Meditação Maio 2017 Maria chama, os Papas respondem Na aparição de 13 de julho Nossa Senhora, em Fátima, pediu expressamente a consagração da Rússia ao Seu Coração Imaculado. Nos anos sucessivos alguns Papas responderam a esse apelo da Virgem. Em 1938 Pio XII consagrou o mundo ao Coração Imaculado de Maria: “A Vós, ao Vosso Coração Imaculado nós, nesta hora trágica da história humana, confiamos, entregamos, consagramos não só a Santa Igreja, mas também todo o mundo, dilacerado por violentas discórdias”. Em 1952, enquanto enfurecia a guerra da Coréia, ele repetiu a consagração do mundo e da Rússia ao Coração Imculado de Maria. Paolo VI, peregrino em Fátima no dia 13 de maio de 1967, convidou “todos os filhos da Igreja a renovar pessoalmente a própria consagração ao Coração Imaculado da Mãe da Igreja e a viver este nobilíssimo ato de culto com uma vida mais conforme à Vontade de Deus”. João Paolo II, internado no Policlínico Gemelli, rifletindo sobre o atentado ocorrido no dia 13 de maio de 1981, compreendeu que aquele acontecimento estava relacionado com Fátima e se convenceu que “uma mão, a do autor do atentado, tinha atirado e outra tinha desviado a bala”. Quis consultar o terceiro segredo de Fátima e pensou logo na consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria. Compôs uma oração para aquilo que ele definiu como “Ato de Consagração”, celebrado na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, no dia 7 de junho de 19811. Por ocasião de sua visita a Fátima, no dia 13 de maio de 1982, disse: “Consagrar o mundo ao Coração Imaculado de Maria significa aproximar-nos, mediante a intercessão da Mãe, da própria Fonte da Vida, nascida no Gólgota... significa voltar de novo junto da Cruz do Filho. Quer dizer mais ainda: consagrar este mundo ao Coração trespassado do Salvador, reconduzindo-o à própria fonte da Redenção... Consagrar-se ao Coração de Maria quer dizer, portanto, chegar a Jesus pelo caminho mais rápido, ao Filho através da Mãe, para poder viver com Ele uma experiência pessoal de amizade e amor”. Em março de 1984, na Praça São Pedro, o Papa, em união espiritual com todos os Bispos do mundo precedentemente convocados, confiou novamente ao Coração de Maria os homens e os povos. Esse ato aolene e universal de consagração foi considerado pela Irmã Lucia, em uma carta de 8 de novembro de 1989, conforme o pedido de Nossa Senhora. Bento XVI, no dia 13 maio de 2010, aniversário da primeira aparição, consagrou o mundo a Maria. É sua esta esplêndida reflexão: “Com a família humana pronta a sacrificar os seus laços mais sagrados no altar de mesquinhos egoísmos de nação, raça, ideologia, grupo, indivíduo, veio do Céu a nossa bendita Mãe 1 Solenidade de Pentecostes, dia escolhido para recordar o 1600° aniversário do primeiro Concílio Costantinopolitano e o 1550° aniversário do Concílio de Éfeso. 1 oferecendo-Se para transplantar no coração de quantos se Lhe entregam o Amor de Deus que arde no seu”. Na oração de consagração dos sacerdotes reza assim: “Mãe da Igreja, nós, sacerdotes, queremos ser pastores que não se apascentam a si mesmos, mas se oferecem a Deus pelos irmãos, nisto mesmo encontrando a sua felicidade. Queremos, não só por palavras mas com a própria vida, repetir humildemente, dia após dia, o nosso « eis-me aqui»...”2. Papa Francisco abriu solenemente, no dia 12 de outubro de 2013, a Jornada mariana na praça São Pedro, diante da imagem de Nossa Senhora vinda de Fátima, com estas palavras: “Queridos irmãos e irmãs, este encontro do ano da Fé é dedicado a Maria, Mãe de Cristo e da Igreja, nossa Mãe. A sua imagem, vinda de Fátima, ajuda-nos a sentir a sua presença no meio de nós. Há uma realidade: Maria sempre nos leva a Jesus. É uma mulher de fé, uma verdadeira crente...”3. Dirigindo-se à Nossa Senhora conclui: “Acolhe com benevolência de Mãe o ato de consagração que hoje fazemos com confiança, diante da tua imagem tão querida por nós”. Por que a Virgem pede para nos consagrarmos ao seu Coração Imaculado? O seu Coração, que levou o Filho de Deus, é o símbolo e o sinal do amor total, a exemplo do amor de Cristo. Maria nos pede para nos consagrarmos ao seu Coração Imaculado porque nesse há somente Deus e sua Palavra, como podemos constatar do Magnificat, que é um mosaico de textos tirados do Antigo Testamento4. Nenhum versículo é original. Os textos são vários, mas não pegos por acaso. O que poderia ser considerado um limite – no sentido que Maria não disse palavras suas – torna-se uma proposta para nós: Maria reza e canta a Deus com as palavras de Deus! O canto do Magnificat revela a grande familiaridade da mãe de Jesus com a Escritura. Quando uma pessoa fala ela diz o que traz no coração, assim quando Maria fala não apresenta argumentos de fé nem intelectualismos inúteis, mas conta sua experiência com Deus, tudo o que Deus fez na sua vida e na vida do seu povo5. Consagramo-nos ao seu Coração para dizer com Ela o nosso “eis-me aqui” e extasiados dirigirmonos à Mãe com estas palavras: “Ó Maria, tu que és toda imersa em Deus, invoca de Deus, para nós, um coração completamente renovado, que ame a Deus com tadas as suas forças e sirva à humanidade como fizeste tu”. Deixemo-nos conduzir por Maria. Que o seu Coração Imaculado seja o nosso refúgio e o caminho que nos conduz a Cristo. Angela Esposito MIPK 2 Versão integral. Cfr. Ato de consagração, Fátima, 13 de maio de 2010. O evento, que faz parte do Ano da Fá, coincide com a última aparaição em Fátima, dia 13 de outubro de 1917. 4 Cfr. 1 Sam 2,1-10 ; Ex 15,1ss. e muitos outros. 3 5 Significativa, a este propósito, é a reflexão que Bento XVI nos oferece na exortação apostólica pós-sinodal “Verbum Domini”, n.28, pp.59-60. 2