assimilação da degradação ambiental na bacia hidrográfica do

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Cesar Cardoso Ferreira
Geógrafo. Mestrando em Geografia
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campus de Três Lagoas
[email protected]
Ana Gabriela Bueno Melo de Carvalho
Geógrafa. Mestre em Engenharia Civil. Doutoranda em Geografia
Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. Campus de Rio Claro
[email protected]
Hermiliano Felipe Decco
Geógrafo. Mestrando em Geografia
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Campus de Três Lagoas
[email protected]
Mauro Henrique Soares da Silva
Geógrafo. Mestre em Geografia. Doutorando em Geografia
Universidade Estadual Paulista Julio Mesquita Filho. Campus de Presidente Prudente
[email protected]
MAPEAMENTO DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO PARA FINS DE
PLANEJAMENTO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO TAPÉRA-TRÊS LAGOAS-MS
1. INTRODUÇÃO
O planejamento ambiental configura-se em ações e planos que visam minimizar
quaisquer alterações de propriedades físicas, químicas e biológicas do ambiente causadas por
qualquer matéria ou energia. CONAMA (1986). Sendo assim, o mapeamento de uso e
ocupação da terra configura-se como importante instrumento para a caracterização e
proposição de alternativas de uso vocacional em uma bacia hidrográfica.
Os avanços no sistema de planejamento e gerenciamento das águas de acordo com
Tundisi (2005) devem considerar processos conceituais (adoção da bacia hidrográfica como
unidade de planejamento e gerenciamento e a integração econômica e social), processos
tecnológicos (o uso adequado de tecnologias de proteção, conservação, recuperação e
tratamento) e processos institucionais (a integração institucional em uma unidade fisiográfica, a
bacia hidrográfica).
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No entanto, as degradações ambientais são ocasionadas em grande parte pelo uso e
ocupação da terra realizada sem ou com pouco planejamento e conhecimento do meio físico
da área. A bacia hidrográfica do Córrego Tapéra, nosso objeto de estudo, encontra-se
totalmente inserida nos limites municipais de Três Lagoas, na porção leste do Estado de Mato
Grosso do Sul, entre as coordenadas geográficas 20º 41’06’’ a 20º 46’35’’ S e 51º 53’17’’
a 51º 57’25’’ W (figura 1), possui basicamente predominantemente dois usos do solo, ambos
de modo intensivo: Pastoreio bovino e a silvicultura (Eucalipto).
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Figura 1: Localização da Bacia Hidrográfica do Córrego Tapéra (MS).
2. OBJETIVOS
O presente trabalho teve como objetivo aplicar os procedimentos de mapeamento
temático com uso de geoprocessamento e sensoriamento remoto, com vistas a subsidiar
tomada de decisões no planejamento ambiental da Bacia Hidrográfica do Córrego do
Tapera/MS.
Entende-se que com a utilização do mapa de uso e ocupação da terra, fica viável
estabelecer metas e planos para a orientação da disposição do uso e ocupação na bacia
hidrográfica do córrego Tapera, tendo em vista os problemas encontrados in loco. A
caracterização do meio físico da área de estudo tem como principal objetivo, portanto,
fornecer elementos e informações para a avaliação das potencialidades dos recursos naturais,
bem como de suas fragilidades.
3. METODOLOGIAS
A pesquisa foi realizada em duas etapas: Trabalho de campo e de gabinete.
Realizou-se uma visita in loco para a caracterização das feições paisagísticas da bacia
hidrográfica do Córrego Tapéra, onde realizou-se o registro fotográfico e a coleta de pontos
geográficos por meio da utilização de um receptor GPS de navegação.
Para a realização do mapa temático, foi utilizado imagem do satélite LANDSAT 5 do
sensor TM, bandas 3, 4 e 5, do ano de 2009, órbita 223 e ponto 074. Como base
cartográfica empregou a carta topográfica do DSG (Divisão de Serviço Geográfico) Folha
Três Lagoas que está na projeção UTM (Universal Transversa Mercator), datum Córrego
Alegre na escala de 1:100.000.
Os procedimentos operacionais desenvolvidos para os processamentos dos dados
orbitais, cadastrais e temáticos foram trabalhados em um ambiente de sistemas destinados à
aquisição, armazenamento, manipulação, análise e apresentação de dados georreferenciados,
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ou seja, Sistema de Informação Geográfica. Deste modo foram executadas as seguintes
etapas: elaboração da melhor composição colorida e realce, registro, classificação
supervisionada, elaboração de mapas temáticos e quantificação dos temas.
No que diz respeito ao levantamento para mapeamento de uso e ocupação da terra,
utilizou-se o método proposto pelo IBGE no Manual do Uso da Terra. O manual apresenta o
desenho esquemático dos fluxos existentes no processo de levantamento e classificação da
Cobertura e do Uso da Terra no IBGE.
Figura 4: Fluxograma do Método de Avaliação de Uso e Ocupação da Terra.
Fonte: IBGE, 2006.
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O termo planejamento compreende vastas atividades, para Ab’sáber (1969)
planejamento significa:
Elaborar planos de melhoria. Significa encontrar diretrizes para corrigir
os espaços mal organizados e improdutivos. Significa encontrar meios e
propiciar condições para interferir nos setores menos favoráveis de uma
estrutura ou de uma conjuntura. (p. 11-12)
Sendo assim, torna-se inerente salientar que os problemas ambientais em função da
expressividade espacial subjacente, tornam-se questões inerentes á analise geográfica
(CHRISTOFOLETTI, 1999). Para que o planejamento ambiental seja aplicado de forma
eficaz, é recomendado que se estabeleçam unidades básicas hidrográficas de planejamento,
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no que tange aos parâmetros ambientais. Para Assad e Sano (1993) as bacias hidrográficas
são unidades de estudos e planejamento. Nesse sentido delimitou-se a área de estudo.
A bacia hidrográfica é uma área limitada por divisores de água, dentro da qual são
drenados os recursos hídricos, através de um curso de água, como um rio e seus afluentes. A
área física, assim delimitada, constitui-se em importante unidade de planejamento
(CHRISTOFOLETTI, 1980).
Para Moraes (2001, p. 5) a bacia hidrográfica é interpretada como uma unidade de
estudo para planejamento.
A utilização da bacia hidrográfica como unidade de estudo permite o
planejamento dos recursos hídricos, pois nesta pode-se levantar dados
como de clima, relevo, geologia, hidrologia, uso e ocupação da terra e
a qualidade da água, possibilitando assim a caracterização,
classificação, os diagnósticos, prognósticos e o zoneamento ambiental
do sistema.
É importante lembrar que, a constituição Federal de 1988, nos artigo 20, do cap. VI,
da lei 8.171, sobre a política agrícola, estabelece que: “as Bacias Hidrográficas constituem
unidades básicas de planejamento de uso da conservação e da recuperação dos recursos
naturais” (BRASIL, 1991 in SOARES FILHO 2005).
Além disso, a Lei Federal 9.433, de 8 de janeiro de 1997, instituiu a Política de
Recursos Hídricos na qual se adota a Bacia Hidrográfica como unidade de estudo da
interação entre a rede de drenagem e as populações locais, o que envolve o uso desses
recursos e os impactos das atividades humanas para os usos múltiplos atuais e futuros da
água.
De acordo com as afirmações de Tundisi (2005) que a bacia hidrográfica tem certas
características essenciais que a torna uma unidade muito bem caracterizada e permite a
integração multidisciplinar entre diferentes sistemas de gerenciamento, estudo e atividade
ambiental, permitindo ainda a aplicação adequada de tecnologias avançadas.
Segundo Rosa (2003), o geoprocessamento pode ser definido como o conjunto de
técnicas relacionadas ao tratamento da informação espacial. Essas técnicas são destinadas
para coleta (cartografia, fotogrametria, topografia convencional, Sensoriamento Remoto,
sistema global de posicionamento e levantamento de dados alfanuméricos) armazenamento
(relacional, hierárquico e orientado a objetos), tratamento (modelagem de dados,
geoestatística, aritmética lógica, funções topológicas e redes) e uso integrado de informação
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espacial (CADD – Computer-Aided Drafting and Design, AM/FM – Automated
Mapping/Facilities Management, LIS – Land Information Systems e GIS – Geographic
Information Systems).
Ressalta-se ainda que, os Sistemas de Informação Geográfica são ferramentas
computacionais para Geoprocessamento que permitem realizar análises complexas, ao
integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados geo-referenciados. Torna ainda
possível automatizar a produção de documentos cartográficos, como salienta (CÂMARA
2001).
5. RESULTADOS
A partir de análise visual em gabinete e saídas em campo, determinou-se as classes de
uso da terra existente na Bacia, sendo elas: água, pastagem, eucalipto, mata e área construída,
esta constituída pela estrada MS 320. (figura 2 e 3).
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Figura 2: Uso e ocupação da terra na bacia hidrográfica do Córrego Tapéra (2010).
Na classe temática mata, consideraram-se áreas florestais, áreas de reserva legal e
matas ciliares. Foram classificados todos os corpos d’água, como represas, açudes e próprio
Córrego Tapéra. A classe pastagem, caracterizada pela presença de gramíneas destinadas a
nutrição animal, no caso da bacia por bovinos. Na classe Eucalipto considerou-se áreas
destinada ao plantio desta espécie e área construída a estrada MS 320. No gráfico abaixo
pode-se observar as quantificações de uso e ocupação da terra na Bacia estudada.
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Figura 3: Uso do solo na bacia hidrográfica do Córrego Tapéra. Medidas de Classe.
As degradações identificadas estão representadas, em sua maioria, pelos usos
vocacionais da região, modificadores da paisagem, traduzidos por atividades antrópicas. Na
bacia hidrográfica do Córrego Tapéra identificaram-se dois usos da terra potencialmente
causadores de mudanças ambientais: Pastoreio Bovino (figura 4) e o Reflorestamento com
Espécies Exóticas (Eucalipto) (figura 5). Estes dois usos, segundo CARVALHO (2010)
ocasiona o desenvolvimento e aceleração dos processos erosivos na bacia e a fragmentação
da paisagem com possível extinção de fauna e flora. A classe pastagem com maior área
evidencia as alterações ambientais como pisoteio do gado as margens do Córrego Tapéra
ocasionando o assoreamento do córrego.
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Figura 4: Pastagem na bacia hidrográfica do
Córrego Tapéra (MS).
Figura 5: Plantação de Eucalipto na bacia
hidrográfica do Córrego Tapéra (MS).
A seqüência de barragens existentes no canal principal observada em campo e no
mapa de uso e ocupação da terra, foram construídas sem acompanhamento de um
profissional técnico responsável e conseqüentemente não possuem uma estrutura adequada.
Estes fatores ocasionaram o desmoronamento dos diques de contensão da primeira
barragem, causando processos erosivos e de assoreamento (figura 6). Estes sedimentos são
acarreados e se depositam no decorrer do percurso do córrego (figura 7).
Figura 6: Desmoronamento de diques de
contensão de barragens na bacia hidrográfica
do Córrego Tapéra (MS).
Figura 7: Deposição de sedimentos
resultantes do desmoronamento da barragem
na bacia hidrográfica do Córrego Tapéra
(MS).
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Outro fator intensificador de degradações na bacia é a inexistência de uma área de
proteção permanente de metragem considerável, que seja capaz de conter os sedimentos
provenientes das áreas com plantação de eucalipto. A falta de práticas conservacionistas,
como curvas de nível na área de pastagem, somado ao solo arenoso e frágil típico da região,
intensifica ainda mais estes processos.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com os resultados alcançados percebeu-se que, a ocupação predominante é de
pastagem seguida pela de eucalipto. Algumas das alterações encontradas na área de estudo,
como assoreamento e erosão estão relacionadas ao uso de pastagem sem práticas
conservacionistas, além disso, açudes criados para a manutenção do gado foram estourados
causando problemas como desbarrancamento marginal.
Por fim, os estudos e/ou a investigação realizada demonstrou a importância de se ter
um conhecimento prévio e detalhado do meio físico da Bacia Hidrográfica do Córrego
Tapéra. Além disso, a aplicação da metodologia apresentada revelou-se importante para a
elaboração de mapeamento de uso e ocupação do solo, bem como de estudos ambientais
propondo metas e planos para a área pesquisada.
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