CONCENTRAÇÃO DE COBRE PLASMÁTICO E ESTRESSE OXIDATIVO EM MULHERES COM CÃNCER DE MAMA Tatiana Abreu Barros (bolsista do PIBIC/CNPq), Nadir do Nascimento (Orientador, Depto de Nutrição – UFPI) INTRODUÇÃO O carcinoma da mama é o tipo de neoplasia mais comum em mulheres, e uma das principais causas de morte por câncer no mundo, configurando-se como um grave problema de saúde publica (GUPTA, 2012). Dados divulgados pelo INCA apontam uma previsão de 57.120 casos novos de câncer de mama (INCA, 2014). O estresse oxidativo (EO) é um importante elemento na patogênese dessa doença (AGHVAMI et al., 2006). O malondialdeido (MDA) é um biomarcador do EO que se relaciona com o processo de lipoperoxidação (ANTUNES et al., 2008). Por outro lado, concentrações elevadas de cobre têm sido correlacionadas com a carga tumoral, progressão, incidência, regressão e recorrência do tumor (GOODMAN; BREWER; MERAJVER, 2004). O objetivo do estudo foi analisar a concentração de cobre plasmático e o estresse oxidativo em mulheres com câncer de mama assistidas em serviço publico de saúde. METODOLOGIA Delineamento do estudo: O estudo foi realizado no Setor de Mastologia da Clinica Ginecológica do Hospital Getúlio Vargas (HGV), no município de Teresina – PI, no período de agosto de 2013 a julho de 2014. Envolveu 52 mulheres na pré menopausa, na faixa etária de 20 a 50 anos, mulheres com câncer (n=26), e sem a doença (n=26). Foram excluídas mulheres em uso de suplementos vitamínico e/ou mineral e medicamentos de uso contínuo; portadoras de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT); com histórico prévio de tratamento para câncer e que apresentaram concentrações de FSH sérico superior a 30 μg/mL. Coleta do Material Biológico: Foram coletados 10 ml de sangue venoso distribuídos – um para determinação do MDA, contendo EDTA como anticoagulante, e outro, com citrato de sódio a 30% para análise de cobre. Após a centrifugação extraiu-se o plasma com pipeta automática, o acondicionando em microtubos de polipropileno, e em seguida conservados a -20 C para análises de cobre, e a -80º C para o MDA. Determinação do malondialdeído e cobre: A determinação do MDA foi realizada a partir da produção de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARs) segundo o método descrito por Ohkawa, Ohishi e Yagi (1979), com adaptações, e a concentração do cobre plasmático por espectrofotometria de absorção atômica, segundo metodologia proposta por Moro et al. (2007). Aspectos éticos: Esse estudo é um recorte do projeto “Concentrações plasmáticas de cobre e ceruloplasmina em mulheres com câncer de mama”, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição, seguindo as recomendações da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, sob o numero do CAAE 12280313.0.0000.5214. Análise dos Dados: Foi realizada no programa ® SPSS (for Windows versão 15.011.02) e utilizou-se os teste “t” de Student e de Mann Whitney. O nível de significância adotado na decisão dos testes foi de 5,0%. Resultados e Discussão Os valores médios e desvios padrão das concentrações de cobre plasmático e MDA das mulheres estão demonstrados na Tabela 1. O estudo não encontrou diferença significativa entre os grupos estudados para as variáveis investigadas. Tabela 01: Valores médios e desvios padrão das concentrações de cobre plasmático e malondialdeído das mulheres. Teresina-PI, Brasil, 2014. Caso (n=26) Média ± DP Controle (n=26) Média ± DP p valor Cobre plasmático¹ (μmol/L) 87,74 ± 33,53 83,46 ± 20,26 0,558 Malondialdeído² (µM/L) 5,65 + 4,44 4,88 + 1,70 0,869 Parâmetros ¹Valores de referência 70 a 140 µg/dL de Cu, Teste t (p>0,05) ² Valores de referência 1 a 3 µM/L, Teste de Mann-Whitney (p>0,05) As concentrações de cobre do presente estudo estavam dentro dos valores de referência (70-140 µg/dL), o que pode ser devido ao estadiamento do câncer nas mulheres com a doença. O desvio padrão elevado demonstra uma heterogeneidade no grupo de mulheres quanto a esse parâmetro, o que remete à necessidade de se investigar outras variáveis, e ao aumento no número de mulheres que represente a amostra investigada. As figuras 01 e 02 mostram que não houve correlação entre cobre e malondialdeído para o grupo de mulheres com e sem câncer de mama. Figura 01: Correlação entre os valores de cobre e malondialdeído nas mulheres com câncer de mama. 25,00 n= 26 r= -0,273 p= 0,177 MDA (nmol/mL) 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 0 50 100 Cu 150 200 MDA (nmol/mL) Figura 02: Correlação entre os valores de cobre e malondialdeído nas mulheres sem câncer de mama. 10,00 n= 26 r= -0,179 p= 0,383 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 0,00 50,00 Cu 100,00 150,00 A análise desses biomarcadores do EO deve ser feita com cautela, haja vista o elevado desvio padrão encontrado, que pode ser decorrente de diferenças no estadiamento da doença e do tamanho da amostra. A elevação do cobre causa toxicidade e está relacionada com a peroxidação lipídica de membranas, em pacientes com câncer correlacionando-se com o estágio e progressão da doença (ZUO et al., 2006). Com relação ao EO, o estudo de Gupta et al. (2012) mostrou diferença nas concentrações plasmáticas de MDA entre mulheres com câncer de mama e àquelas sem a doença, estando elevadas nos casos quando comparada aos controles. Os níveis plasmáticos de MDA nas mulheres estudadas encontravam-se elevados, quando comparados ao valor de referência, demonstrando assim, que o estresse oxidativo está presente na população estudada, independente da presença ou não do câncer de mama. No estudo de Mendonça, Carioca e Maia (2014), as concentrações de MDA foram superiores nos portadores de câncer colo retal. O estresse oxidativo foi associado ao estadiamento tumoral, sendo a concentração de MDA superior no estágio mais avançado. CONCLUSÃO O estudo não mostrou relação entre as concentrações plasmáticas de Cu e o câncer de mama. O estresse oxidativo esta presente nos dois grupos, com valores elevados de MDA, não estando, portanto, relacionados à doença. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGHVAMI, T. etal. Plasma level of antioxidant vitamins and lipid peroxidation in breast cancer patients. Iran. J. Publ. Health., v. 35,n. 1, p. 42-47, 2006. ANTUNES, M. V. A. et al. Estudo pré-analítico e de validação para determinação de malondialdeído em plasma humano por cromatografia liquida de alta eficiência, após derivatização com 2,4- dinitrofenilhidrazina. Rev. Bras. Ciên.Farm.v. 44, n. 2, p.279-287, 2008. GOODMAN, V. L.; BREWER, G. J.; MERAJVER, S. D. Copper deficiency as an anti-cancer strategy. Endocrine Related Cancer, v. 11, n.2, p. 255-263,2004. GUPTA R.K., et al. Interactions between oxidative stress, lipid profile and antioxidants in breast cancer: a case control study. Asian Pac J Cancer Prev. v. 13, p. 6295–8, 2012. INCA.Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2014: incidência de câncer no Brasil. – Rio de Janeiro: Inca, 2014. MENDONÇA, P.S.; CARIOCA, A.A.F.; MAIA, F.M.M. Interações entre Estresse Oxidativo, Terapia Utilizada e Estadiamento em Pacientes com Câncer Colorretal. Revista Brasileira de Cancerologia. v. 60, n. 2, p. 129-134, 2014. MORO, A. M. et al. Quantificação laboratorial de cobre sérico por espectrofotometria Vis comparável a espectrometria de absorção atômica com chama. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 43, n. 4, p. 251-256, 2007. OHKAWA, H.; OHISHI, N.; YAGI, K. Assay for lipid peroxides in animal tissues by thiobarbituric acid reaction.Anal.Biochem.,v. 95, n. 2, p. 351-358, 1979. ZUO, X. L. et al. Levels of selenium, zinc, copper and antioxidant enzyme activity in patients with leukemia. Biological Trace Element Research, v. 114, p. 41-54, 2006. Palavras-chave: Câncer. Estresse oxidativo. Cobre.