam na formação do cidadão (REGO,
2003, p. 123). Ambas são responsáveis pela transmissão e constituição do
conhecimento
culturalmente
organizado,
transformando
as
formas
de
funcionamento psicológico, de acordo com as expectativas de cada ambiente.
Portanto, a família e a escola surgem como duas instituições basais para
desencadear os processos evolutivos das pessoas, atuando como propulsoras
ou inibidoras do seu crescimento físico, intelectual, emocional e social.
Na escola, os conteúdos curriculares garantem a instrução e apreensão
de conhecimentos, havendo uma preocupação central com o processo ensinoaprendizagem. Já, na família, a finalidade, os conteúdos e métodos se
diferenciam, provocando o processo de socialização, a proteção, as condições
básicas de sobrevivência e o desenvolvimento de seus membros no plano
social, cognitivo e afetivo.
A relação entre escola e família tem despertado, atualmente, o interesse
de alguns pesquisadores, como Marques (2002, p.86), principalmente no que
tange às implicações deste envolvimento para o desenvolvimento social e
cognitivo e o sucesso escolar do aluno. Neste estudo, os ambientes familiar e
escolar
são
descritos
como
contextos
de
desenvolvimento
humano,
ressaltando a importância do estabelecimento de relações adequadas entre
ambos.
A primeira seção trata da família e de seu espaço como agente
socializador, enfatizando aspectos relacionados às configurações familiares, à
rede social de apoio e aos vínculos familiares e suas implicações para o
desenvolvimento humano. Na segunda seção, a relação entre a família e a
escola é destacada como um contexto de desenvolvimento, priorizando uma
reflexão sobre a função social, as tarefas e papéis na sociedade
contemporânea de ambas, especificamente no que diz respeito ao cenário
político-pedagógico. A terceira seção apresenta pontos relevantes nas funções
do Orientador Educacional. E enfatiza a necessidade de envidar esforços para
melhor compreender as relações família escola, de modo a assegurar que
ambos os contextos sejam espaços efetivos para a aprendizagem e o
desenvolvimento humano.
CAPÍTULO I
FAMÍLIA: PRIMEIRO GRUPO SOCIAL QUE A CRIANÇA
FAZ PARTE.
A família, presente em todas as sociedades, é um dos primeiros
ambientes de socialização do indivíduo, atuando como mediadora principal dos
padrões, modelos e influências culturais. É também considerada a primeira
instituição social que, em conjunto com outras, busca assegurar a continuidade
e o bem estar dos seus membros e da coletividade, incluindo a proteção e o
bem estar da criança. A família é vista como um sistema social responsável
pela transmissão de valores, crenças, ideias e significados que estão presentes
nas sociedades (KREPPNER, 2000, p. 20). Ela tem, portanto, um impacto
significativo e uma forte influência no comportamento dos indivíduos,
especialmente das crianças, que aprendem as diferentes formas de existir, de
ver o mundo e construir as suas relações sociais.
A família é o berço da formação de regras, princípios e valores,
outras instituições assim como a escola, possuem também
papel muito importante nesta formação moral, a escola se
organizando
de
forma
democrática,
oportunizando
uma
vivência cidadã. Dessa forma, promovem o nascimento
crescimento do respeito mútuo e o desenvolvimento da
autonomia, ingrediente para formação moral (SANDI, 2008,
p.34).
A família é a principal responsável pela alimentação e pela proteção da
criança, da infância à adolescência. A iniciação das crianças na cultura, nos
valores e nas normas de sua sociedade começa na família. Para um bom
desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a criança deve
crescer num ambiente familiar, numa atmosfera de felicidade, amor e
compreensão. Portanto, todas as instituições da sociedade devem respeitar e
cuidar da criança em um ambiente de acolhimento próximo ao recebido por ela
na sua família .
Todos os esforços devem ser feitos para evitar que a criança seja
separada de sua família. Quando este afastamento ocorrer por motivos de
força maior ou em função do interesse superior da criança é necessário que
tomemos providências, de modo que ela receba atenção, sempre levando em
consideração a importância de continuar a criação da criança em seu próprio
meio cultural.
Objetivamente, o nível de bem-estar infantil se manifesta de forma
precisa, podendo ser medido e percebido através das condições gerais de
sobrevivência, consumo de alimentos e grau de nutrição, nível de educação e
respeito dos seus direitos humanos básicos, entre os quais o de manter um
vínculo estável com a família.
Não se poderia deixar de referir os aspectos econômico-financeiros para
viabilizar políticas dirigidas às famílias. Na realidade, quando esta deixa de
cumprir suas funções básicas junto a seus membros, acaba gerando custos
sociais e financeiros adicionais, na medida em que iniciativas públicas e
privadas
compensatórias,
que
nem
sempre
são
eficazes,
tornam-se
necessárias para cobrir demandas dali originadas.
Caberia chamar atenção à perspectiva metodológica adotada nesse
trabalho. A família é percebida não como o simples somatório de
comportamentos, anseios e demandas individuais, mas sim somatório de
integrante da vida e das trajetórias individuais de cada um de seus integrantes.
Às famílias, novos membros se agregam, da família, saem alguns para
construírem outras famílias e enfrentar o mercado de trabalho. Nas famílias
mais pobres, ditados pelas condições econômicas e a luta pela sobrevivência
individual e familiar.
Fala-se
justamente
destas
famílias,
excluídas
do
processo
de
desenvolvimento de apropriação da riqueza gerada, e de relação com a oferta
publica de serviço e apoio.
O enfoque adotado sugere e estimula a compreensão da questão
familiar além das portas do privado. Percebe-se também como dinâmica
publica cumpridora de papéis e responsabilidade que geram impactos no
conjunto da sociedade.
Entre a família e a escola deve haver um relacionamento produtivo e
solidário, mas como nas demais relações, há complexidades, acertos e erros,
retrocessos e avanços.
1.1 A Influência da família no desenvolvimento da criança.
A família brasileira, em meio a discussões sobre a sua desagregação ou
enfraquecimento, está presente e permanente enquanto espaço privilegiado de
socialização, de prática de tolerância e divisão de responsabilidades de busca
coletiva de estratégias de sobrevivência e lugar inicial para exercício da
cidadania sob o parâmetro da igualdade, do respeito e dos direitos humanos. A
família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência de
desenvolvimento e de proteção integral dos filhos e demais membros,
independente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando. É a
família que propicia os suportes afetivos e sobre todos os materiais
necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela
desempenha um papel decisivo na educação formal e humanitário, e onde se
aprofundam os laços de solidariedade e são observados os valores culturais.
A família enquanto forma específica de agregação tem uma dinâmica de
vida própria, afetada pelo processo de desenvolvimento socioeconômico e pelo
impacto da ação do estado através de suas políticas econômicas e sociais. Por
esta razão, ela demanda política e programas próprios, que deem conta de
suas especificidades, quais seja a divisão social do trabalho, o trabalho
produtivo, improdutivo e reprodutivo, a família enquanto unidade de renda e
consumo e forma de prestação de serviços em seu espaço peculiar que é o
doméstico.
1.2 Os valores familiares.
Os valores morais e éticos que a família transmite as crianças têm sua
importância em todo o contexto social, hoje tem se dado muito valor a
inteligência e vem se esquecendo da moral e dos bons costumes, ter educação
é saber usar tanto a inteligência, quanto a moral.
São vários os fatores que fazem com que a família seja o principal pilar
da construção do indivíduo como um todo. É na família que acontece o primeiro
contato social, que se recebem as influencias de culturais e costumes.
“A socialização primária é a primeira socialização que o indivíduo
experimenta na infância, e em virtude da qual torna-se membro da sociedade”.
(BERGER E LUCKMAN, 1991,p. 59 )
A família tem um grande valor de ser a primeira fonte de educação do
indivíduo aprendera com a vivência e os exemplos, as ideias, as atitudes, os
sentimentos e o comportamento a um ajustamento pessoal e social.
A forma que a criança vai reagir frente aos problemas sociais vai
depender das experiências recebidas nos primeiros anos de vida, sua
capacidade de tolerar e de saber lidar com toda atenção da sociedade, é um
reflexo da segurança ou insegurança de seus pais ao passas a realidade do
que acontece na sociedade, de modo verdadeiro sem tentar enganar a criança,
é preciso que a criança aprenda desde cedo que existem momentos difíceis e
de grande sofrimento na vida de todos, se não foi dada à criança a
oportunidade de vivê-la, será negado à chance de crescimento perante as
adversidades da vida e não se terá boa reação frente aos inúmeros problemas
sociais do dia a dia.
De forma direta a família contribui com a sociedade, agindo no processo
de socialização e controle social. Uma família tem um grande poder de intervir
nos valores de outras famílias de forma indireta, já que no contexto social
encontra-se interagindo umas com as outras.
É através da família que acontece às atribuições da sociedade, com
experiências, trocas interpessoais e culturais que ligadas ao processo de
amadurecimento, propiciará a criança atingir condições sempre mais
elaboradas, de conhecer e atuar na sociedade de forma geral e ajustada.
Se as crianças não fizerem parte do processo do desenvolvimento social
e não tiveram plena consciência disso, ao se depararem com as situaçõesproblema preferirão não crescer e assim não assumirão responsabilidades,
consequentemente não se desenvolverão. Por isso o diálogo é parte integrante
do desenvolvimento social e escolar da criança e do adolescente.
CAPÍTULO II
A FAMÍLIA E SEUS EFETOS NO COMPORTAMENTO DA
CRIANÇA
“Para compreender os processos de desenvolvimento e seus impactos
na pessoa, é preciso focalizar tanto o contexto familiar quanto o escolar e suas
inter-relações” (POLONIA & DESSEN, 2007, p. 29).
Os membros de famílias contemporâneas têm se deparado e adaptado
às novas formas de coexistência oriundas das mudanças nas sociedades, isto
é, do conflito entre os valores antigos e o estabelecimento de novas relações
(Chaves, Cabral, Ramos, Lordelo & Mascarenhas, 2002, p. 25 ). Como parte de
um sistema social, englobando vários subsistemas, os papéis dos seus
membros são estabelecidos em função dos estágios de desenvolvimento do
indivíduo e da família vista enquanto grupo (POLONIA & DESSEN, 2007, p.
29). Por exemplo, ser adolescente crescendo em uma família 'nuclear
tradicional', com irmãos biológicos, é diferente de sê-lo em uma família
recasada, coabitando com padrasto e irmãos não biológicos.
Sendo composta por uma complexa e dinâmica rede de interações que
envolve aspectos cognitivos, sociais, afetivos e culturais, a família não pode ser
definida apenas pelos laços de consanguinidade, mas sim por um conjunto de
variáveis incluindo o significado das interações e relações entre as pessoas
(PETZOLD, 1996, p. 28). A própria concepção científica dela evidencia o
entrelaçamento das variáveis biológicas, sociais, culturais e históricas que
exercem grande influência nas relações familiares, constituindo a base para as
formas contemporâneas dela. Os laços de consanguinidade, as formas legais
de união, o grau de intimidade nas relações, as formas de moradia, o
compartilhamento de renda são algumas dessas variáveis que, combinadas,
permitem a identificação de 196 tipos de famílias, produto de cinco
subsistemas resultantes da concepção ecológica de micro, meso, exo, macro e
cronossistema (PETZOLD, 1996, p. 29).
De acordo com a concepção proposta por Petzold (1996, p. 29), a
combinação derivada do microssistema tem como base as relações didáticas,
isto é, como os genitores interagem, com destaque para o grau de intimidade:
se o estilo de vida é compartilhado ou separado, se esta relação é considerada
heterossexual ou homossexual, se há alteridade no poder ou não. Já aquelas
influências provenientes do mesos sistema compreendem as relações com os
filhos, ou seja, a sua presença ou ausência, se eles são biológicos ou adotivos
e se moram com os pais ou não.
No tocante ao exossistema do grupo familiar, esse engloba os contextos
e as redes sociais que asseguram o sentimento de pertencer a um grupo
especial, social ou cultural, tais como as relações mantidas por laços de
consanguinidade ou casamento, vínculos de dependência ou autonomia
financeira ou emocional. E o macros sistema reflete os valores e as crenças
compartilhadas por um conjunto de pessoas, por exemplo, relacionadas ao fato
de a união ser civil ou não, de a relação ser estável ou temporária, de os
cônjuges habitarem ou não o mesmo espaço físico. E, por fim, o cronossistema
diz respeito às transformações da família na sociedade, incluindo as suas
diferentes configurações ao longo do tempo, dentre as quais a família extensa
e a monoparental.
De acordo com Weil (1998, p. 63), antes de procurar saber como
estabelecer relações eficientes entre a família e a escola, é indispensável que
os pais escolham bem a escola de seus filhos de modo a garantir o
estabelecimento dessas boas relações. Mas são poucas as famílias que gozam
deste privilégio. Cabe à escola construir um projeto político pedagógico
contando
com
orientadores,
a
participação
diretores
e
efetiva
dos
coordenação,
pais,
atraindo
alunos,
pais
professores,
dispostos
e
comprometidos com a escola. Assim, a escola fundamentada teoricamente
assegura os pais de seus direitos e deveres, bem como a valorização de sua
contribuição.
Antigamente a instrução dos filhos era dever exclusivo da
família, mas a vida foi se complicando e o conjunto dos
conhecimentos a serem adquiridos por uma pessoa também se
entendeu indevidamente. O resultado disto é que a escola
também se tornou aos poucos, o encargo de instruir as
crianças e os adolescentes. Se a escola é tão importante na
educação de nossos filhos, convém aos pais cercar de todo
caminho não somente a escolha do colégio, mas ainda as
relações entre famílias, o diretor e os professores. (WEIL, 1998,
p. 64)
A evolução de vida da criança é acompanhada diretamente pelos
adultos, compartilhando modos de viver, desenvolvendo atividades de pensar,
integrando significados acumulados historicamente. As ações adquirem
significados no sistema do comportamento social do grupo a que pertence.
No processo interativo, reações naturais e respostas aos estímulos do
meio misturam-se aos processos culturalmente organizados e vão se formando
em modos de ação.
A forma como uma criança é tratada tem grande significação, bem como
os modelos de comportamento que lhe são oferecidos. Os padrões de conduta
e atividade apresentados pelos pais ou pelas pessoas responsáveis que
cercam, serão absorvidos e influenciarão no relacionamento social e no modo
de conceber o mundo.
Quando se analisa a criança em desenvolvimento no seu contexto
familiar, tende-se a analisar a importância da figura materna, a quem cabe
cuidar do filho ainda que sendo um papel central no processo de socialização
infantil.
De acordo com Zago (1995, p. 55 ), há uma tendência à dissociação da
família chamada nuclear, composta de pai, mãe e filhos estão se tornando cada
vez mais dispersas e fragmentada.
Essa desagregação da família tem várias consequências, uma delas é
que grande parte das crianças são encaminhadas às instituições, tendo em
vista a impossibilidade de manutenção dessas por parentes próximos. Uma
segunda consequência diz respeito à ausência da figura masculina e uma
efetiva relação eles não é concretizada.
Nestes parâmetros, de acordo com Alencar:
(...) as pesquisas indicam que as desordens de comportamento
tendem a desassociar com discórdia do lar ocasionando um
clima desfavorável para a criança. (...) onde as relações
familiares são inadequadas provocadas pela ausência do afeto
e a presença frequente de hostilidade, discórdia e desarmonia,
a criança é mais próspera a presentar o comportamento
antissocial e frequente. (ALENCAR, 1982, p. 215)
Existem dois tipos básicos de desarmonia familiar que poderiam
proporcionar efeitos no comportamento social da criança estudados por Rutter,
expostos por Alencar, que são:
(...) em uns a presença de hostilidade, brigas e discussões, em
outro, por uma falta geral de sentimentos positivos com
relações frias e formais, falta de envolvimento emocional,
indicam que os problemas são maiores em famílias com alta
tensão psicológica e ausência de sentimentos positivos entre
os membros. (ALENCAR, 1982, p. 215)
É através do mecanismo de identificação que a criança tende a ter o pai
e a mãe como modelos, imitando-os e comportando-se de acordo com suas
expectativas. No entanto, uma atitude de rejeição se dá quando o
relacionamento entre os pais e a criança, se caracteriza por falta de afeto,
atenção, excesso de punição e criticas constantes, a criança tende a negar
qualquer semelhança com os mesmos, dificultando todo processo de aquisição
de comportamento adequada às regras gerais da sociedade.
Zago (1995, p. 23) enfatiza, “que a organização da vida familiar depende
do que a sociedade através dos seus usos e costumes espera de um pai, de
uma mãe, dos filhos e de todos os seus membros, enfim nem sempre a opinião
geral é unânime, o que resulta em formas diversas de família, além do modelo
social preconizado e valorizado.”
As famílias, apesar de todos os seus momentos de crise e evolução,
manifestam até hoje uma grande capacidade de sobrevivência, e também
porque não dizer de adaptação, uma vez que subsiste sob múltiplas formas.
Acreditamos que para a família compreender a criança, é necessário
primordialmente saber das necessidades reais e qual é realmente o seu
mundo. O que da sociedade pode ser utilizado para incorporar e completar o
mundo desta criança.
A importância que os pais derem ao estudo de seus filhos,
principalmente acompanhando-os e ajudando-os nas atividades escolares de
casa será de grande proveito no processo ensino aprendizagem.
2.1 A Importância do acompanhamento dos pais na vida
escolar de seus filhos.
O papel da família na formação e nas aprendizagens das
crianças e jovens é ímpar. Nenhuma escola por melhor que
seja, consegue substituir a família. Por outro lado, destaco
também que a função de escola na vida da criança é
igualmente ímpar. Mesmo que as famílias se esmerem em
serem educadoras, o aspecto socializador do conhecimento e
das
relações
não
é
adequadamente
contemplado
em
ambientes domésticos. (PAROLIN, 2008, p.01).
Atualmente, a importância da relação família escola é um dos fatores
basais no processo de aquisição da aprendizagem. São estas instruções
sociais mais importantes durante os anos de formação da criança. Cabe a elas
transformar uma criança dependente e imatura em um membro responsável,
sendo suficiente e em condições de contribuir para o bem-estar de sua
comunidade. A família e a escola como força modeladora contribuem de
maneira marcante na vida do ser humano.
Ao permanecer uma parte significa de seu dia na escola, são oferecidos
às crianças novos modelos para imitação e identificação e ela continua na
tarefa de receber um conceito de mundo e de si mesma.
Quando a criança vai mal à escola, vários fatores são levantados pela
escola e pelos pais automaticamente. Neste sentido, em geral, o envolvimento
começa a acontecer entre ambos. O envolvimento entre escola e família
contribui não só no contexto escolar como também no contexto familiar, pois é
a base para toda criança crescer com uma estrutura pertinente aos padrões
normais da sociedade.É no ambiente familiar que o indivíduo se fortalece,
ganhando suporte para enfrentar os desafios de seu futuro.
As pesquisas indicam que as mães na maioria são responsáveis pela
orientação das crianças. Isto quer dizer que os pais precisam se envolver com
mais frequência nos estudos de seus filhos para ajudar no equilíbrio emocional
de crianças necessitadas neste aspecto. A falta de participação dos pais no
estudo de seus filhos acarreta de certa forma um processo de desmotivação
pelo estudo. Acredita-se que o fortalecimento da relação escola família possa
ser o fator primordial para reverter esta situação.
Essa interação fará com que pais e professores procurem descobrir as
falhas de um e de outro, tentando solucionar os problemas na aprendizagem.
Só
com
muito
compromisso
das
ações
dessas
instituições
haverá
transformação pessoal e social do educando. A criança observando o interesse
dos pais e dos professores não terá desculpa para fugir ou se sentir sozinha no
enfrentamento de suas dificuldades nos estudos.
Sá Telles (1993, p. 33) ressalta que: “a força do exemplo dos pais é decisiva
na educação doméstica. Todo esforço que os pais fizerem para se tornarem modelos
de vida e educação para os filhos sempre será desejável”.
A família precisa reconhecer que a tarefa da escola não se restringe
somente em transmitir conhecimentos, mas proporcionar condições de formar
alunos críticos e participativos na sociedade.
Hoepers (1999, p. 42) ressalta que “certamente existe boa vontade dos
pais, mas isso não é suficiente, pois a educação é um processo e não
atividades isoladas e esporádicas que se realizam quando se pode”.
Embora a influência dos pais seja muito grande no desenvolvimento
afetivo da criança dos primeiros anos de vida, pouco se pode fazer
sistematicamente no sentido treiná-las em seu papel de estimular e facilitar o
desenvolvimento cognitivo da criança.
A família e a escola precisam respeitar o educando como um ser capaz,
com carinho e afeto, não como um objeto de posse, mas como alguém
diferente em condições de criar e encontrar seu próprio caminho.
2.2 Relação pais e educadores.
Que a família exerce uma grande influência sobre o desenvolvimento
cognitivo, escolar e social da criança é notório. Normalmente os responsáveis
sentem orgulho de seus sucessos e culpa por seus fracassos.
Segundo o jornal do MEC – Brasília – DF Agosto/2002, os especialistas,
pedagogos e educadores atribuem melhores notas à maior participação da
família na vida escolar.
Pesquisas mostram que a participação dos pais na vida escolar
das crianças é fundamental. Quanto maior o envolvimento
deles, melhor o desempenho do aluno, que ganha segurança,
autoestima e notas mais altas. Os resultados do sistema de
avaliação da educação básica(SAEB/99) mostram: nas escolas
que tem a parceria dos pais, com troca de informações entre
eles, o diretor e os professores, os alunos aprendem melhor.
Os dados revelam cujos pais participam da vida escolar é 10
pontos mais altos do que a dos estudantes cujos pais não tem
convivência. O mesmo acontece com a média de matemática.
Em São Paulo, o assunto motivou a secretaria de educação a
realizar uma pesquisa com os 230 mil professores do estado.
Numa turma prévia realizada pelo jornal da tarde, a única
pergunta que obteve unanimidade na resposta foi sobre as
medidas que devem ser priorizadas para melhoria do ensino.
(GRACIE, 2002, p. 12)
No momento em que a criança inicia sua escolaridade, é necessário que
tenha a presença do pai, da mãe ou de uma pessoa da família, para
acompanhá-la. Fica claro que pais, filho, escola devem caminhar juntos e,
frequentemente são inseparáveis. É uma relação necessária, os pais precisam
da escola para dar continuidade à educação de seus filhos, a escola precisa
doa pais como companheiros nesta tarefa, os filhos, nosso objetivo maior,
sendo ponte para a concretização dessa relação.
2.3 Processo ensino aprendizagem: uma tarefa da escola
e da família.
Em um sistema democrático, a escola é a instituição privilegiada para
aquisição
do
conhecimento
e
consequentemente
do
processo
de
transformação social. Nela a criança entra em contato, pela primeira vez, com
uma realidade mais ampla do que a que já pertencia (família).
Seu mundo adquire outra dimensão, inicia-se um processo de atuação
como ser social. Então chega certo momento em que a escola observa, que
determinado aluno não consegue aprender conteúdos que outro da sua idade
aprende com facilidade. É sinal de que algo está acontecendo. A escola já o
diferencia das outras crianças, destacando-a ou até mesmo rotulando-a com
dificuldade de aprendizagem.
Para Dunn (1997, p. 88) dificuldade de aprendizagem é um transtorno
permanente que afeta a maneira pela qual os indivíduos com inteligência
normal ou dentro da média relacionar, retêm ou expressam informações.
A escola então, pesquisa o problema. As causas podem ser várias
dentre diversos distúrbios de aprendizagem que fazem parte das dificuldades
de aprendizagem. Sendo detectados, eficiência sensorial, mental, distúrbios
sócios emocionais. São características orgânicas, tornando-se um grande
desafio para os profissionais da educação, necessitando acompanhamento
com outros profissionais especializados da área clínica.
Mas as dificuldades de aprendizagem podem estar relacionadas não só
com os distúrbios como também ao ambiente familiar e escola da criança.
Leger e Tripier apud Zago (1994, p.63 ) mostram que as análises feitas
com professores sobre o baixo rendimento escolar estão relacionadas com o
ambiente social dos alunos.
Para Sipavicius (1987, p. 96 ) “Embora o imposto de fatores
socioeconômico sobre o desempenho escolar do aluno se a grande, a escola
ainda pode fornecer esquemas compensatórios”.
É necessário um esforço político persistente, em superar e melhorar as
dificuldades das crianças e da própria escola, a fim de garantir a maioria de
nossa população, o direito à educação de boa qualidade.
Nas últimas décadas, a escola vem assumindo o papel de educar
sozinha seus alunos para a cidadania, devido ao ritmo intenso das mudanças
ocorridas na sociedade. Mudanças essas como as transformações dos valores
éticos onde pais ficaram inseguros com a formação dos filhos. Isto não quer
dizer que estamos colocando a culpa nas famílias e tirando a responsabilidade
da escola, mas como diz Zagury (2000, p. 125) “ é preciso encontrar um ponto
de equilíbrio”. Não é que os pais estejam acomodados em educar as crianças
para a cidadania, mas nas últimas décadas, nossa sociedade passou por
mudanças que se refletiram nas formações familiares.
Uma das grandes mudanças ocorridas na família é em relação ao menor
tempo em os pais passam com seus filhos, devido à jornada de trabalho. A mãe
que antes ficava em casa e ensinava os valores morais, costumes, tradições,
agora trabalham fora. Quando os pais chegam em casa estão cheios de culpa
pela ausência e em muitos casos deixam de estabelecer limites e ensinar o
certo do errado. De acordo com a necessidade econômica, esse tipo de
situação é mais frequente. A criança diante desses problemas apresenta
comportamentos difíceis de serem resolvidos pela escola.
É preciso fazer a criança entender, que os pais se ausentam porque
estão ocupados em suas tarefas laborativas e que as fazem para garantir a
segurança, saúde e educação dos filhos. A criança compreende isso muito bem
quando a família está unida, os pais devem dar atenção, carinho, amor e
educação aos filhos.
Se a criança apresenta problemas relacionados a aprendizagem, nada
melhor que a interação familiar para o tratamento dessas, pois a família além
de ser o primeiro grupo com o qual ela convive, é mediadora entre a criança e
a escola.
Neste sentido, temos mais um motivo para que a família e a escola
estejam integradas durante todo o processo de ensino, pois ajudará na
formação da criança e também no enfrentamento de possíveis falhas no
processo de aprendizagem. A relação entre a família e a escola permitirá que o
aluno adquira a confiança necessária na apropriação do conhecimento,
elevando sua autoestima.
Para as crianças de família populares, o problema ainda é maior no que
se refere ao baixo rendimento escolar, pois dificilmente se dispõe de recursos
financeiros para obtenção de reforços extraclasse, como apoio de livros,
revistas, jornais, professores particulares, entre outros.
O professor nos dias atuais tem conhecimento que toda experiência
historicamente acumuladas pela criança é importante no processo de aquisição
do conhecimento que o indivíduo aprende na interação com o outro e que
todas as aulas precisam ser interessantes e de formas bem diversificadas e
atrativas para que o estudante goste e se interesse pela escola.
A família, contudo, deve estar ciente de que não basta matricular o filho
em uma instituição educacional, é necessário manter o diálogo constante entre
a escola e a família, neste ponto o orientador educacional será a figura
principal da relação, pois o responsável deve certificar-se das regras
estabelecidas pela escola e também da construção do projeto político
pedagógico.
As oportunidades oferecidas pela escola, para contato com a família,
sempre devem ser aproveitadas. Qualquer que seja o grau de cultura dos pais,
nada impede que compareça à escola e participem ativamente das atividades
propostas e oferecidas pela unidade escolar. Toda criança deveria adquirir
senso de segurança em sua família, este sentimento é que vai capacitá-la a
lidar adequadamente com as atividades realizadas em sala de aula e
automaticamente o seu processo ensino-aprendizagem não será difícil.
2.4 Os pais na escola.
São dois os principais objetivos da interação escola famílias.
De um lado, ela visa propiciar o conhecimento dos pais e
responsáveis sobre a proposta pedagógica que está sendo
desenvolvida, para que possam discuti-la com a equipe. De
outro lado, essa interação favorece e complementa o trabalho
realizado na escola com as crianças, na medida em que
possibilita que se conheçam seus contextos de vida, os
costumes e valores culturais de suas famílias, e as diferenças
ou semelhanças existem entre elas e sem relação a proposta.
(KRAMER, 1993, p. 39)
Entendemos a relação escola- família na sua dimensão social,
respeitando os modos de agir e pensar dos pais, valorizando seus costumes e
tradições, mas, simultaneamente, explicando nossas metas, atitudes e
prioridades educacionais. Buscamos, então, o intercâmbio escola família
visando melhor conhecimento das crianças e, portanto uma maior qualidade
para o trabalho pedagógico.
Para entender as fases de desenvolvimento e os impactos no indivíduo,
é necessário focalizar tanto o contexto familiar quanto o escolar, assim como as
suas inter-relações. Em todos os aspectos a família exerce uma poderosa
influência. Embora um sistema escolar transformador possa reverter os pontos
negativos, faz-se necessário que a escola conte com a colaboração de outros
contextos que influenciam significativamente a aprendizagem formal do aluno,
incluindo a família.
Para Piaget (1967 in Sisto, 1999, p. 32), “o sujeito traz o social para
dentro de si na forma de experiências com o outro, socializando o pensamento.
dessa forma, a socialização é intelectual”. Neste sentido, percebe quão
imprescindível é a relação entre escola e família, pois a família como espaço
de orientação, construção da identidade de um indivíduo deve promover
juntamente
a escola uma parceria, a fim de contribuir no desenvolvimento
integral da criança e possibilitar a socialização intelectual.
No momento em que a criança inicia sua escolaridade, é necessário que
tenha a presença do pai, da mãe ou de uma pessoa da família, para
acompanhá-la. Fica claro que pais, filhos, escola devem caminhar juntos, pois,
os pais precisam da escola para dar continuidade á educação de seus filhos, a
escola precisa dos pais como amparo nesta tarefa, e os alunos são a ponte
para a concretização desta relação. Neste sentido, Lerger e Tripier apud Zago
(1994, p. 79) mostram que as análises feitas com professores sobre o baixo
rendimento escolar estão relacionadas com o ambiente em que os alunos
vivem, ou seja, aqueles que não possuem o respaldo familiar tem maior
dificuldade de adaptação, o que pode influenciar no processo ensinoaprendizagem.
No entanto, é preciso levar em conta que essa forma de conceber o
papel das famílias e a atitude de profissionais da escola, esbarra
frequentemente, em uma série de dificuldades decorrentes tanto da maneira
com que pais e profissionais se veem uns aos outros, quanto de suas
expectativas nem sempre convergentes.
Diversas são as alternativas possíveis de favorecer a inter-relação
escola e família, desde a realização de entrevistas até reuniões festivas e
visitas do responsável à escola. As entrevistas permitem que haja maior troca
entre pais e equipe da escola.
Outra estratégia importante no trabalho com pais é a reunião com a
equipe da escola, onde a proposta pedagógica vai sendo apresentada e
discutida. Neste sentido, é preciso evitar tanto as reuniões em que há
cobranças dos pais e reclamações sobre seus filhos, quanto às reuniões
didáticas ou normativas em que se pretende ensinar aos pais como educar e
cuidar de seus filhos.
CAPÍTULO III
O ORIENTADOR EDUCACIONAL E SUA RELEVÂNCIA
NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
A escola constitui um contexto diversificado de desenvolvimento e
aprendizagem, isto é, um local que reúne diversidade de conhecimentos,
atividades, regras e valores e que é permeado por conflitos, problemas e
diferenças (MAHONEY, 2002, p. 65). É nesse espaço físico, psicológico, social
e cultural que os indivíduos processam o seu desenvolvimento global, mediante
as atividades programadas e realizadas em sala de aula e fora dela (REGO,
2003, p. 113 ). O sistema escolar, além de envolver uma gama de pessoas,
com características diferenciadas, inclui um número significativo de interações
contínuas e complexas, em função dos estágios de desenvolvimento do aluno.
Trata-se de um ambiente multicultural que abrange também a construção de
laços afetivos e preparo para inserção na sociedade (OLIVEIRA, 2000, p. 66).
Baseando–se na importância de atuação do individuo em sua sociedade,
o orientador educacional ao longo de sua trajetória, assume como caminho de
seu trabalho o comprometimento com o desenvolvimento da sociedade.
Neste sentido, destaca-se a relevância das dimensões pedagógicas e
técnicas do orientador educacional que se revela pela capacidade de relacionar
conteúdos e técnicas da área de trabalho, pela capacidade de planejamento e
previsão, pela atitude avaliativa, pela preocupação em relacionar conteúdo e
metodologia à realidade de vida do aluno, relacionando conteúdos e
metodologias que sejam pertinentes ao contexto escolar.
Apesar de todos os esforços romper com o processo de afastamento
das famílias do âmbito escolar, que se deu ao longo do tempo, não é simples,
e a instituição de ensino precisa educar e educar-se para a participação. Trata se de um processo complexo, que se inicia na concepção e predisposição
individual para a participação e que se efetiva através dos mecanismos de
viabilização dessa participação. Esse rompimento não se dá ao acaso, é, acima
de tudo, uma decisão.
Sobre a efetivação dos processos participativos no interior da escola,
Gandin (1988, p. 38) estabelece três níveis de participação:
o primeiro nível é o da colaboração, que corresponde à
participação no seu primeiro estágio. Nesse nível, as pessoas
são convocadas a colaborar na execução de um projeto, de
uma idéia, de uma decisão definida por outra pessoa. O
segundo nível é o da delegação de poderes, que representa
um nível mais avançado de participação, embora a estrutura
básica de poder permaneça a mesma. O poder é distribuído
como concessão. A direção define os limites da liberdade do
outro, de forma que continua havendo o que pensa e o que
executa. O terceiro nível é o da construção conjunta. Esse nível
coloca todos os interessados sob uma mesma ótica, tudo é
definido em conjunto, quebrando a dicotomia planejador X
executor.
A maioria das ações da escola, vem se dando, no nível de delegação de
poder e as ações que envolvem a família, em sua maior parte, são em nível de
colaboração, de modo que as tentativas de interação escola – família, ainda
vêm sendo pontuais, fragmentadas e desarticuladas, ficando tais ações
voltadas ao suprimento de pessoal nos eventos festivos.
Organizar a abertura dos espaços para participação das famílias, não é
apenas uma reestruturação na maneira de trabalhar, mas uma mudança de
paradigma na vigência da escola, das relações de poder e distribuição de
tarefas.
Trata-se
de
reinventar
a
escola,
numa
perspectiva
de
co-
responsabilidade, de participação efetiva, não apenas no fazer, mas no
processo de refletir e decidir, o quê e como fazer. Oliveira (1997, p. 70),
corrobora nesse sentido:
Melhorar a qualidade da educação vai muito além da
promoção de reformas curriculares, implica, antes de tudo, criar
novas formas de organização do trabalho na escola, que não
apenas se contraponham às formas contemporâneas de
organização e exercício do poder, mas que constituam
alternativas práticas possíveis de se desenvolverem e de se
generalizarem, pautadas não pela hierarquia de comando, mas
por laços de solidariedade, que se consubstanciam formas
coletivas de trabalho, instituindo uma lógica inovadora no
âmbito das relações sociais.
Vários fatores influenciam nessa perspectiva de mudança, e, muito se
atribui a figura do orientador,
o qual sem dúvida tem papel relevante, ao
propiciar uma maior abertura e receptividade à participação.
A função do Orientador Educacional no decorrer da história se
caracteriza desde um processo considerado terapêutico, devido às influências
da psicologia, em que o aspecto principal era o ajustamento do aluno à
sociedade e à família, até a função preventiva.
Atualmente, o Orientador Educacional vive uma fase considerada crítica
e se configura como processo social necessário dentro da escola, para
mobilizar os que nela atuam para a formação do homem coletivo.
Portanto, a escola e o Orientador Educacional nessa perspectiva
constituem-se importantes elementos de mediação da aprendizagem do aluno
e da sua formação como um todo, auxiliando na integração do educando e de
sua família no contexto escolar, facilitando com isso o processo ensino
aprendizagem. Assim, o objetivo geral da Orientação Educacional no espaço
escolar, é a de mediação no processo de ensino-aprendizagem.
A dimensão sócio – histórica de nosso país repercute fortemente no
trabalho educativo. A divisão de orientação nos faz perceber que as posturas
teóricas que os orientadores educacionais assumiram no decorrer dos períodos
estava relacionada, em grande parte, ás atividades que deveriam ser
desenvolvidas pelo aluno para seu autoconhecimento". O Orientador
Educacional trabalhava exclusivamente para total desenvolvimento do aluno,
segundo Gripun (2001, p.25):
Um profissional que possuía alto sentido de autoridade e
conhecimento no campo educacional e cuja pratica se
estendia, além da orientação ao aluno, á formação de um clima
educativo, na escola , para que o educando pudesse ter um
bom desempenho nesta instituição."(GRISPUN, 2001, p. 25)
Possivelmente em uma tentativa de melhorar a qualidade e os
resultados das instituições de ensino, o Orientador Educacional utiliza-se de
seus conhecimentos para viabilizar um melhor relacionamento entre professore
e alunos, aprimorando as condições do processo ensino – aprendizagem. E
trabalha desde a realização de matriculas, conhecendo assim a realidade de
cada aluno, ate a elaboração dos projetos político – pedagógico a serem
desenvolvidos pela escola.
Pode-se observar que todos os enfoques da orientação educacional
estão voltados para o pleno desenvolvimento do aluno. De todas as suas
atribuições, o aconselhamento, durante um longo período foi reconhecido como
a mais importante ação do Orientador Educacional, segundo Luck (2001, p.
149):
A suposição implícita é de que no aluno esta a causa do
problema. Tal procedimento não reconhece que, muitas vezes,
comportamentos inadequados do educando são causados,
dentre outros, por disfunções ambientais como, por exemplo,
currículo e programas e condições individuais regulamentos
inflexíveis, ou insensibilidade de professores e adultos em geral
á individualidade do educando. ( LUCK, 2001, p. 149)
A orientação, assim entendida, pode ser vista como uma atividade, de
aconselhamento, dentro da escola, que ajudará, facilitando os meios e as
condições necessárias para o aluno buscar, discutir, pensar, refletir,
problematizar, agir sobre dados e fatos necessários à construção do seu
conhecimento, à formação do seu entendimento como cidadão, e também
integração da família ao contexto.
A prática da orientação educacional esta diretamente relacionada á
função social desenvolvida pela escola. Nesse processo se destaca mais uma
importância do trabalho de promoção da integração de todos os profissionais
da escola, conscientizando-os da necessidade da sincronicidade no fazer
pedagógico, isto é, despertarem que em suas ações, está presente a dimensão
política que se revela pela relação ética do educador com a realidade social
mais ampla: pela busca de um relacionamento entre o que faz e a realidade do
aluno; a dimensão humana – interacional que se caracteriza pela relação sócio
afetiva e cognitiva que o educador busca construir entre ele e o aluno e entre
aluno e aluno e pela preocupação em construir o grupo de educadores e
educandos, garantindo um trabalho integrado e cooperativo na escola; e a
dimensão técnica manifestada pelo conhecimento do educador em relação aos
conteúdos e técnicas de sua área de trabalho; pela sua capacidade de
planejamento e previsão, pela sua atitude; pela preocupação em relacionar
conteúdo e metodologia à realidade de vida do aluno, selecionando conteúdos
e metodologias que sejam pertinentes aos interesses da comunidade escolar.
Sem deixar de mencionar também a relação do Orientador Educacional
com a família do educando, promovendo assim o desenvolvimento de atitudes
favoráveis à efetiva participação dos pais na tarefa educativa, orientando os
pais para que tenham atitudes corretas e relação ao estudo dos filhos,
identificando possíveis influências do ambiente familiar que possam prejudicar
o desempenho do aluno na escola e atuar sobre elas.
Contribuindo assim, para o processo de integração escola –família comunidade, atuando como elemento de ligação e comunicação entre todos e
identificando possibilidades e disponibilidades de colaboração por parte dos
pais, em relação à escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A família não é o único contexto em que a criança tem oportunidade de
experienciar e ampliar seu repertório como sujeito de aprendizagem e
desenvolvimento. A escola também tem sua parcela de contribuição no
desenvolvimento do indivíduo, mais especificamente na aquisição do saber
culturalmente organizado em suas distintas áreas de conhecimento. Contudo,
no ambiente escolar, o atendimento às necessidades cognitivas, psicológicas,
sociais e culturais é realizado de maneira mais estruturada e pedagógica do
que no de casa. As práticas educativas escolares têm também um cunho
eminentemente social, uma vez que permitem a ampliação e inserção dos
indivíduos como cidadãos e protagonistas da história e da sociedade. A
educação em seu sentido amplo torna-se um instrumento importantíssimo para
enfrentar os desafios do mundo globalizado e tecnológico.
Vivenciando este estudo sobre a importância da relação família e escola,
colhendo dados para a pesquisa constatamos o valor que deve ser dado a este
tipo de interação. O envolvimento entre ambos está além de ser apenas
melhorar tarefas escolares ou não, o cumprimento do estudo de casa, mas em
contribuir não só no contexto escolar como também no contexto familiar.
Apesar da complexidade e dos desafios que a escola enfrenta não se
pode deixar de reconhecer que os seus recursos são indispensáveis para a
formação global do indivíduo. Conhecendo a escola e suas funções, devem-se
acionar fontes promotoras de saúde tais como as redes sociais com a
comunidade escolar, os profissionais da escola – psicólogos, pedagogos e
orientadores educacionais, que são gabaritados para realizar intervenções
coletivas. É nesse espaço que as reflexões sobre os processos de ensinoaprendizagem e as dificuldades que surgem em sala ou em casa são
realizadas (Rocha, Marcelo & Pereira, 2002; Soares, Ávila & Salvetti, 2000, p.).
A competência dos profissionais de educação é uma das condições para a
realização eficiente do processo de aprendizagem, como também devem estra
preparados e organizados para que se dê continuidade no ensino.
A família e a escola constituem os dois principais ambientes de
desenvolvimento humano nas sociedades ocidentais contemporâneas. Assim,
é fundamental que sejam implementadas políticas que assegurem a
aproximação entre os dois contextos, de maneira a reconhecer suas
peculiaridades e também similaridades, sobretudo no tocante aos processos de
desenvolvimento e aprendizagem, não só em relação ao aluno, mas também a
todas as pessoas envolvidas.
De acordo com os dados coletados em pesquisa, poderá ser observado,
que os pais consideram muito importante a relação família – escola, percebe-se
também que a participação da família no acompanhamento dos estudos de
seus filhos interferem positivamente no processo de ensino-aprendizagem,
bem como na vida social da criança.
Educar, hoje, exige mais do que nunca olhar o aluno de forma ampla, um
ser que é que constituído de história, crenças e valores, e por isso o Orientador
deve, portanto, buscar os meios necessários para que a escola cumpra seu
papel de educar, sem deixar de levar em consideração a realidade de cada
família, a fim de tentar superar as dificuldades dos alunos, e buscando sempre
valorizar a autonomia das crianças.
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