UMA REVISÃO DE LITERATURA SOBRE O USO DE SOFTWARES/SIMULADORES/APPLETS E PRINCIPAIS REFERENCIAIS TEÓRICOS NO ENSINO DE FÍSICA Cristiane Marina de Carvalho Departamento de Ciências Naturais Universidade Federal de São João del Rei Fevereiro de 2012 Resumo Neste trabalho apresento os resultados de uma revisão de literatura referente ao uso tecnologias computacionais como simuladores, softwares, applets no ensino de Física em nível médio. Os artigos foram selecionados da revista “A Física na Escola”, a partir de palavras chave encontradas nos títulos dos artigos e de seus resumos. Apesar do número de artigos referentes ao tema ser reduzido, eles apresentam diferentes tipos de tecnologias computacionais para facilitar o ensino-aprendizagem de conteúdos de Física em geral, de conteúdos mais específicos de Quântica e Física Moderna e de Ciências. Palavras-chave: Ensino de Física e Ciências; Tecnologias computacionais. Introdução Materiais didáticos digitais de apoio à aprendizagem vêm sendo cada vez mais produzidos e utilizados em todos os níveis de ensino. Esses materiais proliferam na Internet, colocando à disposição do usuário recursos educacionais para facilitar a aprendizagem tanto no ensino a distância quanto no apoio ao ensino presencial. Neste trabalho, apresenta-se uma revisão de literatura sobre o uso de softwares, simuladores, applets e principais teóricos em artigos da revista “A Física na Escola”. A fonte inicial para a revisão era o Caderno CEDES da Unicamp, no entanto, o caderno não possuía número suficiente de artigos para a revisão nos 15 anos de sua publicação. Dessa forma outra fonte de pesquisa foi selecionada, a revista “A Física na Escola”, um suplemento semestral da “Revista Brasileira de Ensino de Física” destinada a apoiar as atividades de professores de Física do Ensino Médio e Fundamental. Metodologia Os cinco artigos usados nessa revisão de literatura foram selecionados dos últimos cinco anos de publicação da revista a partir de seu título e de seu resumo, sendo eles: Objetos de Aprendizagem no ensino de física: usando simulações do PheT; Uma estratégia para construção de rosas dos ventos envolvendo geometria, arte, astronomia e tecnologia; Ferramentas online no ensino de ciências: uma proposta com o Google Docs; Desenvolvimento de um Software para o Ensino de Fundamentos de Física Quântica; Cidade do átomo, um software para o Debate Escolar sobre Energia Nuclear. Portanto, esse trabalho vai expor o que é abordado nesses cinco artigos. Os Artigos Objetos de Aprendizagem no ensino de física: usando simulações do PheT Nesse artigo, os autores Alessandra Riposati Arantes, Márcio Santos Miranda, Nelson Studart apresentam recursos instrucionais chamados Objetos de Aprendizagem, que se encontram disponíveis em repositórios na Internet. Esses recursos são essencialmente digitais em diferentes formatos: áudio, vídeo, animação e simulação computacional com certas características específicas no processo de ensino e aprendizagem. Em particular, é proposto o uso das simulações interativas do projeto Physics Educacional Technology (PhET) da Universidade do Colorado. Os autores desse artigo utilizaram os trabalhos de Wiley e Nash para definirem o que são os Objetos de Aprendizagem (OA) e de Tarouco e colegas, para sintetizarem algumas das características específicas que um OA deve apresentar. Após essa apresentação, eles citam alguns exemplos de repositórios de OA da Web, e destacam o repositório PhET, que possui inúmeras simulações computacionais de diferentes áreas e vem sendo muito utilizado por professores e alunos em todo o mundo. Os autores apontam que o “uso pedagógico da simulação pode ajudar a introduzir um novo tópico, construir conceitos ou competências, reforçar ideias ou fornecer reflexão e revisão final”. Assim, eles apresentam de que forma o professor pode fazer uso dessa ferramenta em aulas expositivas, atividades em grupos na sala de aula, tarefas em casa ou no laboratório. Como um exemplo para a discussão, eles apresentam a Simulação Circuitos de Corrente Contínua e Alternada e suas características e concluem o trabalho ressaltando a possível disseminação dos OA entre os alunos, algumas qualidades específicas das simulações, e acrescentam o fato de que esse tipo de ferramenta não pode substituir o papel essencial do professor como facilitador da aprendizagem e de outros recursos metodológicos tradicionais como experimentos reais, livro didático e resolução de problemas. Esses mesmos autores, apontam também a necessidade de realização de mais pesquisas sobre eficácia dessas ferramentas no contexto escolar: investigar como elas são usadas e se de fato, contribuem para uma aprendizagem efetiva, visto que, avaliações sistemáticas sobre o uso dos OA em sala de aula ainda são escassas no Brasil de acordo com Tavares, Rodrigues, Andrade, Santos, Cabral, Cruz, Monteiro, Gouveia e Picado. Uma estratégia para construção de rosas dos ventos envolvendo geometria, arte, astronomia e tecnologia. O texto, escrito por Marcos Daniel Longhini, Roberto Ferreira Silvestre, Flávio César Freitas Vieira, traz alguns apontamentos acerca de cuidados que se devem ter na busca pelas exatas posições dos pontos cardeais. Propõe uma metodologia de confecção de uma rosa dos ventos utilizando alguns materiais do cotidiano, atrelados a ideias relacionadas a diferentes campos do conhecimento, como a geometria, a arte, a astronomia e recursos computacionais como o programa Google Earth e o SkyMap Pro. O texto apresenta, ainda, algumas possibilidades de uso da rosa dos ventos, após devidamente construída. O trabalho não traz referenciais teóricos específicos sobre a utilização dos recursos computacionais Google Earth e SkyMap Pro na confecção da rosa dos ventos. Ferramentas online no ensino de ciências: uma proposta com o Google Docs O artigo de Leonardo Albuquerque Heidemann, Ângelo Mozart Medeiros de Oliveira e Eliane Angela Veit discute a chamada Web 2.0 e apresenta algumas possibilidades de aplicativos gratuitos (em especial, o Google Docs), que apresentam grande potencial para auxiliar os professores, tanto nas tarefas diretamente relacionadas ao seu objetivo maior – contribuir para a aprendizagem dos alunos levantamentos de opinião, - quanto nas levantamentos relacionadas à avaliação, sócio-econômico-culturais, e organização do material didático. Os autores apresentam então o Google Docs, e seus cinco aplicativos, suas características, vantagens e limitações. Desenvolvimento de um Software para o Ensino de Fundamentos de Física Quântica No trabalho, Fernanda Ostermann, Sandra D. Prado e Trieste dos S.F. Ricci apresentam um software livre do tipo “bancada virtual”, desenvolvido no âmbito de um projeto sobre tópicos de física moderna e contemporânea na formação de professores, no qual se simula o fenômeno da interferência em um aparato denominado de interferômetro de Mach-Zehnder (IMZ). Trata-se de um arranjo experimental análogo ao experimento das duas fendas, porém mais simples. Os autores desse artigo apontam como justificativa ao desenvolvimento do software, a dificuldade, do ponto de vista do ensino de Física Quântica, da reprodução do experimento em laboratórios didáticos. O texto apresenta as características e o funcionamento do software em regime clássico e em regime quântico explorando os aspectos corpuscular e ondulatório, o qual foi utilizado no curso de formação de professores do Instituto de Física do Rio Grande do Sul. Cidade do átomo, um software para o Debate Escolar sobre Energia Nuclear O artigo, escrito por Marcelo Leandro Eichler, Fernando Junges e José Claudio Del Pino, apresenta o software educativo “Cidade do Átomo”, que tem como função colaborar para a abordagem escolar do tema radioatividade. O material envolve a resolução de problemas relacionados à proteção radiológica e permite desenvolver uma estratégia pedagógica de jogo de papéis para discussões sobre a produção de energia elétrica através do uso da energia nuclear. Os autores dessa artigo utilizaram Laurillard para referenciar a possibilidade do estudante “experienciar uma versão do mundo mais direta e por meio disso formular uma melhor compreensão conceitual”. Farynaiarz e Lockwood para apresentar os benefícios para os alunos do uso combinado das estratégias didáticas de simulação e de resolução de problemas visando à educação ambiental. Rieber e Matzko para apontarem que os melhores projetos didáticos evocam a experiência do jogo, pois provocam a tendência natural da pessoa improvisar com certos problemas até eles serem resolvidos. Assim o texto apresenta o funcionamento do software e as três tarefas que ele possui: Primeira tarefa - Coleta e análise de amostras de água e de solo; Segunda tarefa - A inspeção radiológica na usina nuclear; Terceira tarefa - Depoimentos de personagens como apoio à produção textual ou a atividades de jogo por representação de papéis. Conclusão Apesar do número reduzido de artigos referentes ao tema encontro na revista “Física na Escola”, eles apresentam diferentes tipos de tecnologias computacionais: simuladores, softwares e applets, para facilitar o ensinoaprendizagem de conteúdos de Física e de Ciências em geral, e de conteúdos mais específicos de Quântica e Física Moderna. Durante essa revisão, percebeu-se que o tema uso de tecnologias computacionais no ensino não vem sendo muito discutido, visto que não foram encontrados artigos suficientes na fonte inicial, o Caderno CEDES, e somente cinco artigos em cinco anos de publicação da revista “A Física na Escola”. Também os autores Alessandra Riposati Arantes, Márcio Santos Miranda e Nelson Studart do artigo “Objetos de Aprendizagem no ensino de física: usando simulações do PheT” apontaram em 2010 a necessidade de realização de mais pesquisas sobre eficácia dessas ferramentas no contexto escolar. Investigar como elas são usadas e se de fato contribuem para uma aprendizagem efetiva, visto que, avaliações sistemáticas sobre o uso dos OA em sala de aula ainda são escassas no Brasil. Agradecimentos Gostaria de agradecer a CAPES o apoio financeiro através do programa PIBID. Referências ARANTES, Alessandra Riposati; MIRANDA, Márcio Santos; STUDART, Nelson. Objetos de Aprendizagem no ensino de física: usando simulações do PheT. Física na Escola, v. 11, n. 1, 2010. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol11/Num1/a08.pdf >. Acesso em: 25 fev. 2012. EICHLER, Marcelo Leandro; JUNGES, Fernando; DEL PINO, José Cláudio. Cidade do átomo, um software para o Debate Escolar sobre Energia Nuclear. Física na Escola, v. 7, n. 1, 2006. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol7/Num1/v12a06.pdf>. Acesso em: 25 fev. de 2012. HEIDEMANN, Leonardo Albuquerque; OLIVEIRA, Ângelo Mozart Medeiros de; VEIT, Eliane Ângela. Ferramentas online no ensino de ciências: uma proposta com o Google Docs. Física na Escola, v. 11, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol11/Num2/a09.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2012. LONGHINI, Marcos Daniel; SILVESTRE, Roberto Ferreira; VIEIRA, Flávio César Freitas. Uma estratégia para construção de rosas dos ventos envolvendo geometria, arte, astronomia e tecnologia. Física na Escola, v. 11, n. 1, 2010. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol11/Num1/a06.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2012. OSTERMANN, Fernanda; PRADO, Sandra D.; RICCI, Trieste dos S.F. Desenvolvimento de um Software para o Ensino de Fundamentos de Física Quântica. Física na Escola, v. 7, n. 1, 2006. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/fne/Vol7/Num1/v12a07.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2012.