evolução urbana e concentração populacional no município

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Alexandre Selaibe Ramos
Claudemira Azevedo Ito
FCT-UNESP- Campus de Presidente Prudente
[email protected]
EVOLUÇÃO URBANA E CONCENTRAÇÃO POPULACIONAL NO MUNICÍPIO
DE EMBU-SP
INTRODUÇÃO
O presente artigo representa parte de um trabalho de monografia para
obtenção do título de Bacharel em Geografia. Representa também uma contribuição para a
ciência geográfica na medida em que traz à tona elementos para discussão em torno de uma
das vertentes da Geografia atual que se refere ao turismo, através da análise do município de
Embu, situado na Região Metropolitana de São Paulo.
O turismo na atualidade se apresenta como um profundo ramo de pesquisa
para esta disciplina, visto que a própria atividade turística vem se desenvolvendo nos dias
atuais. Assim, cabe a Geografia buscar elementos para o seu entendimento, analisando as
implicações deste sobre o espaço geográfico.
Neste artigo, analisaremos a evolução histórico-geográfica sobre o contexto
de origem deste município sob a ótica ocidentalizada, ainda nos primórdios do século XVI,
quando um grupo de padres jesuítas veio a se estabelece na região, denominada de Bohi,
depois M'Boy Mirin, atentando principalmente para os reflexos sobre a paisagem urbana que
atualmente se configura neste município.
Historicamente, a localidade de Embu se mostrou importante devido os
próprios intentos futuros da Coroa Portuguesa em expandir seus domínios no sentido do
interior do estado e do sertão paulista.
Já no momento atual, as características de seu desenvolvimento
histórico-geográfico e cultural, notadamente no século XX, lhe deixaram como legado o fato
de ter sido uma cidade que acolheu muitos artistas, tanto no ramo da pintura quanto da
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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escultura. Isso fez com que ela aportasse diversos eventos turísticos, que, aliados à questão
do artesanato, chamaram a atenção da sociedade nacional e internacional.
Ademais, estes escritos procurarão reunir elementos para pensarmos sobre o
crescimento populacional acelerado pelo qual passou esta localidade, reflexo mesmo do surto
populacional transcorrido com a capital paulista, principalmente após as décadas de 1940 e
1950.
No caso do município de Embu, o crescimento populacional se deu sobre
grandes morros e áreas verdes, provocando grandes impactos sobre estes e reflexos intensos
sobre a paisagem originalmente caracterizada pela presença da Mata Atlântica. Destarte, este
artigo trará alguns elementos para o seu entendimento.
ALGUNS ASPECTOS SOBRE A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
No Brasil o processo de urbanização nos anos de 1950 marca um período de
apogeu industrial, notadamente em São Paulo, Região Sudeste, a mais importante do país do
ponto de vista econômico e populacional junto à economia nacional.
O processo migratório pelo qual passou este Estado no referido período se
deu pelo avanço da mancha urbana sobre as áreas verdes, que com raras exceções se deu
com o devido planejamento urbano, e sim ocorreu de forma desordenada, ocasionando
inúmeros impactos sobre a paisagem.
Na metrópole paulistana, a quantidade de moradores de favelas aumentou de
forma rápida a partir da década de 1970, chegando em 490 mil habitantes em 1978. Em
1975, havia 1,8 milhão de indivíduos morando em habitações precárias (favelas, cortiços,
casas autoconstruídas.
Outros fatores fundamentais foram o desenvolvimento de práticas
especulativas do solo tanto por parte do setor privado quanto pelos setores públicos, que
estocaram terras nas áreas periféricas à espera de valorização. Toda a Região Metropolitana
de São Paulo nesse período sofreu com a adensamento populacional e a porção Sul,
Sudoeste que compõem o município de Embu se juntaram à metrópole, constituindo, a maior
Região Metropolitana no conjunto nacional.
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Inúmeras periferias eclodiram neste período, através da junção de cidades
limítrofes o que ocasionou grandes impactos. Quando analisamos o município de Embu em
São Paulo, vemos que na década de 1970 sua população era de 18.161 e nas duas décadas
subseqüentes registrataram 95.764 e 153.893 habitantes respectivamente.
O quadro de precariedade urbana refletiu sobre de tal forma no município
encontra-se entre os cinco primeiros que mais cresceram nas décadas de 1970 e 1980 com a
formação de grandes periferias. Foram muitos os casos em que a população mais pobre foi
sendo expulsa para os bairros mais distantes da cidade, formando as grandes periferias da
Zona Sul Sudoeste da cidade, como Capão Redondo, Jardim Ângela, Valo Velho, dentre
outros.
Uma característica marcante deste processo de crescimento populacional
foram as ocupações espontâneas de terrenos por parte da população mais pobre. Todas
essas formas de ocupação, sem respaldo técnico e falta de políticas públicas adequadas, se
agravou pelo intenso adensamento populacional, bem como pelas condições precárias das
habitações, falta de infra-estrutura urbana e assistência social governamental.
O município de Embu, por partilhar de características comuns às grandes
periferias das cidades brasileiras, que se referem ao transporte público deficiente, localização
distante dos postos de trabalho, pois muitos trabalham na metrópole paulista, juntamente com
outras carências, contribuíram para que antigas áreas, antes com características rurais,
passassem a ser designadas geograficamente como periferias, a saber, um local longínquo,
contendo localidades segregadas espacialmente.
Partindo da definição miltoniana de que o espaço é um híbrido, visto o
incremento da ciência e técnica sobre o território, que reflete parcialmente as demandas da
sociedade. De acordo com Milton
Os movimentos da sociedade, atribuindo novas funções às formas
geográficas, transformam a organização do espaço, criam novas situações de
equilíbrio e ao mesmo tempo novos pontos de partida para um movimento.
Por adquirirem uma vida, sempre renovada pelo movimento social, as formas –
tornadas assim formas-conteúdo – podem participar de uma dialética com a
própria sociedade e assim fazer parte da própria evolução do espaço
(SANTOS, M. 2008, p. 106).
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As modificações do espaço decorrentes do processo migratório se devem ao
incremento de novas materialidades, modificando as paisagens outrora naturais, onde muitos
migrantes foram habitando lugares impróprios, áreas de declividade acentuada, várzeas de
córregos, ou seja, lugares não estruturados, o que acabou por ocasionar inúmeros problemas
sociais e ambientais.
O TURISMO E O ESPAÇO GEOGRÁFICO
Na atualidade o município de Embu das Artes, na região metropolitana de
São Paulo, adquiriu uma grande importância na atualidade que se refere ao seu potencial
turístico, atraindo inúmeros visitantes todos os anos, o que acaba por mobilizar toda uma
gama de relações econômicas, sociais e políticas sobre seu espaço geográfico.
Tal atrativo turístico se desenvolveu pelo fato da cidade ter sido berço de
célebres pintores e escultores no início do século XX que deram grande repercussão à
localidade, que já na década de 1970 passou a atrair levas de hippies vindos do centro da
capital paulista.
Dada a importância da atividade turística à cidade, a própria sociedade civil se
manifestou no sentido de alterar o nome do município para Embu das “Artes”, num
reconhecimento do seu potencial e importância na atualidade para a atividade turística não só
nacional, mas também internacional.
O turismo possui significativa relevância para a Geografia na atualidade na
medida em que esta atividade permite que entendamos o conjunto relações econômicas,
culturais e sociais que determinam o estabelecimento das atividades turísticas em determinada
localidade.
Neste município há um grande contingente de artesanato, pintura e escultura
que movimentam a economia da localidade, aliado, indubitavelmente, à questão
histórico-geográfica ilustrada através das Igrejas, construções e rugosidades presentes no
espaço.
Inicialmente, o município de Embu serviu de instalação para os aldeamentos
instalados pela Coroa Portuguesa. Uma vez instalados, os padres jesuítas iniciaram o trabalho
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de catequese dentro dos moldes de outros aldeamentos jesuíticos. O princípio fundamental
era fixar os índios ao redor das igrejas, tentando-os proteger da escravidão.
Paralelamente a isso, o gentio tinha que se submeter à nova disciplina que, na
maior parte das vezes, entrava em choque direto com a cultura indígena. Além de se adequar
à moral religiosa católica, que permitia um único casamento, os índios transformavam-se em
agricultores sedentários.
Muitos foram os personagens históricos que se destacaram na história do
município de Embu, um destes nomes relevantes foi o do padre Belchior de Pontes, que foi
um dos diretores da aldeia. Entre outras instalações que a aldeia teve, ela foi instalar-se
próxima de riachos que tinham abundância de alimentação. Foi justamente nesta localidade
que o padre foi erguer também uma nova igreja, maior que as anteriores, conservando a
invocação a Nossa Senhora do Rosário, cujo nome ficou cunhado junto à esta Igreja.
Nesta Geografia montanhosa, que outrora ficava a fazenda de Fernão Dias
Pais - tio do famoso bandeirante caçador de esmeraldas, foi que, por obra dos jesuítas e dos
índios guaranis locais, que surge o município de Embu, cuja evolução histórica, como
ressaltamos, teve vários subperíodos, até culminar no momento atual.
Interessa neste trabalho ter algumas referências históricas para que nós
entendamos a configuração atual do município de Embu no que tange as atividades turísticas.
Evidentemente que os reflexos sobre o espaço estão fortemente ilustrados, o que nos estimula
a buscar meios eficazes para o seu entendimento.
REFLEXÕES FINAIS
A cidade de Embu, como ressaltado, tem suas origens na antiga aldeia
M'Boy, criada pelos padres da Companhia de Jesus na primeira metade do século XVII. O
famigerado historiador Sérgio Buarque de Holanda registrou várias grafias para a palavra
indígena que nomeava a extensa região onde surgiu a aldeia.
Historicamente, a localidade serviu de aldeamento indígena à Companhia de
Jesus com vistas à catequização, os monumentos e reflexos na paisagem do município se
fazem totalmente presentes, e são os reflexos destas e a atividade turística na atualidade, o
objeto fundamental do trabalho de monografia que está sendo desenvolvido.
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O turismo possui uma grande relevância à ciência geográfica, visto que o seu
entendimento e compreensão permitem também que entendamos o conjunto de outras
relações, tanto econômicas, quanto culturais e sociais. No município de Embu, tanto a
questão histórica atrai turistas, quanto à questão do artesanato, da pintura e da escultura, o
que por sua vez dá uma autenticidade à questão turística nesta localidade.
Entende-se também que, para a real compreensão da atividade turística no
município, temos que necessariamente recorrer à analise do espaço geográfico e as
implicações que as rugosidades espaciais tem para a localidade, aliado às recentes
transformações que o campo do artesanato, da pintura e escultura dão para a localidade, em
termos de sua singularidade turística, que acabam por atrair os mais variados visitantes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AB'SABER, A. N. O sítio urbano de São Paulo. In: Azevedo, A. de. (org). A cidade de
São Paulo: estudos de geografia urbana; a região de São Paulo. São Paulo, Ed. Nacional,
1958. v. 1, p. 169-245.
PINHEIRO, Antônio Luiz; SOBREIRA, Frederico, Garcia; LANA, Milene Sabino.
Influência da expansão urbana nos movimentos em encostas na cidade de Ouro
Preto, MG. Disponível em www.scielo.br/scielo.php
SANTOS, Milton. A natureza do espaço. São Paulo: EDUSP, 2008.
SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. Capitalismo e urbanização. São Paulo: Contexto.
2008.
SOUZA, Mônica Virginia. Políticas públicas e espaço urbano desigual: favela Jardim
Maravilha (SP). Disponível em www.scielo.br/scielo.php.
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