ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I Versão Online OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos CARTOGRAFIA: estudo do lugar como construção da identidade Maria de Lourdes Saviski1 Eloiza Cristiane Torres2 RESUMO Com o decorrer dos anos em sala de aula ensinando a disciplina de Geografia, percebe-se que os alunos utilizam mapas, fotos e imagens apenas pintando espaços sem com isso assimilarem realmente o conteúdo introduzido pelo professor. Ocorre que, a Geografia não se limita ao estudo dos pontos cardeais e de localização das cidades nos mapas, pois, seu estudo está diretamente relacionado com a evolução humana. Neste contexto a cartografia permite levar o aluno a uma compreensão muito além de se localizar em espaços geográficos, permite e possibilita a comunicação entre as civilizações. Desse modo, percebe-se que a cartografia é um valioso instrumento pedagógico para despertar nos alunos o interesse pela disciplina de Geografia, uma vez que permite que o mesmo compreenda o conteúdo ministrado em sala de aula. Assim que puderem ler o espaço em que vivem, poderão também se deslocar e inclusive interferir, fazer planos futuros, compreender sua origem, etc. O objetivo deste projeto foi desenvolver a compreensão do espaço através das representações cartográficas, relacionando o conhecimento cartográfico ao dia a dia; estabelecendo relações com o espaço; e, utilizando o mapa como recurso pedagógico. Concluiu-se que a conexão efetiva dos conceitos cartográficos com a realidade do aluno é importante tanto para motivá-los como para facilitar sua compreensão. Mesmo os pequenos avanços obtidos, são consideráveis na educação. Por isso, as atividades desenvolvidas foram voltadas para auxiliar os alunos na compreensão e leituras cartográficas, pois estas são extremamente necessárias no cotidiano. O trabalho é gradativo e contínuo, cabendo a nós educadores organizar em nossas aulas atividades que propiciem o ensino-aprendizagem. O projeto contribuiu significativamente para o desenvolvimento e compreensão dos alunos quanto a importância da Geografia e, dentro dela, da Cartografia, principalmente pela interferência que esse tema tem no dia a dia deles e de todos que os cercam. Como professora, a experiência mostrou que a realização de projetos dessa amplitude se torna necessária e, se realizado com maior frequência, pode trazer resultados pontuais que refletem na sala de aula, na disciplina de Geografia, na vida dos alunos, e no processo educacional como um todo. Palavras-chave: Geografia. Cartografia. Mapa. Localização. Espaço. INTRODUÇÃO Com o decorrer dos anos em sala de aula ensinando a disciplina de Geografia, percebe-se que a utilização da cartografia como recurso pedagógico é bastante precária, pois, os alunos utilizam mapas, fotos e imagens apenas pintando espaços sem com isso assimilarem realmente o conteúdo introduzido pelo professor. A geografia não se limita ao estudo dos pontos cardeais e de localização das cidades nos mapas, seu estudo está diretamente relacionado com a evolução humana. 1 2 Professora PDE Orientadora PDE Neste contexto a cartografia permite levar o aluno a uma compreensão muito além de se localizar em espaços geográficos, permite e possibilita a comunicação entre as civilizações. Isso porque a cartografia é muito frequente na vida das pessoas, apesar delas não perceberem. É possível que, através do estudo dos mapas, por exemplo, o aluno desenvolva a percepção e cognição, pois terá que trabalhar com símbolos, signos, proporção, localização, que o forçará a utilizar a mente. Estudar com mapas pode também, estar auxiliando o professor em sala de aula a incentivar o aluno a se interessar pela geografia, pois perceberá que os conhecimentos geográficos estão relacionados a tudo o que está ao seu redor no dia a dia. Desse modo, percebe-se que a cartografia é um valioso instrumento pedagógico para despertar nos alunos o interesse pela disciplina de geografia, uma vez que permite que o mesmo compreenda o conteúdo ministrado em sala de aula. Assim que puderem ler o espaço em que vivem, poderão também se deslocar e inclusive interferir, fazer planos futuros, compreender sua origem, etc. Pensando no público a que se destina o estudo sobre a alfabetização cartográfica, deve-se pensar: Quais estratégias são necessárias para a aprendizagem da cartografia? Como a cartografia pode possibilitar e contribuir para o ensino da Geografia? A forma de abordagem do conteúdo proposto pode ampliar os conhecimentos geográficos dos alunos do ensino fundamental e criar cidadãos preparados para entender e planejar o espaço em que vivem? Com isso, esse trabalho teve por objetivo desenvolver a compreensão do espaço através das representações cartográficas, relacionando o conhecimento cartográfico ao dia a dia; estabelecendo relações com o espaço; e, utilizando o mapa como recurso pedagógico. Ensino da Geografia As ciências passam por mudanças ao longo do tempo, pois as sociedades estão em processo constante de transformação/(re)construção (CASTROGIOVANNI et al., 2009, p. 13). O ensino de geografia é tão complexo quanto o ensino das demais disciplinas. De acordo com Tomita (2012, p. 35): A finalidade e o desejo final de todas as atividades de ensino na escola é promover a aprendizagem dos alunos para que desenvolvam a capacidade de visão e leitura crítica, de interpretação do mundo e do próprio modo de inserção nesse meio. Desse entendimento, de imediato, podemos perceber o papel e a importância da geografia, que, pela sua peculiaridade, ao objetivar o estudo e a análise da organização do espaço, traz subsídios para a compreensão do mundo e da dinâmica da relação dos elementos da natureza entre si e destes com os homens. Cavalcanti (2002, p. 12) explica que “o trabalho da educação geográfica na escola consiste em levar as pessoas em geral, os cidadãos, a uma consciência da espacialidade das coisas, dos que elas vivenciam, diretamente ou não, como parte da história social.” “A análise acerca do ensino da geografia começa pela compreensão do seu objeto de estudo, ou seja, o espaço geográfico que, segundo as Diretrizes Curriculares” (PARANÁ, 2008, p. 51): “é entendido como o espaço produzido e apropriado pela sociedade (LEFEBVRE, 1974), composto pela inter-relação entre sistemas de objetos – naturais, culturais e técnicos – e sistemas de ações – relações sociais, culturais, políticas e econômicas (SANTOS, 1996).” O espaço é tudo e todos: compreende todas as estruturas e formas de organização e interações (CASTROGIOVANNI et al., p. 12, 2009). Para Castrogiovanni et al. 2009, p. 7) “É fundamental proporcionar situações de aprendizagem que valorizem as referências dos alunos quanto ao espaço vivido. Estas referências emergem das suas experiências e textualizações cotidianas.” Na sociedade e na escola, as pessoas ainda não deram conta da importância da geografia, pois, a mesma pode contribuir para que o aluno entenda e compreenda o mundo e o contexto social ao seu redor (TOMITA, 2012). Para Cavalcanti (2002, p. 14) os conteúdos geográficos são instrumentos que visam formar o raciocínio espacial, mas não somente isso, antes de tudo, “visa permitir que o aluno saiba além de localizar, entender as determinações e implicações das localizações, e compreensão dos diversos espaços”. Por “alfabetização espacial” deve ser entendida a construção de noções básicas de localização, organização, representação e compreensão da estrutura do espaço elaboradas dinamicamente pelas sociedades (CASTROGIOVANNI et al., 2009, p. 11). Segundo Almeida e Passini (2006, p. 33), [...] a localização geográfica constrói-se à medida que o sujeito se torna capaz de estabelecer relações de vizinhança (o que está ao seu lado), separação (fronteira), ordem (o que vem antes e depois), envolvimento (o espaço que está em torno) e continuidade (a que recorte do espaço a área considerada correspondente), entre os elementos a serem localizados. Isso significa o mesmo que “localizar e dar significação aos lugares” (CAVALCANTI, 2002, p. 15). Importante mencionar que é na disciplina de Geografia que essa compreensão se concretiza. Cartografia Importa ressaltar que “a cartografia tem sua origem na Grécia, permeada pela mitologia que influencia a produção das representações da época”. E ainda, “conhecer e representar a Terra foram os primeiros objetivos da cartografia” (FRANCISCHETT, 2002, p. 17). Como ciência, “a cartografia como possibilita um melhor entendimento dos resultados da modificação do espaço geográfico” (FRANCISCHETT, 2002, p. 11). Isso significa que, ela visa estudar o espaço geográfico através da representação. Simielli (1999, p. 98 apud PISSINATI; ARCHELA, p. 111) explica que: A alfabetização cartográfica consiste no processo de ensino/aprendizagem por onde o estudante será inserido no estudo formal do mapa. Essa alfabetização supõe o desenvolvimento de noções de visão oblíqua e visão vertical; imagem tridimensional, imagem bidimensional; alfabeto cartográfico (ponto, linha, área); construção da noção de legenda; proporção e escala; lateralidade. A importância dada à cartografia no ensino da geografia, segundo Francischett (2002, p. 22) “está no fato de que esta é uma ciência que se preocupa com a organização do espaço”. Nesse sentido, Cavalcanti (2002, p. 15) esclarece que: O desenvolvimento do aluno na escola não se restringe à sua dimensão intelectual, mas inclui as dimensões física, afetiva, social, moral, estética. No caso específico da Geografia, entre as capacidades e habilidades para se operar com o espaço geográfico, destaca-se a capacidade de observação de paisagens, de discriminação de elementos dessa paisagem, de discriminação e tabulação de dados estatísticos, de mapeamento e leitura de dados cartográficos. Existe uma relação estreita entre os conteúdos apreendidos em sala de aula e a realidade do dia-a-dia do aluno. Assim, “a relação do aluno com a cidade em que vive pode ser entendida como a relação com o lugar [...] entendido como o espaço tornado familiar, com o qual se tem identidade, na relação do local com o global” (CAVALCANTI, 1998 apud CAVALCANTI, 2002, p. 59). “A construção da própria identidade é o lastro para a descentração espaço-temporal do sujeito cidadão” (CASTROGIOVANNI et al. 2009, p. 13). Mapas Na literatura levantada, “embora não seja possível dizer quando surgiu o primeiro mapa, sabe-se que eles começaram a ser feitos há mais de 4.000 anos, por culturas antigas da Mesopotâmia, China, Egito e Grécia” (FRANCISCHETT, 2002, p. 18). Para os estudiosos, O mapa pode ser visto como apresentação ou abstração da realidade geográfica, como uma representação cartográfica necessária para apresentação da informação geográfica nas modalidades visual, digital e táctil, sendo um veículo de comunicação entre o espaço real e sua representação (FRANCISCHETT, 2002, p. 19). O mesmo autor explica que “o mapa mostra em vez de uma imagem concreta de cada cidade, apenas um símbolo ou um sinal” (FRANCISCHETT, 2002, p. 21). É uma maneira de ver e realizar uma leitura de maneira praticamente universal, pois é praticamente impossível reunir em um espaço limitado tantas informações, sendo necessário sintetizá-las por meio de sinais apenas. Segundo Pissinati e Archela (2007, p. 111) “a representação bidimensional (mapa) requer o estudo de quatro princípios básicos: a localização, a projeção, a proporção e a simbologia”. O quadro a seguir mostra a característica de cada princípio. Quadro 1 – Características dos princípios da representação bidimensional Princípio Característica Localização - Posição de um elemento em relação a área ou outros elementos - Mapa mental - Transposição de elementos vistos no real para uma superfície plana, em forma de desenho, ou seja, associação do real (tridimensional) com a representação (bidimensional) - Escala - Ampliação e redução de objetos - Conjunto de formas e cores - Ponto, linha, área Projeção Proporção Simbologia Fonte: Adaptado de PISSINATI; ARCHELA (2007). De acordo com Pavan e Tsukamoto (2007), o uso do mapa no ensino de geografia justifica-se porque o mesmo leva o aluno ao raciocínio, permitindo uma ligação entre a memória, o que já acumulou de conhecimento em estudos anteriores, e a reflexão acerca do conhecimento acumulado e o conhecimento a ser construído. Nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica, propõe-se que “os mapas e seus conteúdos sejam lidos pelos estudantes como se fossem textos, passíveis de interpretação, problematização e análise crítica” (PARANÁ, 2008, p. 83). A Cartografia no Ensino de Geografia A importância do desenvolvimento da habilidade em cartografia no ensino fundamental tem sido reconhecida por geógrafos como Almeida e Passini, 1989; Passini, 1994; Nogueira, 1994; Simielli, 1999 (CAVALCANTI, 2002). Segundo a literatura consultada, “a linguagem cartográfica resulta de uma construção teórico-prática que vem desde os anos iniciais e segue até o final da Educação Básica” (PARANÁ, 2008, p. 83). Pode-se afirmar que, A geografia, juntamente com as demais disciplinas do currículo escolar, tem, como uma de suas finalidades, desenvolver a capacidade de observar, pensar e analisar a realidade, de forma crítica. E, como um item fundamental a esta disciplina, aparece a representação cartográfica como meio de construção do conhecimento geográfico (FERREIRA; ARCHELA, 2006, p. 238). De acordo com Uller e Archela (2005, p. 67) “a geografia, ciência que tem como objeto de estudo o espaço, sempre apresentou uma ligação muito forte com a cartografia”. Assim, a cartografia surge no ambiente escolar utilizada como um recurso auxiliar no entendimento e compreensão do espaço geográfico (PAVAN; TSUKAMOTO, 2007). No saber geográfico, devem ser incluídos conceitos como: localização, orientação, representação, paisagem, lugar e território e valorizadas algumas ferramentas, como a cartografia, que instrumentaliza o aluno para ser um leitor e mapeador ativo, consciente da perspectiva subjetiva na escolha do fato cartografado, marcado por juízo de valor (CASTROGIOVANNI et al., 2009, p. 8). “Ao apropriar-se da linguagem cartográfica, o aluno estará apto a reconhecer representações de realidades mais complexas, que exigem maior nível de abstração” (PARANÁ, 2008, p. 83). Pavan e Tsukamoto (2007, p. 133) também entendem que “o aluno necessita desenvolver habilidades, conceitos e noções que efetivamente o levem a compreender a realidade representada”. IMPLEMENTAÇÃO O Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná – PDE tem como objetivo capacitar professores da rede estadual de ensino, em parceria com as Universidades Estaduais em processo de formação e capacitação. São várias etapas que envolvem esse processo, entre elas a elaboração de uma Unidade Didática cujo o objetivo geral é a implementação em sala de aula. Para isso foi elaborado uma proposta pedagógica buscando estratégias e abordagens que possibilitará que os alunos entendam e compreendam o espaço através das representações cartográficas, relacionando o conhecimento cartográfico com o dia a dia. O projeto foi apresentado para a Direção e Equipe Pedagógica, APMF, Corpo Docente e demais profissionais da área da Educação, onde foi discutido e aprovado. A produção didático pedagógica também foi apresentada para os discentes do 9º Ano do ensino Fundamental, período vespertino do Colégio Estadual Marechal Castelo Branco no município de Primeiro de Maio-PR. As ações aconteceram da seguinte forma: O início da intervenção aconteceu com uma sondagem inicial por meio de uma avaliação diagnóstica. Foi aplicado um questionário individual com o objetivo de levantamento do conhecimento prévio dos alunos em relação a Cartografia. A maioria dos alunos não tinha noção de proporção, lateralidade e, principalmente, cartografia, por esse motivo foi necessário retomar o conteúdo e tirar as dúvidas para prosseguir com as atividades, de modo que conseguissem compreender o tema que se estava abordando. Após o término da atividade foi feita a leitura de cada questão, comentando qual era a resposta correta e a porcentagem de erros e acertos, havendo oportunidade de verificar onde erraram ou acertaram. Foi disponibilizado, também, um texto sobre “Cartografia” com o objetivo de conscientizar o aluno sobre a importância do conhecimento cartográfico em seu cotidiano. Fonte: Projeto PDE 2015 Foto: Maria de Lourdes Saviski, 28/07 Na atividade que abordou o conceito de Lateralidade e sua importância na localização do espaço, as atividades práticas em sala de aula contou com a observação por parte dos alunos, da sua lateralidade em relação aos colegas; observação a planta da cidade e localização da escola; observação da planta baixa da escola e relação do que está à direita, a esquerda, frente, atrás do imóvel e as ruas que fazem divisa com a escola. Fonte: Projeto PDE 2015 Foto: Maria de Lourdes Saviski, 14/08 Os alunos localizaram na planta baixa da escola a sua sala de aula, a biblioteca, sala dos professores, refeitório, banheiro masculino, feminino e o trajeto do portão de entrada até a sala de aula, e cada local foi colorido com uma cor diferente, criando-se a noção de legenda, porém sem mencionar aos alunos, prevalecendo os conceitos de lateralidade. Fonte: Projeto PDE 2015 Foto: Maria de Lourdes Saviski, 14/08 Foi trabalhado um texto referente a lateralidade citando alguns exemplos em relação a cartografia como: a orientação pelo sol e pontos de referência. Houve motivação, participação com interesse, questionamentos em relação as atividades, porém houve confusão durante a localização devido ao fato da cidade estar começando agora a ser sinalizada. Na atividade de construção do mapa mental, pode ser feito desenho do trajeto casa-escola, desenho do trajeto da escola até vários pontos de referência como mercado, praça, ginásio de esportes e estádio de futebol. Houve necessidade de fazer comentários introdutórios em relação a orientação no espaço, localização e trajeto. Fonte: Projeto PDE 2015 Foto: Maria de Lourdes Saviski, 07/08 Após a especulação e explicação do conceito de mapa mental, os alunos foram orientados para que observassem, detalhadamente, o trajeto que percorrem da casa para a escola e vice-versa. Feito isso, foi discutido, oralmente, as principais observações. Quanto ao estudo dos Pontos Cardeais, o recurso pedagógico utilizado foi a imagem da rosa dos ventos. Fonte: Projeto PDE 2015 Foto: Maria de Lourdes Saviski, 18/08 Pode-se observar a explicação quanto a localização do Estado do Paraná a partir do geral para o específico com a utilização dos mapas: Mundi, América do Sul, Brasil e Estado do Paraná e localização do município de Primeiro de Maio. Fonte: Projeto PDE 2015 Foto: Maria de Lourdes Saviski, 25/08 Foram respondidas questões referente ao Estado do Paraná e município de Primeiro de Maio. Fonte: Projeto PDE 2015 Foto: Maria de Lourdes Saviski, 28/08 Questionamentos foram uma constante durante a realização de todas as atividades, necessitando da orientação e direcionamento por parte da professora. No estudo sobre as Noções de Escala, os alunos observaram as medidas de comprimento e com a ajuda de barbantes mediram espaços, objetos e responderam questões. Nesta atividade foi trabalhado um texto com as noções de escala, apresentando as medidas de comprimento e o símbolo de cada unidade e o valor que cada unidade de medida representa. Fonte: Projeto PDE 2015 Foto: Maria de Lourdes Saviski, 01/09 Para realizar as atividades foram utilizados régua, fita métrica, trena e barbante. A atividade sobre Legenda foi feita a partir do desenho da planta baixa da sala de aula e uma planta baixa do próprio quarto e, para cada tipo de objeto criouse um símbolo que o represente. Nesta atividade foi trabalhado um texto explicativo com o tema Legenda: Convenções gráficas que ajudam entender o mapa. Fonte: Projeto PDE 2015 Foto: Maria de Lourdes Saviski, 06/08 Pode-se observar boa participação, interesse e compreensão do conteúdo apresentado. No estudo sobre visão, a atividade escolhida priorizou a observação de diferentes modelos de representação, escolha de um modelo e criação de um desenho representando o objeto na visão oblíqua ou vertical. Para realizar esta atividade foi trabalhado um texto referente ao conceito de Visão e os tipos de visão capazes de subsidiar o trabalho cartográfico: visão frontal, visão oblíqua e visão vertical, também foi entregue uma atividade com vários modelos de representações, explicando o resultado da visão oblíqua e visão vertical. Durante a realização das atividades demonstraram interesse compreendendo a temática proposta, mas alguns alunos sentiram dificuldade na elaboração dos desenhos quanto a visão oblíqua. Após a realização de todas as atividades apontadas anteriormente, os alunos conseguiram construir o mapa do Estado do Paraná, com as respectivas mesorregiões. Foi possível explorar o conceito de mesorregiões e o nome de cada mesorregião, município mais populoso e a área em Km quadrados. Cada grupo ficou responsável por uma mesorregião correspondente, fazendo o contorno das mesorregiões em EVA. e legenda Fonte: Projeto PDE 2015 Foto: Maria de Lourdes Saviski, 06/10 O desenho foi ampliado transferido para um isopor. Fonte: Projeto PDE 2015 Foto: Maria de Lourdes Saviski, 08/10 Cada grupo recortou uma mesorregião e em seguida foi construído o mapa do Estado do Paraná com as mesorregiões, sendo que, na mesorregião norte central foi destacado o município de Primeiro de Maio, onde tiveram a noção de localização do município, em qual mesorregião fica situado, assim como a localização no Estado do Paraná (norte). Também colaram barbante no contorno do mapa definindo, assim, o limite estadual. Após ter construído o mapa, os alunos colaram o mapa em papel craft. E cada grupo ficou responsável para elaborar a legenda correspondente. Também desenharam a rosa-dos-ventos, recortando em seguida e colando no painel, indicando os pontos cardeais, dando as noções de orientação Em seguida colocaram o título do mapa: Mesorregiões do Paraná. Fonte: Projeto PDE 2015 Foto: Maria de Lourdes Saviski, 09/10 O painel foi exposto, sendo fixado na parede da escola, para que outros alunos também pudessem visualizar o mapa construído. Fonte: Projeto PDE 2015 Foto: Maria de Lourdes Saviski, 13/10 Através do desenvolvimento destas atividades os alunos tiveram a oportunidade de concretizar o trabalho proposto referente a Alfabetização Cartográfica, percebendo que o mapa é um meio de comunicação e que através da leitura dos símbolos utilizados é possível entender a sua representação e, consequentemente melhorar a compreensão do espaço onde vivem. CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização das atividades que envolveram a aprendizagem cartográfica mostrou que o conhecimento e compreensão se dá no decorrer da formação do aluno e o que permite essa compreensão é a relação da teoria com a prática em nosso cotidiano. Na prática escolar, são inúmeras as dificuldades apresentadas e por isso é preciso estabelecer critérios quanto ao tema a ser trabalhado para que a aprendizagem ocorra de maneira significativa. Quanto ao ensino de Geografia, a Cartografia é de grande importância, pois auxilia na motivação formal, permitindo que o aluno compreenda o espaço geográfico e sua representação e também o levando a perceber o quanto os conhecimentos geográficos estão relacionados ao nosso dia a dia. Através da representação cartográfica, consegue-se aproximar os alunos a qualquer lugar do mundo, no entanto deve-se buscar propostas metodológicas que venham contribuir para o processo de aprendizagem, propiciando aos mesmos a tornarem-se aptos para compreenderem o espaço em que vivem, tornando-se críticos e reflexivos. Assim, em nossa prática pedagógica devemos buscar estratégias que facilitem o aprendizado em relação ao ensino da Cartografia. As atividades práticas relacionadas ao seu espaço de vivência contribui para estimular o seu pensar e refletir sobre o conteúdo trabalhado de maneira mais prazerosa, facilitando assim a aprendizagem. É preciso dar um novo enfoque para o ensino cartográfico, buscando metodologias que venham auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, possibilitando superar as possíveis defasagens existentes, promovendo assim a aprendizagem de maneira significativa, facilitando a compreensão e análise do espaço geográfico. Para que os alunos se apropriam da linguagem cartográfica é necessário que saibamos mediar o processo de ensino e aprendizagem, buscando propostas metodológicas que venham despertar o interesse e a participação ativa, através de atividades práticas que venham auxiliar na aprendizagem. Trabalhar com atividades práticas facilitará a aprendizagem dos alunos, motivando-os para que esses adquiram os conhecimentos necessários da linguagem cartográfica, entendendo o espaço em que vivem e também estando aptos a reconhecer as representações de realidades mais distantes. Isso porque, a Cartografia possibilita transmitir a realidade de um determinado lugar sob forma de representação, tomando como referência as atividades práticas que estejam próximas da realidade do aluno, oportunizando para que o mesmo se envolva no processo de aprendizagem, havendo maior compreensão, tornando as aulas mais significativas. O domínio da linguagem cartográfica é de grande relevância no ensino de Geografia. A Alfabetização Cartográfica possibilita compreender melhor o espaço em que vivem, quanto a localização, orientação e entendimento de mapas, sendo necessário trabalhar de forma crescente desde os conceitos simples até os mais complexos. As aulas práticas contribuem para que os alunos despertem e percebam o quanto a Cartografia faz parte do nosso dia a dia, desenvolvendo a capacidade de pensar e agir tanto no espaço local, como global. A produção e a leitura de mapas através de atividades significativas são de grande importância para a compreensão cartográfica. Portanto trabalhar com os diferentes tipos de mapas permitirá que o aluno consiga refletir sobre as diferentes formas de representação do espaço, podendo utilizar esses conhecimentos também para a localização e orientação do seu espaço de vivência A conexão efetiva dos conceitos cartográficos com a realidade do aluno é importante tanto para motivá-los como para facilitar sua compreensão. Mesmos os pequenos avanços obtidos, são consideráveis na educação. Em síntese, as atividades desenvolvidas foram voltadas para auxiliar os alunos na compreensão e leituras cartográficas, pois estas são extremamente necessárias no cotidiano. O trabalho é gradativo e contínuo, cabendo a nós educadores organizar em nossas aulas atividades que propiciem o ensinoaprendizagem. Embora não esteja explícita no Projeto de Intervenção Pedagógica, o trabalho pedagógico pautou-se na Pedagogia Histórico-Crítica que proporciona, por meio das diferentes atividades propostas, aprendizagem significativa dos conteúdos, que privilegia a abordagem qualitativa dos mesmos, em que coloca o aluno na relação direta com o tema trabalhado, levando em consideração seus conhecimentos prévios e tendo o professor como mediador do processo educativo. Foi possível observar que o projeto contribuiu significativamente para o desenvolvimento e compreensão dos alunos quanto a importância da Geografia e, dentro dela, da Cartografia, principalmente pela interferência que esse tema tem no dia a dia deles e de todos que os cercam. Como professora, a experiência mostrou que a realização de projetos dessa amplitude se torna necessária e, se realizado com maior frequência, pode trazer resultados pontuais que refletem na sala de aula, na disciplina de Geografia, na vida dos alunos, e no processo educacional como um todo. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Rosângela Doin de; PASSINI, Elza Y. O espaço geográfico: ensaio e representação. 13 ed. São Paulo: Contexto, 2004. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos et al. Ensino da geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2009. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos; COSTELLA, Roselane Zordan. Brincar e cartografar com os diferentes mundos geográficos: a alfabetização espacial. 2. ed. 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