Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe Época 2015/2016 Semana 49 - de 30/11/2015 a 06/12/2015 Resumo Ausência de atividade gripal Na semana 49 de 2015 (30 de novembro a 06 de dezembro): a taxa de incidência de síndrome gripal foi de 13,1 por 100.000 habitantes, encontrando-se na zona de atividade basal. foi detetado 1 vírus da gripe A(H1)pdm09 pelo Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios. não foi admitido nenhum caso de gripe nas 22 UCI que reportaram informação. mortalidade observada por “todas as causas” com valores de acordo com o esperado. Boletim emitido no dia 10/12/2015 Rede de hospitais para a vigilância clínica e laboratorial em Unidades de Cuidados Intensivos Parceiros Contatos: Departamento de Epidemiologia do INSA, tel 217526488 | Laboratório Nacional de Referência da Gripe, tel 217526455 Av. Padre Cruz 1649-016 Lisboa Portugal tel: (+351) 217 519 200 fax: (+351) 217 526 400 [email protected] Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe Época 2015/2016 Semana 49 - de 30/11/2015 a 06/12/2015 Vigilância epidemiológica clínica Rede “Médicos-Sentinela” Na semana 49 de 2015, estimou-se uma taxa de incidência de síndroma gripal de 13,1 casos por cada 100.000 habitantes. Este valor encontra-se na zona de atividade basal, indicando ausência de atividade gripal. 240 Taxa de incidência /105 210 Época de Gripe Sazonal 180 Atividade muito alta 150 p95 Atividade alta p90 120 Atividade moderada 90 p50 60 Atividade baixa 30 Ausência de atividade 0 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 Área de atividade basal linha base e limite superior do IC a 95% Taxa de incidência do Síndroma Gripal (2014/2015) Taxa de incidência do Síndroma Gripal (2015/2016) Número de casos de síndroma gripal (Number of ILI cases) Estimativa provisória da taxa de incidência (MS) (ILI incidence rate estimate) População sob observação (MS) (Population at risk) 3 13,1/105 22 960 Figura 1— Evolução da taxa de incidência semanal de síndroma gripal, na Rede Médicos-Sentinela (taxas provisórias) Contatos: Departamento de Epidemiologia do INSA, tel 217526488 | Laboratório Nacional de Referência da Gripe, tel 217526455 2 Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe Época 2015/2016 Semana 49 - de 30/11/2015 a 06/12/2015 Vigilância Laboratorial da Gripe No âmbito do Programa Nacional de Vigilância da Gripe, até à semana 49/2015, foram notificados laboratorialmente 109 casos de síndroma gripal (SG), dos quais 100 negativos para o vírus influenza e 9 positivos para o vírus influenza A(H1)pdm09. 150 100,0 Pesquisa Laboratorial do Vírus da Gripe 90,0 120 80,0 Nº casos SG notificados Influenza B(Victoria) 70,0 2015/2016 Influenza B(Yamagata) 90 60,0 Influenza A(H3) 50,0 Influenza A(H1)pdm09 % Positivos Gripe 60 40,0 30,0 30 20,0 % casos positivos para gripe Influenza Negativos 2014/2015 10,0 0 0,0 40 42 44 46 48 50 52 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Figura 2 — Número de casos de síndroma gripal analisados laboratorialmente e casos positivos para gripe por tipo/subtipo, por semana. Nos 109 casos de SG foram detetados outros agentes virais respiratórios em 36 amostras (33%): 23 rinovírus humano, 3 vírus Parainfluenza e 4 coronavírus humano. Em 3 casos de SG foram detetados 2 ou mais vírus respiratórios. Casos SG analisados laboratorialmente Época 2015/2016 n=109 Vírus Influenza Época 2015/2016 Outros Vírus Respiratórios Época 2015/2016 hCoV OC43 2; 6% Gripe 9; 8% Negativos 64; 59% Outros Vírus Respirat. 36; 33% A(H1) pdm09 9; 100% IM hCoV 3; 8% RSV A 1; 3% NL63 3; 8% hMPV 1; 3% PIV3 1; 3% PIV1 2; 5% hRV; 23; 64% Figura 3 — Numero e percentagem de vírus influenza e de outros vírus respiratórios detetados nos casos de síndroma gripal. Dados da vigilância laboratorial realizada pelo Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios do INSA (dados cumulativos da época 2015/2016). hRV — rinovírus humano; PIV1 — vírus Parainfluenza tipo 1; PIV3 — vírus Parainfluenza tipo 3; hCoV-OC43 — coronavírus humano OC43; hCoV-NL63 — coronavírus humano NL63; IM — infeções por 2 ou mais vírus respiratórios. Nota: Na última semana, são indicados apenas os casos recebidos e analisados até à data de publicação do boletim . *A metodologia utilizada na detecção, tipagem e sub-tipagem dos vírus influenza é o RT-PCR em tempo real, que consiste na pesquisa de RNA viral na amostra biológica. 3 Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe Época 2015/2016 Semana 49 - de 30/11/2015 a 06/12/2015 Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe A Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe, conta na época de 2015/2016, com a participação de 16 laboratórios, na sua maioria, de hospitais do continente e regiões autónomas da Madeira e dos Açores, assegurando a deteção e caraterização dos vírus da gripe que podem estar na origem de casos mais graves da doença. Desde o início da época 2015/2016 até à semana 49/2015 (Figura 4), os laboratórios da rede* notificaram 646 casos de síndroma gripal (SG), dos quais 10 foram positivos para o vírus influenza [3 vírus do tipo B, 4 vírus A(H1) pdm09, 2 vírus A(H3) e um vírus do tipo A não subtipado]. Foram também detetados outros agentes respiratórios em 242 casos de SG (Figura 5), na sua maioria picornavírus (rinovírus e/ou enterovírus). Regista-se um aumento das deteções de RSV nas últimas semanas. Vírus da gripe_2015/2016 Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe 100 A não subtipado 18 90 Infeções Mistas 16 80 A(H3) 14 A(H1)pdm09 70 12 B 60 C 10 50 Casos SG 8 40 6 30 4 20 2 10 0 0 38 40 42 44 46 48 50 52 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Nº de casos de SG pesquisados Nº de vírus da gripe detetados 20 22 n=646 Semanas 2015/2016 Figura 4 — Número de casos de síndroma gripal e vírus da gripe detetados pela Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstic o da Gripe, na época 2015/2016 (n= 646). Nota: Na última semana, são indicados apenas os casos recebidos e analisados até à data de publicação do boletim. Outros agentes respiratórios_2015/2016 Nº de agentes respiratórios detetados Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe 40 hMPV 35 Parechovírus Coronavírus 30 RSV 25 Infeções mistas 20 Bacterias Adenovírus 15 Vírus Parainfluenza 10 Picornavírus (hRV/hEV) 5 0 38 40 42 44 46 48 50 52 2 4 6 Semanas 2015/2016 8 10 12 14 16 18 20 22 n=242 Figura 5 — Número de outros agentes respiratórios detetados pela Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe, na época 2015/2016 (n= 242). Nota: Na última semana, são indicados apenas os casos recebidos e analisados até à data de publicação do boletim. * - Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios), Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E. (Hospital de São José e Hospital de Curry Cabral), Centro Hospitalar de São João, E.P.E., Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E., Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, E.P.E., Hospital do Santo Espírito de Angra do Heroísmo, E.P.E., Centro Hospitalar de Lisboa Norte, E.P.E., Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil, E.P.E., Centro Hospitalar da Cova da Beira, E.P.E., Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E., Centro Hospitalar do Alto Ave. 4 Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe Época 2015/2016 Semana 49 - de 29/11/2015 a 06/12/2015 Vigilância dos internamentos por gripe em Unidades de Cuidados de Intensivos A informação disponibilizada nesta página é da responsabilidade da Direção-Geral da Saúde. Contatos: [email protected]. Não foi admitido nenhum caso de gripe nas 22 UCI que reportaram informação 16 2011-2012 (fase piloto) 2012-2013 14 2013-2014 12 2014-2015 10 8 6 4 2 0 40 42 44 46 48 50 52 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 semana Figura 6 — Evolução semanal do número de casos de gripe em UCI desde a semana 40 de 2015, vários anos Tabela I — Evolução semanal do número de casos de gripe em UCI desde a semana 40 de 2015 Época 2015/2016 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 Nº de casos de gripe 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 Nº de hospitais que reportaram 19 17 19 12 19 18 20 19 16 17 Nº de UCI que reportaram 25 22 24 16 24 22 25 23 21 22 Nº Total admissões 279 238 251 162 257 251 268 264 230 238 0,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,4 0,0 0,0 0,0 0,0 de % de doentes com gripe admitidos em UCI 50 51 52 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 ... Total 2 Dados de todas as semanas atualizados em 03/12/2015 Hospitais participantes em 2015-2016: Centro Hospitalar Alto Ave (H. Guimarães), Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E. (H. S. José, H. Curry Cabral, H. Capuchos , H. D. Estefânia e H. Stª. Marta), Centro Hospitalar Cova da Beira (H. da Covilhã), Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (H. São Francisco Xavier e H. Egas Moniz), Ce ntro Hospitalar de S. João E.P.E, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar do Algarve (H. do Barlavento Algarvio), Centro Hospitalar do Médio Tejo (H. de Abrantes), Centro Hospitalar Lisboa Norte E.P.E (H. Stª Maria e H. Pulido Valente), Centro Hospitalar Tondela Viseu (H. S. Teotónio), Hospital Beatriz Ângelo, Hospital Cuf Descobertas, Hospital Distrital de Castelo Branco, Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, Hospital do Litoral Alentejano, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, HPP Hospital de Cascais Dr. José de Almeida, Hospital de Vila Franca de Xira 5 Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe Época 2015/2016 Semana 49 - de 30/11/2015 a 06/12/2015 Vigilância da mortalidade por “todas as causas” Mortalidade observada com valores de acordo com o esperado. 3500 3000 2014 2015 2016 2500 2000 1500 1000 S19 S15 S11 S07 S03 S52 S48 S44 S40 S36 S32 S28 S24 S20 S16 S8 S4 S52 S48 S44 S40 0 S12 Obitos Linha de base Limite 95% de conf iança da Linha de base 500 Figura 7 - Evolução da mortalidade semanal (nº absoluto) por “todas as causas”, desde a semana 40 de 2014 até à semana 49 de 201 5. 3500 Obitos Limite de confiança 95% da linha de base 300 Linha de base Taxa de incidência 3000 250 2500 200 2000 A(H3) 1500 A(H3) B/A(H3) A(H1)pdm09 150 A(H1)pdm09/B 1000 B/A(H1) B/A(H1)pdm09 A(H1)pdm09/A(H3) 100 50 500 0 01-10-2007 01-12-2007 01-02-2008 01-04-2008 01-06-2008 01-08-2008 01-10-2008 01-12-2008 01-02-2009 01-04-2009 01-06-2009 01-08-2009 01-10-2009 01-12-2009 01-02-2010 01-04-2010 01-06-2010 01-08-2010 01-10-2010 01-12-2010 01-02-2011 01-04-2011 01-06-2011 01-08-2011 01-10-2011 01-12-2011 01-02-2012 01-04-2012 01-06-2012 01-08-2012 01-10-2012 01-12-2012 01-02-2013 01-04-2013 01-06-2013 01-08-2013 01-10-2013 01-12-2013 01-02-2014 01-04-2014 01-06-2014 01-08-2014 01-10-2014 01-12-2014 01-02-2015 01-04-2015 01-06-2015 01-08-2015 01-10-2015 01-12-2015 01-02-2016 01-04-2016 0 Figura 8 - Evolução da mortalidade semanal por “todas as causas” (nº absoluto) e taxa de incidência de síndroma gripal por 100.000 habitantes (Rede Médicos-Sentinela) e vírus predominante por época gripal, desde a semana 40 de 2007 até à semana 49 de 2015. O sistema VDM avalia diariamente a informação disponível sobre a mortalidade “por todas as causas” disponível. VDM / Departamento de Epidemiologia do INSA / Instituto dos Registos e Notariado (IRN) / Instituto de Tecnologias de Informação na Justiça (ITIJ) 6 Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe Época 2015/2016 Semana 49 - de 30/11/2015 a 06/12/2015 Vigilância da mortalidade por “todas as causas” De acordo com os dados disponibilizados pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), no mês de novembro, o valor médio mensal da temperatura mínima do ar, 8,26 °C, foi superior ao normal com uma anomalia de 0,35 °C. O valor médio da temperatura mínima do ar, na semana de 30 de novembro a 6 de dezembro foi de 5,57 ºC (3ª semana consecutiva com valores de temperatura mínima inferiores ao normal). De acordo com a previsão mensal do IPMA, disponível em http://www.ipma.pt/pt/otempo/prev.longo.prazo/mensal/ index.jsp, na temperatura média semanal preveem-se valores acima do normal, para todo o território, nas quatro semanas compreendidas entre 07/12 de 2015 e 03/01 de 2016 Figura 9– Evolução da mortalidade semanal por “todas as causas” (nº absoluto), temperatura mínima média (Continente) e taxa de incidência de síndroma gripal por 100.000 habitantes (Rede Médicos-Sentinela) da época 2015/2016. Fontes: Instituto Português do Mar e da Atmosfera (Valores da média da temperatura mínima diária do ar (0-24 UTC) obtidos pela média espacial da interpolação (método IDW) dos valores de temperatura mínima diária do ar observados na rede de estações automáticas do IPMA); Sistema de Vigilância Diária da Mortalidade e Rede Médicos-Sentinela. 7 Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe Época 2015/2016 Semana 49 - de 30/11/2015 a 06/12/2015 Vigilância da mortalidade por “todas as causas” Tabela II — Resumo dos excessos de mortalidade entre 1980 e 2015 Época Excessos de mortalidade Taxa de incidência de síndroma gripal no pico da epidemia Sub tipo de vírus dominante 1980-1981 5638 * A(H3N2) 1982-1983 5058 * A(H3N2) 1985-1986 4784 * A(H3N2) 1989-1990 3920 * A(H3N2) 1993-1994 3529 168,8 A(H3N2) 1996-1997 5533 119,9 A(H3N2) 1998-1999 8514 252,9 A(H3N2) 2008-2009 ** 3190 199,5 A(H3N2) 2011-2012 ** 4072 137,7 A(H3N2) 2014-2015 ** 5697 175,3 B; A(H3N2) * O sistema ainda não estava em funcionamento pelo que não há informação das taxas de incidência destes anos ** Informação atualizada semanalmente de acordo com os dados do Sistema de Vigilância Diária da Mortaldiade (VDM) Notas: Fonte de dados até 2004: Nunes B, Viboud C, Machado A, Ringholz C, Rebelo-de-Andrade H, et al. (2011) Excess Mortality Associated with Influenza Epidemics in Portugal, 1980 to 2004. PLoS ONE 6(6): e20661. doi:10.1371/ journal.pone.0020661" http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0020661 * Estimativa pelo método direto 8 Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe Época 2015/2016 Semana 49 - de 30/11/2015 a 06/12/2015 Nota metodológica Sistema Nacional de Vigilância da Gripe Boletim de vigilância epidemiológica da gripe O Sistema Nacional de Vigilância da Gripe foi ativado em outubro de 2015, na semana 40 e funcionará até à semana 20, em maio de 2016. A componente clínica deste sistema, que se descreve adiante, manter-se-á ativa durante todo o ano. À 5ª feira à tarde será elaborado, pelo INSA, o Boletim de Gripe, baseado no conjunto de dados e informações gerados pelos 6 componentes descritos a seguir, sumariamente. Fontes de informação e indicadores produzidos Fontes de informação Indicadores produzidos Médicos-Sentinela Taxa de incidência de síndroma gripal na população geral, identificação e caracterização laboratorial de vírus Influenza circulantes Serviços de Urgência Identificação e caracterização laboratorial de vírus Influenza circulantes Rede Nacional de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe Resistência aos Antivirais Resistência do vírus Influenza aos antivirais por tipo e sub-tipo Internamento em Unidades de Cuidados intensivos Caracterização epidemiológica e laboratorial dos casos de infeção respiratória admitidos em Unidades de Cuidados Intensivos Vigilância Diária da Mortalidade Evolução do número de óbitos por semana, em Portugal Rede Médicos-Sentinela Serviços de Urgência A Rede Médicos-Sentinela é um sistema de informação em saúde constituído por cerca de 123 Médicos de Família, distribuídos pelo território do Continente e Regiões Autónomas, cuja atividade profissional é desempenhada em Unidades de Saúde Familiar (USF) ou Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP). A rede dos serviços de urgência é operacionalizada pelos Serviços de Urgência Hospitalar e Serviços de Atendimento Permanente ou similares dos Centros de Saúde do Serviço Nacional de Saúde. Participam na componente laboratorial que constitui um indicador precoce do início de circulação do vírus da gripe em cada época de vigilância. Enviam para o Laboratório de Referência para o Vírus da Gripe no INSA, exsudados nasofaríngeos de doentes com suspeita de gripe, para identificação e tipificação dos vírus Influenza. Os casos são selecionados de acordo com a opinião do médico tendo em conta a definição de caso de síndroma gripal usada pelo ECDC. A participação destes médicos é voluntária e consiste na notificação semanal, para o Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), dos novos casos de síndroma gripal (numerador para o cálculo da taxa de incidência) que ocorreram nos utentes inscritos das respetivas listas (componente clínica do sistema de vigilância); simultaneamente, enviam para o laboratório, exsudados nasofaríngeos de doentes com suspeita de gripe, para identificação e tipificação dos vírus (componente laboratorial). As estirpes do vírus da gripe isoladas são caracterizadas antigénica e geneticamente, permitindo avaliar a sua semelhança com as estirpes vacinais e ainda monitorizar a ocorrência de mutações. A população sob vigilância é constituída pelo somatório dos utentes inscritos nas listas dos Médicos-Sentinela que estiveram “ativos” em determinada semana, ie, que reportaram, pelo menos, 1 caso de doença ou que informaram explicitamente não terem casos para reportar. Definição de caso de síndroma gripal (usada pelo ECDC): Início súbito, + 1 dos seguintes sintomas sistémicos: - Febre ou febrícula, - Mal-estar, debilidade, prostração, - Cefaleia, - Mialgias ou dores generalizadas, + 1 dos seguintes sintomas respiratórios: - Tosse, - Dor de garganta ou inflamação da mucosa nasal ou faríngea sem sinais respiratórios relevantes, - Dificuldade respiratória. Rede Nacional de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe Rede ativada em 2009 pelo despacho ministerial nº 16548/2009, de 21 de Julho (Diário da República, 2ª série, Nº 139: 28507), é atualmente constituída por 16 laboratórios*, na sua maioria de hospitais do continente e regiões autónomas. Assegura a deteção e caracterização dos vírus Influenza que estão na origem de casos mais graves da doença. A análise laboratorial envolve a utilização de métodos de biologia molecular para a caracterização dos vírus Influenza em circulação na população. Em colaboração com o laboratório de referência do INSA é efetuado o isolamento das estirpes do vírus da gripe e a sua caracterização antigénica e genética. A população sob vigilância é constituída pelos utentes com suspeita de terem gripe, pertencentes à área de influência dos hospitais ou laboratórios da Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe. * - Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios), Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E. (Hospital de São José e Hospital de Curry Cabral), Hospital de São João, E.P.E., Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E., Hospital Central do Funchal, E.P.E., Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, E.P.E., Hospital do Santo Espírito de Angra do Heroísmo, E.P.E., Centro Hospitalar de Lisboa Norte, E.P.E., Centro Hospitalar do Porto, E.P.E., Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil, E.P.E., Centro Hospitalar da Cova da Beira, E.P.E., Centro Hospitalar de Setúbal, E.P.E., Centro Hospitalar do Alto Ave, Hospital do Espírito Santo (Évora), Laboratório de Saúde Pública Dra. Laura Ayres (ARS Algarve). Resistência aos Antivirais Resistência do vírus Influenza aos antivirais por tipo e sub-tipo. Os dados são referentes à pesquisa de marcadores moleculares de resistência ou à caracterização fenotípica (determinação do IC50) em estirpes do vírus da gripe isoladas de amostras enviadas ao Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe. 9 Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe Época 2015/2016 Internamento em Unidades de Cuidados Intensivos (A informação referente aos internamentos por gripe em UCI é da responsabilidade da Direção-Geral da Saúde. Contatos: [email protected]) Na época 2011-2012, foi realizado um estudo piloto com o objetivo de fazer a vigilância epidemiológica dos casos graves de gripe admitidos em Unidades de Cuidados Intensivos de alguns hospitais. Participaram nesse ano 6 hospitais. Nas épocas seguintes, utilizando a metodologia testada, foi possível estender a vigilância a mais hospitais. Hospitais participantes em 2015-2016: Centro Hospitalar Alto Ave (H. Guimarães), Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E. (H. S. José, H. Curry Cabral, H. Capuchos, H. D. Estefânia e H. Stª. Marta), Centro Hospitalar Cova da Beira (H. da Covilhã), Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (H. São Francisco Xavier e H. Egas Moniz), Centro Hospitalar de S. João E.P.E, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar do Algarve (H. do Barlavento Algarvio), Centro Hospitalar do Médio Tejo (H. de Abrantes), Centro Hospitalar Lisboa Norte E.P.E (H. Stª Maria e H. Pulido Valente), Centro Hospitalar Tondela Viseu (H. S. Teotónio), Hospital Beatriz Ângelo, Hospital Cuf Descobertas, Hospital Distrital de Castelo Branco, Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, Hospital do Litoral Alentejano, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, HPP Hospital de Cascais Dr. José de Almeida, Hospital de Vila Franca de Xira. Definição de caso: Doentes admitidos nas Unidades de Cuidados Intensivos dos hospitais participantes, com gripe confirmada laboratorialmente. Vigilância diária da mortalidade O VDM é um sistema de vigilância epidemiológica que pretende detetar e estimar de forma rápida os impactos de eventos ambientais ou epidémicos relacionados com excessos de mortalidade. Este sistema funciona com base num protocolo de cooperação entre o INSA e Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, I.P. (IGFEJ) do Ministério da Justiça. Para isso, diariamente o IGFEJ envia de forma automática o número de óbitos registados no dia anterior em todo o país. Esta componente pretende avaliar o impacto da epidemia de gripe em termos de severidade. Definição de caso: óbito, por qualquer causa, de individuo residente em Portugal. Semana 49 - de 30/11/2015 a 06/12/2015 Indicadores de dispersão geográfica da atividade gripal Ausência de atividade gripal Pode haver notificação de casos de SG mas a taxa de incidência permanece abaixo ou na área de atividade basal, não havendo a confirmação laboratorial da presença do vírus Influenza; Atividade gripal esporádica Casos isolados, confirmados laboratorialmente, de infeção por vírus Influenza, associados a uma taxa de incidência de SG que permanece abaixo ou na área de atividade basal; Surtos locais Casos agregados, no espaço e no tempo, de infeção por vírus Influenza confirmados laboratorialmente. Atividade gripal localizada em áreas delimitadas e/ou instituições (escolas, lares, etc), permanecendo a taxa de incidência de SG abaixo ou na área de atividade basal; Atividade gripal epidémica Taxa de incidência de SG acima da área de atividade basal, associada a uma confirmação laboratorial da presença de vírus Influenza; Atividade gripal epidémica disseminada Taxa de incidência de SG, por mais de duas semanas consecutivas, acima da área de atividade basal e com uma tendência crescente, associada à confirmação da presença de vírus Influenza. Indicadores da intensidade da atividade gripal A intensidade da atividade gripal é definida com base em toda a informação de vigilância recolhida através das várias fontes de dados e é avaliada tendo em consideração a informação histórica nacional sobre a gripe, segundo o método MEM (Moving Epidemic Method). Ausência Taxa de incidência de SG abaixo ou na área de atividade basal; Baixa Nível de atividade gripal associado à presença de vírus Influenza e correspondendo a uma taxa de incidência provisória de SG superior à área de atividade basal mas inferior ou igual a 83,04/105. Moderada Nível de atividade gripal associado à presença de vírus Influenza e correspondendo a uma taxa de incidência provisória de SG superior a 83,04/10 5 e inferior ou igual a 127,24/105. Alta Definições utilizadas Época de Gripe Definida como o período de tempo de aproximadamente 33 semanas que decorre entre a semana 40 de um determinado ano (início de outubro) e a semana 20 do ano seguinte (meados de maio). Linha de base e respetivo limite superior do intervalo de confiança a 95% Designada também por área de atividade basal, constitui o intervalo de valores da taxa de incidência correspondente a uma circulação esporádica de vírus Influenza. Permite definir períodos epidémicos, comparar as epidemias anuais em função da sua intensidade e duração e determinar o impacto dessas epidemias na comunidade. Atividade gripal Definida pelo grau de intensidade da ocorrência da doença, medido pela estimativa semanal da taxa de incidência de síndroma gripal (SG) e do seu posicionamento relativo à área de atividade basal, e pelo número de vírus circulantes detetados. Nível de atividade gripal associado à presença de vírus Influenza e correspondendo a uma taxa de incidência provisória de SG superior 127,24/10 5 e inferior ou igual a 143,60/105. Muito Alta Nível de atividade gripal associado à presença de vírus Influenza e correspondendo a uma taxa de incidência provisória de SG superior 143,60/105 Indicadores da tendência da atividade gripal Estável Os últimos três valores da taxa de incidência não se encontram em tendência crescente nem decrescente. Crescente Os últimos três valores encontram-se em tendência crescente. Decrescente Os últimos três valores encontram-se em tendência decrescente. Percentagem de doentes com gripe admitidos em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) Percentagem de doentes com gripe admitidos, em UCI, em determinada semana = nº de admissões por gripe confirmada, em UCI, na referida semana/ nº de admissões por qualquer causa, em UCI, na mesma semana x 100 utentes. 10